As pessoas dizem que o amor é cego. Eu digo que o amor, além de cego é surdo e mudo. E muitas vezes, meio retardado. E que tem um senso de humor danado.
Quando conheci meu marido, o amor pode até ter sido surdo, mas não foi retardado. Muito menos cego. Não me lembro exatamente quais foram as primeiras palavras trocadas, que, segundo ele mesmo, não foram as mais delicadas. Trocamos farpas na primeira vez em que nos vimos. Quero dizer, que ele me viu. Porque eu, sentada na cadeira de frente pra ele, que estava de pé, já tinha visto aquele par de coxas grossas, morenas e peludas se aproximando e ficado bestialmente hipnotizada. Que palavras que o quê, minha amiga, a vontade que deu foi de tato!! Lembro-me perfeitamente da vestimenta inferior do rapazinho: short azul marinho, daquele tamanho que não mostra demais, nem de menos. O amor (que então eu nem sabia que existia) foi surdo.
A segunda vez em que nos vimos, o amor não foi surdo, mas foi meio retardado. Eu estava num misto de embriaguez e ressaca, de pijama de florzinha, com o cabelo horrivelmente preso, acabada num sofá do sítio de um amigo e rezando pra não morrer de frio, quando alguém falou: “o Bola vem aí” (ôba, pensei eu, afinal eram 1,90m de altura e morenice peluda de estímulo pra me levantar) “com a Bel” (affe, vou suicidar, pensei eu, permanecendo na minha inércia mortal). Desta vez eu me lembro das primeiras palavras. Bem, pelo menos foram as primeiras que eu ouvi e compreendi, dado meu estava lastimável: “se eu fosse mulher, dava pro Chico Buarque todo dia!!” Neste momento consegui reunir meus penúltimos ATP’s, levantar minha cabeça e meu indicador direito e dizer: “eu também!!!” O amor foi, evidentemente, retardado. Mas os últimos ATP’s foram gastos em beijos, muitos beijos (e golpes de karatê, já que meu marido havia se transformado subitamente numa espécie de polvo, com seis tentáculos invisíveis).
O amor foi cego quando se negou a reconhecer que dividiria o resto da eternidade com o Flamengo. Minto. Reconheço que sabia que teria que conviver intensamente com o Flamengo quando admiti pra mim mesma que não havia escapatória: eu havia encontrado minha cara metade. Só que um terço da minha cara metade havia encontrado o Flamengo antes de me encontrar!! Então o amor teve que ser civilizado e inteligente, pois não ia correr o risco de peitar o Flamengo e perder esta parada. Seria demais pra mim. E nem dez anos de terapia, como diria meu bom amigo Mig, curariam um trauma tão grande. Haja remédio de tarja preta. O amor foi cego, mas não foi retardado.
Enfim, a overdose de Flamengo acabou servindo de moeda pra eu conseguir a anuência pra tomar umas droguinhas pra emagrecer (meninas, eu vos digo: num casamento, até se a gente vai tomar remédio pra emagrecer tem que ser negociado sob pena dos efeitos colaterais incluírem uma crise conjugal). Obviamente, minha negociação não foi um sucesso porque as tais droguinhas me fizeram ficar mais doida do que de costume, a ponto de eu cair em prantos numa pizzaria antes de responder uma pergunta singela como: “gatinha, você vai querer pizza de quê?” O que seria simplesmente “de mexido” – Neste ponto tenho que parar para prestar esclarecimentos. Pizza de mexido é aquela que tem tudo, praticamente tudo, em cima da massa: muzzarela, presunto, salaminho, lombinho canadense, ovo, pimentão, cebola, champignon, milho, bacon, cheddar, azeitona verde e preta, parmesão ralado e mais o que der na telha. É tudo na vida do ser!! Enfim, a resposta que era pra ser um simples “de mexido”, virou meia hora de choro estimulado por femproporex, ou seja, anfetamina, bolinha!!! Neste mesmo dia, foi tudo pro vaso sanitário e eu fico me perguntando onde é que eu estava com a cabeça a ponto de mandar aquilo pra dentro do meu buchinho. É, o amor foi meio retardado. Mas admito que teve senso de humor. Este episódio ainda rende muitas risadas até hoje.
