domingo, 30 de setembro de 2007

Dicionário Mulher – Português

Nada mais falso do que o que-ri-da pronunciado silabicamente. E o pior, é o tipo de saudação que vem de mulher. Acaba com a classe; feminina e a de elegância. Quando alguém se aproxima da gente e diz: “Oi, que-ri-da!”, pode saber que há mais do que uma saudação carinhosa. Aliás, de carinhosa esse “querida” não tem nada.

Querida, no discurso de uma mulher para outra, pode querer dizer muita coisa, menos que uma é querida da outra! Assim, se for uma pessoa querendo um favor, o “oi, querida”, vira “oi, preciso que resolva algo para mim”. Se forem velhas conhecidas, que nunca foram amigas, “oi, querida”, significa “oi, nossa, como você envelheceu”, ou “oi, nossa, como você engordou”, e por aí vai com o querida sempre no sentido depreciativo.

Pode ainda ser pior; quando o “oi, querida” é falado pela mulher que perdeu o namorado para a outra. Aí é quase uma declaração de guerra: “oi, sua vaca, cretina, vagabunda...”, e segue a enorme lista de insultos cada vez mais horrorosos!

Já quando o querida é dito por um homem, quase sempre é sincero. E aí pode também ser simplesmente uma saudação carinhosa. Também pode haver interesse, mas aí é um interesse explícito, como um “oi, querida” querendo dizer “Vamos sair mais tarde?”. Pelo menos não destila veneno. E é até lisonjeiro. Enfim, o querida dito pelo homem não sofre divisão silábico, nem é distorcido. Pode querer dizer de amizade a desejo, mas é sempre QUERIDA mesmo!

Que saudades de quando era possível confiar plenamente no querida dito por uma mulher, uma colega, uma simples conhecida... Agora, temos que usar o complexo dicionário Mulher-Português, para sabermos o que devemos dizer, como devemos dizer, e como devemos interpretar nossas próprias conversas.


O Ministério da Saúde Mental adverte: Tania é louca, e não é vacinada! Leia seus textos com moderação!

Lei de Murphy

Já acreditei na Lei de Murphy. Tudo que pudesse dar errado, invariavelmente daria.

Agora, observando mais atentamente o que se passa, vejo que não é nada disso.

Se todas as vezes que uma criança se atrevesse um pouco mais o pior acontecesse, eu não conseguiria contar as fraturas, cortes ou dentes quebrados dos meus próprios filhos (no entanto até hoje não aconteceu sequer um!)...

Ou se cada vez que um motorista fizesse uma “barbeiragem” na rua acontecesse o previsto acidente, xiiiiiiiiiiiii, os índices de vítimas seriam ainda maiores dos que os alarmantes atuais.

O que agora me parece é que sempre existe um grande maestro por trás de cada coisa que
acontece. Às vezes o pior acontece, mas na grande maioria das vezes a harmonia reina.

Olhando a natureza então, nem se fala. Como a ordem impera nos menores atos, nas minúsculas e diversas vidas. Parece realmente orquestrado.

Deus? Não sei, mas se não for e a gente tiver que dar um nome para esse maestro ou essa força que põe ordem em tudo, podemos chamar de .... Deus.


Aline, não gosto de ser polêmica nem quero ser, mas acredito muito nisso tudo e é a base de todas as minhas esperanças!

sábado, 29 de setembro de 2007

Quintana

Bom, quem não é gaúcho talvez não saiba, mas dia 20 de setembro é um dia importantíssimo pra gauchada. Dia de lembrar um pouco da história, da revolta que durou 10 anos, matou muita gente e, trouxe conquistas importantes. Mas é o dia em que todos vestem a pilcha (roupa típica) e levam o mate pra rua. É o dia em que pais e filhos saem a cavalo e se ouve música gaúcha o tempo todo. Muitas destas coisas são cotidianas, apenas ganham mais intensidade neste dia.

Para comemorar, trouxe aqui para o blog um poema de um gaúcho célebre, para mim o maior poeta que existiu. O poema se chama Oração e é de autoria no saudoso Mário Quintana:

“Daí-me a alegria
Do poema de cada dia
E que ao longo do caminho
Às almas eu distribua
Minha porção de poesia
Sem que ela diminua...
Poesia tanta e tão minha
Que por uma Eucaristia
Possa eu faze-la sua
‘eis minha carne e meu sangue’
A minha carne e meu sangue
Em toda a ardente impureza
Deste humano coração...
Mas, ó coração divino
Deixai-me dar de meu vinho
Deixai-me dar de meu pão
Que mal faz uma canção?
Basta que tenha beleza.”

Faço minhas as palavras de Quintana e desejo que todas recebam um pouquinho de poesia todos os dias, tchê!

Renata, uma gaúcha que não tem vestido de prenda, mas tem orgulho de sua terra e não passa um dia sem tomar chimarrão. Acredita que a poesia pode ter várias formas, basta que a gente a perceba.

Seu Zé e os Dagobertos

Ando tão voltada para o meu “mundo interior” ultimamente que as cenas do cotidiano têm passado batidas. É nestes momentos que percebo o quanto é fácil nos acostumarmos com a realidade ao nosso redor, e com episódios horríveis, que mereciam respostas, reações, atitudes, e, no entanto, passam a fazer parte do nosso dia como um cenário, como uma paisagem.

A primeira vez que tive consciência da minha anestesia de realidade foi em Porto Alegre, há alguns anos atrás. Lá, na minha infância mendigos eram figuras folclóricas, conhecidas pelo nome, ou por um apelido qualquer. Eram semi-adotados pelo bairro e passavam a vida por ali, fazendo um ou outro bico e curando a ressaca das madrugadas de porres e cantorias que povoavam a minha imaginação. Uns dez anos foram suficientes para modificar completamente este cenário. Dez anos que eu não vi passarem. Um belo dia, andando pelo centro, eu olhei em volta e perguntei-me por onde andaria o Dagoberto? Foi quando eu vi que dezenas de outros Dagobertos estavam por ali. Só que agora eles eram mais jovens, e vinham com a família. Suas Dagobertas mais jovens que eu, com braços musculosos e tantas marcas de brigas quanto eles, carregavam bebês no colo e dormiam ao relento, reunidas para diminuir o frio do Minuano, o seu e o dos rebentos.

Esta cena se espalha hoje por todo o centro de Porto Alegre, e por muitas partes da cidade. Pensando nisso eu me dei conta que o que me fez pensar no Dagoberto foi ter que passar por cima de um transeunte que ao invés de estar de passagem, como eu, havia resolvido se instalar ao longo da calçada, pelo jeito fazia tempo, e impedia completamente a passagem.
Por onde eu andei nestes dez anos que não vi o Dagoberto indo embora (o primeiro, o de verdade) e tantos outros chegarem? Em que mundo eu estava que achei tudo normal (ou achei nada, porque nada vi)? E o Dagoberto? E aquela vez que eu quis lhe perguntar se ele já teve alguma profissão, ou se queria ter, mas não deu tempo porque tive que ver a sessão da tarde? Será que se eu tivesse perguntado teria feito alguma diferença? Não sei, nem nunca vou saber. Por onde anda o Dagoberto?

