segunda-feira, 31 de março de 2008

Busca de saber

Tento encontrar um texto que ouvi, busco e pergunto exaustivamente, mas ninguém se lembra ou simplesmente não o conhece. Foi-me apresentado em uma peça de teatro, na verdade em duas; a bem dizer, poderiam ser até dois textos, ao invés de apenas um, mas, definitivamente, bastante parecidos. Já me confundi com os autores e com os atores, com as próprias peças em si mesmas, me deparei com Brecht e com Lorca, pois tenho certeza de que ouvi estes nomes, mas ambos ainda não me deram o que eu procuro. E, portanto, apenas continuo minha busca. Ainda me lembro de algumas frases e palavras, mas somente estarei satisfeita quando o reler novamente.

Assim como Dostoievski, que, quando esteve preso nos campos de trabalhos forçados na Sibéria, pedia livros, “tragam-me livros, nada mais do que livros, pois estes alimentam e esquentam a alma e sem esta eu estarei perdido”.


Silvia tem feito inúmeras pesquisas a cerca dos textos ou poesias em que ouviu, mas ainda não as encontrou. Uma se tratava exatamente de seu autor preferido e, talvez, seja por isso, que gostaria tanto de alimentar sua alma novamente com ele.

domingo, 30 de março de 2008

Possibilidades da História

A História é a forma de alterar o passado. Engana-se quem pensa que ela não muda; que não há mais nada para se saber sobre história e que não se pode mudar o que já aconteceu. A história depende de quem a conta, de quando ela é contada e até de onde é contada. Afinal, a história da colonização do Brasil com certeza não é a mesma contada em Portugal.

Assim, personagens históricos que hoje admiramos e chamamos de heróis já foram os vilões da mesma história. Tiradentes, idealista que lutou para libertar Minas de Portugal, era visto, até o fim do Império no Brasil, em 1889, como um criminoso que ousou insurgir contra a Coroa Portuguesa, que era a autoridade maior no período colonial, e que continuou no poder após a Independência, pois nossos Imperadores pertenciam à Família Real Portuguesa.

Outro personagem que hoje é símbolo da resistência à escravidão no Brasil, Zumbi dos Palmares, também era um criminoso perante as leis que regiam o Brasil até 1888, quando a escravidão foi abolida por lei assinada pela Princesa Isabel.

E, se você acha que a História estava errada até fins do século XIX por isso, engana-se. Ora, se a autoridade em 1789 era D. Maria I, rainha de Portugal, e a Conjuração Mineira tinha a intenção de libertar Minas do domínio português; então Tiradentes, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa e demais conjurados agiam fora da lei, sendo, portanto, criminosos. Quando foi proclamada a República, e os militares tomaram o poder, a figura do alferes Tiradentes como herói era muito bem-vinda.

A mesma análise se aplica a Zumbi, pois o Quilombo dos Palmares era o refúgio dos escravos que se rebelavam contra seus donos. E, por mais que seja vergonhoso hoje que tenha havido escravidão no Brasil até 1888, é preciso pensar que era uma prática comum, aceita e legalizada durante um longo período. E não podemos aplicar o nosso conceito de humanidade e direitos humanos ao período da escravidão no Brasil. Assim, por lei, Zumbi era criminoso no fim do século XVII, e continuou sendo até o fim do século XIX.

Hoje ambos os personagens são símbolos da luta pela liberdade; é claro que por liberdades diferentes, com ideais diferentes, mas são vistos como heróis. Hoje nossa cultura é outra, nosso pensamento é outro. Logo, a História também é outra.

Mas não se pode dizer que há história certa e outra errada, e nem que uma história se opõe à outra. Como exposto no início deste texto, a história muda com o tempo, e depende do tempo, do lugar e de quem está no poder.

Por isso não podemos julgar o passado, e sim procurar compreendê-lo; saber o que era lei ou costume na época, e ver que o que é certo para nós, na maioria das vezes, só é certo em nossa época.



Tania não gosta que se busque no passado a causa de todos os males do mundo. Ela respeita a História e acredita que história é para a vida toda, e não uma matéria imutável nos livros escolares.

Evitando uma vida leve

Hoje meu texto será mais curto que o habitual, já que em uma frase resumo o momento mais importante da minha semana.

Percebi que dentre as várias maneiras que o ser humano encontrou para complicar a própria vida, existe uma infalível para trazer infelicidade e inquietude: tentar controlar e/ou modificar a vida alheia... É certo que a paz e alegria irão passar bem longe!


Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Fiz trinta anos em 2006. Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.

sábado, 29 de março de 2008

Manga Rosa

Se ontem a incerteza do futuro me assombrava, hoje a certeza de que sou responsável por criá-lo (e que minha criatividade é enorme) me tranqüiliza.

Se ontem eu responsabilizava os outros pelas minhas dores, hoje eu sei que a minha forma de ver o mundo é que lhes dá vida, e tento aprender com elas.

Se ontem minha paz era estar entre dezenas de pessoas que chamei de amigos, hoje são poucas pessoas que, aplaudindo ou dando um pito, de muito perto ou muito longe, fazem o meu chão.

Se ontem minha família era meu karma, hoje ela é minha guia, meu ninho e ao mesmo tempo nossa escola.

Se ontem eu queria ver mais lugares, hoje me encanto com mais detalhes de um mesmo lugar (mas ainda quero ver muitos lugares).

Se ontem o amor era uma finalidade na minha vida, hoje ele é um ponto de partida (mas ainda me dá frio na barriga).

Se ontem meu combustível eram os desafios, hoje a gratidão por tudo o que a vida me deu de bom é minha turbina.

Se ontem eu queria ganhar, hoje eu sei que dividindo é que eu multiplico.

Se ontem meu Deus ouvia pedidos prontos, hoje ele me mostra os caminhos e um espelho (para eu mesma ter a certeza de que posso ou não trilhá-los), e ouve minha gratidão.

Se ontem minha felicidade estava sempre no universo de alguém, hoje ela acabe apenas nas minhas próprias mãos.

Se ontem eu me sentia responsável pela felicidade dos que amo, hoje os observo ir buscar sua própria felicidade, mesmo quando ela os leva para longe de mim.

Se ontem eu queria ser a melhor, hoje quero ser o meu melhor (que eu sei que é muito, mas ainda é pouco).

Se ontem eu sonhava em ser plenamente feliz todo o tempo, hoje sou verdadeiramente feliz em momentos, às vezes poucos, às vezes muitos (mas é bem mais divertido).

Se ontem eu tinha muitos sonhos, hoje eu sei como alcançá-los.

E quando alguma destas minhas novas verdades foge de mim (o que é ainda é mais comum do que eu gostaria), eu aprendi a esperar tranqüila, porque hoje eu sei que elas voltam, e quase sempre trazem mais algumas para aumentar a família.

Gisele Lins parece uma velha caquética desdentada e gagá, falando de como é boa a maturidade, mas que ela é boa mesmo, ela é. Escreve aqui aos sábados.

Idiocracia

Dia desses assisti a um filme, uma comédia americana com atores medianos que usa sátira como recurso maior. Mas o que me “prendeu” e fez com que eu assistisse a tudo foi a história. Sim, tinha uma história, que me deixou com um amargo na boca depois do filme. Prometo não contar o final, mas o enredo se passa 500 anos no futuro. Nesta época a humanidade é retratada como extremamente ignorante, analfabeta, sem capacidade de raciocínio!!

Nossa, com o grande avanço tecnológico, com o constante e maciço progresso da ciência... Será?

Comecei a pensar situação que me rodeia hoje... Nos alunos quase analfabetos que já tive na quarta série e que não tinham a menor motivação para aprender mais... Na caixa do super que sempre calcula o troco na calculadora, por mais óbvio que seja... No policial que aplicou injustamente uma multa por não saber ler os decimais do bafômetro... Nas tão famosas “pérolas” de vestibulares, concursos e o risco de elas serem verdadeiras... Na audiência do Big Brother... No fato de milhares de pessoas saberem mais sobre seus participantes do que sobre os líderes políticos... Do que sobre seus próprios filhos... pensei nas músicas que estão no topo das paradas e nas suas “letras”...No fato de ninguém se preocupar com acentuação porque o Word “sabe tudo”! Pensei no impacto ambiental do ser humano no planeta, esta sim, burrice sem tamanho!