E então que há cerca de oito anos o amor vem me mostrando que além de cego, surdo, mudo e meio retardado, ele é bem humorado também. Se eu fizer uma listinha de quantas vezes o amor se mostrou cego, surdo, meio retardado e bem humorado, eu juro que dá um livro! Foram muitos estes momentos.
Houve também alguns momentos em que o amor foi mudo. Ou pelo menos deveria ter sido. Palavras foram ditas que deveriam ter sido engolidas. Por ambos. Mas não foram. Então, mais uma vez o amor foi meio retardado e bem humorado. Foram momentos que viraram piada. É claro que houve também momentos que foram eternamente sepultados. Mas o amor é assim. Tem dias em que é mais cego, outros, mais surdo. Às vezes é meio retardado, outras, precisa se fazer de retardado. Há momentos em que é difícil para o amor manter o bom humor. Mas ele sabe que depende do sorriso para se manter firme e forte.
Mas neste exato momento, numa madrugada de sábado, assistindo Terapia do Amor, eu vos digo, meninas, que hoje, mais do que nunca, o amor vai ter que ser é surdo. Porque o Bola andou tomando umas hoje à tarde e agora tá lá no nosso quarto roncando muito mais do que de costume!!!
Quando conheci meu marido, o amor pode até ter sido surdo, mas não foi retardado. Muito menos cego. Não me lembro exatamente quais foram as primeiras palavras trocadas, que, segundo ele mesmo, não foram as mais delicadas. Trocamos farpas na primeira vez em que nos vimos. Quero dizer, que ele me viu. Porque eu, sentada na cadeira de frente pra ele, que estava de pé, já tinha visto aquele par de coxas grossas, morenas e peludas se aproximando e ficado bestialmente hipnotizada. Que palavras que o quê, minha amiga, a vontade que deu foi de tato!! Lembro-me perfeitamente da vestimenta inferior do rapazinho: short azul marinho, daquele tamanho que não mostra demais, nem de menos. O amor (que então eu nem sabia que existia) foi surdo.
A segunda vez em que nos vimos, o amor não foi surdo, mas foi meio retardado. Eu estava num misto de embriaguez e ressaca, de pijama de florzinha, com o cabelo horrivelmente preso, acabada num sofá do sítio de um amigo e rezando pra não morrer de frio, quando alguém falou: “o Bola vem aí” (ôba, pensei eu, afinal eram 1,90m de altura e morenice peluda de estímulo pra me levantar) “com a Bel” (affe, vou suicidar, pensei eu, permanecendo na minha inércia mortal). Desta vez eu me lembro das primeiras palavras. Bem, pelo menos foram as primeiras que eu ouvi e compreendi, dado meu estava lastimável: “se eu fosse mulher, dava pro Chico Buarque todo dia!!” Neste momento consegui reunir meus penúltimos ATP’s, levantar minha cabeça e meu indicador direito e dizer: “eu também!!!” O amor foi, evidentemente, retardado. Mas os últimos ATP’s foram gastos em beijos, muitos beijos (e golpes de karatê, já que meu marido havia se transformado subitamente numa espécie de polvo, com seis tentáculos invisíveis).
O amor foi cego quando se negou a reconhecer que dividiria o resto da eternidade com o Flamengo. Minto. Reconheço que sabia que teria que conviver intensamente com o Flamengo quando admiti pra mim mesma que não havia escapatória: eu havia encontrado minha cara metade. Só que um terço da minha cara metade havia encontrado o Flamengo antes de me encontrar!! Então o amor teve que ser civilizado e inteligente, pois não ia correr o risco de peitar o Flamengo e perder esta parada. Seria demais pra mim. E nem dez anos de terapia, como diria meu bom amigo Mig, curariam um trauma tão grande. Haja remédio de tarja preta. O amor foi cego, mas não foi retardado.