Eu lembrei do(s) Dagoberto(s) apenas porque hoje eu tive certeza de que anjos também são maltratados e esquecidos neste planeta. Seu Zé, o anjo em questão, estava na minha lista dos temas que eu gostaria de escrever a respeito. Eu queria descrever uma pessoa mágica que encontrei aqui, no interior, na minha nova vida. Ele é um velhinho com o olhar dos mais cheios de compaixão e sabedoria que eu já vi. Dedicou vinte anos da vida dele trabalhando na empresa onde trabalho. Já fez de tudo, mas em função da idade muito avançada, ele cuidava dos peixes e dos cães, e ajudava nas plantas e nos jardins. Os cardumes andavam atrás dele no lago, era incrível, e o Rottweiler que o levava para passear (sim era o cão que levava o Seu Zé para passear), virava um filhote bobalhão quando com ele. Só por isso já merecia todo o meu apreço, mas ele era muito mais. Conversar com ele transmitia uma paz, era uma injeção de ânimo. Ele é daquelas pessoas que te deixam com vergonha de reclamar da vida. Um dia em que eu estava muito triste por um probleminha bobo qualquer ele chegou em silêncio, olho nos meus olhos e disse, sem me perguntar nada:

- A tristeza e a felicidade andam de mãos dadas neste mundo, minha filha. Uma não existe sem a outra, cabe apenas a nós escolher para quem a gente quer virar a cara. Escolha olhar para a felicidade, escolher a tristeza não vale a pena não, e não nos leva a lugar algum. E foi embora. Pasmei. Muito, muito mesmo, e passei a ter um respeito para com essa pessoa muito forte.

Pena que nem todos pensam assim. Seu Zé se aposentou. E hoje eu soube que ele apanhou feio do genro que provavelmente quer o dinheiro da sua aposentadoria. E soube também que não foi a primeira vez que isso aconteceu.

Não quero deixar isso passar em branco e daqui a dez anos ver que seu Zé não está mais aqui, como o Dagoberto, e que eu nem o vi partindo, muito menos tentei fazer alguma coisa para evitar tamanha barbaridade. Como alguém pode ter a coragem de bater em um anjo?

E se naquele dia que Seu Zé me disse uma das coisas mais inesperadas e lindas que eu já ouvi, ele também achasse que não valia a pena tentar modificar a minha situação? Não quero mais achar que sou impotente e seguir passando pelos anos protegida pela minha redoma de “menina classe média educada e futuro do país”, que não é capaz de olhar à sua volta e ver o que anda realmente acontecendo no seu mundo, que é o mesmo do Dagoberto, e o mesmo do Seu Zé. Não sei mais onde anda o Dagoberto, e ainda não sei o que fazer, mas quero ter certeza de que continuarei sabendo onde anda o seu Zé, e o João, e o Barrilhas, e o Bentinho que ainda hão de aparecer por aqui.



Gisele Lins anda desconfiada de que pode ser mais responsável do que imaginava pelas coisas que não gosta deste mundo, e também de que poderia fazer mais do que faz a respeito delas. Escreve aqui aos sábados.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Dueto

Tirando minha família, ele é certamente o meu relacionamento mais antigo. Mas nunca nos levamos muito a sério, sabe? Estamos juntos a tanto tempo que não me lembro se um dia estivemos separados.

Meu mesmo, assim, só meu, ele foi o primeiro. Não sei se a recíproca é verdadeira. Não me importo. Afinal, somos bem mais do que "posses" um do outro.

Ele nunca foi prioridade na minha vida, mas sempre esteve lá. Já foi trocado pelo basquete, pelas baladas, pelas amigas, pelos amigos, pelos estudos, pela preguiça. Mas juro que ele é tão perfeito, mas tão perfeito, que nunca fez sequer menção de reclamar.

Uma ou outra vez me fez sofrer, fingiu partir, "emburrou", se acanhou, emudeceu. Tudo fruto do meu desleixo, admito. Mas voltou para mim todas as vezes, envelhecido ou rejuvenecido, tanto faz. Sempre melhorado.

Somos parte um do outro. Continuação. Prolongamento. Extensão do mesmo corpo. De uma só alma.

Consigo imaginá-lo rindo de mim quando me apaixono: "De novo você com essa música"? E ele é certamente quem mais sabe das minhas paixões. Divido com ele minha angústias, minhas faltas, minhas ausências, meus anseios. Ele também sabe das minhas tristezas, pois é para ele que sempre volto quando a saudade diminui meu coração até que este se perca na imensidão do meu peito.

Ele estava comigo nas poucas serenatas de madrugada. Ele viajou comigo de ônibus, desconfortável, nas muitas mudanças que fizemos. Ele estava comigo nas suítes, nos brejeiros, adágios, andantes, allegros. Ele estava comigo quando eu cantei e alguém se apaixonou pelo som. Não o som da minha voz, nem som que saía dele. O nosso som. O som que resulta da união de nós dois. O som do nosso dueto.

Ele, o meu violão. Outrora radiante com a cor do pôr-do-sol, agora negro como o ébano. Mas na essência ainda o mesmo. Cortante. Presente. Sonoro. Macio. Meu.

Não existe objeto no meu mundo nem meramente parecido com ele. Afinal de contas, ele é o único que sempre esteve lá. E sei que sempre estará.

Para ele vão as palavras abaixo. Roubadas, mas perfeitas para a ocasião:

Viola e Vinho Velho - Almir Sater

"Quem tem viola não carece de transporte, se for pra mode ir se embora dos sertões, mundão afora ele desce de carona, dos sonhos sob a lona o requinte faz canções.

Se por ventura lhe oferece a boa sorte um passaporte pro além dos rumos seus, vai sem demora dorme hoje sob a ponte que ao longe do horizonte amanhã se prometeu.

Viola acha graça, se o dono se apaixona, mas assim que ele sara, ela estranha e semi-tona.

Deitado agora em quarto de hotel sem ter mais véu pra lhe servir de cobertor, um vinho velho lhe conforta o calafrio e a canção sai no feitio de um poeta fingidor.

Saudade é o diploma de quem tem boca e foi a Roma, tristeza é mula brava corcoveia mas se doma."


Milena é uma apaixonada incorrigível por música e pelo seu violão - que agora se chama "Seu Jorge" - que escreve aqui agora às sextas.

Sobre as possibilidades de amar

Outro dia estive conversando com meu Fiel Escudeiro Lusitano (sim, tenho dois escudeiros, quanta sorte!) sobre amor. Eu sempre fui adepta da idéia de que existe uma pessoa escolhida pra cada um. A vida conspira de forma a fazer vocês se encontrarem, mas a responsabilidade de não deixar este amor escapar por entre seus dedos é unicamente sua. Pra mim, essa idéia sempre foi tão óbvia, que nunca cogitei a possibilidade de ser diferente, tanto que nunca gastei muita saliva expondo este ponto de vista pra outras pessoas.

Até que ele falou uma coisa que me pôs pra pensar, mais ainda em como eu nunca havia enxergado isso antes! Ele comentou que no mundo há bilhões de pessoas (6,6 bilhões em estimativa de 2007, de acordo com a Wikipedia), imagine quantas dessas combinam com você? Imagine que existem pessoas que você nunca irá encontrar na vida, mas que, se encontrasse, seriam muito felizes juntos, ou seriam grandes amigos?

Mas o que ele me chamou atenção não foi pra essas pessoas que vivem escondidas em um dos muitos cantos do mundo, mas sim pessoas que estão ali perto, passam do seu lado, cruzam seu caminho, você mal troca olhares e nunca mais vê na vida. Quais as chances daquela pessoa ser uma das que mais combinam com você no mundo? E se aquele cara que atravessou a rua correndo na sua frente sentir o mesmo frio na barriga quando ouve aquela música que você ama? E se aquela moça com cara de entediada no ponto de ônibus sonha com um futuro igualzinho o seu, com um cara igualzinho você, e fica suspirando esperando ele chegar? Quantas pessoas que passam do seu lado e você mal repara podem ser aquela pessoa com quem você se divertiria muito o resto da vida, aquela que te incentivaria a fazer aquela pós graduação, que teria paciência com seu filho pequeno, que adoraria aquela sua família que você acha meio doida? Porque mesmo com milhões (ou na pior das hipóteses, milhares) de pessoas que tem tudo a ver com você, você se convence que só aquele (a) é capaz de fazer seu coração bater mais forte?

