domingo, 27 de abril de 2008

A Inveja é Uma Merda

Tudo bem, não tenho o carro dos meus sonhos (ainda). Mas é que sonho realmente alto. Adoro carros. Sempre gostei. Por muitos anos, meu sonho foi um Chevette 86. Eu achava que conseguiria comprar meu carro muito mais rápido do que consegui realmente. Mas quando consegui, e o Chevette já tinha saído de linha havia muitos anos, comprei um carrinho lindo, minha Smurfette. Era um Celta azul todo arrumadinho. E que carro, viu? A GM devia me pagar pela propaganda que eu faço. Umas cinco pessoas compraram Celta depois que me ouviram falar do meu carro. Por percalços da vida, acabei trocando a Smurfette quase quitada num Ka preto, zero quilômetro (mas todo financiado), que imediatamente foi batizado de Zulu. O Zulu que me perdoe, mas a Smurfette atendia melhor meu pé pesado. Cinco cavalos fazem diferença, principalmente num carro mil com o ar condicionado ligado. Então que desde sempre eu namoro carros. Carros próprios ou na vitrine, diga-se de passagem. Nunca fui maria gasolina. Gosto de carros pra eu mesma ter, pra eu mesma dirigir. E carro já deixou de ser luxo há muito tempo.

Então que fiquei super feliz quando uma amiga que ia de ônibus de Belo Horizonte pra Contagem todos os dias me contou que tinha comprado um carro. E a menina não brincou em serviço, comprou de cara um Punto. Lindo de morrer. Lá estava ela toda feliz que tinha comprado um Punto, chega um invejoso e solta: “P*T* QUE P*R*U!!! Que desperdício de carro!! Você pagou mais de quarenta mil num carraço destes pra arrebentar os retrovisores dele e as laterais nas pilastras da garagem!! Jogou dinheiro fora, tinha que ter comprado um Uno velho”. Minha amiga não se calou: “Olha, se você não tem um carro decente, azar o seu, mas eu posso me dar ao luxo de ‘arrebentar’ um carro de mais de quarenta mil porque quem paga as minhas contas sou eu!!!”

Aí eu fico pensando: o que que leva uma pessoa a dizer uma coisa destas?! Minha amiga lá, toda alegre, juntou dinheiro um tempão pra comprar o carro, fui em quinhentas mil lojas com ela fazer test drive, o marido olhou vários carros pra ela também, todo orgulhoso que ela tava comprando um zero quilômetro, e chega um invejoso pra dizer que era desperdício de carro.

Não satisfeito, o invejoso ainda deu mais uma. Na hora de ir embora, comentei que pensava em vender o Zulu no fim do ano (não me adaptei mesmo aos cinco cavalos a menos) e perguntei se ele não queria comprar. Imaginei que quem tem um carro de quase dez anos, mil, pelado, com mais de 110 mil Km rodados podia querer trocar de carro, né? E o Zulu é novo em folha. Perguntei só porque quando vendi a Smurfette pra um amigo, ele se queixou que eu não tinha comentado antes que ia vender o carro e que ele e todo mundo queria comprar carro que tivesse sido meu (quase vendi pra uma concessionária, mas aí ele soube e comprou antes). Pois o que eu pretendi ser uma gentileza recebeu de volta uma patada: “Nem f*u*endo!!!!!!!!!!!!! Quando eu for trocar de carro, vou comprar um muito melhor que o meu!!!!! Não quero porcaria de carro mil, não!!!”

Menina, mas me deu uma raiva!!! Tudo bem que o Zulu não é assim um Vectra GTX, muito menos uma BMW 120i, mas afinal de contas é o carro que eu posso ter honestamente, e é muito bom, é novo, e adquirido com muito suor. Pago prestação todo mês, tive que financiar em muito tempo, mas pelo menos não preciso ir trabalhar de ônibus e só usar o carro fim de semana porque o dinheiro não dá pra gasolina igual aquele invejoso faz!!! Respondi na hora: “Mas meu carro não é só melhor que o seu, ele é muuuuuuuuuuuuito melhor que o seu, é 2008, tem ar condicionado e tem só 8 mil quilômetros rodados e o seu é 2001, tem mais de 110 mil quilômetros rodados, você já comprou ele velho e sambado, é pelado e já foi batido mil vezes!!!” “Muito melhor que o seu, eu quis dizer”, tentou consertar o invejoso. Mas não teve jeito. “Então vai trabalhar muito, meu filho, igual eu e a fulana fazemos, porque se este Ka não cai do céu, você imagina um Punto!!!” E fui embora macha da vida. Definitivamente, a inveja é uma merda.

Laeticia ficou horrorizada com as palavras do seu amigo e sentiu pena dele. Porque apesar dele ter tido sim um momento de inveja, ela sabe que ele não é assim e torce pra que as coisas comecem a dar certo na vida dele porque ele é do bem e merece.

5 comentários:

Mia disse...

Amiiigaaaaa. tcho dizer uma coisa: muito provavelmente seu amigo está passando por uma fase em que pensa que passou por uma evolução no nível humano e se sente superior manifestando a inveja de modo um tanto venenoso. Acredite, tenho passado por isso da pior forma possível. Um (ex)amigo anda tendo pitis de divindade... tuuuudo por inveja. Estranho, né?

=**

Angel disse...

Ah, seu eu pudesse ter um Zulu, quem sou eu... Mas ônibus tem lá suas vantagens, pelo menos nos azulões coletivos eu posso dormir e isso faz toda diferença...rsrsrs.
Só tenho inveja dos pássaros, eles têm o que eu quero - asas.

Beijos!

Renata disse...

Hehehehe!! Mesmo o assunto sendo sério, tive que rir com o texto!! Também dou nome pras coisas: meu carro se chama Ilda!
Pra acabar com comentários, te ensino um bordão meu: odeio gente invejosa!
Bjs!!!!

Silvia disse...

Sem querer ser indiscreta mas, como sempre, ja sendo, eu fiquei foi curiosa pra saber quem foi o dono de tamanha inveja e, sinceramente, sentimento de inferioridade! Beijos, Silvia.

Tania disse...

Laeticia,
Inveja pe uma merda mesmo. Mesmo não tendo carro, enfrento momentos assim quase todos os dias, pois trabalho com pessoas invejosas que não conseguem se realizar e criticam meu modo de ser, só porque eu dou valor à coisas diferentes das que elas dão. É dose!

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