Não sei se será daqui a 500 ou mais ou menos anos, mas acho que estamos, sim, parando de pensar, de aprender, de crescer! Estas coisas estão se tornando privilégio de uma minoria enquanto o grosso da população recebe informação selecionada, mastigada e embalada. E me parece que eu sei aonde esta história vai chegar...


Renata considera as participantes deste blog como parte da minoria supracitada, e acha que nossa função é pular o muro e levar a curiosidade, a informação, a crítica aonde elas não estão. Para quem ficou curioso, o nome do filme é Idiocracy.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Fazendo mala

Cá estou eu fazendo as malas pra voltar pra casa. Tem coisas que ficam, não vale a pena carregar o peso. Tem coisas que vão na mala de mão, são coisas muito importantes ou que têm que estar à mão. Ainda tem que escolher o que vai ser usado na viagem. Todo o resto vai na bagagem maior, que parece que nunca é suficientemente grande.

A primeira coisa a pôr na bagagem é a experiência acadêmica. Afinal, viajei tanto foi pra buscar isso, né? Ela é meio pesadinha, porque além do conhecimento técnico, veio com a recuperação de uma empolgação pela carreira que eu escolhi que parecia que vinha me abandonando. Junta na mesma mala toda a admiração pela minha orientadora daqui e pronto, já seria suficiente pra estourar o limite de bagagem. Mas tem coisa que não dá pra deixar pra trás, né? Também espremi nessa mala tudo que aprendi sobre Portugal e cultura portuguesa. Literatura, gastronomia, turismo. Tem que tem um cantinho pra caber as coisas portuguesas que me fazem sorrir só de lembrar, como o sotaque deles quando dizem “anda cá se faz favor”, ou o incidente no Porto, de um motorista estressado gritar com um sotaque de fazer chorar de rir enquanto eu calmamente atravessava a rua: “Anda, ó ca*&%$lho!!!” Levo a paixão por pastéis de nata, que é enorme, mas tem que caber de qualquer jeito.

Vou deixar pra trás as saudades que sinto do Brasil e das pessoas que me esperam. Não vou precisar mais, pra quê carregar tanto peso de saudade se é pra matar em poucas horas? Não faz sentido, né? Então fica aqui, junto com o preconceito que eu tinha contra Fado, o não gostar de azeite, minha risada quando eu ouvia piada de português (não acho graça mais, viu?).

Na mala de mão tem que ir tudo que posso usar a qualquer momento, o que faz a prioridade ser das lágrimas. Já comecei a usar meu estoque umas duas semanas antes da hora, e sei que só vou parar de usar depois de algumas horas dentro do avião. A mala de mão praticamente estoura quando coloco, junto com as lágrimas, a ansiedade. Queria deixar pra trás, mas não consigo. Espreme aqui, aperta ali, e pronto. Cabe ansiedade, cabem lágrimas, mas não sobra espaço pra nem um alfinete.

O que eu vou levar comigo que pode ser bem problemático, por ser pesado demais. A tristeza por deixar pessoas que aprendi a amar, em situações normais, me deixaria pesando uma tonelada. Sorte que isso é equilibrado pela alegria por estar voltando pra casa, que é tão grande que me deixa leve, muito leve. Assim, a leveza não me deixa presa ao chão pela tristeza, e a tristeza não me deixa flutuar como uma balão de gás, voando a esmo por aí. Comigo também vão flashes de memória desses 13 meses que passei nessa terra, que pode não ser meu habitat natural, mas que agora faz parte de mim. E tenho certeza que quando cada um desses flashes insistir em aparecer durante o vôo, vou abrir um sorriso, com a certeza de que o que estou levando daqui é muito, muito maior que a bagagem que eu levo, e isso faz tudo valer a pena.


Sisa já está em Lisboa, e embarca amanhã de manhã pro Brasil. Dedica esse texto aos seus amigos portugueses, embora aqui não dê pra citar o nome de todos. Tem certeza que todos eles vão entender se virem aqui neste rodapé um recadinho pra dois em especial: “Rui, eu gosto mais de você que de pastel de nata.”, e “Fofo, você fez meus dois últimos meses em Portugal mais felizes. Saudades.”

quinta-feira, 27 de março de 2008

Meus verdadeiros amigos

Não precisamos nos falar todos os dias, pois sempre que o fazemos, parece que foi ontem que contamos sobre nossas vidas.

Não precisamos nos ver semanalmente, pois sempre que nos encontramos, parece que não nos afastamos por um segundo que seja.

Não precisamos saber os detalhes, pois basta um olhar (ou em tempos modernos, umas reticências ou um emoticon) para nos mostrar o tamanho da alegria, ou a profundidade da tristeza.

Não precisamos de títulos (madrinha, padrinho, cunhada, irmãos, primos, etc.). AMIGOS são mais do que qualquer uma dessas "convenções".

Não precisamos pedir por ajuda ou atenção, pois sabemos que isso sempre foi intrínseco ao sentimento.

Não guardamos mágoas de nossas brigas e desentendimentos, pois agradecemos pela preocupação com nossas escolhas.

Não esperamos, nunca, nada além daquilo que sabemos que nos pode ser dado, pois sabemos exatamente o que podemos oferecer.


Milena passou um final de semana com amigos muito queridos, e se sente a pessoa mais sortuda do mundo quando olha para os lados e visualiza tantas pessoas do lado das quais gostaria de envelhecer jogando baralho. Escreve aqui às quintas.

terça-feira, 25 de março de 2008

“...passam andorinhas e verões.”

Há dias em que a rapidez com que o tempo passa fica tão real para mim, que eu me pergunto: o que eu estava fazendo quando o tempo passou por mim? Onde eu estava?

Essa “viagem” não acontece somente porque eu acabei de completar 34 anos. Isso é pouco para me espantar. Acontece porque eu não percebi que meu vizinho, que vi nascer, já tem barba no rosto, é um homem educado, alto e gatinho, claro. Gatinho, claro... só isso já demonstra o quanto o tempo passou. Já consigo vê-lo como um homem bonito, obviamente longe da minha faixa etária, mas um homem... e como isso me espanta!

Essa “piração” dá-se também porque meu primo, que, igualmente, vi nascer, está namorando. Pasmem!!! Namorando e é de verdade. Fiquei tão assustada que paguei o mico de perguntar se era de verdade. E é. Nesse caso tenho de vê-lo como homem, capaz de se apaixonar, de conquistar alguém, de viver um romance.

Daqui a pouco serão as minhas crianças (meu sobrinhos) que já não caberão no meu colo, e saberão da vida tanto ou mais que eu. Será que eles, nessa hora, não precisarão mais de mim, ou dos pais?

Talvez eu esteja em um baita surto dos 30, ou num surto de enxergar os 16, 17 anos dos outros, dos quais eu me lembro bem, só não achei que fossem tantos anos...

Conto isso aqui procurando um auxílio para adequar-me ao quadro daqueles que podem contar a vida de outras pessoas desde o começo. E se tiver de contar, prefiro fazer isso em um livro, quem sabe...


Angélica se deu conta, através do desabrochar alheio, que já viu muitas andorinhas e verões passarem, mais do que seus dedos podem contar. Orgulha-se de poder participar de vidas desde o seu início e quer continuar essa participação enquanto andorinhas e verões passarem...

segunda-feira, 24 de março de 2008

Testemunha Ocular

Outro dia te vi passeando em um shopping, mas não mexi com você. Na verdade não sei dizer por que, mas fiquei parada, da mesma maneira em que estava, sentada, apenas olhando. Acredito que na hora em que te vi me lembrei instantaneamente de uma porção de coisas, das aventuras pela rua da Bahia, do Parque das Mangabeiras, do Lapa e, principalmente, do resto da nossa turma. Afinal, a gente tinha um grupo de amigos que eu adorava, mas que agora estão espalhados pelo mundo. Engraçado que ainda me lembro do dia de seu aniversário e do telefone da casa de sua mãe, depois de tanto tempo.... É a cabeça da gente é realmente uma caixinha de surpresas.... Foi bom te ver, mesmo que tenha sido como uma testemunha ocular. Você me pareceu estar feliz, pensei na sua filha que já deve estar com uns seis anos, quanto tempo hein. De qualquer maneira fiquei com cheiro de saudade, gosto de melancolia, vontade de voltar só um pouquinho no tempo, mas como ainda não temos essa fórmula nada me restou além de aqui escrever, quem sabe você um dia vai ler e saber que me lembrei de você, Luiza, minha amiga.



