quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Faz um ano que ela foi passear em outras praias

Faz um ano que ela foi passear em outras praias... ah, como ela amava praia e quantos passeios nós fizemos pelas praias da vida. Companhia para acordar cedo – e aí de mim se não a acompanhasse! – tomar uns bons chimarrões e papear sobre qualquer coisa. Me acolhia até quando não sabia que o que eu precisava era de acolhimento. Vaidosa. Sempre com as unhas bem feitas, sempre. O cabelo também. Não importa o que estivesse passando. Amava o sol e estar bronzeada. De um gênio complicado... ah, os genes Soares Almeida que eu também carrego – me diga um fácil que os carregue, que eu certamente vou dar uma boa gargalhada! Não concordávamos em quase nada, mas concordávamos que nos amávamos e que era bom estarmos juntas, mesmo que em silêncio – talvez para não ter perigo de discordarmos, rs! E de amor ela entendia, embora tenha perdido o seu amado mais cedo do que se esperava. Amava os filhos incondicionalmente, e os defendia – e defenderia em qualquer circunstância. Adorava casa cheia – o norte de toda a família nos finais de ano – comida boa e um bom carteado – o livrinho em que anotavam a pontuação é uma relíquia e tem o nome dos muitos bons escudeiros que a acompanharam nos últimos tempos. Não gostava de perder – tenho informações de que se perdia ficava brava e jogava as cartas pro alto! Parece que as irmãs até a deixavam ganham de vez em quando por puro medo... rs. 

Me vejo um tanto nela... na curvatura da minha coluna, em não querer desagradar ninguém (embora eu tenha trabalhado muito bem nisso nos últimos tempos, rs), na teimosia. Queria ter um pouco mais da sua vaidade e alegria de viver. Não sei se devo agradecer por isso, mas além de tudo me deu meu amigo-melhor primo-desculpa os outros, aí-desgraçado. 

Ensaio esse texto-homenagem há um ano, mas nada do que eu escrevesse poderia representar o que ela significa para mim. Ainda bem que, alguns meses antes desse um ano, pudemos nos despedir em um encontro de muita alegria e aprendizado. Tia Irena: exemplo de amor, vitalidade e coragem!




Luciana escreve pouco por aqui, mas não perde a esperança jamais.

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