quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Duelo de incoerências

Estou tentando escrever e, perturbada pelos meus cachorros, que se amam e se odeiam, só consigo lembrar da dualidade que reina nos últimos meses. Eles rolam no chão com sons de fúria e dentes – muito – para fora, mesmo o que tem cara de bicho de pelúcia. Em segundos eles estão rolando no chão sem nenhum som, sem dentes de fora, e com jeito de afofamento recíproco. Bipolaridade?


Desde o ano passado paira no ar esse duelo, esses dois lados que se formaram e nos quais não se vê nenhum cabimento. A irracionalidade existente é tão grande, que penso que racionais mesmo são os dois cachorros, que seguem rolando no chão.

E o que mais impressiona é que todos estão certos e que a sua verdade é a mais certa e que a sua certeza é a mais verdadeira entre todas as certezas verdadeiras do universo. E o povo se degladia.

Por que a minha verdade é mais verdadeira que a verdade alheia? Por que a minha certeza é a mais certa? Por que eu não tenho dúvidas? Por que a minha religião é mais plena do que a espiritualidade de outro? Por que a minha convicção é a mais convicta? Por que um é mais corrupto que o outro se o outro também é corrupto? Por que deixar a política – esse câncer - me afastar de pessoas? Por que disseminar o que não está provado e esconder o que está? Por que alguns acham que podem ridicularizar outras pessoas, quaisquer que sejam? Por que permitimos que nos domestiquem? Por que ser politicamente correto virou sinônimo de burrice? Por que não ler e se informar sobre o que “não interessa”. Por que protestar se nos convenceram que tem que ser pacificamente? Por que não esquecer a política e abrir um livro? Por que não desligar a TV e ir passear com os cachorros? Por que não cancelar a assinatura da revista que desvirtuou nos últimos anos? Por que não sair da rede social e passar mais tempo na cama não fazendo nada, ou fazendo? 

Por que não paramos, simplesmente, porque está feio?

(no vídeo, os tais cães mais racionais que nós!)

Luciana escreve às quartas e não concorda com as manifestações políticas, da forma que estão ocorrendo, seja da oposição, seja dos simpatizantes do governo. Se ruim está – e está – porque não unir forças, pensar no bem comum e fazer algo de fato? 



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