Silvia se lembra constantemente de seus amigos do Soma, alguns ainda tem notícia, moram em outras cidades, outros países e alguns ela vê de passagem assistindo secretamente a rotina de suas vidas.

domingo, 23 de março de 2008

A primeira impressão não é a que fica

É muito comum usarmos sempre a frase: “a primeira impressão é a que fica”, mas nunca parei para pensar muito sobre ela. Mas outro dia, conversando com uma amiga, passei a refletir um pouco sobre isso.

Estávamos falando de características, boas ou ruins, das pessoas e acabamos por confessar a opinião que tínhamos uma da outra antes de nos tornarmos amigas.

Já escutei algumas pessoas falarem que eu tenho um jeito meio esnobe a primeira vista. Rs. Confesso que, ao mesmo tempo que acho isso meio engraçado, não posso dizer que essa opinião seja totalmente errada. Rsrs. Eu sou mesmo uma pessoa bem reservada com quem não conheço e definitivamente não sou a pessoa mais simpática do mundo com pessoas que eu “não vou com a cara”. Acho que daí vem essa minha fachada de esnobe ou fresca.

Bom, uma das minhas melhores amigas me confessou uma vez porque decidiu se aproximar de mim. Ela disse: “você é magra, tem cabelo liso e meu namorado te acha muito simpática e gosta muito de você, decididamente, era melhor que eu também virasse sua amiga”. Rsrsrsrs. Achei o máximo quando ela disse isso, afinal, ela pensou que era melhor se aliar a “inimiga” e não começou a amizade comigo exatamente porque me achava muito legal. Hahaha. Resultado disso foi que hoje somos muito, mas muito amigas mesmo, daquelas de se contar em todas as horas. Eu também já tive uma outra amiga, que a primeira vista, eu achava simplesmente insuportável, mas que com o passar do tempo fui vendo que não era tão insuportável assim. Também já tive a oportunidade de me surpreender, e muito, com outra pessoa que eu imaginava ser uma coisa e na verdade é totalmente diferente, pra melhor, claro.

E essa semana, conversando com uma amiga que tem se mostrado um doce de pessoa, esse tema me veio a cabeça novamente. Em meio a nossa conversa ela me confessou que me achava meio esnobe, séria demais e tinha até um certo receio disso. Bom, e eu, na verdade, também acabei confessando que a impressão que eu tinha dela também não é a mesma que tenho hoje. Quando eu a conhecia só de vista ou de trocar algumas poucas palavras eu a achava meio tontinha (rsrs), mas tontinha no sentido de tímida demais, ingênua, insegura. Aos poucos fui conhecendo-a melhor e hoje eu vejo o quanto eu estava enganada. Ela é uma pessoa linda, de sentimentos nobres, com muitas qualidades, madura, atenciosa e sempre disposta a ajudar. Estamos nos tornando bem amigas e isso tem me feito bem, especialmente nos últimos tempos.

Aí fiquei pensando que definitivamente a primeira impressão não é a que fica, e que bom que é assim!!!


Vivian tem aprendido que as pessoas são muito mais do que aparentam ser num primeiro momento.

O valor de uma vida

Os seres humanos têm mania de superestimar as suas próprias vidas. Querem descobrir valores, razões, explicações, importância para a própria existência.

Às vezes também fico pensando: qual será o motivo para a gente estar aqui?

Como se isso fizesse alguma diferença!!!

Mas no final chego a uma conclusão. A diferença que cada um faz, é a falta que ele vai fazer quando não estiver mais aqui. E a falta que cada um vai fazer, vai ser justamente naqueles momentos em que ele se doava, em que fazia por outros, em que servia.

No final das contas acho que o valor das pessoas é a capacidade de amar.


Aline, não vejo diferença entre a importância da vida dos animais e dos humanos, concordo que "tudo que move é sagrado", e que basta respeitarmos a natureza e as outras vidas para seremos muito mais felizes...

sábado, 22 de março de 2008

PSEUDODÉLICA

Pelos próprios poros passam promessas;

perspectivas piegas para pessoas pouco pensantes,

paradigmas perfeitos para pirados,

pormenores profundos para perfeccionistas,

purgatório pessoal para protestantes,

permissão para pecadores,

palavras pacíficas para pichações,

performance podre para políticos,

propriedade pouca para pobres,

palavreado populoso para pensamentos,

purificação proibida para prostitutas,

prosperidade permanente para populações,

paciência perpétua para pesquisadores,

perigo para povos perseguidos,

perdão para padres possuídos.

Porém,

pelos próprios poros passam pedidos:
palpáveis, pretensiosos, precisos, pessoais.

Pacientes porque possíveis,
possíveis por perseverar,
perseverantes para presentear preciosidades perante pensativa piqueteira, porventura provável pioneira perdida.

Gisele Lins um pouco homesick de mãe e irmãos nesta Páscoa, remexendo em coisas antigas encontrou um texto que escreveu na época em que todos moravam juntos (ô, agora já faz tempo, heim?) e quis trazê-lo para cá. Escreve aqui aos sábados.

sexta-feira, 21 de março de 2008

As figuras que me aparecem

Outro dia estava conversando pelo msn com a Dra. Bridget Jones, do Sou Pára Raio de Doido, e falando dos doidos que aparecem na minha vida. São muitos, acreditem. Acabei contando de um pra ela que, sinceramente, só percebi o quanto era realmente doido enquanto narrava. Achei interessante expor aqui o tipo de figura que aparece na minha frente.

Tudo começou quando num belo dia uma amiga muito querida me disse “Sisa, tenho um amigo que está morando em Portugal, posso passar seu msn pra ele?” Falei que pode, claro, indicado por amiga deve ser um cara gente boa.

O cara aparece no meu msn, pergunta como vão as coisas, se apresenta e solta: “Sou manco.” Ahn? Como assim? Sim, você leu direito, o cara mal se apresentou e me disse que era manco. Como eu achei que tinha entendido mal (afinal a frase foi totalmente fora de qualquer contexto imaginável), ele explicou que havia sofrido um acidente mais de um ano atrás, que ainda estava se recuperando, e que manca. Ah, sim, agora entendi, só não entendi a necessidade de falar isso assim do nada, mas pensei “Deixa o rapaz abrir o coraçãozinho dele...”

Aí ele elogiou minha foto, me disse que eu era gatinha, e eu disse que infelizmente não poderia emitir uma opinião sobre ele, já que a foto dele era estilo formiguinha. E disse que de repente ele poderia me mandar uma foto. O cara solta “Sou gordo.” Quando eu estava pensando o que responderia pra essa frase tão fora de propósito (tipo, que diferença isso faz, meu Deus?), ele continua “Mas aqui, eu não sou gordo por desleixo não, sou gordo porque depois do acidente fiquei fora de forma, antes eu não era gordo, só sou gordo por culpa do acidente, mas aqui, eu tenho o rosto muito bonito”. Só tive forças pra escrever “Pois eu sou gorda é por gula mesmo, e nem tenho o rosto assim tão bonito... Mas faz diferença?”

Pra escapar daquele papo bizarro fui mudar de assunto e perguntei o que ele fazia aqui. “Faço mestrado. Mas não sou burro nem vagabundo não, eu sei que você sabe que eu sou contemporâneo da nossa amiga e que ela formou faz tempo, mas não sou vagabundo nem burro, acredite, só que eu tive uns problemas pessoais e mudei de faculdade e tal, não sou burro nem vagabundo, tá?”

Essa figura queria encontrar comigo, e eu aproveitei que ia pro Porto no fim de semana seguinte com uns amigos, e como ele mora perto, pensei que de repente já matava dois coelhos com uma paulada só, ia passear e ainda encontrava a figura, afinal, por mais estranho que ele parecesse, minha amiga dizia que ele realmente era uma pessoa bacana. Propus, disse que a gente podia ir a algum barzinho, ele disse que tava meio sem grana, aí eu falei que a gente não queria ir pra lugar caro. Mas por fim resolvemos fazer programa de turista. Na hora marcada recebo um sms dele dizendo que não iria, porque tinha feito muito esforço na véspera e a perna estava doendo. Beleza.