Essa idéia foi um pouco assustadora (deixar passar tantas possibilidades de ser feliz), mas ainda tive forças pra me lembrar daquelas pessoas com quem você convive, mas simplesmente nem considera a possibilidade que ela seja uma dessas pessoas (e podem ser milhões delas!) que poderiam construir uma vida feliz com você, enquanto você fica chorando pelos cantos por um babaca que não te merece, ou por uma mulher que só te usa pra joguinhos que massageiam o ego dela. Dê uma reparada do lado! Quanta gente bacana ali, do seu lado, e você olha através dessas pessoas, como se elas fossem invisíveis... Quantas pessoas que convivem com você não te acham apaixonante, e mesmo assim você se recusa a olhar pra elas com um pouco de boa vontade? Como já disse a Martha Medeiros, se uma pessoa gosta de você, é um bom sinal de que ela não é tão idiota assim. Pense nisto.


Sisa, 28 anos, solteira, vai pensar neste assunto até se convencer de alguém só não enxerga pessoas interessantes se for mesmo cego – nem que seja de amor por alguém que não o merece.



quinta-feira, 27 de setembro de 2007

De repente me vi com quase 30

De repente me vi com quase 30, e aí? Como vai minha vida?

Tudo bem que as coisas costumam demorar a acontecer pra mim, tirei carteira de motorista aos 27, esse ano com 28, me matriculei pela primeira vez num curso de inglês e quase três anos depois de formada ainda ganho menos do que um trainee...mas nunca fui de esperar as coisas acontecerem, então por que agora aceito tão passivamente essa vida mais ou menos?

Pois é, resolvi dar um jeito na vida, como está é que não vai mais ficar. Pensei em várias opções, até que um sonho antigo me pareceu uma boa idéia: morar uns tempos no exterior. Não que eu queira ir embora do Brasil, até porque adoro a minha cidade, mas sempre quis conhecer outras culturas, pra mim, isso só era viável pra gente rica, só que parando pra pensar, vi que vários amigos estavam estudando, trabalhando ou até casando no exterior, então não podia ser impossível, comecei a pesquisar e vi que para conseguir um mestrado, já precisaria do inglês fluente, coisa difícil pra quem só começou a estudar agora, mas existe a chance de um intercambio, justamente pra aprender inglês.

O primeiro passo foi descobrir o que o meu namorado ia achar disso tudo, afinal, só de ter alguém pra ir com a gente já é encorajador. Ele adorou a idéia, pois isso também sempre foi um sonho dele.

Agora estamos empolgadíssimos, finalmente me vi com uma meta, há algum tempo já não tinha mais perspectiva de nada. Todos os dias pesquisamos na internet, até um blog ele fez! Já estamos calculando quanto dinheiro precisamos juntar e em quanto tempo. Acho que vamos demorar pelo menos um ano pra embarcar , e enquanto isso, já vou sonhando!!!


Louise está com quase 30 anos mas acha que nunca é tarde pra acordar sonhos que estavam adormecidos

Ansiedade ou gula?

Após um dia de trabalho extremamente estressante, me desencontrei com meu marido (que seria minha carona para casa) e acabei tendo que ir embora a pé. No caminho avistei uma sorveteria, um lado meu queria entrar e achava que depois de um dia perturbadíssmo eu merecia me acabar no sorvete, o outro lado queria logo chegar em casa e continuar cabendo na calça 40. Bom, nem preciso dizer quem ganhou a disputa né?

Era uma sorveteria self service com tudo o que tem direito, montei meu sorvete do tamanho do meu estress, quando cheguei ao caixa, olhei do lado e me deparei com uma menina bonita, bem paty e magra, percebi que ela me deu uma medida e parou no meu sorvete, nem pestanejei, respondi no mesmo nível, dei uma medida nela e parei no sorvete dela, foi quando eu fiquei com vergonha de mim. Ela havia pegado apenas uma bola e um morango....Então me sentei e fiquei analisando a situação, lógico que tomando o meu sorvete, concluí que estava acima do peso porque eu sou uma esfomeada nata, sem nenhum tipo de auto controle e a menina, certamente magra porque possuía um auto controle sobre seus impulsos de gula.

Fui embora para casa e fiquei me perguntando: “qual o seu problema? Porque uma bola não bastava?? Concluí que pareço uma sanfona e que quando estou gordinha certamente estou ansiosa com alguma coisa. Acho que minha mãe não podia me ver chorar quando eu era criança, que ela colocava comida na minha boca na tentativa de me ver parar, daí o paralelo entre comida e bem estar...(olha q feio né? Colocando a culpa na minha mãe...).

O único momento estressante da minha vida que fiquei magra foi antes do meu casamento, lógico que com uma “pequena” ajuda médica. Definitivamente não tenho uma relação saudável com a comida. Ela funciona como um escape pra mim. Passo momentos de muito auto controle, depois sem eu me dar conta as coisas desandam, só percebo quando tenho que quase deitar na cama pra fechar aquela calça adorada.

Bom, mesmo nesse vai e vem, tenho esperanças de conseguir alcançar o tão sonhado auto controle sobre minha gula, ops, ou melhor, ansiedade. Vou tentar fazer ioga, depois conto pra vocês se funcionou...


Débora é da opinião: Tá estressado? Vai num bom rodízio de pizzas que passa!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Nota

Há quem revide a veracidade da Lei de Murphy com aquele argumento de que “nós é que não reparamos quando a torrada cai com a manteiga pra cima, que só damos valor e só percebemos quando a torrada cai com a manteiga virada para baixo.”

Em geral concordo com o fato de que vivemos uma cultura de pessimismo e culpa (a culpa... um assunto que fica para uma próxima discussão), mas hoje especificamente, abusando do direito de ser “garota enxaqueca”, esse pensamento está Poliana demais prá minha cabeça.

O simples fato da torrada cair já não é legal. Ponto.

Pouco importa se caiu com a manteiga para cima ou para baixo. Se cair com a manteiga para baixo, é pior porque dá mais trabalho para limpar o chão, mas não torna bom o fato dela ter caído com a manteiga para cima...

As coisas poderiam ser piores, mas somente o fato de poder ser pior não torna boa a situação que se tem.


Glícia percebe mas não comemora quando sua torrada cai com a manteiga para cima.



Cometi um grande erro esta semana...

Será mesmo que é preciso brigar? E por que brigar dói tanto? Eu me sinto muito mal se discuto com alguém. Qualquer ação do tipo brigar, discutir, me desentender, ter um atrito sempre me faz tentar “consertar” a situação depois. Algo dentro de mim me diz que o que aconteceu não foi correto; parece que falta racionalidade, que falta respeito; que não estou no controle de mim. E estes sentimentos são péssimos! Mas vejam bem, quando me refiro à briga, não considero lutar pelo que acredito, pelos meus direitos; eu me refiro a ferir alguém com as minhas palavras.

Às vezes me sinto meio hipócrita por ser assim. Admiro quem briga e pronto, pelo menos não se arrepende depois (é o que é, sabe?), mas eu não consigo ser assim; para mim não vale a pena... Evito ao máximo chegar neste ponto, mas às vezes acontece. E esta semana eu briguei com uma pessoa muito especial, a que mais amo na vida, mas que não vai comentar porque ainda não ensinei a fazê-lo. Eu me senti a última das pessoas, uma culpa muito grande tomou conta de mim e eu quis morrer! E sabe por quê? Porque eu sabia que quando nos falássemos novamente, ela conversaria comigo como se nada tivesse acontecido. Desta forma, eu me sinto pior ainda, porque o fato de eu me redimir não significa nada... Esta pessoa tão especial, tão imensamente generosa, uma gigante em minha vida, consegue não se apegar a ressentimentos, tem o dom do perdão e se coloca no lugar do outro, a fim de entender o porquê de tanta sandice.

Pouco depois da discussão, já estávamos conversando novamente e eu pedi desculpas, sinceras mesmo, quando ela me disse: “você não precisa pedir desculpas, só não pode querer que eu mude”. Sabe, mãe, eu não quero que você mude (nem um pouquinho), quero mesmo é conseguir ser um décimo da pessoa maravilhosa e grandiosa que você é! Se eu conseguir, a vida terá valido a pena!

