A gente pode fingir que não é do interior e que se admira com coisas da capital fazendo um ar blasé quando reclamam dos escandalosos engarrafamentos; bocejando de leve quando falam do preço absurdo da vida. Pode fingir que é normal chamar perigoso de esquisito, só para não enfrentar a dura realidade da violência sem limites.
Pode andar de ônibus ao invés de metrô "porque gosta de ficar ao ar livre".
Mas na hora de cruzar uma rua movimentada, não tem como fingir. Todos passam voando, sendo literalmente jogados pro alto pelas motos (isso eu vi hoje), e a gente, que é do interior, fica ali, esperando o sinal verde que nunca chega...a noite caindo...os grilos cantando...cri, cri, cri...e a gente ali.
Aí não tem como fingir.
Renata, uma moça do interior, escrevendo de uma capital.
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