Já de volta, no meio da semana, a figura me aparece no msn e fala que pra recompensar a falta dele, que viria pra minha cidade passar uns dias no meio da semana mesmo e me ver. Ahhh fala sério, meus dias úteis pertencem à minha tese e só a ela! Falei com ele que não rolava, e ele insistiu. Vinha, trazia o notebook, ficava fazendo um relatório que de acordo com ele fluiria melhor se ele mudasse de ares. Poderia se hospedar na Pousada da Juventude que não é cara e tudo ficava certo. Mas peraí, o cara não tem 10 euros pra gastar num barzinho mas tem dinheiro pra viajar mais de 250km de carro, com pedágio e tudo, e pagar 3 diárias numa pousada que não é cara mas também não é de graça? De qualquer forma vetei, mesmo com a insistência dele. Detesto que me tirem da minha rotina, e meus dias úteis, insisto, pertencem à minha tese e só a ela. E fiquei pensando até que ponto o cara não tinha furado no Porto porque sabia que eu ia estar com mais dois rapazes.

Passado um tempo ele me convidou pra ir à cidade dele, disse que me levava pra passear na região, me convidou pra ficar na casa dele. Combinei o passeio, porque ele mora numa região muito bonita, mas agradeci o convite da hospedagem. Eu decididamente não me sentiria confortável de pijama na casa de 5 rapazes que não conheço.

Eu sei que o cara começou com uns papos estranhos, foi me dando uma impressão esquisita, por fim perguntei na lata quais eram as intenções dele com minha viagem. Ele começou a enrolar nas respostas, fazer como se parecesse que falou uma coisa e a gente entendeu outra, achei aquilo esquisito demais e perguntei na cara “Você tem alguma segunda intenção?” e mesmo assim ele conseguiu dar voltas, me enrolar. Aí fui mais direta ainda “Aqui, me responde aí se você tem alguma intenção de chegar em mim, vamos deixar as coisas claras antes que gere uma situação constrangedora.” E o sujeito me responde que “Quero te conhecer como pessoa e como mulher.” Ahhh gente, fala sério! Que tipo de pessoa solta uma frase de mau gosto dessas pra uma mulher que nem conhece? Tive certeza que o problema do Porto era que eu ia estar acompanhada.

Falei pra ele tirar o cavalinho da chuva, ele disse que não precisávamos desmarcar o passeio, mas acabou que aquela semana foi trash e eu teria muito trabalho pro fim de semana. Desmarquei sem muita dor na consciência e o cara nunca mais apareceu no meu msn. Graças a Deus. Só fico com pena da minha amiga, que teve a melhor das intenções querendo me apresentar um amigo, mas como não convivia com ele fazia tempo, nem imaginou que ele tivesse virado esse mala, rs.


Sisa não tem nada contra mancos, gordos, burros ou vagabundos, tenham eles rostos lindos ou não. Mas morre de preguiça de cara mala, e sinceramente ficou com medo quando ouviu o cara dizer que queria conhecê-la como mulher. Alguém que solta isso pra uma desconhecida deve ser capaz de forçar a barra num momento de desespero. Acho.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Chá de beber

Digo, chá de bebê! Ou seria chá de fraldas? Mas na verdade é mais uma oportunidade para encontrar os amigos queridos e tomar uma! E em troca ganhar várias fraldinhas, uma ajuda e tanto para os futuros papais!

Os futuros papais em questão são meu irmão e minha cunhada. Amo os dois e foi com muito carinho que eu e minha mãe preparamos o chá de bebê! Enfeitamos o salão com motivos infantis, encomendamos um casal de bonequinhos de biscuit que o representavam e ainda preparamos uma brincadeirinha para o casal: eles tiveram que trocar a fralda de uma boneca “meu bebê” e colocar a roupinha. O mais rápido ganhava a brincadeira! Ainda teve aquela de adivinhar quem era quem em fotos super antigas!

Um clima de descontração e alegria acompanhou este fim de tarde! O casal anfitrião ficou super feliz com a preparação! A minha cunhada já está com um barrigão imenso, lindo! Daqui a dois meses ele chega! O Augusto será o primeiro neto e o primeiro sobrinho das duas famílias!

O que eu quero mesmo é que ele venha saudável e que seja recebido com muito carinho e amor por todos nós!


Fabiana não vê a hora de ser titia! Já avisou que vai paparicar muito este menino!

terça-feira, 18 de março de 2008

No meu olhar

“O que Pedro diz de Paulo diz mais de Pedro do que de Paulo.” E creio que o que Pedro vê em Paulo seja também um reflexo do próprio Pedro. Foi com essa frase que um dos poucos professores competentes que já tive iniciou as aulas de uma disciplina no semestre passado na faculdade. E não esqueci.

Entenda Pedro e Paulo como eu e você. E não é fácil aceitar e admitir que é urgente e necessário evoluir. E é processo lento, doloroso, árduo.

No meu olhar para você vejo suas imperfeições, limitações, características que me provocam intolerância. E a intolerância vem para mim, para meus limites e imperfeições que são tão reais quantos os seus, porém preciso ver-te primeiro para ver-me realmente.

Espero muito da sociedade, muito de você e demais de mim.

Quero o equilíbrio, a razoabilidade. Preciso permitir-me falhar, atrasar... Paciência! Comigo e com você. Talvez o silêncio ajude, seja o primeiro passo de tantos outros desse caminho.

As lágrimas que não caem, o frio que não vem, a emoção sem destino...

É melhor assim, não somos tão diferentes. Será mais fácil te aceitar, te entender, abrir meus braços pra você.

Vou me recolher, me encontrar, me entender. Eu volto. Me espera...



Angélica sou eu. Em conflito... Em evolução...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Samba bom

Todo samba que fala de mar

Tem o movimento das ondas.

Sua melodia se eleva

Num instrumento de sopro

Como a água se faz onda

Com a força do vento.

E essa onda quebra na praia

Na cadência da percussão.

Todo samba de partido alto

Tem o molejo do malandro

Que desce o morro gingando,

Num movimento pendular

No exato tempo de cada verso.

Todo samba-enredo

Tem mais que a história

E a escola de samba;

Tem toda a bateria

E a comunidade,

E sempre chama

O povo a cantar.

Todo samba é brasileiro,

De origem africana.

Tem batida ritmada

No tambor do coração.

E seu significado

Dispensa qualquer definição;

Basta cantar e ouvir: SAM-BA!


Tania não sabe sambar. Mas seu coração bate ao ritmo do samba e ouvir samba é um vício que ela não pretende tratar.

domingo, 16 de março de 2008

Experiência

Olá, eu sou a Cláudia Estrelinha e sou uma moça que a Sisa conheceu aqui em Portugal através do Rui, o moço que ela chama de “escudeiro” de Portugal. Rsrsrsrs… o gajo fixe!

De um pedido da Sisa para fazer um texto para o “De repente 30…” eu aceitei a ideia de muito bom grado e fiquei muito contente com o pedido dela.

E aqui estou eu a escrever, com muito orgulho, para o vosso blog.

Mas antes de mais quero-vos felicitar pelo blog que têm, pois acho-o muito interessante e por vezes revejo-me em muitos dos textos que vocês escrevem.

O meu texto é sobre “A minha experiência em lidar com um grupo de quase 30 mulheres”, pois lembrei-me que visto que estou a escrever num blog de experiências e vivencias de mulheres durante suas vidas.

Eu pertenço a um grupo tradicional universitário, ao qual chamamos Tuna.

Uma Tuna tem por finalidade mostrar um pouco de toda a música tradicional que existe no nosso país, mostrar através da música a vida académica que se vive em cada universidade à qual pertence.

A minha Tuna chama-se Tuna Feminina da Associação Académica da Universidade da Beira Interior – As Moçoilas e somos entre 22 a 30 raparigas que fazemos parte deste grupo (http://www.tfaaubimocoilas.blogspot.com).

Bom, eu toco acordeão na tuna e sou Magister (chefe) do grupo.

Quando me nomearam para ser líder do grupo fiquei assustadíssima, pois achava que não tinha qualquer jeito para lidar um grupo e também devido à antiguidade deste quando fui para Magister, a responsabilidade era um pouco grande (neste momento faz 19 anos de existência). Lá aceitei a ideia, porque não sou muito de não aceitar desafios e fiquei como chefe assumindo e dando a cara pelo grupo, mas com muito orgulho pelo facto de gostar muito da tuna e adorar tocar acordeão.

No inicio confesso que tive algumas dificuldades. Mas aos poucos e poucos lá fui conseguindo superar este desafio.

