Pensei, então,
no que diria a mim mesma, caso pudesse ficar frente a frente com minha versão
mais jovem e, bem, aqui estão minhas palavras para essa Déia-jovenzinha:
- Experimente todas
as possibilidades que a vida lhe oferecer, mas não de maneira afoita, e sim degustando
prazerosamente.
- Não se
subestime jamais. Acredite em sua capacidade, mas levante a bunda do sofá e vá
à luta. As coisas não cairão do céu no seu colo, menina!
- Não faça as
coisas com pressa. Há tempo para tudo. Aprecie os pequenos prazeres e as
pequenas bênçãos do dia-a-dia.
- Não deixe de
fazer o que lhe dá prazer apenas por medo do que as pessoas irão dizer. Se
alguém resolver falar de você, fará isso de qualquer maneira, independentemente
da maneira como você aja.
- Aliás, seja
menos desconfiada! Afinal, cada pessoa está ocupada com sua própria vida e,
portanto, suas preocupações não giram em torno de você.
- Aprenda a
lidar com seus medos e, principalmente, com seus fantasmas. Não finja que eles
não são importantes. Enfrente-os! Afinal, eles não deixarão de existir
simplesmente por você tentar ignorá-los.
- A vida não é
aquela visão cor-de-rosa que pintaram a você quando era criança. A vida é dura
e, na maioria das vezes, bastante difícil. Aprenda a lidar com essa
multiplicidade de cores e tons que a vida tem e, com eles, pinte a sua própria
tela.
- E só crie
altas expectativas se souber como lidar com altas quedas. Caso contrário, viva
um dia de cada vez e faça sempre seu melhor.
- Aliás, esteja
preparada, pois você vai quebrar a cara, vai cair e se machucar feio
incontáveis vezes. Aprenda, pois, a se reerguer a cada queda, a juntar os
caquinhos e a seguir em frente.
- Aprenda que
ninguém morre por sentir dor. E, muito importante, saiba que cada um carrega
dentro de si suas próprias dores e enfrenta suas próprias batalhas, portanto,
só se lamente com alguém quando for absolutamente imprescindível.
- Não deixe
jamais de fazer alguma coisa porque está com medo. O medo é bom na medida em
que nos dá um certo senso de autopreservação. Mas não deixe que ele lhe impeça
de alguma coisa. Faça-a, apesar do medo!
- E se tiver
que se arrepender de algo, não fique choramingando pelos cantos. O
arrependimento é bom porque nos aponta novos rumos. Não o confunda com culpa
desnecessária e inútil
- Não se torne
dependente de substância alguma. E, mais importante ainda, de PESSOA alguma.
- Nunca,
jamais, em hipótese alguma, permaneça ao lado de alguém simplesmente por
comodidade ou, pior, por medo de não encontrar outra pessoa. Você certamente
estará perdendo preciosas oportunidades de novas vivências.
- Não deixe de
vivenciar coisas novas por ter alguém ciumento e inseguro ao seu lado. Aliás,
melhor ainda, não namore cedo. Você lamentará em seu íntimo os anos perdidos,
mas usará para si mesma desculpas como: “Bem, valeu pela experiência...”, ou “pelo
menos aprendi como NÃO agir em uma próxima relação”... Então só namore quando
estiver realmente certa de ter aproveitado muito sua vida e sua própria
companhia.
- Não se curve
facilmente frente às derrotas. Tente de novo e de novo e de novo. Afinal, já
dizia Thomas Edison: “Quando você tiver esgotado todas as possibilidades,
lembre-se disso: você não as esgotou!”.
- Trate todas
as pessoas com gentileza sempre e não somente quando lhe convém.
- Sorria mais,
viva mais leve, guarde menos mágoas, se irrite menos, se apegue menos a coisas pequenas
e sem sentido.
- Não brigue
com seus pais por motivos banais. Acredite-me, eles farão muita falta quando se
forem e você se recriminará por não os ter abraçado ao invés de ter saído batendo
porta.
- Aliás,
errou, peça desculpas. Não há vergonha alguma em voltar atrás e reconhecer o
erro. Orgulho em demasia é sempre um mau conselheiro.
- Reflita bem
antes de seguir a opinião da maioria. Já dizia Nelson Rodrigues (e não sem certa
razão!): “Toda unanimidade é burra.”. Portanto, seja cuidadosa nesse aspecto.
-- Se alimente
adequadamente. Se exercite constantemente e nunca, jamais, deixe de ler bons
livros, de estudar e de se aperfeiçoar.
Você tem todo o direito de dizer o que pensa
às pessoas, mas não tem o direito de feri-las com sua grosseria. Portanto, seja
cuidadosa na escolha das palavras.
- Se você ama
muito alguém, nunca saia de sua presença sem dizer-lhe isso. Pode parecer uma “banalização
da frase ‘eu te amo’” mas, acredite, isso evitará dolorosos arrependimentos
futuros.
- E por falar
em amor, quando amar alguém, ame com toda a intensidade, ame por inteiro. Você
provavelmente irá se machucar e doerá terrivelmente, mas ainda assim você
estará efetivamente vivendo e não apenas existindo amorfamente.
- E, sobretudo, seja sempre fiel aos seus sentimentos. Sempre!
Déia escreve
aos domingos e gostaria realmente de ter recebido essa carta quando tinha 18
anos...
6 comentários:
Cartas aos domingos com 18 anos
ou domingos com cartas de 18 anos?
és a questão!
dentrodabolh.blogspot.com
Há uns anos tb escrevi aqui no blog uma carta pra Andreia de 15 anos e uma para a Andreia do futuro (de 2014, que já é presente! Medo de reler...)
Muito legal esse exercício.
:D
É sempre um exercício interessante esse, né? ;)
Bjs.
Só queria que esta carta fosse dada de PRESENTE em todos os aniversários das jovens de 18 anos....ainda que não fizesse sentido imediato, elas pensariam duas vezes ou mais antes de cometer muitas bobagens...de toda forma, creio que ainda valha para muitas jovens de 30.
Anhhhh, se na prática fosse fácil!!
Um beijo!!
Farei 30 anos na sexta e adorei o blog. Parabéns a tds. Esse texto, em particular, mt mexeu comigo.
Gostaria de ter lido isso aos 18 anos. Passou um filme em minha mente ao ler td o texto e relembrar tantas experiências.
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