Uma mensagem
desinteressada no Whatsapp, enviada num momento de ócio ou naquela hora do
café, em que estava à toa. Uma resposta nem sempre relacionada à pergunta. Um emoticon
fofinho.
Uma enxurrada
de palavras quando se vêm, em meio a “nossa quanto tempo” e “ também estou numa
correria”. Um abraço xoxo, um beijo estralado no rosto e um “vamos fazer alguma
coisa sem fala” para arrematar.
Uma noite,
uma mesa de bar. Quatro almas, quatro copos, quatro histórias que não se
conectam além de dividir a mesma garrafa. Histórias soltas, quatro almas que voltam
pra casa do mesmo jeito que estavam quando saíram.
Situações assim
são cada vez mais comuns, e ao mesmo tempo em que me sinto incomodada,
aproveito para observar. Parece que estamos com fome de falar, de ser ouvidos,
e não temos tempo algum para ouvir. E essas “conversas” que temos a todo o
momento não nos saciam, nem aos nossos interlocutores. Apenas nos deixam mais
ansiosos e com ainda mais fome. A resposta à famosa pergunta: você tem fome de quê? De falar, de ser notado, de preencher seu tempo.
Tenho sorte
em poder ter conversas de verdade. Com intervalos, com escuta atenta e
generosa. Daquelas que mudam um pedacinho da minha alma ao me emocionar, e que
passam a fazer parte de quem eu sou. Inclusive
tenho conversa comigo mesma, e às vezes me surpreendo ao perceber coisas que desconhecia.
Ao ouvir sem preconceitos, sem tentar adivinhar o que se passa em outros
níveis, ao falar sem artimanhas, podemos saciar essa fome que nos atormenta. Entender
que cada um tem uma história e uma bagagem que a gente desconhece completamente
nos ajuda a sermos menos arrogantes e mais curiosos, mais generosos.
Renata espera
que todos possam saciar sua fome de falar e de serem ouvidos, simplesmente
ouvindo mais, aos outros e a si próprios.
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