Com este cargo aprendi imensas coisas, mudei um pouco de mim. Enfim, tornei-me ao mesmo tempo “mãe” de algumas delas, visto ser mais velha que algumas meninas que fazem parte do grupo. Sim, algumas chamam-me mesmo mãe! (aceito isso muito carinhosamente)

Quase sempre respondo: “Chamas-me mãe, mas não me peças dinheiro!” rsrsrsrs…

Aprendi a lidar com muitos feitios, culturas diferentes, a ser paciente, ouvir cada uma delas individualmente, não acreditar à primeira em tudo o que me dizem e ser mais coerente em determinadas situações, moderar os meus nervos, aprendi técnicas de ensino de música, ser decidida… Foi para mim uma experiência que acho que nem no Mundo de trabalho isto se aprende, pois tudo o que se vive em grupos deste tipo é tudo muito mais sentido tendo em conta que a maior parte das raparigas não é da Covilhã e como é da nossa natureza temos saudades da família, dos amigos de infância e como tal, por vezes, temos de recorrer àqueles que estão mais perto de nós, que vivem connosco e partilham as nossas dificuldades enquanto estudantes. São esses amigos (as) que ficam, na maior parte das vezes, para toda a nossa vida.

Da experiência em lidar com um grupo de quase 30 mulheres retiro a ideia de que da nossa própria natureza somos mais sensíveis em algumas coisas e reagimos de forma muito diferente aos rapazes em algumas situações. E então, há que ter paciência e tentar resolver ou ajudar se necessário para resolver tudo com a maior coerência possível.

Outra das dificuldades que nós, grupo feminino, por vezes sofremos pelo facto de que no nosso país ainda existe algum machismo. Para lidar com isso ou com outros problemas a resolver, e como porta-voz do grupo, tantas vezes que faço na minha cabeça discursos para falar com quem nos agride de modo “suave” sem agredir da mesma forma como nos agridem e convincentemente de que as coisas não são assim como pensam. E assim aprendi muitas vezes a pensar duas vezes antes de falar.

O facto de termos actividades extra-curriculares é uma boa opção, pois aprendemos lá fora aquilo que não aprendemos nos livros, com os nossos professores nas escolas. Não só com a nossa família, mas também com os nossos amigos aprendemos a ser grandes homens e mulheres para a vida inteira.

É uma experiência a não esquecer para toda a minha vida… Que deixa muitas saudades e boas recordações…

Dedico este texto a todas a mulheres que com mais ou menos dificuldades levam a vida para a frente sem qualquer medo, com toda a força de vontade de vencer e serem grandes mulheres.

Beijinhos e fiquem bem.

Preservar a natureza

Ultimamente as notícias e os movimentos para defender o meio ambiente nos chegam o tempo todo. Falam-se em evitar o uso de sacolas plásticas no supermercado, economia de água, de energia elétrica, reciclagem....

Muitas coisas seriam bem facilmente adaptadas à nossa rotina. Bastaria uma forcinha inicial, e tudo fluiria naturalmente. Acontece que a tecnologia avançou tanto que quase tudo é feito às custas de agressões à natureza.

Se tudo o que está acontecendo, como o aquecimento global, os fenômenos como furacões e afins, é devido à ação do homem, é uma discussão à parte. O que realmente vejo é que no dia a dia, algumas ações deveriam ser combatidas.

A poluição que inalamos diariamente nas ruas é um absurdo. O estresse gerado pelo trânsito é outro. E esses dois problemas poderiam ser evitados com um melhor planejamento dos meios de transportes públicos e conscientização da população que não se deveria tirar o carro da garagem para todas as ocasiões.

O que está ao meu alcance já coloco em prática: sempre que posso troco o carro pela bicicleta ou pelo tênis. Separo o lixo para reciclagem. E outras pequenas ações, que isoladas não tem grande valor para a natureza, mas já me mostraram as vantagens que tenho em seguí-las. Melhoro minha saúde e economizo ao reduzir meus gastos e meu impacto ambiental!


Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Fiz trinta anos em 2006. Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.

sábado, 15 de março de 2008

A onda do mar e a vida

Esses dias eu estava ouvindo a música do Tim Maia, “Como uma onda no mar” e o trecho abaixo me chamou a atenção:


“A vida vem em ondas como o mar
Num indo e vindo infinito...”


Parei para pensar e é exatamente assim que me sinto em relação à vida, sinto como se ela fosse uma onda do mar.

Quantos “caldos” a vida já me deu, quando tentei furar a onda? Nossa, inúmeros, sorte que não fiquei com medo apenas com receio, ainda tento em várias ocasiões furar a onda novamente!

Às vezes me sinto num barco no meio de um mar revolto, cheio de ondas enormes e agitadas, me sinto desesperada, mas depois o mar acalma, as ondas diminuem de tamanho e tudo volta ao normal.

Quantas vezes olho para trás e vejo AQUELA onda vindo, tenho certeza que tenho que embarcar nela porque pode ser que o mar fique parado nas próximas horas. Há vezes que os caldos são levados nesse momento, mas se eu não a pegasse, me arrependeria, principalmente se fosse meu último dia de praia...

Inúmeras foram às vezes que eu daria tudo para que as ondas diminuíssem de tamanho, de força e o mar voltasse a ficar calmo, somente com aquelas ondinhas que pode se pular sem receio de cair e levar um “caldo”.


Se Débora fosse definir o momento que ela vive hoje, diria que está vendo AQUELA onda, mas que está com receio de levar um caldo e sair rolando e se esfolando pela areia.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Odeio Mudança

Como boa taurina que sou, odeio mudança. Odeio. Nada me desconcerta mais do que mudar. Não interessa se a mudança é pra melhor ou pra pior, desafiadora ou não. Odeio mudança. Até encaro quando é necessário ou quando meu bom senso diz que vale a pena. Mas gostar eu não gosto. Qualquer tipo de mudança me tira do prumo.

Estou me aproximando de uma grande mudança esses dias. Fazer minhas malas e voltar pra casa. Eu gosto de Portugal, mas aqui não é, decididamente, meu habitat natural. Sinto falta do Brasil, da minha família, da minha vida anterior. Mas a perspectiva de mudar está me deixando em frangalhos. Fazer as malas, decidir o que vale a pena levar ou ficar, despedir das pessoas, encerrar uma etapa. Estou completamente apavorada e perdida. Me pego chorando de aflição só de pensar em começar a organizar tudo para a volta. Me pego chorando mais ainda quando penso nas despedidas que vêm pela frente.

Tento pensar nas pessoas que amo e que vou rever, tento pensar que o trabalho está bem adiantado, de forma que vou poder pensar em defender a tese em tempo relativamente curto, tento pensar que estou voltando pros meus e pra minha terra. Nada disso afasta o pavor que tem tomado conta de mim. Pavor, ansiedade, aflição. Acabei com minhas unhas. Estou descontando tudo na comida e nos chocolates. Estou gorda como uma porca, e devorando qualquer comida que me surja à frente como se não visse comida há pelo menos duas ou três encarnações. Meus pés já têm bolhas (alguém lembra do texto da Mariana? Convivo com a disidrose faz tempo, é só me desequilibrar emocionalmente e as bolhas aparecem). Odeio a mudança na minha vida e odeio as recentes mudanças no meu corpo (eu vinha conseguindo com razoável sucesso manter o formato de gente até algumas semanas atrás).

Pior que mudar nessas circunstâncias é só mudar para retomar a vida de um ponto diferente do ponto que ela foi deixada. Procurar outro lugar pra morar, conviver com outras pessoas, mudar a rotina toda. Estou angustiada, aflita, apavorada, perdida, tonta no meio do furacão que vai me levando enquanto eu mal vejo os dias passarem. A parte boa é que, por pior que eu esteja me sentindo, não vai ser a primeira mudança que eu encaro, e nem de longe a mais radical. Eu sei que depois isso passa, eu me readapto e tudo fica bem. Mas eu odeio mudança e todos os sentimentos que uma mudança desperta em mim.


Sisa está apavorada com a mudança que se aproxima cada dia mais rapidamente. Tudo que ela quer é um colo pra deitar e esquecer do furacão que está passando dentro dela.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Esporte e reflexão

Meu esporte preferido é, de longa data, o basquete.
Desde que me lembro de gostar de alguma coisa, gosto é de jogar.

O problema é que chega uma hora da vida em que fica difícil achar 9 mulheres dispostas a correr por uma quadra até quase se matar sem fôlego e suando em bicas!

