Como eu já disse, o Acre é longe e eu vim de lá. E nesse exato momento estou escrevendo de dentro do avião, justamente na penúltima parte da saga de uma longa jornada de volta pra casa. No último texto (que na verdade foi o meu primeiro aqui), terminei dizendo que estava voltando pra minha terra, após ter concluído os trabalhos presenciais do mestrado, para assim reassumir meu serviço em Rio Branco. Acontece que, de fato, “it´s a long long long long way”, como diria Caetano. E nessa long road, a gente vê muita coisa no caminho, imagina então numa trajetória de 4 mil Km, quase de Oiapoque ao Chuí (pesquisei e vi que o extremo Norte fica na verdade no Monte Caburaí, em Roraima). Tudo isso em pleno feriado, onde tudo se vê e todos se movem.
Embarco no sábado de manhã, 1h30 da tarde, com aquela fina ressaca de despedida de sexta. A noite foi boa, bar de rock tradicional da cidade, com Red Hot cover. Ainda não tinha conhecido o bar com a pinga mais famosa e gostosa da cidade, e olha que eu nem gosto de pinga, mas essa era realmente boa. Saldo da noite: positivo. Saldo de sono: negativo.
A previsão de chegada em Porto Velho, Rondônia, meu destino final de hoje (ficava mais barato pernoitar em Porto Velho, ficar na casa de uma amiga e ir pra Rio Branco no dia seguinte) é de 1h40 da manhã. Detalhe: horário local. O que significa que, pelo horário de Brasília, estarei chegando às 2h40, depois de longas escalas em Congonhas e depois em Brasília (o que pelo lado bom me rendeu os textos de estreia aqui do blog). Ou seja, são mais de 12 – eu disse 12 – horas de jornada, incluindo tempos de voo e tempo em escala. Vocês têm noção do que é isso? É quase uma viagem internacional atravessando o Atlântico. Incluindo valores, diga-se de passagem. É, de passagem, literalmente.
Falando em preços, já de cara posso dizer que paguei um pequeno grande mico, pra estrear com chave de ouro a minha saga do dia. Sabe aquele nosso famoso jeitinho brasileiro? Pois é, nem sempre ele é aconselhável e conveniente. O fato é que era lógico que iria pagar excesso, já que estava indo de mudança. Isso somado ao fato de ser mulher e ter uma veia meio cigana. E é claro que, sabendo disso, eu fiz de tudo para encher a mochila de mão (que tinha rodinha, se não eu não dava conta), para dar uma amenizada no peso da mala. A amiga que foi me deixar tinha ido estacionar o carro, enquanto eu descia e agilizava o check-in. A fila estava curta e como em alguns aeroportos eles pesam também a bagagem de mão, e como com certeza a minha deveria estar ultrapassando todos os limites, eu, “espertamente”, pedi para uma moça e uma senhora, aparentemente mãe e filha, para olharem minha mochila, enquanto fazia o check-in, para que eles não tivessem que pesá-la. E eu ainda expliquei tudo isso e percebi que elas, não fizeram uma cara lá muito boa, especialmente a que parecia ser a filha. Vai ver questão de temperamento ou humor do dia, pensei. Ok, check-in feito, excesso de malas (como o previsto) pago, voltei nas moças, agradeci e saí ao encontro da minha amiga, que já tinha estacionado o carro. Pronto, “crime” consumado! Troquei algumas palavrinhas com minha amiga e na hora marcada me despedi dela e me dirigi à sala de embarque. O que eu não esperava era que, lá dentro, a dita cuja da moça (a da cara não muito simpática) me aparece com um crachá estampado no pescoço, bem da dita companhia área que eu estava embarcando! Ahhh, queria enfiar minha cara debaixo do travesseiro que eu carregava... hahahaha.. Pois bem, tem coisas que só comigo mesmo, viu.
