quinta-feira, 12 de abril de 2012

Saudades

Até alguns anos atrás, quando alguém me dizia que um sentimento doía, eu ouvia crendo que se tratava de licença poética. Aos menos de trinta, a pessoinha aqui nunca havia passado por grandes desilusões. Perdas então, nunca havia tido. Então era mesmo difícil não ter certeza de que o mundo era um mar de rosas. E sentimento doer só podia mesmo ser poesia.

Aí, numa bela segunda-feira, de ressaca da saideira do Comida di Boteco, o Bola me ligou pra dizer que o Buda estava no hospital e que tinha ligado pra ele pra tentar apressar o exame que ele faria. Não me lembro exatamente quanto tempo depois meu querido amigo estava internado, no CTI, muito mal.

Foram quase 30 dias de muito sofrimento, mas também de esperança de que aquele cara bacana, forte, sairia daquela e que nós ainda tomaríamos muitas cervejas lembrando do episódio e do susto que o Buda nos dera. Mas infelizmente não foi assim que a história terminou. No dia 11 de junho de 2006, acho que era um domingo, acordei com uma ligação. Até aquele dia foi certamente a pior notícia que eu já tinha recebido na vida. O Buda havia entregado os pontos. Passou a régua e pagou a parcial, o filho de uma égua!!! Onde é que já se viu deixar os amigos órfãos assim?!! Mas deixou.

Ontem seria aniversário do Buda. Ele completaria 37 anos. Como será que ele estaria? Será que ele teria se casado? Estaria ainda na Fiat? Já estaria pegando a grana do pessoal pra comprar os ingressos da Saideira? E o Graaaande Reveillon da Montanha? Será que ainda faríamos todo ano?

Sem o Buda a COGREM (Comissão Organizadora do Graaaaaande Reveillon da Montanha) acabou. A gente perdeu a graça. Ir ao campo sem ele também ficou sem graça. Comassim ir ao clássico no Mineirão sem o Buda?!! Confraternização de Natal sem o Buda?!!

Aos poucos, fomos nos recuperando. Tentamos nos manter unidos, mas a verdade é que o Buda era nosso elo mais forte. Acabamos nos dispersando. Alguns se mudaram de Belo Horizonte, foram pra Recife, São José, São Paulo, Brasília, Varginha, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Niterói... Começaram a nascer as crianças que nunca tiveram o Tio Buda. Só a Iara teve esta sorte.

Foi muita ousadia da minha parte pensar que, da turma toda, só eu tinha lembrado do aniversário do Buda ontem. Aí um postou uma foto no face, outro postou mais uma, e outra, e o Breu fez o grupo que a gente ainda não tinha – o Buda jamais deixaria isso acontecer!! Comassim a Galera da Montanha não ter um grupo no face!! – e foi todo mundo postando foto antiga e lembrando maravilhosos momentos. Momentos que não voltarão jamais. Só na memória. E no peito. Que até agora está doendo demais. Agora eu sei que sentimento dói de verdade. Sei também que a vida continua. E continua sendo poesia.


Laeticia está hoje muito mais saudosa e emotiva do que estava ontem. E quer dizer a todos os seus amigos, de ontem e de hoje, que ama todos, do fundo do coração.

4 comentários:

Inaie disse...

Ah minha querida, o primeiro amigo que me deu um ole e foi cantar em outra freguesia, fez questao de me deixar na mao aos 17 anos. Eu me lembro de ir ao velorio me perguntando: como assim os bancos estao abertos? e aqueke cara ali na bicicleta enm sabe que o alessandro morreu...

Foi a primeira vez que eu entendi que o mundo continua no seu ritmo de sempre.

Angel disse...

Também te amo Maria!
Eu não conheci o Buda, mas tenho certeza que era um cara 100%, senão não conquistaria tantos amigos! Que a Galera da Montanha se fortaleça!

bjo!

Advokete disse...

ANGEL, COME BACK TO US!!!

Angel disse...

Maria, já estou mais para o 40aço! Vai rolar o blog da próxima década? kkk!

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