Sabem, algumas coisas do “mundo adulto” começaram a chamar minha atenção muito nova. Eu me lembro exatamente do dia em que cheguei à escola super empolgada com a abertura política da antiga União Soviética e da frustração que me acometeu ao constatar que meus colegas, não só sequer tinham ouvido falar sobre a Glasnost, como tampouco se importavam com o fato de que havia cheiro de mais liberdade no ar mundial. Esta cena se repetiu várias vezes ao longo da minha vida.
O tempo passou e me descobri uma tarada por jornal, revista e tudo que é pedaço de papel que me trouxesse informação sobre política nacional e internacional. Na realidade, eu estava viciada em política, só não sabia disso. Já estava habituada a ler vários jornais e revistas e o mundo virtual só facilitou a saciedade da minha ânsia de querer saber mais.
Comecei a estudar um pouco sobre História do Oriente Médio pra tentar entender melhor aquela insanidade local. Li vários livros sobre História latino-americana, principalmente nos períodos em que o Poder havia sido exercido por ditaduras de direita. Li muito também sobre as “ditaduras do proletariado” as mazelas africanas, a podridão norte americana, a ONU, o Tribunal Internacional Penal, o Tribunal de Haia. Assisti O Julgamento de Nüremberg (ambas as versões) mais de uma vez. Pela TV eu vi a execução da pena de morte imposta ao Saddam Hussein. Assisti também ao julgamento do Slobodan Milosevic, vi Benazir Butto entrar e sair de cena para depois voltar novamente e ser assassinada em um atentado. Vi a guerra entre muçulmanos e judeus ser alimentada diariamente por um ódio milenar e sem explicação. Vi a Tchecoslováquia se transformar em Croácia, Sérvia e Montenegro; vi cair o muro de Berlim pela TV. Esta foi uma cena inesquecível. Como o tanque de guerra passando por cima do estudante na Praça da Paz Celestial. Páreo pra foto da menina vietnamita correndo nua pelas, de braços abertos, após a detonação da bomba. Acompanhei pela TV a guerra do Golfo Pérsico e a guerra do Iraque, vi o fim do apartheid legalizado na África do Sul, o Timor Leste virar país, Nairobi cair aos pedaços. Vi o presidente da então maior potência econômica e política mundial ter um caso com a estagiária, vi a China ameaçar o poderio econômico dos Estados Unidos, ao preço da liberdade e a dignidade de seus cidadãos. Vi Fidel Castro renunciar a um cargo que assumiu ilegitimamente e no qual se manteve por cinqüenta anos às custas da liberdade e da vida de quem se rebelou; vi pessoas ficarem presas a vida inteira sem sequer haverem sido informadas de qual era a acusação formalizada.
Tenho visto governos legitimamente constituídos (pelo menos em tese) se unirem a grupos armados, guerrilheiros, bandidos de verdade. Tive o desprazer de ver o Chávez fazer gato e sapato do povo venezuelano e quase não me agüentei de satisfação quando o Rei Juan Carlos da Espanha o mandou se calar em rede internacional.
É, eu vi muita coisa. Vi os governos brasileiros fazerem barbaridades. Vi a direita no Poder e quebrei a cara. Estou a vendo a esquerda e chego à conclusão que o fundo do poço tem porão. Parei de assistir a TV Senado e a TV Justiça. Concentrei-me só nos jornais. A cada programa, o tema é sempre o mesmo: pobreza, falta de dinheiro, aumento de tributos. A cada jornal, a cada matéria, meu estômago revirava, minha cabeça chegava a doer. E como eu praguejava na frente da televisão!
Comecei a tomar birra de jornal, mas quem disse que eu consigo ficar sem? Jurei pra mim mesma umas mil vezes que não ia mais sofrer por política. Mas é difícil. Toda hora sai uma notícia sobre desvio, fraude, corrupção. Os governantes mamando nas tetas dos contribuintes, alíquotas aumentando e tributos sendo criados.
Decidi parar de sofrer. Não que eu tenha me tornado uma alienada, nada disso. Continuo viciada em política, economia, finanças internacionais. Entretanto, comecei a ler outras coisas pra espairecer. Interessei-me pela arte, voltei aos meus filmes amenos, estou aqui escrevendo. Vou continuar fazendo a minha parte, votando conscientemente. Mas não me martirizo mais. Não me estresso, não fico nervosa a ponto de tremer. O coração e a consciência ainda doem, mas aí me lembro que minha cara pode entortar mais uma vez e pego um livro de História da Arte pra ler.
Laeticia adora política, odeia políticos, lastima a má educação e a saúde do povo e a decorrente incapacidade de votar com discernimento. Contudo, acredita que cada um pode e deve fazer a sua parte pra tentar melhorar o quadro e acredita que está fazendo a sua.
O tempo passou e me descobri uma tarada por jornal, revista e tudo que é pedaço de papel que me trouxesse informação sobre política nacional e internacional. Na realidade, eu estava viciada em política, só não sabia disso. Já estava habituada a ler vários jornais e revistas e o mundo virtual só facilitou a saciedade da minha ânsia de querer saber mais.