Enfim, a overdose de Flamengo acabou servindo de moeda pra eu conseguir a anuência pra tomar umas droguinhas pra emagrecer (meninas, eu vos digo: num casamento, até se a gente vai tomar remédio pra emagrecer tem que ser negociado sob pena dos efeitos colaterais incluírem uma crise conjugal). Obviamente, minha negociação não foi um sucesso porque as tais droguinhas me fizeram ficar mais doida do que de costume, a ponto de eu cair em prantos numa pizzaria antes de responder uma pergunta singela como: “gatinha, você vai querer pizza de quê?” O que seria simplesmente “de mexido” – Neste ponto tenho que parar para prestar esclarecimentos. Pizza de mexido é aquela que tem tudo, praticamente tudo, em cima da massa: muzzarela, presunto, salaminho, lombinho canadense, ovo, pimentão, cebola, champignon, milho, bacon, cheddar, azeitona verde e preta, parmesão ralado e mais o que der na telha. É tudo na vida do ser!! Enfim, a resposta que era pra ser um simples “de mexido”, virou meia hora de choro estimulado por femproporex, ou seja, anfetamina, bolinha!!! Neste mesmo dia, foi tudo pro vaso sanitário e eu fico me perguntando onde é que eu estava com a cabeça a ponto de mandar aquilo pra dentro do meu buchinho. É, o amor foi meio retardado. Mas admito que teve senso de humor. Este episódio ainda rende muitas risadas até hoje.
E então que há cerca de oito anos o amor vem me mostrando que além de cego, surdo, mudo e meio retardado, ele é bem humorado também. Se eu fizer uma listinha de quantas vezes o amor se mostrou cego, surdo, meio retardado e bem humorado, eu juro que dá um livro! Foram muitos estes momentos.
Houve também alguns momentos em que o amor foi mudo. Ou pelo menos deveria ter sido. Palavras foram ditas que deveriam ter sido engolidas. Por ambos. Mas não foram. Então, mais uma vez o amor foi meio retardado e bem humorado. Foram momentos que viraram piada. É claro que houve também momentos que foram eternamente sepultados. Mas o amor é assim. Tem dias em que é mais cego, outros, mais surdo. Às vezes é meio retardado, outras, precisa se fazer de retardado. Há momentos em que é difícil para o amor manter o bom humor. Mas ele sabe que depende do sorriso para se manter firme e forte.
Mas neste exato momento, numa madrugada de sábado, assistindo Terapia do Amor, eu vos digo, meninas, que hoje, mais do que nunca, o amor vai ter que ser é surdo. Porque o Bola andou tomando umas hoje à tarde e agora tá lá no nosso quarto roncando muito mais do que de costume!!!
Laeticia sempre soube que o amor é cego, surdo, mudo e meio retardado. Mas apesar de estar sempre rindo e sorrindo, só foi saber que ele também tem que ser bem humorado com o passar do tempo, quando foi conhecendo as manias do seu então namoradinho, hoje maridão!!
7 comentários:
É saudável o amor se fazer de retardado às vezes.
Penso que vc e o Alexandre (não sei se um dia vou conseguir chamá-lo de Bola) têm muito em comum, principalmente o humor. No encontro das Balzakas pude perceber isso. Vocês formam um casal interessantíssimo.
Bjos!
Hahahahah!!
Adorei o texto!
Beijão!
Adorei o texto!!
com muito humor!!
Abraços!
Realmente se for diferente não dá certo...
Difícil imaginar um relacionamento onde não exista humor, cegueira, surdez e retardamento!!!! hehehehe
Vc e o bola são um casal bacana demais!!!!
Beijo
Eu também acho que vocês combinam muito e são um casal super divertido. Adorei o "cego, surdo, mudo e retardado" e acrescento que o amor ainda é meio manco às vezes, mas é assim que a gente vai fazendo valer a pena!
Uma dica para ronco (há como me identifico, hahaha): dê um beijo bem estalado perto da orelha dele, mas sem enconstar. É incrível, o ronco para na hora - pena que não dura muito. Um beijão pra vocês, com gosto de chimarrão.
Pois é, outro dia lembrei que devia ter uns 8 anos que você conheceu o Bola e começou a namorar. É estranho porque parece que ele sempre foi nosso. Não consigo imaginar nossa família sem o Bola. Na verdade você não arrumou outro membro pra família: só trouxe pra perto quem já nos era de direito, rs.
Como sempre né Laeticia, vc consegue escrever exatamente "a vida como ela é". Mais um texto ótimo de ler, principalmente qunado os personagens são tão conhecidos. Beijos em todos, Silvia.
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