Nos últimos meses toda minha energia criativa estava dedicada a uma só coisa, ou melhor, três: dissertar, dissertar e dissertar. Só quem já passou por uma experiência do tipo sabe o quanto você se aliena da vida e não consegue falar, nem pensar em outra coisa. Deve saber também da culpa eterna que se cria: a culpa que habita dentro de si enquanto namora e não escreve, enquanto vê um filme, sai pra jantar, viaja ou vai pra festa e não se produz ciência. Resumindo: nem se vive, nem se adianta o trabalho. Mas enfim, sobrevivi, obstáculo vencido e superado (mesmo pensando que esse dia nunca chegaria). Benditos sejam os florais californianos!!! Bom, o fato é que não consegui produzir nada que não se relacionasse com esse momento.
Dito isso, numa espécie de justificativa de sumiço versus o desejo em mostrar “serviço” por aqui, decidi compartilhar com vocês o lado “poético” de um trabalho científico: os agradecimentos. Ouvi de uma colega que escrever essa parte era tão difícil quanto escrever a própria dissertação. Não tinha ideia do quanto. Achei por justo mencionar se não todos, grande parte daqueles que, de alguma forma, contribuíram na minha jornada e assim, me ajudaram a chegar até onde cheguei. Me perguntei se era normal escrever 8 páginas de agradecimentos. Como essa parte é livre e nossa, me permiti a quebra de protocolos (cultivo um anseio de querer sempre quebrá-los). No fim, o tiro não saiu pela culatra e os agradecimentos agradaram – e até emocionaram – a banca, especialmente a parte da Dedicatória, feita a meus pais. Numa espécie de ensaio geral adaptado do que foi essa prática de gratidão, me questiono:
Como não dedicar este trabalho a meus pais, meus maiores benfeitores nessa vida? Aqueles que sempre me incentivaram ao estudo e apoiaram minhas escolhas. Certamente sem esse patrocínio positivo amorosamente infinito, eu não chegaria até aqui. Por nunca medirem esforços para me ajudar, em todos os sentidos que um ser humano possa ser ajudado. Por, ao me ensinarem, terem feito essencialmente por meio do exemplo, deixando sua marca em meu coração, alma e intelecto. Por terem o dom de sempre me estimular, incentivando a sair da zona de conforto. Por sempre acreditarem em mim e no que eu era capaz, apostando no meu potencial de ser, estar e lutar nesse mundo. Por sempre torcerem com sinceridade pelas minhas vitórias, por serem gentis nas minhas derrotas, por serem justos nos meus tropeços. Por, mesmo nas maiores distâncias, se fazerem presentes em minha vida. Por simplesmente ser o que são, guerreiros, trabalhadores, honestos, amados e bondosos, me fazendo ter fé e esperança na vida e num presente e futuro bons.
“Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente."
(Ana Jácomo)
Como não me render ao protocolo e não agradecer especialmente a Deus? Afinal, foi Ele que me oportunizou (pelo menos é no que creio) uma das coisas que mais amo nessa existência: a dádiva da vida. Por Ele ser meu grande inspirador, pelas qualidades infinitas. Pelas bênçãos que derrama sobre mim, ao longo de minha existência. Por me segurar a mão e acalmar meu coração nos momentos nebulosos. Por alegrar meu coração nos dias ensolarados. Por me fazer companhia nos dias solitários. Por ter me abençoado com as maravilhosas pessoas que me cercam. Por nunca permitir que a minha fé acabe. Por fazer morada no meu coração. Por servir de porto seguro na jornada da minha alma. Por me fazer crer que a vida é boa.
E depois de Deus e meus pais, como não mencionar meus avós, pelo exemplo de luta e fé, por serem minha inspiração, por me fazerem sentir o tanto de amor e admiração que recebo deles? E meus irmãos queridos, de quem cuidei, quem tanto amo e por quem enfrento qualquer luta? Como não mencionar e agradecer à minha grande família de tios e primos que fazem parte de minha vida (graças a Deus!)? Afinal, sou tão feliz em tê-los sempre perto de mim. Como não agradecê-los pela força, torcida, amizade, cumplicidade, pelo seu amor?
Falando em amor, como atrever-me não mencioná-lo, esse que já faz parte de minha família, que me “aguentou” durante esses dois anos e meio, mesmos nos momentos menos aturáveis? Por ser meu amigo, meu companheiro e minha inspiração. Por acreditar em mim, nos meus sonhos, e por sonhá-los comigo. E claro, pela ajuda prática e objetiva na revisão e formatação do trabalho. Como esquecer isso tudo?
Pode parecer brincadeira, mas para mim seria impossível fazer uma lista de agradecimentos e não incluir minha querida “filhota”. Pretinha me fez abrir as portas da casa em Bauru (interior de SP, onde fiz o mestrado) e, assim, me abriu as portas ao maravilhoso mundo animal. Só tenho a agradecê-la por me tornar uma pessoa melhor e pedir que esteja presente alegrando a minha vida por muitos anos. E seria injusto não falar do Chico, o mais novo filhote da casa, por ter feito a “família” crescer e ser o vira-lata mais fofinho de todos os tempos!
