Não tenho
como falar de outro assunto nessa semana, a não ser sobre a tragédia que
ocorreu em Santa Maria nesse final de semana.
Esse assunto,
superexplorado pela mídia, mexeu muito comigo. Não sei se por ter uma filha
adolescente, que sempre me avisa quando vai sair e quando chega em casa da balada, mesmo morando em outra cidade. E mesmo que as amigas achem ridículo. Ou por eu
mesma ter ido a vários lugares que não tinham estrutura para lidar com incêndio
ou qualquer outra ameaça.
Ou por eu
estar pensando nos últimos dias em como morar no Brasil gera insegurança: a
gente não pode contar que a lei seja cumprida, que os culpados sejam punidos,
com os direitos básicos de ir e vir sem medo da violência, corrupção, falta de
seriedade, honestidade e solidariedade. Não podemos sair e nos sentir seguros,
pois alvarás, fiscalizações, planos de prevenção e combate a incêndio e a p%$#
toda existem lindamente no papel, mas você não pode se sentir seguro de que
eles existem no mundo real.
Talvez tenha
mexido comigo por ter acontecido no meu estado natal, e em geral os
gaúchos têm um apego grande pela querência (lembrando que há vítimas e
familiares de vários lugares, não apenas o RS).
Talvez tenha
mexido muito comigo porque sou humana. Sou mãe, filha, irmã, amiga. Tenho sentimentos.
Sinto compaixão. Tenho empatia. E chorei.
Nem todo
mundo sentiu isso, e muitas pessoas colocaram seu lado ruim à mostra como disse
a Andreia no texto de domingo.
Mas quero
falar aqui daquelas que fizeram algo bom, parabenizar quem saiu do sofá e foi
ser voluntário, foi doar materiais, sangue e remédios. Quem disponibilizou o
recurso que tinha, seja tempo, dinheiro ou transporte, para ajudar e tentar amenizar
um pouco o sofrimento. Mesmo não morando mais em Caxias do Sul, vi no facebook
o movimento das pessoas para ajudar de verdade, não só repassando mensagens,
mas de verdade mesmo. Indo lá na rodoviária carregar caixas, doando sangue,
comprando suprimentos básicos, como gaze, mas que fazem muita falta. Vi laços sendo
formados.
Vi o
exemplo de uma casa noturna da cidade que não divulgou sua agenda de festas
para a semana, mas a lista de reformas que estava fazendo para aumentar a
segurança. Jogos e shows sendo adiados.
Espero que
a compaixão e a solidariedade não sejam despertadas apenas nessas horas de
choque, mas que se tornem (se já não são) parte de nossa vida.
Espero também,
pois ainda tenho esperança nesse país, que se tomem todas as providências
possíveis e cabíveis para que não nada parecido aconteça de novo. Espero que
esse Big Brother da vida real que a mídia criou não se banalize como o da TV;
que todos os que têm responsabilidade pelo ocorrido sejam punidos e não voltem
a agir com leviandade ao tratar da vida dos outros. Espero que possamos andar
(e dançar e viver) em segurança.
Renata
manda sua solidariedade às famílias, às vítimas e sente uma esperança ao ver as
coisas boas de que o ser humano é capaz de fazer.
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