Não, não vou falar de
como a internet coloca o conhecimento aos nossos pés, só esperando que a gente
faça a nossa parte e aprenda alguma coisa. Vou falar literalmente de como o
conhecimento pode estar aos nossos pés.
Tempos atrás aprendi
uma valiosa lição sobre auto-controle com um dedão de pé alheio (http://drepente30.blogspot.com.br/2014/01/resolucoes-de-ano-novo-e-o-dedao.html), e hoje
aprendi uma nova lição com meu próprio dedão.
Na real, nem precisou
do dedão todo. Só da unha. Na verdade, da ausência da unha.
Tive alguns problemas
podológicos no carnaval da Bahia (eterna fantasia...) e fiquei sem uma parte
importante do meu corpo, a unha do dedão. Ficou só um pedacinho. Preto. Nada
bonito de se ver.
Visualizou? Fez cara
de nojo e se encolheu de dor, sem nem ver ao vivo? Tranquilo, fazer parte da
imensa maioria da população que sente a dor alheia quando vê uma unha ausente,
machucada, traumatizada. Eu não sabia que as pessoas reagiam assim, é a
primeira vez que perco a unha, e fiquei encucada com a reação das pessoas.
TODO mundo que repara
na (ausência da) unha. TODO mundo se arrepia de dor (ou medo ou nojo). TODO
mundo (com diversos níveis de intimidade) pergunta o que houve. Fiquei
elaborando hipóteses sobre o que motiva esse comportamento estranho, quase uma
compaixão. Eles não só se importam com a minha dor (passada ou recente) como
alguns praticamente a sentem! Incrível!
Conclusão do dia: como
(quase) todo mundo já machucou a unha do dedão – topou em alguma coisa, levou
um pisão bem forte, deixou cair alguma coisa pesada (tá doendo em vocês?) as
pessoas facilmente se colocam no meu lugar, entendem o quanto doeu e até sentem
a dor também (será que Fernando Pessoa também tinha perdido a unha?...)
Conclusão mais
explicada: a gente consegue se colocar no lugar do outro quando já esteve lá,
quando já sentiu a dor. É egoísta, eu sei, mas é humano. E nos alerta para o
fato de que há dores que são só de alguns (ainda bem) e há dores que a gente
não consegue nem imaginar, e que nem por isso doem menos.
Quando um amigo
estiver se abrindo e contando da sua dor, se você não sentir nada, não
conseguir se colocar no lugar dele, visualiza a unha caindo e fala: eu sei que
dói, mas vai passar.
Renata segue
escrevendo (quase todas ,) às terças e aprendendo todos os dias.
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