Aí a gente começa a apelar pra outras formas de se mexer.
E é aí que começa o meu problema.
Eu não gosto de fazer atividades físicas.
Eu gosto é de praticar esportes.

Academias são um quadro da dor para mim. Aqueles aparelhos de musculação e seus movimentos repetitivos em série serviriam perfeitamente como instrumentos de tortura, e depois de uma hora daquilo eu sou capaz de confessar até que fui eu que ateei fogo em Roma!

Os “body-qualquer-coisa” até melhoraram, certa feita, minha relação com o fitness... Mas são no máximo 3 semanas até eu me cansar completamente e não querer aparecer lá nunca mais.

É sofrida essa vida de não gostar de academia, sabem?
Mais ainda no meu caso, que tenho uma mãe que sempre que pode, vai à academia 2 vezes por dia!

Mas chega uma hora em que a pessoa tem que parar de se torturar e aceitar que nem todo mundo nasceu pra isso. Eu certamente, não nasci.

Recentemente, voltei a praticar natação. E olha, já faz vários meses, e eu ainda não estou nem perto de desistir. O único problema é que a natação é um esporte muito solitário. Uma hora na piscina, com tampão de ouvido, é suficiente para refletir tanta coisa, que não caberia neste texto.

Diferentemente dos esportes coletivos, a natação acaba sendo um exercício para o corpo e para a mente.

Milena nada duas vezes por semana, e ainda está tentando se acostumar ao silêncio que existe embaixo d’água.

terça-feira, 11 de março de 2008

“Trem Bão de Minas” Eu Recomendo MUSEU HISTÓRICO ABÍLIO BARRETO

Recomendo, hoje, mais uma atração turística de Minas Gerais, mais precisamente de Belo Horizonte, em homenagem a Belo Horizonte. Trata-se do Museu Histórico Abílio Barreto, que abriga peças do tempo do Curral Del Rei (nome antigo de nossa capital) e da Belo Horizonte do início e meados do século XX.

As origens do museu datam de 1935, quando Abílio Barreto foi convidado para organizar o Arquivo Geral da Prefeitura. Nesta ocasião, ele reservou uma sala para guardar documentos e objetos como plantas, mapas, quadros e bustos.

Entre 1941 e 1943, Abílio Barreto reuniu um acervo, compreendendo peças remanescentes do antigo Arraial do Curral del Rei e peças relativas à nova Capital. Ao mesmo tempo, promoveu a adaptação do prédio escolhido para sediar a instituição: o casarão da antiga Fazenda do Leitão que foi construído por volta de 1883.

O citado casarão é a principal atração do museu. Originalmente, era sede da Fazenda do Leitão e consta que a casa já existia antes de 1857, sendo conhecida por esse nome devido a um antigo proprietário, Domingos Gomes Leitão. A fazenda abrangia os terrenos onde hoje estão localizados os bairros Cidade Jardim, Santo Antônio, Lourdes e parte do Santo Agostinho. O casarão remete-nos aos casarões das fazendas de grandes novelas de sucesso, parece que estamos em outra época, ainda mais admirando os objetos no interior do casarão, também datados de outros séculos.

Alguns objetos também são expostos no exterior do museu como uma locomotiva, um bonde, um elevador, um carro de boi, que colaboram para a viagem no tempo que é a visita ao Museu Histórico Abílio Barreto.

Conheçam melhor o museu no site
http://www.amigosdomhab.org.br/ ou http://www.belotur.com.br/por/museus_abilio_barreto.php. MHAB também é trem bão de Minas.


Angélica conheceu muito mais da história de sua cidade ao visitar o Museu Histórico Abílio Barreto. Encantou-se com tudo o que viu lá e espera que vocês se encantem também. Volta na terça que vem.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Sobre a vida

Milkshake tem gosto de infância seriam melhores denominados por “alegria instantânea”. Ouvir uma música que nem nos lembrávamos mais, mas que nos traz boas lembranças e ficamos com gosto de saudade. Perceber que os machucados dos desafetos já sararam, que a casca já caiu e que você não sente mais nada. Tirar carteira depois de inúmeras tentativas. Dormir na sua cama. Arrumar as malas pra viajar e depois arrumar de novo pra voltar pra casa. Encontrar por acaso com amigos que não via há muito tempo. Viajar. Ficar perdido sem compromisso. Passar perfume pra dormir. Cortar o cabelo e se sentir renovada. Tomar um bom vinho, dormir como um anjo e acordar sem dor de cabeça. Dar uma de tiéte e abraçar seu cantor preferido após invasão de camarim. O primeiro salário. Cheiro de grama molhada. Dama da noite. Mar e maresia. Livros. Gatos. Sapatos e saias também. Nossa família. Nossos amigos. E acima de tudo o amor.


Poderia me desenrolar nesta lista interminavelmente, mas prefiro deixar que vocês completem com suas coisas boas da vida, que, com certeza, serão tocadas pelo olhar do amor, uma vez que sem ele nada se enxerga, nada se cria, nada cresce, mas uma vez através dele, quando apreciada, a vida se torna o que ela é, às vezes triste, às vezes alegre, mas sempre inspiradora. Silvia.

domingo, 9 de março de 2008

Herança de Samba: Diogo Nogueira

Para quem já ouviu João Nogueira cantando “Nó na Madeira”, “Espelho”, e tantos outros grandes sucessos de sua autoria, o cd de Diogo Nogueira, seu fi
lho, mostra que a herança genética deste último é o samba que lhe corre nas veias.

Além da voz maravilhosa, e extremamente semelhante à do pai, Diogo Nogueira também compõe, e com muito talento! São deles, em parceria com outros sambistas, os sambas-enredos da Portela dos Carnavais de 2007 e 2008. Também são dele, compostas em parcerias, as músicas “Laço Desfeito”, “Trem do Tempo”, e “Samba Pros Poetas”, todas verdadeiras pérolas do samba, e que estão no cd “Diogo Nogueira – Ao Vivo”.

Aliás, esse trabalho é das melhores seleções de sambas desde 2004, quando Fabiana Cozza, também da nova geração de sambistas, lançou o cd “O Samba é Meu Dom”.

Entretanto, no cd de Diogo Nogueira faltou “Espelho”, e “Minha Missão”, que estão no DVD do mesmo show. Mas todas as músicas são lindas e deixar a gente emocionada ao ouvi-las!

Como há muito não se vê, é um disco todo excelente; e não daqueles que apresentam a primeira faixa muito boa, como música de trabalho, e o restante somente para compor o cd. Nota-se o carinho e o cuidado na escolha do repertório, com composições de João Nogueira, de Paulo César Pinheiro, de Toninho Geraes, de Ciraninho, entre outros. Destaque especial é a regravação de “Vazio” (“Está Faltando Uma Coisa Em Mim”), de Nelson Rufino, que ganhou ainda mais emoção e intensidade na voz de Diogo Nogueira.

Também houve bom gosto na arte do encarte do cd, com fotos do show, gravado no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, com cenário, figurino e iluminação impecáveis! E as participações de Marcelo D2 em “Nó na Madeira”; Xande, do Grupo Revelação, em “Cai No Samba”; e Marcel Powell, em “Violão Vadio”, dão o tom de samba de todos os gêneros do cd.

Enfim, trata-se de uma voz que não se deve deixar de ouvir: “Diogo Nogueira - Ao Vivo”. Sem contra-indicações!


Tania, embora não saiba sambar, é alucinada com o samba, maior símbolo da cultura brasileira!

Ponto final II

E a hora chegou. Não foi para mim. Nem para quem amo. Mas de certa forma me atingiu.

Impossível não rever todo um filme na cabeça. Uma história de muita luta, muita garra, muitos sucessos. Mas pouco carinho, afeto e aconchego. Não é hora de julgar. “Cada um sabe a dor e a delícia de ser ....”

A vida continua... As mudanças vão continuar acontecendo e agora pouca diferença faz.

O exemplo permanece. A história que acabou é uma parte do nosso grande enredo, que não acaba nunca.

Que nos sirva para muita reflexão...


Aline... Para mim a morte ainda não causou uma dor implacável ou se mostrou um mistério, mas sim uma brecha para parar e pensar.

sábado, 8 de março de 2008

Inferno astral

Ai, ai… preciso confessar que ando vivendo momentos esquisitíssimos da vida. Dizem que é inferno astral. Se for tá ótimo, pois inferno astral passa depois do aniversário (é isso?), mas e se não for?