Continuando a saga, tive a sorte de viajar bem na época da nova resolução da bendita empresa área, de suspender lanchinhos nos voos. Ah, que saudade das extintas Varig e Vasp, com aquelas bandejas quentinhas, cobertas por papel alumínio, com direito a sobremesa, cervejas e até whisky (não que eu goste, mas na minha época de faculdade, os colegas que também moravam fora, chegavam “no grau”, ao descer os degraus). Mas quem não tem cão, caça com gato, e dá-lhe amendoim e barra de cereal! O que me salvava eram as lanchonetes de cada aeroporto. E é por lá que a gente mais vê de tudo.
E nessas, uma das cenas que mais me chamou a atenção no saguão do aeroporto, foi uma turma na mesa ao lado da minha. Penso que na tentativa de espantar o tédio da espera, eles brincavam de "stop". E eu, também no tédio da espera, quase pedi pra participar! Hahaha. O melhor não foi isso: quando chegou a letra A, cidade, estado, país. Adivinhe??? Yeah, a mocinha grita: ACRE! hahaha.. morri! Pensei: é, pois é pra lá que eu vou!
Outras duas coisas interessantes me aconteceram e me deram cada vez mais a certeza que o mundo é realmente um ovo, quase reduzido à gema, de tão pequeno. Meu destino inicial foi Bauru, certo? Pois bem, fiz escala em São Paulo, capital e quando fui embarcar de novo no avião, de São Paulo para Brasília, reconheci de longe um colega do mesmo hospital que eu estagiava em Bauru, com sua esposa.Daí eu questiono: eu não poderia ter encontrado eles no voo de Bauru? Sim, poderia, deveria. Mas não. Eles estavam em São Paulo, vindo de um casamento, e agora estavam indo pra casa da mãe dela, e assim como eu, iam fazer escala em Brasília. Primeira constatação do dia que o mundo nem é tão imenso e a vida é cheia de encontros inusitados. A segunda constatação disso veio em seguida.
Quando estava finalizando o primeiro texto do blog na conexão em Brasília, depois de, claro, matar a fome de arroz e feijão, vi que o relógio marcava 5 minutos para o horário que deveria estar no portão de embarque. Meu Deus!!!! Perdi a hora no meio das palavras e pensamentos!! Então, eu pergunto a mim mesma: com emoção ou sem emoção??? Ah, com emoção, sempre! Comigo sempre com emoção, ora infelizmente, ora felizmente. E era um tal de respira fundo e cadê a saída, cadê o embarque, cadê o portão, correndo desesperadamente nos corredores infinitos do aeroporto de Brasília. Que Deus me acuda e eu não perca esse voo, pensava. Mas no meio do caminho não tinha um pedra. Pelo contrário, tinha uma grande amiga, conterrânea e colega de profissão, sentada com uma colega e uma mala imensa ao lado dela. Destino: férias em Orlando. Gente, não tinha como não parar e trocar 10 palavras no mínimo, mesmo que esbaforida, atrasada e desesperada. Lembre, eu gosto é de gente, gosto do movimento e da interação, mesmo que isso me custe bons sustos! Fazia anos que a gente não se via e mesmo no meio do desespero, deu pra matar as saudades mesmo que rapidinho, e ainda consegui chegar atrás do último passageiro. UFA!!!! Sim, sempre com emoção. E vamos lá, porque it´s a long, long, long, way e ainda faltam 2h e meia para chegar no começo do fim. E depois disso, sete dias intensos de um curso chamado “Professional & Self Coaching” me aguardam. Estou super ansiosa, pois só tenho ouvido falar coisas maravilhosas a respeito....Mas são cenas dos próximos capítulos.
........
Domingo, última etapa da saga. Acordei, tudo deu certo, não perdi voo, não paguei excesso. E de novo escrevo da janela do avião. Do alto avisto um rio branco, que não é branco. “Um rio torto que não vê o mar”. A long trip finalmente chegou ao fim. Mas a vida, graças a Deus, não; ainda tem chão.
