É tanto Carnaval e pouca Quaresma. É tanto bacalhau e pouca caridade. É tanto chocolate e pouca reflexão. É tanto corrupto posando de bom moço. É tanto incoerente se achando bem sensato. É tanta baixa autoestima escondida atrás da soberba. É tanto maluco eleito deputado. É tanto machista jurando cabeça aberta. É tanto apegado vivendo lá no seu passado. É tanto alarde devido a boatos infundados. É tanto mediano com doutorado. É tanta mentira, é tanta irresponsabilidade. É tanto desrespeito com direito a carteiraço. É tanto juiz sem ao menos ser advogado. É tanto ativista de teclado. É tanta fúria lotada de preconceito. É tanta inércia disfarçada de conformismo. É tanto tira que devia andar desarmado. É tanto suicida que acaba assassino. É tanto avião encontrando o chão. É tanta falta de fé. É tanta falta de amor. É tanta intolerância. É tanta impaciência. É tanta hipocrisia.
E o mundo vai girando mal humorado, tedioso, preocupado, amargo, alarmista, indisposto, desarmônico, desvalorizado, descompromissado, desassossegado, desumano, desconfiado, dessaboroso, desleal, desrespeitoso. Des, des, des... prefixo com sentido de oposição. Oposto a que? Ao que era antes? Ou ao que desejávamos que fosse e, só agora – que sofremos esse bombardeamento de informações e que a personalidade das pessoas pula nas nossas telas – percebemos que não é?
Luciana quer escrever sobre coisas boas, mas só consegue escrever sobre o que a toca e a faz refletir – pensou que coisas boas tocantes estão em falta no mercado – mas olhou pela janela e viu que, embora um tanto quanto cinza, o mundo ainda é colorido!
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