terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A fila

Cenário: fila de lancheria em aeroporto. Persongens: eu, narradora, interpretadora e crítica. Moça 1: a indignada. Moça 2: a desligada. Personagens secundários: mais de 10 pessoas na fila, poucos atendentes na lanchonete.
A história: dias atrás eu estava na fila de uma lancheria num aeroporto. Eu pressuponho que a grande maioria das pessoas que se dispõem a enfrentar uma fila dessas está a: com fome, pois sabe que vai pagar um preço abusivamente mais alto do que o produto vale e b: deve estar com pressa, pois ninguém está lá à toa, mas sim esperando seu voo.
Então, sendo eu uma pessoa nessa dupla situação de fome e pressa, pacientemente esperando na cada vez mais lenta fila, não pude deixar de ouvir a conversa e alto tom que as duas moças travavam logo atrás de mim. A moça indignada com uma companhia aérea que não queria deixá-la embarcar por motivos dos quais não tive conhecimento. A moça b concordando com tudo: que absurdo! Que absurdo! Realmente, que absurdo!
A moça a contou todo seu caso, como botou banca na situação, sendo grosseira e ameaçando os funcionários que, por fim, deixaram-na embarcar. Até aí tudo bem, uma história nada inédita, algum erro de sistema, seiláoque. Mas a moça, não satisfeita em alardear como tinha botado banca, me sai com um: só porque a Dilma ganhou, vai virar tudo putaria.
Peraí. Para tudo. Rebobina a fita que não entendi. Acho que a Matrix deu erro.
Mas, passado o susto, percebi que foi isso mesmo que ela disse. Eu não sou pró-Dilma (nem de perto) mas o que uma coisa tem a ver com a outra, Daphne, minha filha?
A moça a seguiu seu discurso sobre como esse país é uma m$%¨& e continua a piorar. Que tem coisas nesse país que não dá pra aguentar e essa coisa toda. Nessa altura eu já tinha adquirido meus produtos alimentícios a preço de ouro e não via a hora de pegá-los no balcão, me afastar de tanta ignorância e comer rapidinho antes que começasse o embarque.
Vocês já devem ter previsto o fim da história: a moça indignada com a putaria que tá virando “esse país” furou a fila na MINHA FRENTE! Para tudo de novo! Moça, há 5 segundos você estava falando sobre falta de educação, sobre os problemas “desse país”. Na moral, acho que os maiores problemas desse país se dão por esse tipo de atitude.
Vocês estão se perguntando: e aí, Renatinha? O que você fez? Deu um sermão? Mandou um “presta atenção”? Deu puxão de cabelo? Não, gente. Eu ando com tanta preguiça de gente assim, que nem me dei ao trabalho de falar com a moça. Acho que a reação dela ia me decepcionar ainda mais. No fim das contas, a atendente que tava atenta às movimentações da fila me atendeu por primeiro.


Renata escreve às terças e se indigna todos os dias.

2 comentários:

Nana disse...

Infelizmente, é fato que as pessoas estão cada vez mais ignorantes e intolerantes. Elas ficam tão cegas com os problemas ao redor que não conseguem enxergar que elas mesmas podem ser a causa dos problemas. Fica mais fácil colocar a culpa na Dilma né?!
Bj e fk c Deus.
Nana
http://procurandoamigosvirtuais.blogpost.com.br

Anônimo disse...

Verdade, Nana. Um pouquinho de tolerância não faz mal pra ninguém, não é?
Beijos!

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