sábado, 5 de janeiro de 2008

Diário de bordo 2

Impressões 8: Imigração e preconceito.

Estou tranquila para passar pela imigração. O que passa pela cabeça das pessoas retidas no que mais parece um curral? Onde foi parar Ana, a menina que viajou comigo o tempo todo e agora desapareceu? Já na área de verificação de bagagens ninguém, absolutamente ninguém estava sendo abordado. Porque o moço negro, brasileiro, que veio no meu vôo, tinha a maior cara de rapaz honesto e trabalhador, e que inclusive viajava a trabalho, foi imediatamente interrompido enquanto nem sequer olharam para mim, que estava morrendo de medo com a mala cheia de lingüiça calabresa, queijo provolone e erva mate para o meu irmão?

Impressões 10: O museu de cera

Três horas numa fila horrenda (duas a céu aberto no inverno de Londres) para pagar uma fortuna e entrar num lugar horroroso. Milhares de pessoas se acotovelando pra tirar fotos com as celebridades de cera, sendo que muitas delas nem eram lá estas coisas. O fedor de asa com cebola, característico da maior parte dos lugares fechados desta cidade, estava insuportável (pelo amor de Deus, desodorante e tão baratinho aqui, como é que pode ter tanta gente que fede tanto?). E o empurra-empurra, pisão no pé, furar a fila, passar na frente? Não, eu não estava com TPM. Porém, tem coisas que são inevitáveis fazer pelo menos uma vez na vida (e só). Visitar o museu de cera é uma delas.

Impressoes 12: Educação - há luz no fim do tunel

PoundLand, o equivalente ao 1,99 no Brasil. Lugar pouco provável para testemunhar gentilezas. Ando meio gripada. Espirro. Alguém diz saúde. Passa-me despercebido por uns dez segundos, quando me dou conta de que a senhora indiana, já bem idosa, me desejou saúde em inglês (euzinha, uma completa desconhecida para ela). Volto e agradeço, mas bastante atrasada. Ela tem um ataque de risos e eu também. Sem falarmos o mesmo idioma falamos a mesma língua: sim, o mundo está do avesso, mas ainda pretendemos fazer a nossa parte.

Impressões 13: Esquilos enfurecidos.

St James’s Park, além de ser um parque belíssimo, é o lugar onde se deve levar pessoas que nunca viram esquilos. Eles se proliferaram por lá, muito provavelmente em função da abundância de turistas, ou seja, comida fácil. Ah, mas não tente enganá-los. Fui com minha irmã e minha sobrinha. Primeiro esquilo, lá longe. Ai que fofo, que bonitinho, que gracinha, que mimoso, tchu tchu tchu tchu, vem cá esquilinho, olha ele de pezinho, olha o rabo dele (de fato, eles são muito fofos). Segundo, terceiro, décimo oitavo esquilo: olha, se a gente pega uma folhinha e estica pra eles, eles pensam que é comida e vêm pra perto! Estica a folhinha, vem o esquilo, e mais rápido do que o possível para pegar a maquina fotográfica, escala sobrinha acima e se gruda na perna dela, que aos gritos se arrepende de ter tentado ludibriar o pobre esquilo até se livrar dele. Comentário dela: bem que eu vi que o rabo dele estava muito espevitado, fui mexer justo com o esquilo meio doidinho. Nunca tente enganar os esquilos do St James’s Park.


Gisele Lins está muito triste, e por isso busca amenidades na paisagem, trazendo-as para cá. Escreve aqui aos sábados.

3 comentários:

Sisa disse...

Só pra constar... fui ao Museu de Cera uns 10 anos atrás e na época ADOREI! hahahahaha

Angel disse...

Não fica triste, viajar é tão bom...

Tudo passa, nós é que complicamos muito os fatos.

Adorei suas impressões!

Beijos!

Paula disse...

Oi Gisele.
Espero que a tristeza já tenha ido embora! Aproveite cada lugar diferente desses que você nos contou!
E, se falar sobre amenidades espantar o baixo astral, escreva mais sobre elas!
Beijos.

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