Semana passada
minha cidade natal apareceu no Fantástico. Não, não é motivo de orgulho, mas de
vergonha alheia e preocupação.
Para dar um
pouco de contexto, um dos maiores orgulhos de grande parte (friso que não são
todos) dos moradores de Caxias do Sul é sua descendência italiana. Nunca
entendi o porquê. As pessoas valorizam e buscam sua origem longínqua na Itália,
viajam para lá ver os “parentes” e se declaram italianos. Para mim, quem nasce
no Brasil é brasileiro. Aliás, para mim e para a Constituição Federal, mas
enfim...cada um cada um.
Dito isso,
se entende que foi uma cidade construída por imigrantes, que não se encontravam
na melhor das situações no seu país de origem. Fizeram uma viagem sofrida até o
Brasil, encontraram uma realidade diferente da que estavam costumados: a
língua, as pessoas, os recursos. As falsas promessas. E muitos prosperaram,
deixando como legado o sobrenome que ainda tem forte ligação com a Itália.
Isso foi no
final do século XIX, muito tempo se passou, muitos outros imigrantes e
migrantes chegaram ao Brasil, ao Rio Grande do Sul e, sim, a Caxias do Sul.
Lecionei lá por muitos anos, e sempre fiquei impressionada com a quantidade de
pessoas de diversos lugares do país que escolhia a fria (em vários sentidos) cidade para morar. Muitos chegaram ao sul como mão-de-obra para a construção civil,
que não era encontrada no local. Outros porque tinham amigos e parentes vivendo
lá, e achavam que poderiam recomeçar suas vidas. Outros porque enfrentavam uma
situação tão ruim que perderam o medo e o apego e decidiram arriscar.
Recentemente,
um novo movimento de imigração vem surgindo, de pessoas vindas de países como
Haiti, Bangladesh, Gana e Senegal, numa das maiores ondas de imigração
registradas no país. A situação se repete: pessoas chegam com esperança de uma
vida melhor, mais segura, com mais dignidade; encontram outra terra, outra
hábitos, outra língua, outro clima. Encontram portas abertas mas
também encontram muitas portas fechadas. Encontram o “nós” e o “eles”, numa dicotomia
impossível de conceber. A reportagem do Fantástico divulgou o que quem mora ou
circula pela cidade de caxias do Sul já tinha percebido: o preconceito.
Argumentos falhos e mentirosos tentam dar suporte a ideias absurdas de exclusão, tão levianos que nem vale a pena repetir aqui. Quem tiver interesse, pode acessar a matéria e fazer sua própria análise.Não vou ser preconceituosa e dizer que toda a população pensa assim, até porque, felizmente, não acredito nisso. Mas queria tanto que tais pessoas pusessem a mão na consciência, se vissem no espelho, usassem um pouco do cristianismo que é tão difundido na cidade, para ver os imigrantes como o que são: pessoas. Gente. Igual aos moradores, igual aos migrantes, igual aos demais imigrantes... gente! Tem gente feia, bonita, magra, gorda, alta, baixa, negra, branca, amarela, cor de rosa (como os próprios “gringos” quando voltam da praia), gente honesta, desonesta, chata, divertida.... gente de tudo o que é tipo. Mas é tudo gente. Sem preconceitos.
Argumentos falhos e mentirosos tentam dar suporte a ideias absurdas de exclusão, tão levianos que nem vale a pena repetir aqui. Quem tiver interesse, pode acessar a matéria e fazer sua própria análise.Não vou ser preconceituosa e dizer que toda a população pensa assim, até porque, felizmente, não acredito nisso. Mas queria tanto que tais pessoas pusessem a mão na consciência, se vissem no espelho, usassem um pouco do cristianismo que é tão difundido na cidade, para ver os imigrantes como o que são: pessoas. Gente. Igual aos moradores, igual aos migrantes, igual aos demais imigrantes... gente! Tem gente feia, bonita, magra, gorda, alta, baixa, negra, branca, amarela, cor de rosa (como os próprios “gringos” quando voltam da praia), gente honesta, desonesta, chata, divertida.... gente de tudo o que é tipo. Mas é tudo gente. Sem preconceitos.
Renata
sente orgulho de muitas coisas da sua terra natal. E espera que a tal onde
migratória sirva para ensinar essa pequena lição para algumas pessoas, sobre
empatia, compaixão e preconceito.
Um comentário:
Faço minhas as suas palavras.
Ótimo texto, Rê.
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