A mim importa, há bastante tempo, a minha satisfação como ser humano e as resoluções que tomo perante o que a vida me apresenta. Ter coisas não me preocupa. Esse desapego chega a ser um problema, não tenho nada, todas as vezes que mudo de cidade, eu acabo deixando tudo para trás – vendendo algumas coisas por preço de nada, doando muitas coisas para conhecidos e desconhecidos e tendo que “re-adquirir” tudo. Isso acaba acarretando em um endividamento eterno e nenhum bem para chamar de meu. Claro que é bom ter algumas coisas, mas sabe o que me interessa ter de verdade? Afetos. Tanto os afetos passageiros, como os afetos de longa data, ou os recentes. Quero uma coleção de afetos! E tenho!
Sabe esses encontros que fazem mudanças nas nossas vidas de forma recíproca? Para mim é isso que nos movimenta! Acredito que tudo que passamos, mesmo que por milésimos de segundos, traz algum aprendizado. E a partir daquele milésimo de segundo já somos outro. Aquele amigo de longa data. Aquele amor que sempre será. Aquele conhecido recente, mas que já faz uma diferença danada. Aquela pessoa que você só encontrou uma vez na vida, mas você nunca esquecerá. Aquela pessoa que começa a conversar com você no meio de uma caminhada na praia e em questão de meia hora te ensinou sobre a vida, sobre as pessoas e sobre ser gente com h de humano. Aquele amor que durou pouco, mas que fez você crescer e cresceu junto com você. E não estou falando só de pessoas não. Tem também aquele cachorro gordo e perneta que entrou na sua casa, criou morada, e trouxe um ensinamento danado. Aquele cachorro que lutou pela vida com uma valentia admirável. Aquele cachorro fofo que te ensina a ser feliz todos os dias.
E afeto é algo totalmente alheio a questões de parentesco, ou de coleguismo, ou vizinhança, ou mesmo de amizade. Ou de “vira-latisse” ou raça. Afeto é questão de toque. E de se deixar tocar. Como o sentimento que aquela música especial causa. Ou toca ou não toca.
E é pelos afetos que sigo em frente, e é por eles que luto.
“E pela lei natural dos encontros, eu deixo e recebo um tanto” (Luiz Galvão e Moraes Moreira, 1972).
2 comentários:
Que lindo, Luciana!
Me tocou lá no fundo.
Chorei...
Grata!
Feliz em "tocá-la" Andréia! Um beijo.
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