segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Desconforto das grandes cidades

Sempre que passo por conjuntos de prédios fico observando a dificuldade das pessoas que moram em apartamentos, ou melhor, em “apertamentos”. Moro em apartamento, e é pequeno, mas tem uma pequena área de serviço, que é extremamente útil! Na verdade, fico imaginando o desconforto com aqueles apartamentos que nem possuem área de serviço, e que as pessoas colocam suas roupas para secar dependuradas do lado de fora da janela da falsa área com taque, que na verdade é parte integrante a cozinha!

Se não fosse trágico.... Bom, não é propriamente trágico, então... Imaginem a cena do sujeito que acaba de lavar suas roupas e as coloca para secar naqueles varais presos do lado de fora do apartamento. O sujeito mora no segundo andar, ou em andares acima do segundo. Aí, quando ele acaba de colocar suas roupas para secar, uma determinada peça, mal presa, cai, e vai parar no apartamento debaixo. Imaginem que a peça é uma cueca!

Agora o pobre do sujeito, todo sem graça, desce as escadas do prédio e bate à porta do apartamento debaixo do seu. Lá mora um casal, e quem atende é o marido. O sujeito, sem saber o que dizer, se atrapalha todo e fala com o dono do apartamento que há uma coisa ali que lhe pertence. Aí, sem saber de nada, e sem a menor maldade, chega da cozinha a esposa, com a cueca do sujeito dependurada no cabo de vassoura (para não ter que pegá-la) e pergunta ao morador do apartamento de cima se aquilo era dele! Isso pode dar divórcio!

Parece um humorístico da televisão? Mas essa infeliz história não é absurda e mostra o quanto nos habituamos a viver em mínimos espaços, e sem muito conforto nas grandes cidades. Priorizamos coisas que não são importantes e abrimos mão do conforto. É certo que muita gente mal tem onde dormir, mas a cena descrita acima não se refere somente às classes menos favorecidas. Tem muita gente que prefere o status ao conforto, e vive em cubículos de luxo na zona sul! Nesse caso, só muda a marca da cueca!


Quem conhece a Tânia a descreve como uma pessoa de humor ácido e língua afiada. Essas pessoas têm razão.


4 comentários:

Angel disse...

Oi Tânia! Tudo bem?
Adorei o texto!
Moro em casa desde que me entendo por gente e sei que um dia terei de morar em apartamento, e só de pensar me apavoro.

Já me acostumei a deitar na varanda, nos dias quentes, pra ouvir música e cochilar. Me acostumei com terreiro, chachorro grande, varais espalhandos pela área descoberta. Não sei o porquê mas associo apartamento a prisão. Vamos ver o que me espera...
Beijos!

Angel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sisa disse...

Ai, quando eu era a vizinha de cima do meu Fiel Escudeiro, e a gente nem era tão amigo, meu varal de calcinha caiu e enganchou no varal dele. Meu Deus, que vergonha! Como que a pessoa bate na porta de uma república de 4 ou 5 caras e pede pra pegar as calcinhas dela? Acabei amarrando um fio dental num gancho e pescando ele de volta da minha varanda mesmo, rs...

Gisele Lins disse...

Tânia eu morei em casa até os três anos, depois só em apê mesmo. Tenho ótimas lembranças mas nunca mais tive vontade de morar em casa. Até agora. Moro, em um apartamento, numa cidadezinha do interior e acompanho o desenvolvimento linguístico do piá do andar de cima (até que é engraçado, mas quando ele fala paiê paiê paiê 83 vezes é um inferno), além de ter que escutar a recalcada do último andar dar uns gritos no domingo às onze da noite só porque tem seis adolescentes com quase trinta anos aos gritos jogando Imagem & Ação aqui em casa. Gente mais recalcada, né? Onze horas, se fosse as três da manhã. Quero morar em uma casa, mas tá difícil de achar, viu?
Um beijão!

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