Tenho me lembrado desse fato nesses dias, talvez por ter ouvido minha mãe contando com olhos brilhantes, talvez por ter sido realmente emocionante, inesperado e feliz. Não sei se coisas assim acontecem aqui, pelo menos nunca tive notícias e nem nunca havia vivido algo do tipo. Bom, na verdade, aqui vivemos experiências bem diferentes; entramos nas lojas e por vezes esperamos que a conversa acabe para que os atendentes se sintam dignos de nos ajudar, por outras temos que fisgar um vendedor correndo atrás dele, isso quando a loja não está cheia demais e simplesmente não conseguimos identificar quem trabalha lá e quem está tentando comprar algo, afinal todos estão parecendo clientes. É, aqui, de fato, também acontecem coisas inesperadas, mas nem sempre felizes como a que vou contar.
Alguns meses atrás fiz uma viagem com minha mãe e por coincidências do acaso fomos passear mais cedo do que o usual. Pouco antes das dez da manhã passamos em frente a uma loja de brinquedos, na minha opinião de criança – a mais linda do mundo, e obviamente eu e minha mãe paramos em frente para esperar que abrisse. Ficamos a observar as pessoas que também aguardavam, haviam crianças – claro, pais, mães e turistas, mas éramos um grupo reduzido, de talvez doze pessoas no total, todos devidamente ansiosos para entrarem no reino mágico dos brinquedos e bichos de pelúcia gigantes.
Às dez horas em ponto um homem vestido de soldadinho de chumbo abre a grande porta de vidro e desenrola um tapete vermelho, para que nós, meros clientes pudéssemos entrar. Já um tanto quanto surpreendidas, minha mãe e eu caminhamos junto com o grupo, quando, inesperadamente percebemos que todos os vendedores da loja estavam enfileirados, batendo palmas e desejando ora bom-dia, ora bem-vindos, formando assim um corredor para que os primeiros clientes entrassem e se sentissem à vontade, pois a loja também nos aguardava ansiosamente.
Por não estarmos acostumadas a isso chegamos até a nos perguntar se não tínhamos penetrado num grupo de clientes realmente especiais, ou algo do tipo, mas não, na verdade todos os dias essa loja recebe seus primeiros clientes desta maneira e ainda nos disseram que os primeiros são sempre especiais. Não preciso nem dizer que realmente foi assim que nos sentimos, embasbacadas adentramos, olhamos uma pra outra e dissemos – não acredito nisso, estávamos com lágrimas nos olhos. Lembro ainda de que permanecemos um tempo atônitas, olhando para os lados sem saber pra onde ir, ficamos literalmente perdidas no meio da magia, no meio da gentileza e da delicadeza gratuita que tínhamos acabado de receber. Foi ternamente inesquecível.
Silvia gostaria de ter notícias de que fazem isso por aqui, talvez vá lá para ver, mas com a certeza de que não será igual, pois a primeira vez é sempre especial.
2 comentários:
Oi Silvia,
Algumas coisas mágicas parecem simples, mas só a forma como você descrevedá pra ver que foi realmente uma experiência pra guardar pra sempre, tamanha emoção. Nada como ser bem tratado, ainda mais num lugar que, se for como eu imaginei, parece um casinha de boneca!
Imagino que esse fato tenha sido fora do Brasil, certo!? Seria uma experiência ótima viver um momento assim... eu queria. Adoro ser mimada.
Abraços!
Postar um comentário