Embarco no sábado de manhã, 1h30 da tarde, com aquela fina ressaca de despedida de sexta. A noite foi boa, bar de rock tradicional da cidade, com Red Hot cover. Ainda não tinha conhecido o bar com a pinga mais famosa e gostosa da cidade, e olha que eu nem gosto de pinga, mas essa era realmente boa. Saldo da noite: positivo. Saldo de sono: negativo.
A previsão de chegada em Porto Velho, Rondônia, meu destino final de hoje (ficava mais barato pernoitar em Porto Velho, ficar na casa de uma amiga e ir pra Rio Branco no dia seguinte) é de 1h40 da manhã. Detalhe: horário local. O que significa que, pelo horário de Brasília, estarei chegando às 2h40, depois de longas escalas em Congonhas e depois em Brasília (o que pelo lado bom me rendeu os textos de estreia aqui do blog). Ou seja, são mais de 12 – eu disse 12 – horas de jornada, incluindo tempos de voo e tempo em escala. Vocês têm noção do que é isso? É quase uma viagem internacional atravessando o Atlântico. Incluindo valores, diga-se de passagem. É, de passagem, literalmente.
Falando em preços, já de cara posso dizer que paguei um pequeno grande mico, pra estrear com chave de ouro a minha saga do dia. Sabe aquele nosso famoso jeitinho brasileiro? Pois é, nem sempre ele é aconselhável e conveniente. O fato é que era lógico que iria pagar excesso, já que estava indo de mudança. Isso somado ao fato de ser mulher e ter uma veia meio cigana. E é claro que, sabendo disso, eu fiz de tudo para encher a mochila de mão (que tinha rodinha, se não eu não dava conta), para dar uma amenizada no peso da mala. A amiga que foi me deixar tinha ido estacionar o carro, enquanto eu descia e agilizava o check-in. A fila estava curta e como em alguns aeroportos eles pesam também a bagagem de mão, e como com certeza a minha deveria estar ultrapassando todos os limites, eu, “espertamente”, pedi para uma moça e uma senhora, aparentemente mãe e filha, para olharem minha mochila, enquanto fazia o check-in, para que eles não tivessem que pesá-la. E eu ainda expliquei tudo isso e percebi que elas, não fizeram uma cara lá muito boa, especialmente a que parecia ser a filha. Vai ver questão de temperamento ou humor do dia, pensei. Ok, check-in feito, excesso de malas (como o previsto) pago, voltei nas moças, agradeci e saí ao encontro da minha amiga, que já tinha estacionado o carro. Pronto, “crime” consumado! Troquei algumas palavrinhas com minha amiga e na hora marcada me despedi dela e me dirigi à sala de embarque. O que eu não esperava era que, lá dentro, a dita cuja da moça (a da cara não muito simpática) me aparece com um crachá estampado no pescoço, bem da dita companhia área que eu estava embarcando! Ahhh, queria enfiar minha cara debaixo do travesseiro que eu carregava... hahahaha.. Pois bem, tem coisas que só comigo mesmo, viu.
Continuando a saga, tive a sorte de viajar bem na época da nova resolução da bendita empresa área, de suspender lanchinhos nos voos. Ah, que saudade das extintas Varig e Vasp, com aquelas bandejas quentinhas, cobertas por papel alumínio, com direito a sobremesa, cervejas e até whisky (não que eu goste, mas na minha época de faculdade, os colegas que também moravam fora, chegavam “no grau”, ao descer os degraus). Mas quem não tem cão, caça com gato, e dá-lhe amendoim e barra de cereal! O que me salvava eram as lanchonetes de cada aeroporto. E é por lá que a gente mais vê de tudo.
E nessas, uma das cenas que mais me chamou a atenção no saguão do aeroporto, foi uma turma na mesa ao lado da minha. Penso que na tentativa de espantar o tédio da espera, eles brincavam de "stop". E eu, também no tédio da espera, quase pedi pra participar! Hahaha. O melhor não foi isso: quando chegou a letra A, cidade, estado, país. Adivinhe??? Yeah, a mocinha grita: ACRE! hahaha.. morri! Pensei: é, pois é pra lá que eu vou!