Acredito que somos mestres uns dos outros nesta vida, e que ninguém aparece nela por acaso. Mesmo que não seja para sempre, mesmo que não dure eternamente, cada pessoa que passa deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. E aí, continuo me questionando: como não agradecer os bons amigos, aqueles que são a família que escolhemos? Como não lembrar das amigas de infância que me “sequestraram” para seu sonho acadêmico em Curitiba, e com as quais dividi momentos essenciais no meu processo de aprendizagem da vida, a dor e a delícia de “começar a ser gente grande”? Como não agradecer pelo seu acolhimento e de sua família, sendo que sem essa oportunidade, certamente não descobriria esse curso no qual me encaixo tão bem, como a Fonoaudiologia, uma de minhas grandes paixões?
E é claro que tive que recair no protocolo e agradecer aos professores e colegas da turma da graduação e pós-graduação. Com esses últimos, nosso dia-a-dia se torna mais leve. E sempre tem aquelas três ou quatro amigas especiais, com que a gente divide tantos momentos, bons e ruins, e com temos “devaneios” coletivos, viagens alucinantes pelo mundo complexo de Saussure que as professoras de linguagem insistiam em nos imergir!
Têm aqueles amigos também com que você divide a vida, a casa, o apartamento, as contas, alegria, tristezas e dificuldades, partes do processo de evolução e aprendizagem. Agradecer pela rotina agradável (ora nem sempre), pelas risadas e cantorias, pela amizade e companheirismo. Aqueles que hoje você vê e sente orgulho das pessoas que se tornaram, pelos profissionais que são e pelas famílias que constituíram. E você percebe que você fez parte disso e eles fizeram parte de você. Como não lembrar dos outros amigos acreanos que também compartilharam o momento de estar – tão – longe de casa (em Curitiba, Bauru, São Paulo, cidades que me acolheram nessa vida acadêmica)? E claro, como não agradecer ao povo que te acolhe, que de fato é tão acolhedor (mesmo em Curitiba, apesar das controvérsias), com quem muitos se mantém amizade, mesmo depois do tempo e da distância? Aos amigos que também são de longe, que se conhece ao longo da jornada, nada mais justo senão agradecer e torcer que se encontre sempre, em qualquer lugar do mundo.
E como não agradecer em especial àquela colega que se fez anjo em sua vida nas temporadas difíceis, por toda ajuda, por ter sempre uma palavra positiva, por te socorrer nos momentos que você mais precisou? Aquela que você agradece principalmente por ser mais que uma verdadeira amiga, mas por ser uma irmã de alma. Aquela cuja convivência se faz um aprendizado constante, principalmente de vida, e que você leva no coração para sempre.
E claro, como não agradecer aos queridos amigos de minha terra, Rio Branco, AC, que fazem parte de minha história e alegram meus dias? E àquela turma especial, a turma do curso de Coaching, com quem tive a oportunidade de dividir momentos únicos, mágicos e maravilhosos? Que compartilharam de meus sonhos, felicidades, medos, angústias, e que fizeram uma “torcida organizada” para que eu conseguisse chegar até aqui. A família que se ganha de presente da vida, amigos de alma, pessoas especiais e inesquecíveis.
Retornando ao protocolo, tive que agradecer ao estatístico que se prontificou a acudir minhas dúvidas mais esdrúxulas. Agradecer às Secretarias de trabalho que me apoiaram. Aos colegas de trabalho, pela convivência agradável e pelas trocas de saberes contínuas (especialmente às amigas “psi”), pelas trocas e possibilidade de aprendizado diário e por me fazerem acreditar num SUS que dá certo! Às colegas fonoaudiólogas, com quem junto comigo lutam, brigam, dividem anseios e também conquistas. Agradecer à banca honrosa de doutores, especialmente ao médico otorrino, pelo espaço e oportunidade de aprendizados mútuos e por ter me permitido fazer parte desse sonho, me fazendo acreditar que um trabalho transdisciplinar seja possível.
Sem dúvidas, agradecer de maneira muito especial a minha querida orientadora, pela oportunidade de ser sua orientanda. Por ser um exemplo de profissional, pesquisadora e, principalmente, ser humano. Por ser uma pessoa realmente admirável. Pelo seu acolhimento, carinho, suas orientações, “puxões de orelha”, lições de vida... por ter me aberto às portas do instituto e também de sua casa, quando mais precisei. Essas coisas a gente nunca esquece.
E para finalizar, como não mencionar e agradecer a todos os pacientes e suas famílias, os maiores motivadores de minha capacitação permanente, as maiores razões do meu aprimoramento profissional? Todo carinho e voto de confiança, todo o aprendizado? Por me ensinarem tanto: a valorizar a vida, a ter humildade, a ter garra para superar obstáculos, a ter gratidão e a nunca perder a fé? Eles fazem parte disso e seria impossível não lembrar.
Gabriela continua agradecendo e criando cada vez mais gosto nisso. E percebe que demora para escrever, mas quando escreve... não consegue mais parar! Para não perder o costume, agradece pela paciência e atenção até o fim.
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