Analfabetismo funcional

O nosso sistema de educação não é um dos melhores do mundo, mas creio que também não seja um dos piores.
Apesar do fato de que os professores não são valorizados, são mau pagos e muitas vezes desrespeitados, temos muitos exemplos ainda de pessoas que ensinam por vocação, e por amor à arte de ensinar.

Esse tipo de sistema, por vezes, gera um tipo de indivíduo complicado, que é o analfabeto funcional.

O analfabeto funcional sabe ler, escrever, mas é incapaz de interpretar o que lê. Por vezes ele até interpreta por alto, mas perde as nuances – “aquilo que o autor quis realmente dizer”- e o texto acaba tendo sobre ele um efeito distinto daquele esperado pelo autor.

Para exemplificar, posso citar o caso de um texto que li em um site auto-intitulado pseudo-literário. O texto é uma piada inocente, mas um tanto quanto nonsense, sobre vegetarianos e carnívoros. Acreditem vocês ou não, esse texto despertou em alguns vegetarianos (que não entenderam a piada) uma ira de dar inveja a muita gente nervosinha.

Em minha vida, tive a oportunidade de conviver algumas vezes com analfabetos funcionais. Pessoas com ensino superior, com um bom emprego, mas que são incapazes de entender o que os outros querem dizer.

Sabem o que eu quero dizer?
Sabem quando vocês dizem uma coisa a 25 pessoas, 23 entendem exatamente o que você quer e 2 acham que entenderam?
E nesse caso não adianta fazer esquema, desenhar, pegar as laranjas, pois o problema está bem mais embaixo. A resposta dada por esses 2 nunca se encaixará perfeitamente à pergunta.

Para piorar, a maioria dos analfabetos funcionais com quem eu convivi são pessoas muito críticas. O problema é que, como eles não têm a capacidade de interpretar o mundo à sua volta, a crítica acaba não servindo para muita coisa.

Milena acredita não ser uma analfabeta funcional, e tem passado algumas horas pensando em como minimizar esse problema. Alguém tem alguma idéia?