Este não era o primeiro texto que eu idealizava escrever sobre e para minha mãe... As linhas ideais, contando porque ela é a melhor mãe do mundo, ainda escreverei. Porém, hoje, mais que discorrer sobre todas as qualidades que fazem dela o meu maior e melhor exemplo, o meu porto seguro, eu precisava dizer que sinto muito e que a amo demais!

Até a próxima...


Paula é uma pessoa geniosa, mas da paz; não gosta de brigar e se sente muito mal quando isto acontece. Irá se empenhar em não incorrer neste erro novamente, principalmente com as pessoas que mais ama. Escreve aqui toda quarta-feira.



terça-feira, 25 de setembro de 2007

Carta ao Deputado

Nos últimos dias, o cenário político brasileiro tem me chamado especial atenção. Infelizmente, não por bons motivos.

Desde as denúncias de que uma empresa privada vinha arcando com despesas pessoais do Senador Renan Calheiros e a conseqüente instauração da comissão processante para julgar a pertinência da cassação de seu mandato, poucas coisas conseguem desviar minha atenção.

Fato é que vivemos um momento político em que o Congresso Nacional encontra-se tão desacreditado que, ao inserirmos as palavras “vergonha nacional” em ferramentas de busca na internet, aparece seu site oficial.

Deputados foram impedidos de presenciar a votação absurdamente secreta do referido processo de cassação, embora legitimada pelo Regimento Interno do Senado. Frustrante a constatação de que o julgamento, em última análise, do povo pelo povo, seja tratada como matéria interna corporis da Casa Legislativa.

As declarações do Sr. Aloísio Mercadante pareceram-me as menos absurdas, pois, embora tivesse direito ao voto secreto, divulgou sua abstenção, justificando-a. Não creio ser o processo de cassação do Senador já referido comparável a girondinos e jacobinos, Dantons e Robespierres, mas as declarações do Sr. Mercadante ao menos foram uma satisfação ao povo. Pior foram aqueles que se fizeram valer do voto secreto para acobertar sua covardia diante de interesses outros que não os coletivos.

Uma nota lida no jornal na semana passada chamou-me a atenção. Mais uma vez, tratava-se de questões políticas: uma proposta de emenda constitucional para a criação de um Tribunal Superior de Probidade Administrativa. Minha primeira reação foi protagonizar um verdadeiro massacre verborrágico contra tal iniciativa. Mas o bom senso falou mais alto e busquei o tal projeto no site oficial da Câmara dos Deputados. A leitura da íntegra do projeto gerou um e mail ao Deputado Paulo Renato e cuja essência julgo merecer transcrição:

‘A criação de varas especializadas ocorre em face da demanda. De fato, há inúmeras ações civis públicas e penais em trâmite cujo objeto é a afronta às normas de probidade e responsabilidade dos agentes políticos. O Ministério Público vem tomando frente na investigação de denúncias de atos de improbidade e crimes de responsabilidade numa espécie de cruzada contra agentes políticos, usurpando prerrogativas constitucionalmente previstas como privativas das polícias, chegando até mesmo a oficiar Câmaras Municipais e Assembléias Legislativas requerendo a instauração de comissões processantes visando à cassação de agentes políticos, imitindo-se em prerrogativas do Poder Legislativo (...) e exercendo de fato o papel de um quarto Poder.

Afora tais absurdos, é de ver que, em virtude da independência dos processos administrativo, civil, penal e de cassação de mandato eletivo, muitas vezes garantias e princípios constitucionais que são pilares do Estado de Direito são solapados, pois é possível a cassação de um agente político por conduta que em tese subsume-se a tipos penais (...) antes que esta mesma conduta típica seja apurada no âmbito penal, com observância do processo constitucional.

Também tenho visto o Ministério Público oferecer denúncias, dando início a ações penais com lastro em ações civis públicas por ato de improbidade sem que tenha havido trânsito em julgado no âmbito civil. As situações são as mais absurdas e esta mensagem tornar-se-ia por demais extensa se eu fosse enumerar os casos de que tenho conhecimento (e não são poucos).

Embora a princípio a criação de um Tribunal Superior da Probidade Administrativa pudesse dar fim a tais problemas, temo que poderia também significar o reconhecimento público e jurídico da institucionalização da corrupção que assola o Estado. É fato que problemas devem ser enfrentados, mas não consigo realmente vislumbrar efetivamente em que a criação de outro tribunal superior colaboraria para diminuir um problema que me parece merecer outro tipo de tratamento, o educacional. Quando li a notinha do jornal, a primeira coisa que me veio à cabeça foi que, de fato, a criação do novo tribunal superior representaria o reconhecimento pelas próprias autoridades de que nossas instituições políticas e jurídicas encontram-se mergulhadas em tamanha corrupção que enseja a criação de um tribunal especial. Porém, o que me ocorre agora é que a criação deste Tribunal proporcionaria, em última análise, a implosão dos direitos e garantias fundamentais que norteiam o próprio Estado.

Após a polêmica manutenção do Senador Renan Calheiros no cumprimento do mandato, tenho ouvido freqüentemente pessoas dizendo que o povo deveria ir às ruas e desconstituir o Congresso Nacional. Não tenho conhecimento dos autos do processo de cassação de mandato do referido Senador, portanto não tenho condições de formar opinião técnica. Mas o povo, em virtude do descaso das próprias autoridades com a educação, não possui tal discernimento. Embora a revolta que gera a vontade de acabar com o Congresso Nacional em grande parte da população seja até certo ponto compreensível, o que percebo é que as instituições estão a tal ponto desgastadas no Brasil, que os cidadãos sequer têm noção de sua importância para a manutenção da própria Democracia. Que os membros do Poder Legislativo, de forma genérica, têm proporcionado matéria suficiente para que a população leiga e, infelizmente, não educada – na acepção formal da palavra educação – manifeste o desejo de fechar um dos pilares da democracia é fato. Mas não creio que os procedimentos atualmente adotados em julgamentos - verdadeiramente políticos e não jurídicos - sejam a solução para a corrupção que, parece-me, enraizada nas instituições democráticas brasileiras. Contraditoriamente, a criação do Tribunal Superior da Probidade Administrativa não me parece a solução para os problemas que vejo, mas sim a legitimação para que o Ministério Público se aproprie de prerrogativas que não são suas, colocando em risco o Estado de Direito Democrático.

Acredito que o Poder Judiciário possui estrutura hierárquica adequada para a defesa dos direitos e garantias do cidadão. Como o próprio projeto de Emenda Constitucional diz, não é a quantidade, nem a qualidade de leis que proporciona a impunidade, mas sim a falta de seu cumprimento. As estimativas de custo que a criação do referido tribunal superior representa trazem cifras consideráveis, na casa das centenas de milhões de reais, que poderiam ser muito melhor empregadas na educação dos cidadãos, com especial atenção à educação de base para que as crianças de hoje sejam capazes de, no futuro, proteger seus direitos conscientemente através do voto e não desejando o fechamento de instituições democráticas que, embora desrespeitadas por grande parte de seus próprios membros, são de suma importância para a garantia das liberdades individuais.’

A conclusão a que chego é que embora os membros do Congresso Nacional não se mostrem realmente dignos, impõe-nos a defesa da instituição, pois sua falência representa a ruptura com a Democracia e o custo de tal ruptura pode ser alto demais.


Laeticia não pretende de forma alguma promover a defesa de políticos que não honram o múnus que exercem, mas tem certeza de que a instituição merece defesa, pois acredita, como João Ubaldo Ribeiro, que, embora não pareça crível, há coisas piores por aí, como os Chávez, Castro e Morales.

Aqueles Dias

Bom Dia! – Alguém te diz.