Bem, serei mais objetiva. Desde sempre relato aqui, mesmo que de forma homeopática minha crise profissional. Não que isso seja satisfação, mas aquela história “puxa, to com quase 30… será que é mesmo isso que quero pra vida toda?” Mas nunca tive pulso pra virar o jogo, mudar de área, mudar de emprego, chutar o balde! Mas recentemente andei pensando na tal da qualidade de vida… pensava que quem pensava nisso fossem os velhos (será que tô velha? Cabelo branco eu já tenho!). Aí resolvi me mexer, mesmo que despretenciosamente! Apareceu uma vaga que se encaixava demais com meu perfil, mandei currículo, me chamaram pra entrevista! Tinha mais de cinco anos que não fazia entrevista de emprego! Puxa, que coisa estranha… aquele velho papinho “depois a gente entra em contato com você…” depois fui descobrir que lá pagava mal! Aí nessa entrevista a moça simpática me pergunta se tenho carteira de motorista. Saí de lá arrasada! Não porque queria a vaga, ou porque pagava mal… mas porque nunca imaginei que me perguntariam isso numa entrevista de emprego! Ok, ingenuidade minha, mas…

Outro dia decidi que vou fazer concurso público. Isso nunca, nunca, nunca passou pela minha cabeça! Aliás, nunca consegui entender porque as pessoas se matavam de estudar pra passar num cargo que quase sempre não é a área de atuação da pessoa. Lembra da qualidade de vida? Então, a única coisa que me fez me inscrever pro tal concurso foi o fato de trabalhar seis horas por dia! Enfim, não tô me matando de estudar, mas to estudando! E sofrendo com a tal da matemática! Sou da área de humanas e definitivamente não consigo aprender a tal da análise combinatória! Ok, isso deve ser matéria da sexta, sétima série, mas…

Outra coisa mais estranha ainda que anda passando pela minha cabeça: namoro. Acreditem, nunca namorei sério. Juro. Não consigo. Começo a ficar com um carinha, aí se gruda demais, cobra, liga muito, eu já não gosto! Sei que isso é coisa pra resolver com o analista, mas nunca consegui prolongar minhas relações, mesmo quando eu gosto do carinha! Aí cismei que quero viver uma coisa diferente, nova: quero namorar sério! Desde que cismei com isso, nenhum carinha mais se aproximou de mim… será que ficou escrito na minha testa?

Bem, quinta que vem é meu aniversário, o maldito inferno astral passa e eu voltarei a ser a de sempre! Tomara!

Mariana realmente não tá pronta pra completar mais um ano de vida, precisa tirar carteira logo, no momento está satisfeita com o trabalho e acha que desistiu das relações estáveis.

O mundo ficou pequeno e nós também

Hoje é fácil ir e vir. Pensar em mudar de cidade, de estado, de país faz parte do nosso cotidiano, ou pelo menos do de alguém que a gente conhece. Minha mãe mora a mil e seiscentos quilômetros de mim, minha irmã mais uns mil e meu irmão mora em outro continente. Meus amigos estão espalhados por aí, pelo país e pelo mundo afora.

Conhecemos outras línguas.

Pela internet estamos em qualquer lugar a qualquer hora. Fazemos teleconferências e videoconferências no trabalho e em casa estamos lá, plugados na web. Quando qualquer um dos “recursos modernos” nos falta sentimos como se nos amputassem uma perna, ou como se voltássemos a viver em cavernas.

O mundo ficou pequeno.

E nós também.

Descartamos pessoas como quem troca de camisa. Não temos paciência alguma com as dificuldades dos outros. Nossos julgamentos, preconceitos e críticas estão sempre ali, aguardando ansiosos a oportunidade de saltar da boca e encontrar seus parceiros (ou comparsas?).

Não pensamos mais em como o outro se sente. Não respeitamos os mais velhos e desconsideramos sua sabedoria (afinal são tolos, o que sabem do mundo de hoje? – pensamos). Não temos mais educação, não temos mais delicadeza e em quase tudo o que fazemos está embutido o sentimento de obrigação.

Nosso belo não é mais nosso, é o de todos, ou comprado.

Não temos mais valores.

Não temos mais vergonha.

Não temos mais tempo.

Não temos mais a nós mesmos.

E ainda não entendemos de onde vem toda a carência, insatisfação e solidão que gritam ao nosso redor.

O mundo ficou pequeno.

E nós também.


Gisele Lins quer mesmo um mundo cada vez menor, mas não quer mais ver o encolhimentos das almas desse mundão, nem da sua própria. Escreve aqui aos sábados.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Um dia de cada vez

Adoro reportagens que explicam "cientificamente" meus comportamentos bizarros. Certa vez li uma que dizia que é super normal entre as mulheres, quando conhecem um cara interessante, já juntar o sobrenome deles ao delas. Com o Código Civil novo deve ter louca que junta os seu aos deles, mas o fato é que mesmo de brincadeira e rindo já se faz uma projeção do futuro ao lado do moçoilo, muitas vezes recém conhecido, algumas outras já paixão de longa data, outras mesmo namorado. Claro que na época eu fiz uma enquete, e sim, praticamente todas minhas amigas faziam a mesma coisa, ainda que de brincadeira.

O fato é que quem faz isso está projetando um futuro, ainda que remoto, ainda que só exista na cabeça da pessoa, e ainda que não passe de um dia, uma semana, uns meses, ou em casos mais sérios, de alguns anos. Eu, quando namorava, cheguei a me pegar pensando se ia colocar o sobrenome do moço junto ao meu, já pensando como ficariam minhas publicações da época de solteira, rs... Sim, se eu sempre fui daquelas que, mal conhecendo a pessoa, já pensava não só no sobrenome junto do meu nome, como inclusive a mistura dos sobrenomes no nome dos filhos que não vou ter, imagina em um relacionamento longo e sério...

Bom, pra mim isso sempre foi problemático, porque eu sofria de um mal que minhas amigas da faculdade carinhosamente apelidaram de Maldição do Telefone. Se saía com um carinha bacana e ele pedia meu telefone, a noite podia ter sido muito agradável que eu podia esquecer. O sujeito simplesmente sumia no mapa sem deixar rastros. Quando não pediam telefone até podia dar alguma coisa, fosse encontrando por acaso ou realmente com eles indo onde poderiam me encontrar, mas uma vez pedido o telefone, podia esquecer o rapaz. Assim, eu nunca pude muito me dar o luxo de pensar em futuro na grande maioria das vezes. E sofria com isso. Talvez não com a falta de futuro, mas por nem poder sonhar com futuro nenhum.

Aí de repente aparece uma pessoa na minha vida bagunçando tudo que eu sempre conheci sobre relacionamentos. Me faz viver um dia de cada vez sem pensar no depois. Me faz me sentir tranquila e feliz sem preocupar se amanhã a gente vai se ver, se semana que vem ele ainda vai fazer parte da minha vida, se a história vai durar um mês, se vai virar namoro de anos. Nada disso. Tudo que eu vivo é agora. "Estou aqui, te sinto agora / sem máscaras nem artifícios / e enquanto for bom para os dois / que o outro fique ( * )”. Estou provando uma sensação nova que é ver calmamente o celular quando chega mensagem, e abrir um sorriso fácil se for dele, sem o desespero de olhar pro celular o dia inteiro e o coração vir na boca quando vejo o nome na tela. É um gosto diferente, um gosto de liberdade. Nem melhor nem pior do que quando se pensa em futuro. Mas com certeza estou feliz.

( * ) Não conheço o autor dessa poesia, cada lugar diz que é uma pessoa, mas ela é linda.


Sisa depois de 28 anos conseguiu uma coisa que parecia impossível: às vésperas de pegar um avião pra cruzar um oceano, seguir o conselho de uma pessoa que olha nos seus olhos e diz "Não pensa. Faz como eu. Desfruta apenas."



quinta-feira, 6 de março de 2008

A Pior Parte

Já faz 8 anos que moro fora de casa, e nem me lembro mais como era minha vida antes disso. Estou tão acostumada a lavar minha própria roupa, preparar minhas refeições e não deixar a louça para lavar depois, que isso nem me incomoda mais.

Mas se tem uma coisa com a qual ainda não me acostumei é com a falta de fazer manha quando estou doente.

Ninguém merece ir à farmácia comprar o próprio remédio, mesmo que seja para um simples resfriado!

