sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Devaneios


Eu nunca fui de poesia. Digo, escrever poesia. Porque curtir e apreciar são outros quinhentos: curto muito, até deliro. Mas meu papo é prosa. Quando criança rascunhava uns textos, uns pensamentos... Até peça de teatro eu já inventei de escrever no ginásio! Sempre tive o hábito de cultivar agendas, encher de pensamentos, transcrever meus poemas e poesias prediletos... Desses dois últimos, nada meu, tudo copiado (com os devidos créditos, sempre). De uns anos pra cá, não sei se atribuído à maturidade que vem batendo na porta, que vem trazendo mais segurança à criatividade, segurança na própria escrita, na liberdade textual, de ousar e se permitir, venho rabiscando uns devaneios em forma de versos (ou poemas ou poesias, me permitam não entrar no mérito de definição conceitual). Bem, coincidência ou não, percebi, pelas datas que assino esses tais devaneios, que essa “inspiração” costuma emergir justo nos finais de mês. E no meu caso, o fim do mês acaba coincidindo com os inícios do “vermelho” do meu calendário feminino, se é que vocês me entendem. E hoje é 31 de agosto, fim do mês, dia da segunda lua azul. Lua, agosto, ciclos.. Repletos de devaneios! E foi num desses fim de mês, eis que vieram um monte de uma vez...

...

O silêncio da cama. 
O silêncio da alma. 
O silêncio dos corpos. 
O silêncio sem calma. 
O vazio do peito. 
O vazio da noite. 
O vazio da chama. 
O silêncio vazio. 
O silêncio do dia. 
O silêncio no drama. 
O silêncio sem chama. 
O silêncio do verso. 
O silêncio. O silêncio. 




Maria, onde estão tuas forças?
Maria, afasta de ti tua forca.
Mas Maria, quem ria?
Maria, não chores.
Não dissabore.
Que a vida tem sabor, meu amor.
Que a vida quer teu calor, Maria!
Agora não rias.
Apenas venha, que eu te pego a mão. 




Quem me dera estampar o riso.
Quem me dera decolar a chama.
Quem me dera esquentar a cama.
Quem me dera degolar a lama.
Quem me dera dar nada mais do que apenas sou.
Quem me dera ser você e eu, juntos, num verso em prosa.
Sem cálice. Sem freio. Só meios. 



Sem devaneios certeiros.
Sem ego, sem cheio.
Sem queira ou não queira.
Sem aperto de mão.
Só olhar no olhar.
Só querer sem saber.
Sem crer para entender
Sem olhar para crer.
Sem inferno, sem erro.
Só pecado no meio.
Só pecado com cheiro.
Com sabor, só amor
Todo amor que guardei pra você.
Sem começo, sem fim. 



De dia na cama eu fico pensando
se você...
se você...
Eu fico pensando. 



Escrevo
escrevo
escrevo
escrevo...
Escrevo pra mim.
Escrevo pra você.
Mas escrevo 'sozin'. 




Gabriela continua sem saber escrever verso, poema ou poesia. Mas arrisca uns devaneios, sobretudo no fim do mês.

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