Bom Dia pra quem? O dia está bom pra você? Pra mim está uma droga!

Essa é a resposta que sonhamos dar nos dias em que o stress fala mais alto. Em Megafone, eu diria.

Não estou falando de TPM. Que nada! Se algum dia tive isso, nem percebi. Estou falando de um estado de tensão acumulada por inúmeros pequenos problemas (reais e criados por nós), que vem à tona ao primeiro olhar torto de um transeunte. Com o agravante de que, muitas vezes, só nós enxergamos o lado torto do olhar alheio.

É muito comum, em dias assim, tentarmos “dividir” essa tensão com quem amamos. E de uma forma bem torta. O fulano diz “Homem na Lua” e você entende “Você é uma mula”. Aí é conflito certo, vem ataque com aquele vocabulário não muito usual, vem aquele bico quilométrico que pode durar uma semana, vem aquele calor próprio de uma crise de tensão, vem o choro e, enfim o arrependimento.

E agora? Não se pode mudar o que está feito. Mas podemos nos desculpar. Saber pedir perdão é nobre, embora o ato não funcione como apagador. Sorte nossa quando se trata de alguém que amamos, é mais fácil admitir o erro, mais fácil pedir perdão. E existe a possibilidade do perdão ser aceito. Claro, depois de todas as verdade ditas sem piedade.

Nesse processo não dá pra pular etapas. Para que o fato não se repita todos os is devem ter o seu pinguinho.

Comemoro o fato de ser seletiva, escolho com critério minhas amizades e meus amigos são aqueles aos quais realmente sou capaz de amar e que são capazes de me amar. Amizade compreende, entre outras coisas, perceber bons e maus momentos e participar deles da forma mais construtiva possível.

Só os amigos se suportam na tensão, nem que isso custe um Engove antes e outro depois.


Angélica teve seu momento de boom e o “dividiu” com a Renata, uma grande amiga. Ainda bem! Depois de ouvir todas as verdades VERDADEIRAS que merecia, reconheceu que é preciso criar um medicamento mais eficiente que Engove para que seus amigos suportem seus momentos de boom.



segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Lembranças e passarinhos

Há muito tempo Anastácia não gostava de passarinhos, não era uma regra geral, nem um ódio mortal, não, apenas não tinha boas lembranças quando ouvia alguns, principalmente canários. Achava bonitinho, que gracinha, que bom devia ser voar, né! Mas não eram os canários, os periquitos, os curiós ou até os pardais que a incomodavam realmente, eram as lembranças que eles evocavam. Dias amarelados, infância sem brincadeira, sem peteca na rua, casa de vô, Domingo. Não que Anastácia não gostasse de seu avô, claro que não, mas lá sempre havia passarinhos nas gaiolas, cantando, tentando, os pobres coitados, alcançar o céu inalcançável, tentando cantar pra encobrir a solidão atrás das grades de sua minúscula casa; e seu avô, é claro, achando lindo, cuidando com carinho, mas sem querer perceber que passarinho é pra voar e não pra virar caixinha de música.

É Anastácia ainda se incomodava quando ouvia canário, lembrava dos Domingos amarelados que passou com sua família na casa de seu avô, presa e sem poder brincar por que senão podia se machucar ou quebrar alguma coisa, ou até aborrecer as pessoas, presa igual ao passarinho.


Anastácia passou um Domingo cheio de lembranças, talvez por que sinta saudade das pessoas que não voltam mais, talvez por que as jabuticabeiras de sua casa estejam em flor e cheias de maritacas, que, aliás, ela adora.



domingo, 23 de setembro de 2007

”30 e uns” ou ”36”?

Nunca entendi porque nós mulheres depois dos 30 não podemos mais falar a nossa idade. Fica sempre aquela coisa … ‘tenho 30 e uns’, ’40 e uns’, ou ‘sou modelo 3.0 ou 4.0’ essas coisas.


Desde pequena minha mãe me ensinou que era falta de educacão perguntar a idade dos outros. Claro principalmente depois dos 35, 40 anos. Ela não me disse isso dos 35 anos, mas eu como era uma crianca inteligente tinha sacado logo esse detalhe. Afinal ninguém tem vergonha de perguntar a idade de uma menina de 22 anos, mas se a gente acha que a pessoa tem mais de 30, aí ja comeca o problema. Me lembro até hoje o caso de uma tia da minha mãe, que passou tanto tempo nos ‘50 anos’ que a filha mais velha dela ja estava ficando mais velha que ela…


Porque realmente é assim? Algumas dizem que é por causa do machismo, os homens só querem as ‘menininhas novinhas’, e se sabem que uma mulher é mais madura ja correm do pau, mesmo aqueles que são tão ‘maduros’ quanto elas, tenho que admitir que isso é uma realidade. Mas se é por causa do machismo porque tantas mulheres casadas também escondem a idade? Acho que muita dessa pressão é a gente mesma que se impõe. A pressão de ser eternamente jovem e bonita. Acho que devemos sim cuidar da nossa aparencia, quero ser uma quarentona porreta, uma cinquentona irada, quero ter muita saúde, chegar lá inteirona. Mas também quero SIM, ter a minha idade. Quero chegar aos 36, 47, 53, 66, 71…. Quero poder comemorar todos os meus aniversários com muito orgulho, com todas as velinhas que tenho direito no bolo.



Liz não tem medo de envelhecer, pretende comemorar seus 30 anos com uma festa de arromba. É super fã de Dercy Goncalves que comemorou seus 102 anos de idade com todas as velinhas no bolo.

Medidas Reais

Os Tamanhos variam conforme o grau de envolvimento...

Uma pessoa é enorme para ti, quando fala do que leu e viveu, quando te trata com carinho e respeito, quando te olha nos olhos e sorri .

É pequena para ti quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade, o carinho, o respeito, o zelo e até mesmo o amor...

Uma pessoa é gigante para ti quando se interessa pela tua vida, quando procura alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto contigo. E pequena quando se desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.

Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos.

O nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma.

O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande... é a sua sensibilidade, sem tamanho...

Texto creditado a William Shakespeare, que encontrei na net, e gostei muito...


Aline é professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Fiz trinta anos em 2006. Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.

sábado, 22 de setembro de 2007

Da necessidade da ilusão

Andei tentando definir o que é o amor. Piegas, piegas, sim, eu sei, e um tanto tardio para uma semi-balzaca, mas fazer o quê?

Não fui muito feliz nesta tentativa (“ainda”, porque vou continuar tentando), mas descobri uma coisa: amor tem que vir junto com uma pitada de ilusão. Ou um grande percentual dela.

Calma, calma, deixe-me contextualizar antes de polemizar. Aquela ilusão, aquela mágica, que faz a gente se sentir especial. Não que a gente não deva se sentir especial por si mesma, este é o princípio básico para se poder amar alguém, mas pequenos gestos, pequenos mesmo, que acabam tendo grandes significados.

Como quando a gente se sente observada andando descabelada pela casa, só de camiseta, e daí se sente linda. Como quando a gente ganha um bilhete, um mimo, um recado no espelho inesperado, uma florzinha da grama no travesseiro e se sente amada. Como quando vemos alguém feliz por algo que está nos fazendo muito feliz, ou é apenas novo na nossa vida, e andamos um pouco ansiosas, e vivas por isso. Como quando alguém aperta a nossa mão por saber que algo nos incomodou, nos entristeceu, nos magoou e este alguém percebeu que não sabemos como agir naquele exato instante, e apenas quis dizer que está ali, e se importa com a gente.

Como quando a gente comemora alguma coisa e esta pessoa está lá, presente. Como quando a gente resolve arregaçar as mangas e fazer algo que devíamos ter feito há muito tempo, e ela nos dá todo o apoio, e esquece os infinitos dias que ficamos a atormentando até resolvermos fazer alguma coisa. Como quando a gente consegue alguma coisa que tentou muito e alguém diz que já sabia que a gente conseguiria.

