Uma semana me distancia de um acidente de automóvel.
Foi coisa simples, e Papai-do-Céu, meu grande ídolo, não permitiu que nada, além de danos materiais, acontecesse a nenhuma das cinco pessoas envolvidas. Porém, os intermináveis segundos em que o carro girava pela rua visitaram meus pensamentos mais vezes do que eu esperava nesta semana e não me deixaram desacreditar que um evento como este, não venha desprovido de um significado.
Tem sido uma batalha braba, pois eu e meus pensamentos já andávamos muito ocupados e sensíveis com buscas de significados. Então, os “E se...” de ontem e os de hoje se misturaram. Aqui resolvo sepultá-los para que parem de brigar entre si e antes que me enlouqueçam.
E se eu tivesse morrido hoje número um. Eu teria me arrependido por, tantas vezes, ter dado ouvido a este diabinho que de vez em quando aparece na minha vida e me trás uma coceirinha, que logo vira a comichão do “quero algo mais” e que me leva a virar tudo de pernas para o ar, abandonar sonhos já meio mofados, mudar de cidade, de objetivos, deixar para trás tantas coisas e recomeçar, sem ter bem a certeza de que a missão anterior foi cumprida. Cada vez que eu o escutei, eu tirei os olhos dos momentos mágicos por serem simples da vida: o sentar no chão com amigos de muitos anos, a cumplicidade que só pode surgir em relações cultivadas, a segurança do que se conhece (uma cidade, um trabalho, um amor) e a tranqüilidade que trás o não querer demais.
E se eu tivesse morrido hoje número dois. Eu teria me arrependido por, tantas vezes, não ter dado ouvido a este mesmo diabinho. Cada vez que eu o escutei ele me pegou pela mão e me mostrou lugares que eu nunca imaginei, onde eventualmente escolhi ficar por lá, deixando para trás tantas coisas e recomeçando. Conheci novas culturas, trabalhos, paisagens e novas pessoas (o que de todos os tipos de “novo” que se apresentam é sempre o que mais me encanta). Descobri que palavras como frio, vento, amizade, saudade, solidão, tesão e amor podem representar coisas muito diferentes de um lugar para outro (e de uma “eu” para outra). Escancarei-me para os inputs deste mundão que sempre me trouxeram novos parâmetros para seguir escolhendo o que eu sou, na base do abraço, ou da pancada. Dei um passo após o outro, colhendo a mágica das coisas frescas e novas na vida, mas nem sempre estes passos foram para a mesma direção, o que me fez às vezes olhar em volta e ter a impressão de ter andado um pouco em círculos.
De fato não me arrependi até hoje de nenhuma das escolhas que fiz na vida, mas quando passo a ver o futuro com os olhos de “se eu tivesse morrido hoje” é justamente nas escolhas (e seu risco, incerteza, mágica e frio na barriga inerentes) que me aperto.
Muito cedo a Raposa e o Pequeno Príncipe me ensinaram que “Somente com o coração nós podemos ver com clareza. O essencial é invisível para os olhos”, então, Papai-do-Céu, eu sei que já é abuso da minha parte, mas já que Tu me tiraste desta, por favor, dá um jeito de aguçar a visão do meu coração pra eu poder continuar bem.
Gisele Lins escreve aqui aos sábados. Neste sábado, em especial, é imensamente grata por estar viva.
Foi coisa simples, e Papai-do-Céu, meu grande ídolo, não permitiu que nada, além de danos materiais, acontecesse a nenhuma das cinco pessoas envolvidas. Porém, os intermináveis segundos em que o carro girava pela rua visitaram meus pensamentos mais vezes do que eu esperava nesta semana e não me deixaram desacreditar que um evento como este, não venha desprovido de um significado.
Tem sido uma batalha braba, pois eu e meus pensamentos já andávamos muito ocupados e sensíveis com buscas de significados. Então, os “E se...” de ontem e os de hoje se misturaram. Aqui resolvo sepultá-los para que parem de brigar entre si e antes que me enlouqueçam.
E se eu tivesse morrido hoje número um. Eu teria me arrependido por, tantas vezes, ter dado ouvido a este diabinho que de vez em quando aparece na minha vida e me trás uma coceirinha, que logo vira a comichão do “quero algo mais” e que me leva a virar tudo de pernas para o ar, abandonar sonhos já meio mofados, mudar de cidade, de objetivos, deixar para trás tantas coisas e recomeçar, sem ter bem a certeza de que a missão anterior foi cumprida. Cada vez que eu o escutei, eu tirei os olhos dos momentos mágicos por serem simples da vida: o sentar no chão com amigos de muitos anos, a cumplicidade que só pode surgir em relações cultivadas, a segurança do que se conhece (uma cidade, um trabalho, um amor) e a tranqüilidade que trás o não querer demais.
E se eu tivesse morrido hoje número dois. Eu teria me arrependido por, tantas vezes, não ter dado ouvido a este mesmo diabinho. Cada vez que eu o escutei ele me pegou pela mão e me mostrou lugares que eu nunca imaginei, onde eventualmente escolhi ficar por lá, deixando para trás tantas coisas e recomeçando. Conheci novas culturas, trabalhos, paisagens e novas pessoas (o que de todos os tipos de “novo” que se apresentam é sempre o que mais me encanta). Descobri que palavras como frio, vento, amizade, saudade, solidão, tesão e amor podem representar coisas muito diferentes de um lugar para outro (e de uma “eu” para outra). Escancarei-me para os inputs deste mundão que sempre me trouxeram novos parâmetros para seguir escolhendo o que eu sou, na base do abraço, ou da pancada. Dei um passo após o outro, colhendo a mágica das coisas frescas e novas na vida, mas nem sempre estes passos foram para a mesma direção, o que me fez às vezes olhar em volta e ter a impressão de ter andado um pouco em círculos.
De fato não me arrependi até hoje de nenhuma das escolhas que fiz na vida, mas quando passo a ver o futuro com os olhos de “se eu tivesse morrido hoje” é justamente nas escolhas (e seu risco, incerteza, mágica e frio na barriga inerentes) que me aperto.
Muito cedo a Raposa e o Pequeno Príncipe me ensinaram que “Somente com o coração nós podemos ver com clareza. O essencial é invisível para os olhos”, então, Papai-do-Céu, eu sei que já é abuso da minha parte, mas já que Tu me tiraste desta, por favor, dá um jeito de aguçar a visão do meu coração pra eu poder continuar bem.
Gisele Lins escreve aqui aos sábados. Neste sábado, em especial, é imensamente grata por estar viva.
3 comentários:
Oi Gi!
Graças a Deus está tudo bem com vc!
Os riscos estão em todas as escolhas que fazemos, até naquelas que parecem mais simples e inocentes.
Também sou adepta do "caminho com coração". É nele que sempre aposto.
Bjos!
Oi Gi, eu parto do princípio que nada acontece por acaso. Essas sacudidas têm exatamente este objetivo: fazer a gente dar uma repensada na vida. Se estiver certo, prosseguir com mais certeza. Se não estiver, dar um jeitinho de virar no primeiro retorno. Bj
Sei bem o que um acidente desses provoca na gente, Gisele! Que bom que está bem!
Nada é por acaso! Para mim, a gente só morre quando chega a hora e cada acontecimento tem seu significado. Seja perceber o rumo que a vida levou, seja entender que Papai-do-Céu existe, seja agradecer por poder viver ainda! Não importa, sempre haverá uma razão!
Muito bom seu texto!
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