Comecei a estudar um pouco sobre História do Oriente Médio pra tentar entender melhor aquela insanidade local. Li vários livros sobre História latino-americana, principalmente nos períodos em que o Poder havia sido exercido por ditaduras de direita. Li muito também sobre as “ditaduras do proletariado” as mazelas africanas, a podridão norte americana, a ONU, o Tribunal Internacional Penal, o Tribunal de Haia. Assisti O Julgamento de Nüremberg (ambas as versões) mais de uma vez. Pela TV eu vi a execução da pena de morte imposta ao Saddam Hussein. Assisti também ao julgamento do Slobodan Milosevic, vi Benazir Butto entrar e sair de cena para depois voltar novamente e ser assassinada em um atentado. Vi a guerra entre muçulmanos e judeus ser alimentada diariamente por um ódio milenar e sem explicação. Vi a Tchecoslováquia se transformar em Croácia, Sérvia e Montenegro; vi cair o muro de Berlim pela TV. Esta foi uma cena inesquecível. Como o tanque de guerra passando por cima do estudante na Praça da Paz Celestial. Páreo pra foto da menina vietnamita correndo nua pelas, de braços abertos, após a detonação da bomba. Acompanhei pela TV a guerra do Golfo Pérsico e a guerra do Iraque, vi o fim do apartheid legalizado na África do Sul, o Timor Leste virar país, Nairobi cair aos pedaços. Vi o presidente da então maior potência econômica e política mundial ter um caso com a estagiária, vi a China ameaçar o poderio econômico dos Estados Unidos, ao preço da liberdade e a dignidade de seus cidadãos. Vi Fidel Castro renunciar a um cargo que assumiu ilegitimamente e no qual se manteve por cinqüenta anos às custas da liberdade e da vida de quem se rebelou; vi pessoas ficarem presas a vida inteira sem sequer haverem sido informadas de qual era a acusação formalizada.
Tenho visto governos legitimamente constituídos (pelo menos em tese) se unirem a grupos armados, guerrilheiros, bandidos de verdade. Tive o desprazer de ver o Chávez fazer gato e sapato do povo venezuelano e quase não me agüentei de satisfação quando o Rei Juan Carlos da Espanha o mandou se calar em rede internacional.
É, eu vi muita coisa. Vi os governos brasileiros fazerem barbaridades. Vi a direita no Poder e quebrei a cara. Estou a vendo a esquerda e chego à conclusão que o fundo do poço tem porão. Parei de assistir a TV Senado e a TV Justiça. Concentrei-me só nos jornais. A cada programa, o tema é sempre o mesmo: pobreza, falta de dinheiro, aumento de tributos. A cada jornal, a cada matéria, meu estômago revirava, minha cabeça chegava a doer. E como eu praguejava na frente da televisão!
Comecei a tomar birra de jornal, mas quem disse que eu consigo ficar sem? Jurei pra mim mesma umas mil vezes que não ia mais sofrer por política. Mas é difícil. Toda hora sai uma notícia sobre desvio, fraude, corrupção. Os governantes mamando nas tetas dos contribuintes, alíquotas aumentando e tributos sendo criados.
Decidi parar de sofrer. Não que eu tenha me tornado uma alienada, nada disso. Continuo viciada em política, economia, finanças internacionais. Entretanto, comecei a ler outras coisas pra espairecer. Interessei-me pela arte, voltei aos meus filmes amenos, estou aqui escrevendo. Vou continuar fazendo a minha parte, votando conscientemente. Mas não me martirizo mais. Não me estresso, não fico nervosa a ponto de tremer. O coração e a consciência ainda doem, mas aí me lembro que minha cara pode entortar mais uma vez e pego um livro de História da Arte pra ler.
Laeticia adora política, odeia políticos, lastima a má educação e a saúde do povo e a decorrente incapacidade de votar com discernimento. Contudo, acredita que cada um pode e deve fazer a sua parte pra tentar melhorar o quadro e acredita que está fazendo a sua.
3 comentários:
Admiro muito pessoas como você, Laeticia. Eu não sou uma completa alienada, mas me considero quase isso e ainda pretendo mudar isso um dia. Adorei o texto! Um beijão!
Minha amiga Leleca, a mais politizada que conheço.
Só não acho que vc deveria ingressar na política porque ainda habita em vc um romantismo incondicional e que iria te fazer sofrer diante de tanta podridão que habita o meio!
Mas é isso aí, acho que já te disse que quando eu crescer quero ser como vc!!!!
Bjo!
Essa é a Maria que eu conheçi: inflamada!
Quanto à leitura compulsiva, deixo a desejar nesse ponto, preciso me policiar.
Continue com sede de informação, mas não sofra tanto, podemos dar nossa contribuição da mesma forma.
Admiro-a muito por ser minha enciclopédia ambulante favorita!
Bjos!
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