Não tenho sido poeta o suficiente para ver as cores deste meu mundo, mesmo quando minhas dores são tão irrelevantes perto das de outrem.
Não tenho sido poeta o suficiente para observar a mágica de pequenos milagres que muito quis, pois quando eles acontecem estou ocupada querendo outros mais.
Não tenho sido poeta o suficiente para me permitir perceber que os tolos geralmente levam vantagem, apenas por não viverem na ponta da faca.
Não tenho sido poeta o suficiente para rir das dificuldades e tratá-las como minhas futuras histórias e não como meus futuros problemas.
Não tenho sido poeta o suficiente para ver a beleza do imprevisto, de perder a hora, do esquecer, como oportunidades bônus para que o melhor e não apenas o que eu espero aconteça.
Não tenho sido poeta o suficiente para lembrar que o que considero o melhor para pode estar muito aquém do que eu, ou o outro, mereça, e sigo nadando forte e cansada contra a corrente.
Não tenho sido poeta o suficiente para ter piedade dos invejosos, dos maledicentes, dos infelizes, que tomam o observar e julgar a vida alheia como passatempo por não terem o que de melhor fazer em suas próprias.
Não tenho sido poeta o suficiente para errar sorrindo e não esperar nem cobrar perfeição de mim ou dos outros.
Mas olho para trás e a vejo, poeta. Ainda piegas, sorrindo, cabelos ao vento, pés no chão, despreocupada, confiante, curiosa e em paz. Ela dá a mão para meu ser soturno e cansado de hoje, e trás de volta a música, os barulhos do vento, a leveza, a esperança, a tolerância, o olho-no-olho, a curiosidade e a fé que me permitem voltar a ser o meu melhor eu.
Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras, hoje um pouco mais poeta.
3 comentários:
Então que venha a música, o vento, a leveza e todo o resto Gi =)
E venham pra ficar!
bjs
Que bom q conseguiu ser poeta o suficiente pra se rever depois dessa confusão e, qeum sabe, ser mais poeta a partir de agora.
Beijão!
Deixe essa poeta ficar aí, heim!
E ela está querendo ficar...
beijos!
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