Outras duas coisas interessantes me aconteceram e me deram cada vez mais a certeza que o mundo é realmente um ovo, quase reduzido à gema, de tão pequeno. Meu destino inicial foi Bauru, certo? Pois bem, fiz escala em São Paulo, capital e quando fui embarcar de novo no avião, de São Paulo para Brasília, reconheci de longe um colega do mesmo hospital que eu estagiava em Bauru, com sua esposa.Daí eu questiono: eu não poderia ter encontrado eles no voo de Bauru? Sim, poderia, deveria. Mas não. Eles estavam em São Paulo, vindo de um casamento, e agora estavam indo pra casa da mãe dela, e assim como eu, iam fazer escala em Brasília. Primeira constatação do dia que o mundo nem é tão imenso e a vida é cheia de encontros inusitados. A segunda constatação disso veio em seguida.
Quando estava finalizando o primeiro texto do blog na conexão em Brasília, depois de, claro, matar a fome de arroz e feijão, vi que o relógio marcava 5 minutos para o horário que deveria estar no portão de embarque. Meu Deus!!!! Perdi a hora no meio das palavras e pensamentos!! Então, eu pergunto a mim mesma: com emoção ou sem emoção??? Ah, com emoção, sempre! Comigo sempre com emoção, ora infelizmente, ora felizmente. E era um tal de respira fundo e cadê a saída, cadê o embarque, cadê o portão, correndo desesperadamente nos corredores infinitos do aeroporto de Brasília. Que Deus me acuda e eu não perca esse voo, pensava. Mas no meio do caminho não tinha um pedra. Pelo contrário, tinha uma grande amiga, conterrânea e colega de profissão, sentada com uma colega e uma mala imensa ao lado dela. Destino: férias em Orlando. Gente, não tinha como não parar e trocar 10 palavras no mínimo, mesmo que esbaforida, atrasada e desesperada. Lembre, eu gosto é de gente, gosto do movimento e da interação, mesmo que isso me custe bons sustos! Fazia anos que a gente não se via e mesmo no meio do desespero, deu pra matar as saudades mesmo que rapidinho, e ainda consegui chegar atrás do último passageiro. UFA!!!! Sim, sempre com emoção. E vamos lá, porque it´s a long, long, long, way e ainda faltam 2h e meia para chegar no começo do fim. E depois disso, sete dias intensos de um curso chamado “Professional & Self Coaching” me aguardam. Estou super ansiosa, pois só tenho ouvido falar coisas maravilhosas a respeito....Mas são cenas dos próximos capítulos.
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Domingo, última etapa da saga. Acordei, tudo deu certo, não perdi voo, não paguei excesso. E de novo escrevo da janela do avião. Do alto avisto um rio branco, que não é branco. “Um rio torto que não vê o mar”. A long trip finalmente chegou ao fim. Mas a vida, graças a Deus, não; ainda tem chão.
Gabriela escreve esporadicamente, já que a vida cigana do pra lá e pra cá não ajuda. Mas espera por dias mais calmos e terrenos,
porque andar de avião pra ela é um suplício!
porque andar de avião pra ela é um suplício!
5 comentários:
Boa sorte no seu "recomeço" , e se eu fosse a mocinha do crachá, você estaria em maus lençois...sorte sua que ela só fez cara feia!
Boa sorte no seu "recomeço" , e se eu fosse a mocinha do crachá, você estaria em maus lençois...sorte sua que ela só fez cara feia!
Então sorte a minha que não era você, Inaie! rs.
Obrigada, vou mesmo precisar de sorte nessa etapa "novo de novo".
Beijos!
Oi Gabriela, moro no Acre também e acompanho sempre o blog. Fico feliz que esteja de volta a terra. Abraços. Rosalina.
Que legal, Rosalina! Uma conterrânea (nascida ou de coração?)!! Obrigada e volte sempre por aqui! Quem sabe a gente não se topa por aí?
Abraços!
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