Como quando alguém pergunta se a gente quer casar e respondemos que sim no mesmo minuto, mesmo quando sabemos que não é a hora e que isso não vai realmente acontecer. Como quando alguém diz que nossos filhos serão lindos mesmo que hoje, e talvez amanhã, eles ainda sejam impossíveis.

Como quando alguém quer saber se a gente comeu, se teve um bom dia, se pensou nele hoje.

Como quando vemos um ciuminho tentando ser reprimido por alguém para não dar o braço a torcer de que nos adora e que não quer nos perder.

Como quando alguém tenta verdadeiramente entender a língua absurda que a gente fala, e tenta aprender ao menos um dialeto parecido, nem que seja um javanês, só pra nos dizer que gosta da gente.

Como quando alguém fica envergonhado por um elogio inesperado que fizemos, ou tarado só por um olhar nosso.

Essas são mesmo pequenas ilusões, mas não são um jogo, não são palavras ditas sem verdade, não são uma outra intenção mascarada tentando se aproveitar de uma ingenuidade, ou de um coração mole. São as ilusões que a gente sabe que são só meias-verdades, mas que não se precisa avisar de antemão “olha, não é bem assim, não leve ao pé da letra, não me cobre por isso e tal, mas eu gosto de você”. Elas não são bengalas e nem podem ser demais, porém emprestam um colorido, um gostinho, um friozinho na barriga que é o que nos faz sentir, e continuar sentindo a graça de se amar alguém.

Portanto, amor tem que vir com ilusão, daquela que se sabe mesmo que é ilusão e não se quer acreditar que seja diferente. E eu gosto disso (em última instância gosto é gosto, já dizia uma velha lambendo o nariz da outra).


Gisele Lins curada da TPM anda bem piegas e tentadíssima a redefinir o que deve ser o amor, esta coisa complexa, na visão de uma semi-balzaca. Não anda conseguindo (como também não conseguiu na pré nem na pós-adolescência, muito menos na sua jovem adultiçe), mas segue tentando, segue tentando e se alguém puder dar uma luz ela agradece.

Trabalho Manual

Sabe uma coisa que adoro fazer? Trabalhos manuais.
Encapar caixas, cadernos, livros, bordar, desenhar.
Pena que faço isso com uma desenvoltura digna de criança reprovada no 3 vezes no jardim da infância.

Uma vez tentei bordar com ponto cruz um suporte de trecos para por no berço do meu sobrinho. Era fofo! Tinha uma alça fofa e quatro bolsos com ursinhos mais fofos ainda. Isso foi quando meu primeiro sobrinho ainda estava na barriga da mãe. Ele já tem mais de 4 anos e o suporte não ficou pronto. Não ainda.

Outra vez tentei fazer uma bolsa de crochê. Senhor da Glória! Como pode alguma coisa fazer a mão doer tanto como aquela agulha inofensiva? A bolsa ainda está em confecção, mas desde então elas já saíram de moda e voltaram umas 3 vezes.

E teve também aquela blusa de tricô que era branca azul e rosa. Lindíssima! Mas não serve nem no Jô Soares. Tenho medo de entrar dentro dela, me perder e nunca mais conseguir sair.

Na minha adolescência eu adorava fazer pães. De batata, de mandioca, de queijo. Acredito que eram bons, mas como eu sou esfomeada não sirvo de parâmetro para atestar essa informação.

No momento tenho vários projetos em andamento - ou quase isso: barricas para encapar, um porta brincos para costurar, a bolsa de crochê (aquela mesma, eu não desisto nunca!) ...

Mas tem também algumas coisas bem sucedidas.
Tá, não são exatamente bem sucedidas... mas pelo menos dá pra usar.

É o caso do...
do...
do...

É, acho que não tem nada que eu possa contar aqui que fiz e que foi útil para a humanidade.

Mas de todo jeito é sempre uma terapia para mim.

E você? O que gosta de fazer?


Milena é uma mulher que gostaria muito de ter talento mais não tem. Escreve aqui aos sábados e para compensar o cansaço da semana passada hoje resolveu escrever algo bem mais leve.




sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Isso aqui é assunto SAFADO!

Não, não vamos falar de homens. Tampouco falaremos de sexo, já deixo avisado aos mais afoitos. O assunto safado aqui é outro: POLÍTICA!

É claro que eu não vou tecer um ensaio sobre o tema. Quero, antes de tudo e qualquer coisa, deixar aqui o meu registro de indignação e repúdio com relação ao que vem acontecendo com o nosso dinheiro. É mensalão, é mensalinho, é pensão alimentícia, é jatinho...é dinheiro público e dinheiro público é nosso!

De quantas coisas a sua cidade, o seu bairro precisam? De muitas, com certeza! Sempre há melhorias a serem feitas. No entanto, tais melhorias podem vir a ser feitas no último minuto do segundo tempo, próximo das campanhas políticas, porque sabemos ser muito mais interessante para os nossos governantes e representantes.

Representantes do povo. Nossos deputados e senadores têm cumprido o seu papel? Têm realmente nos representado ou vivem olhando para o próprio umbigo? É necessário responder?

Na época do impeachment do então presidente Collor era bonito ver as pessoas protestando e lutando por seus direitos. Eu não fui às ruas, mas fui um pouco cara-pintada. Sabia o que estava acontecendo, me interessava por política, discorria sobre o assunto com naturalidade. Tinha a ilusão de que aquilo seria um divisor de águas na história política brasileira. Eu era adolescente e sentia que podia mudar o mundo! Eu já não acreditava em Papai Noel, pelo menos.

Lula assumir o poder executivo no Brasil representou o sonho de milhões. Era bonito ver alguém que veio do povo dizer que governaria para o povo, com o povo. Um discurso romântico, com certeza. Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Eu acreditei, e até acho que Lula tem feito algumas coisas interessantes, mas como muitas vezes errado é quem te apóia...

Impostos. Agora que sou casada e tenho que pegar o boi pelo chifre que eu vejo como é caro viver, manter uma casa, carro. Ainda tem a danada da CPMF que é, na minha opinião, um dos impostos mais safados que já criaram. Digo isso porque é um dinheiro que geralmente não sentimos que estamos pagando. Às vezes centavos são descontados e nunca fazemos conta, mas no final é um valor significativo. E o governo, que quando anunciou a CPMF disse ser tal imposto provisório, acostumou-se a ele. Tanto é que essa semana os nossos representantes têm estado às voltas com a votação da permanência da CPMF. Há crimes perfeitos! Obrigada, FHC! Obrigada, Lula! É bonito ver...


Vanessa, brasileira, natural de Nova Lima, procura pagar suas contas em dia. Vai ao banco e pega fila caso seja necessário, mas não se lembra de ter autorizado o pagamento de seus impostos via débito automático.

Inveja?

Outro dia recebi um mail com um texto que falava de uma mulher que acompanhou o namorado à pelada do fim de semana. Ela conta que rolou discussão, roubalheira, ameaça de morte, até que o jogo acabou, e os mesmos caras que estavam se matando no campo saíram rindo, brincando, dando tapinha nas costas uns dos outros. Aí ela termina o texto falando assim: “Fui-me embora com um vazio a futucar o espírito. O que nós, mulheres, temos de parecido, o shopping, o salão? Nem chegam perto. Não pode xingar, espernear, soltar os sapos da garganta - além do que, num e noutro, o máximo de exercício que se faz é com a língua na futrica da vida alheia – muito chato. Não havia como negar, o brinquedo dos rapazes é divertido como só, e meu vazio era de inveja. Nós, mulheres, não temos nada que se compare.”

Minha primeira reação ao acabar de ler o texto foi pena da mocinha que escreveu o texto. Mas como eu nem conheço a tal mocinha, rapidinho minha pena passou pra amiga que me repassou o tal e-mail, jurando que aquilo era uma verdade absoluta na vida de qualquer mulher, ela mesma morrendo de inveja da peladinha dos moçoilos aos sábados.