Fora que aí o resfriado – que poderia durar uma semana no caso da minha mãe ficar perguntando se eu melhorei e indagando sobre o que eu quero comer – acaba durando só uns 2 dias! Um imenso desperdício de manha!


Milena esteve resfriada por dois dias, e vocês tem que concordar com ela que não tem a menor graça ficar doente desta forma.

terça-feira, 4 de março de 2008

Ressonância

Os olhos refletem
O eco
De todo pensamento meu,
De todo sentimento meu,
Tudo
Que não falo
Que guardo
Engasgo.

Arrepio,
No êxtase, choro
Pela arte
Toda ela
Envolve e me leva
Para ela.

Sonho
Com asas.
Pareço perto do céu,
Pareço do céu
Recebo do céu
Chuva fina
Que carrega
Risos de anjos.

Intensa e interior,
Amante e sedenta,
Sabor,
Ânsia,
Intolerância,
Impaciência,
Natural,
Daqui e de lá de longe
Em devaneios.

Conjugada às letras
Faladas
Escritas
Pensadas e sugeridas,
Esquecidas.

Carente e invernal,
Franca e amistosa.
Ressôo aqui...
Ouço
Proparoxítona,
Anjo,
Angélica.


Eis aí Angélica em véspera do 34º aniversário, inspirada a ponto de se dedicar alguns versos. Amanhã é o dia oficial do Brigadeiro. Motivo maior: festejar-me.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Esperas

Esperamos que o tempo melhore,
que as crianças nasçam saudáveis,
que o tempo às vezes passe depressa
e noutras vezes bem devagar.

Esperamos dias melhores,
trabalhos mais honestos
e menos escravos,
pessoas vivendo melhor.

Esperamos por que às vezes só nos resta esperar;
por que temos esperança,
por que acreditamos,
por que a espera faz parte da vida.

Silvia escreve invariavelmente às segundas, mas sempre esperando.

domingo, 2 de março de 2008

O que eu não pretendo fazer...

Tava devendo a outra parte do texto, agora com as coisas que eu efetivamente não tenho interesse de fazer, gostar ou experimentar na minha vida...

Algumas são coisas extremamente pessoais, muito a ver com a minha filosofia de vida e concepção de mundo/sociedade, não sendo de forma alguma uma lista para agredir ou confrontar com pessoas que gostam ou fazem coisas que eu não curto.

Então, seguem algumas:

  • Visitar à Disneylândia;
  • Passar adiante correntes de Internet e similares;
  • Ir a enterros;
  • Deixar de ser sincera, principalmente comigo mesma;
  • Achar que o amor não vale a pena e que as pessoas não tem mais jeito;
  • Deixar de ser apoio para seus amigos e amigas;
  • Intrometer-me na intimidade alheia, salvo situações de “risco”;
  • Julgar às pessoas sem conhecer bem a pessoa ou a situação vivida;
  • Gastar meu precioso tempo assistindo Big Brother Brasil e similares;
  • Trabalhar SÓ por dinheiro;
  • Juntar dinheiro se não for para gastar a meu favor ou ao dos outros;
  • Passar a perna em alguém, mesmo em quem não merece meu respeito;
  • Comprar Coca-Cola e subprodutos para a minha geladeira;
  • Deixar de me indignar com as injustiças e de acreditar que é possível termos uma sociedade diferente.

Marília, não pretende mesmo viver essas coisas e, o que for possível, vai evitar, sabendo das suas limitações e das limitações do mundo que a rodeia...

Quando o relógio pára?

O trabalho, e todos os outros compromissos do dia-a-dia muitas vezes não permitem que consiga tempo para uma atividade que já não estava planejada: alguns minutos a mais para uma conversa com uma amiga, mudar a rota para diversão das crianças, andar à toa sem me preocupar se dará tempo para cumprir os compromissos.

Mas no meio da correria do nosso dia-a-dia existem situações que simplesmente fazem a gente ter que parar.

Como poderíamos respeitar a agenda se no meio dessa correria formos surpreendidos por um acidente (ou incidente) que requeira nossa presença até tudo ficar resolvido?

Quem vai olhar o relógio, se está diante do seu amor, em um encontro apaixonado?

Alguns desses momentos são maravilhosos, outros envolvem angústias e preocupações. O relógio não pára, mas como não tem como olhar para ele no meio dessa confusão, a gente nem vê o tempo passar....


Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Fiz trinta anos em 2006. Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.

sábado, 1 de março de 2008

Sou caren...

Definitivamente sou uma pessoa carente. Às vezes faço de conta que não quero, que não percebo uma indiferença, que não tem problema, que está tudo bem, mas na verdade preciso de atenção e carinho, como todo e qualquer ser humano. (Principalmente quando estou de TPM!).

Choro escondida, muitas vezes, no silêncio que a noite traz. A carência é um sentimento cruel porque envolve a espera. Espera-se pela atenção do outro, por um olhar atento, um gesto de carinho... (mas tem que ser natural, não pode ser forçado, senão não vale). Então espera-se...

Nós, os carentes, estamos sempre na berlinda. Somos do detalhe, da delicadeza e ninguém, nessa vida corrida que Deus deu, está atento a isso. Ficamos um pouco perdidos, pelo meio do caminho, uma espécie de estorvo. Estamos ali a lembrar que “quando a gente ama é claro que a gente cuida”, mas nem sempre há alguém querendo ser lembrado disso, menos ainda “caetanear o que há de bom.”

Sim, somos alvo de crítica. A presença do carente para alguns chega a ser chata, até mesmo irritante e a própria palavra carente vira um xingamento.

CARENTE. CARENTE. CARENTE.


É difícil admitir-se carente. Deveria haver alguma vergonha nisso? Há pessoas, eu sei, que se fazem a todo tempo de vítimas. A carência excessiva sugere uma personalidade insegura e para o bem da pessoa, um tratamento específico pode ser recomendado.

Mas a carência é do verbo carecer, precisar e é tão difícil admitir-se assim, mesmo que temporariamente, porque há, segundo muitos, uma linha tênue entre a carência e a dependência. E não é mentira. Quantos relacionamentos não terminam devido a cobranças excessivas, brigas intermináveis porque “você não reparou que eu cortei os cabelos”, “você não elogiou meus brincos novos”, “você não me ligou”, você não isso, você não aquilo... Já fui bem assim, admito, e como sofria... e como sofria também quem estava comigo! Ninguém tem tempo, gosta, quer ou merece um relacionamento “chicletes”. O tempo urge, a vida urge...

Acho que poderia dizer que mudei bastante. Sou carente, muito, talvez dias mais, dias menos, mas não fico depositando minhas expectativas no outro. Acho que essa é grande mudança!


Vanessa iniciou este texto que voz fala há alguns dias, mas finalizou há instantes. “Ler é um remédio e tanto para tratar a carência do dia a dia, assim como escrever”. Manda beijos e pergunta à amiga Ciça quando volta, pois está carente dela! Rs...rs...rs...
Manda beijos

A vida

Há coisas na vida que definitivamente valem à pena ser vividas. Muitas coisas. Momentos de alegria. De solidariedade verdadeira. De pureza. Nascimentos... de pessoas, de sentimentos. De esperança.

Há coisas na vida que vale à pena a gente esperar. Apesar da pressa do dia-a-dia. Apesar do imediatismo. Coisas que só o tempo pode trazer. O crescimento. O aprendizado. A cura. O perdão.

Há coisas na vida que vale à pena lembrar. Na minha vida, os primeiros passos e primeiras palavras da Annie. Todos seus avanços, surpresas, dúvidas e alegrias. Seus sorrisos e suas gargalhadas. Os beijos espontâneos. Os abraços. Tudo.

Há coisas na vida que vale à pena esquecer. Destas não vou falar.

Há coisas na vida que vale à pena criar. Novas formas de ver, de pensar, de fazer. De agir. De expressar.

Há coisas na vida que vale à pena superar. O obstáculo. A dificuldade. A dúvida. O medo. A decepção. A perda. A dor.

Há coisas na vida que vale à pena construir. Amizades. Confiança.

De sonho em sonho.

De vitória em vitória.

De dança em dança.

De sorriso em sorriso.

De lágrima em lágrima.

Construir a vida. Trajetória única, tecida de muitos caminhos e descaminhos, nunca terminada. Sempre em construção.


“Como a vida é muda, como a vida muda.” Carlos Drummond de Andrade.

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