Nossa mente é povoada
por diversas lembranças. Que maravilhoso é poder lembrar de coisas que nos
fizeram bem. Aquele cheiro que te faz viajar para o passado e em segundos
voltar à infância. Um gosto que te lembra de uma comida que você nunca mais
comeu. Um perfume que te faz pensar em alguém. Uma música que te lembra de bons
momentos vividos. Um lugar em que você foi feliz. Como para tudo o que existe,
existe também o seu contrário, algumas lembranças são indesejadas. Um cheiro
que você quer esquecer. Um dia do qual você não quer lembrar. Um abraço que já não
te envolve mais e a simples lembrança te faz sentir dor. Aquelas lembranças,
que te prendem e te arrastam para o passado do qual você não quer lembrar, onde
é mesmo que se deleta?
Cada ser humano sabe qual
é o seu limite. Insistir quando se sabe que não há mais o que ser resgatado
daquilo que se viveu, para que mesmo que serve? Ah, ok. Você fez algo de muito
errado em outra encarnação e está usando esta vida para se punir? (Ironia, baby).
Algumas pessoas
gostam mesmo de se lançar ao desconhecido, pular sem paraquedas, sem verificar
de antemão qual é o tamanho do abismo. Mas e quando você sabe exatamente o que
te espera logo ali depois da curva e ainda assim, persiste?
O mistério fascina,
envolve, seduz. Aquilo que é previsível não é assim tão encantador. Mas por
vezes a previsibilidade de algumas coisas é que mantém nossos pés no chão. Voar
é bom, desde que em alguns momentos tenhamos onde pousar.
Que me domine o
marasmo de alguns dias iguais. Que eu seja capaz de reinventar meu próprio mundo
todos os dias, sem precisar para isso retroceder a um campo onde sei que não
serão flores que irei encontrar. Que eu possa ainda assim, me ferir com alguns
espinhos para me lembrar do quanto gosto de rosas.
Andri escreve às
sextas-feiras e procura incessantemente pelo botão “delete” de seu coração.
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