Fiquei pensando que praquelas mulheres cujas amigas são só amigas de shopping e salão, realmente deve ser frustrante não correr atrás de uma bola e outros 21 marmanjos no fim de semana, todos suados e levemente nojentos. Na minha cabeça surgiram duas cenas. Na primeira, uma infeliz com sua “amiga” no shopping. Experimenta uma calça, uma blusinha, a “amiga”, doida pra dar uma rasteira nessa mocréia que se acha sua amiga, fala que ela ficou absolutamente L-I-N-D-A-! naquela blusinha baranga, dando risadinhas por dentro e pensando “Com essa roupa ridícula, neste fim de semana já vou estar chamando o homem dela de meu”. Enquanto isso, ela pensa “Será que estou gatinha mesmo ou ela quer que eu fique ridícula pra, neste fim de semana, ela já estar chamando meu homem de seu?”

A segunda cena foi meio deprimente também: a mesma infeliz no salão, desesperada pra ficar bonita, uma manicure em cada mão, uma cabelereira tentando domar sua juba, enquanto ela, no esforço de ser bem aceita naquele ambiente, começa a falar de assuntos interessantíssimos, como a roupa que Fulana de Tal usou no casamento da Wanessa Camargo e saiu na capa da Caras, ou melhor, fazendo cara de susto e dando risadinhas solidárias quando o assunto é uma conhecida que está sendo rotulada de piranha pelas suas “amigas” de salão.

Aí, pra tentar me livrar da tristeza que essa imagem me passou, passei em revista todas minhas amigas: aquelas que saem pra beber comigo, que já foram ao Mineirão junto, que me falaram que eu estava ridícula nessa ou na outra roupa, “e desse jeito seu gatinho não vai nem te enxergar”, aquelas que viraram madrugada comigo estudando, tomando cerveja e comendo pizza, e depois ficaram sem entender comigo porque a nota foi horrorosa... As amigas com quem eu briguei, mas que depois tive vontade e intimidade de falar “Eu te amo, volta pra minha vida”... As que também fizeram programa de mulherzinha comigo, tipo ir comprar roupa e ir ao salão, mas que fizeram dessas experiências que eu odeio uma coisa divertida, e não um momento de mesquinharia que é o prato cheio pra homens falarem que mulheres não são amigas de verdade. Aí sim eu tive pena de quem escreveu o tal texto: se ela acredita que todas as amigas dela são assim, ela tem razão pra ter inveja da peladinha dos sábados.


Sisa é cheia de amigas de verdade, e a prova disso é essa mulherada que escreve aqui todo dia. Ela escreve só nas sextas.



quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Ser amiga é...

Eleger uma música que a faça sempre lembrar da amiga: “ O Araketo, o Araketo quando toca, deixa todo mundo pulando que nem pipoca...” ou então “ Você vai, de carro pra escola, e eu só vou a pé...”

Chamar e pagar um taxi, e ainda alimentar a amiga de perna engessada, esquecida na porta de um prédio da Universidade...

Ser amiga é emprestar o xarope para a tosse, e compartilhar belíssimos cafés da manhã!

É emprestar todas as listas de exercícios, dificílimos... É preparar festa surpresa de aniversário...

É tomar cerveja no “Coração de estudante, comendo uma torre de batatas fritas com queijo! É pedir uma pizza que é uma “ DILIÇA”, ou então fazer uma em casa mesmo, “com todo o queijo do mundo”!

É assistir filme de baixo do cobertor comendo pipoca, é agüentar as lamentações de madrugada, dentro do carro, esperando o dia amanhecer...

É também sair correndo feito louca para o banheiro, só em solidariedade à amiga que fugia do professor!

Ser amiga é isso tudo e muito mais! São momentos de alegria e tristeza, são momentos que fazem da amizade, uma amizade verdadeira, eterna, e que apesar das novas circunstâncias da vida e também da distância, será sempre um porto seguro, um ombro verdadeiramente amigo.


Fabiana tem uma amiga maravilhosa e é para ela que dedica este texto, que são lembranças inesquecíveis de um tempo em que a gente era feliz e sabia!



Temos que saber viver a vida!

Depois que comecei a trabalhar em um hospital, tenho avaliado muito minha vida. Faço isso porque vejo tantas vidas serem interrompidas de formas trágicas, de formas planejadas, de formas assustadoras...Vejo famílias aos prantos, desesperadas pelos corredores chorando pelo ente que se foi sem ao menos se despedir.

Toda vez que me deparo com essa cena, sempre me pergunto: Como será que essa pessoa viveu sua vida? Como serão as recordações deixadas para as outras pessoas?Será que essa pessoa era boa? Será que antes de morrer ela gostaria de ter dito“eu te amo” pra alguém , ou “Você é muito importante pra mim”?

A cada dia me convenço mais que para morrer basta estar vivo, e que a vida nos prega peças às vezes muito tristes, por isso temos que saber viver. Também me certifico que não sabemos lidar com nenhum tipo de morte, mesmo aquela em que tentamos nos convencer que foi melhor para a pessoa, porque o sofrimento de uma doença grave teve fim. Perder alguém que se ama é muito difícil, é uma dor incontrolável que parece rasgar a gente por dentro, às vezes não podemos demonstrar tamanha dor porque também amamos as pessoas que ficaram e que dependem de nós para se reerguerem. Nos momentos especiais em nossa vida, sempre vamos nos recordar da pessoa que se foi, os anos só apaziguarão nossa dor, mas temos que continuar vivendo e bem.

Mediante tudo isso, estou fazendo um esforço pra viver da melhor forma possível: falo com mais freqüência ao meu marido o quão importante ele é, mando email pras minhas irmãs e irmão dizendo o quanto eu os amo, ligo pra minha mãe para também dizer o quanto eu a amo e como eu gostaria de ir mais vezes pra casa dela, trato bem as pessoas mesmo aquelas que me são rudes, dou mais valor aos pequenos momentos de felicidade que a vida tem me proporcionado, enfim, tento não deixar nada pendente para trás, porque esperei muito e acabou não dando tempo de dizer ao meu pai o quanto eu o amava e me orgulhava dele...


Débora é farmacêutica e estava bastante feliz no dia de hoje, mas ao chegar no trabalho se deparou com uma cena muito parecida com o dia em que seu pai morreu de infarto fulminante.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Leia o livro, ouça o CD

Esta semana um colega de serviço me emprestou um livro, de graça, dizendo que era muito bom. Ele sabe o quanto eu gosto de história, e achou que eu gostaria do tal livro, pois ele faz um panorama do Rio de Janeiro das décadas de 40 e 50 do século passado (estranho me referir ao século em que nasci como século passado, mas, enfim, há momentos em que vivo mais na Vila Rica do século XVIII do que nos tempos atuais mesmo...). Além disso, o referido livro é uma biografia de um cronista, locutor esportivo, compositor, roteirista de programas humorísticos, e, é claro, boêmio!

Trata-se de “Um Homem Chamado Maria”, de Joaquim Ferreira dos Santos. O livro conta a vida de Antônio Maria Morais de Araújo, ou somente Antônio Maria. O personagem é desconhecido do grande público, mas algumas músicas suas são clássicas, como “Ninguém me Ama”; “Manhã de Carnaval”, e “Valsa de Uma Cidade” (aquela que canta “Rio de Janeiro/ Gosto de você/ Gosto de quem gosta/ Deste céu, deste mar/ Desta gente feliz"...). O livro é fantástico, e vai do humor ao drama em poucas páginas. Mostra a sociedade carioca de meados do século XX, desde a zona boêmia até as altas rodas, as noites do Rio, e mostra a malandragem e a bandidagem da época, das quais descendem nossos atuais traficantes e companhia. É interessantíssimo, além de passar pelo mundo artístico do período, como Araci de Almeida, Dorival Caymmi, Ari Barroso, Abelardo Barbosa (Chacrinha), entre tantos outros.

