Obrigada, Pandora

Narra o mito grego da “Caixa de Pandora” que Zeus entregou uma caixa para Pandora, a primeira mulher que existiu, com a única ordem de que ela jamais abrisse a caixa. Como mulheres costumam ser curiosas desde que o mundo é mundo, ela desobedeceu esta ordem e abriu a caixa. Foi aí que surgiram todos os males que hoje assolam a humanidade. A boa notícia é que Pandora fechou a caixa a tempo de reter a esperança, que é o que nos salva e nos mantém firmes em tempos difíceis. Provavelmente foi daí que surgiu o dito popular “a esperança é a última que morre”.

É nisto que venho pensando nos últimos dias. Eu e muitas pessoas queridas ao meu redor tivemos dias bem difíceis, daqueles em que o tempo se arrasta e nada parece fazer muito sentido. A gente liga o modo automático e faz tudo o que precisa fazer, cumpre horários, obedece o que a rotina nossa de todos os dias nos impõe, mas na verdade, dentro da gente, tudo está confuso e muitas perguntas permanecem.

Esse parece um post triste, mas não é. Escrevo pra dizer que lembrei de Pandora, que lembrei da esperança e que cada vez mais ela habita meu coração.

Tenho esperança de que as pessoas consigam comunicar seus sentimentos. Tenho esperança de que todo mundo consiga olhar pra quem está ao seu lado e lhe dedicar um sincero sorriso todos os dias. Tenho esperança de que tenhamos vontade e disposição para abraçar muito as pessoas ao nosso redor, para beijá-las, para dizer-lhes palavras de afeto e carinho. Tenho, claro, muita esperança de que a gente sempre fale a verdade e que assim, por sermos verdadeiros, consigamos acreditar também naqueles que nos cercam.

Dias difíceis nos fazem pensar. Refleti muito nos últimos dias. Refiz meus passos a fim de descobrir se estou satisfeita com o modo como venho levando minha vida, se estou feliz com o modo como trato as pessoas, e sim, eu estou. Preciso mudar muitas atitudes, mas quem não precisa?

A tristeza nos faz pensar. Ela nos move, e, portanto, não é algo ruim. Não estou defendendo a ideia de que estar triste todos os dias é bom, mas estou convicta de que valorizar o papel da tristeza em nossas vidas seja um modo muito mais leve de viver. Quando estou triste, sou obrigada a olhar pra mim mesma e descobrir o que está me deixando assim. Autoconhecimento é primordial, preciso me compreender para tentar compreender aos outros.

Estou feliz por saber que apesar da dor de alguns dias pesados, sempre há esperança. Por saber que dias tristes nos trazem sempre uma lição e que ela será apreendida por nós se assim quisermos. Obrigada Pandora, por ter fechado a caixa a tempo.

Andri escreve às sextas-feiras e está contente por poder acordar todos os dias e viver sua vida refletindo sobre tantas coisas. Dedica esse post a alguém que perdeu a esperança, e promete que irá sorrir por si mesma e também por ele, todos os dias.