Para complementar a leitura, a sugestão é ouvir o cd “Brasileiro. Profissão Esperança”, com Paulo Gracindo e Clara Nunes. Trata-se da gravação de um espetáculo teatral, produzido por Paulo Pontes e Bibi Ferreira em 1974, em que se alternam no palco Paulo Gracindo, recitando textos de Antônio Maria, e Clara Nunes, cantando músicas de Dolores Duran e de Antônio Maria.
O cd é também a história de Duran e Maria, contada e cantada. Em especial, a última parte do cd, que conta o fim da vida destes artistas e canta a última música de Dolores Duran. Não dá para descrever.

Leiam o livro, ouçam o cd.


O Ministério da Saúde Mental adverte: Tania é louca, e não é vacinada! Leia seus textos com moderação!


O Valor da Palavra

Ando preocupada e indignada com a falta de palavra das pessoas. Parece uma calamidade, sabe? Muitas pessoas (muitas mesmo) se traem e não conseguem sustentar em pé o que acordaram sentadas. A gama de exemplos é vastíssima!

Semana passada, por exemplo, uma consulta minha foi desmarcada na véspera (terça-feira), pela própria secretária da médica. Na ocasião, ela me disse: “Quinta-feira a doutora volta e eu ligo dizendo o horário em que ela atenderá você”. Já achei absurdo isso, porque não estou à disposição da “doutora”, mas enfim, melhor a secretária ligar e eu acertar um horário bom para mim com ela. Até ontem, nada de secretária me ligar... Fiquei imaginando se fosse algo sério e não apenas uma consulta de rotina...

Outro dia, meu sobrinho de 8 anos me perguntou porque certa pessoa dizia que consertaria um problema em um de seus joguinhos e nunca consertava. Mais ainda: ele estava cansado de esperar! Acabou que meu marido arrumou (tios sofrem rs). Para mim, apesar de o objeto do combinado ser apenas um joguinho, foi algo muito grave! É péssimo dizer a uma criança que fará alguma coisa e não fazer, porque ela acredita e espera! Além disso, lá se vai mais um mau exemplo, o de que palavras não significam nada e podem ser ditas a esmo, e a uma esponjinha que absorve tudo!

Há muitos outros exemplos: vou entregar sua encomenda em tal dia (que nunca chega); vou emprestar tal coisa que vai te ajudar (e você espera sentado); vamos economizar para comprar nossa casa (e lá se vai dinheiro em mais futilidades); pode contar comigo sempre que precisar (mas evite precisar); “prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida” (com a quantidade de divórcios no país, nem preciso comentar esta) e por aí vai. Tem promessas e compromissos para todos os gostos!

Às vezes acho que estou sendo severa demais com as pessoas (vai ver estou envelhecendo e ficando chata, ou mais chata rs), mas a questão é que, se eu me comprometer com alguém, vou honrar o compromisso! Saber que minha palavra tem valor é importante para mim, é prioridade, faz parte de quem eu sou.

Eu considero compromisso, promessa, ou como queira chamar o ato de empenhar a palavra, uma decisão que tomei e preciso arcar com suas conseqüências! Não conseguiria viver tranqüila sabendo que alguém espera de mim algo que não farei... E preciso desta consciência tranqüila para viver.

Pensando bem, não estou sendo severa demais! Esta falta de valor atribuído à palavra atualmente, falta de caráter mesmo, transcende os limites do convívio social, de um profissional pôr em prova sua credibilidade ou de uma pessoa desapontar uma criança. Tem a ver com cidadania (ou melhor, com a falta dela) e culmina em eventos como a triste tragédia encenada pelo Senado semana passada, envolta em falta de decoro, de vergonha na cara, de palavra mesmo! Ou não deviam os senadores representar e defender os estados da federação (o povo, em última instância) e não a si mesmos?

Acredito que se cada um cumprisse mais o que se propõe a fazer, se sentiria mais à vontade em clamar por seus direitos, ficaria inclusive mais indignado. As palavras deixariam de ser vazias e seriam ouvidas; afinal, não foi por isso que a natureza nos presenteou com dois ouvidos e apenas uma boca? Para que ouvíssemos mais e falássemos menos e, de preferência, o que fosse relevante?

Até a próxima!


Paula tem uma visão romântica do mundo e acredita que as pequenas mudanças podem alterar o todo consideravelmente. Está atordoada com o curso do país, com a apatia do povo e com a falta de importância que se dá a um compromisso, porém, ainda crê que palavras têm valor e podem ser ouvidas! Escreve aqui toda quarta-feira.



terça-feira, 18 de setembro de 2007

Queridas Marias

São tantas as Marias em minha vida que resolvi escrever sobre elas.

Antes de mais nada, as minhas Marias são chamadas de Maria, mesmo que não agradem da idéia. Não faço isso para irritá-las, mas para exaltá-las.

A sociedade vulgarizou este nome até o limite das Marias se apresentarem pelo segundo nome, quando os têm.

Pesquisando significado de nomes, descobri que o nome com a inicial M inspira confiança e sabe extrair o que a vida tem de melhor com muita sabedoria. (Laeticia, Cecília, Milena e Mariana, podem inchar! Tem alguém com inicial M escondida?)

Falando de Maria, o nome vem do hebraico com o sentido de senhora soberana. Pode ser o "senhora" citado pela Roberta, que inspira respeito e nos faz lembrar que já passamos dos 15 anos. Ou também o "senhora" significando proprietária, senhora de si e de algo mais
, presente em todas as Marias. Como complemento, o nome indica força vital, serenidade e vontade de viver.

Vovó era Maria, pura. Não teve como fugir de ser Maria. E nem queria, ao contrário, aconselhou minha mãe, também Maria, a me batizar de Maria. Mamãe rejeitou a idéia com veemência.

Maria Lúcia, minha tia, já falecida, era o centro da família de meu pai. Ela exercia um magnetismo inexplicável, unindo todos nós. Deixou-nos e levou a união. Será amada sempre.

Maria de Fátima, amiga de qualquer hora, talvez de outras vidas. Fala por nós duas. Compartilhamos nossas chatices, que não são poucas, e nos suportamos devido ao grande amor que nos une.

Maria Laeticia, talvez seja a encarnação da força vital das Marias. Seu jeito inflamado é contagiante. Estamos fisicamente distantes, mas unidas por um laço de fita bem colorido, pela gula, pela sua presença marcante, por uma foto dela (tirada para passaporte) que encontrei perdida entre as minhas velharias e, agora, pelo blog.

Maria Cecília, conheço pouco e o suficiente para admirar sua coragem, sua inteligência. Parece-me ligada no 220 e aposta no Amor, como eu. Agrada-me ler seus textos, seus e-mails. Desejo conhecê-la mais e melhor, se o mundo lhe der uma folga.

Enfim, Maria Virgínia, mamãe. Não lhe agrada ser Maria, por serem muitas as Marias do mundo. É a Maria da vontade de viver, vive consertando os pedacinhos que dão defeito. Essa Maria é mais minha do que todas as outras, mais amada, mais linda... Vivo procurando algo de Maria em mim, por herança genética e não achei, ainda. Ela é única, mesmo sendo Maria.

É impossível citar todas as Marias que já vi e conheci. Sinto que são especiais, talvez tenham uma santidade, pelo valor bíblico do nome. De tão querido e utilizado, qualquer complemento lhe cai bem: Clara, Luiza, Dorotéia, Paula, enfim, Marias. São muitas e são únicas, são minhas e do mundo, são parte de nós e de nossa história. Benditas Sejam!


Angélica é uma ilha cercada de Marias por todos os lados. E gosta disso. Vê, além da popularidade do nome, sua força, sua vitalidade. Não conhece o lado sereno das Marias e sim o lado Vulcão (em atividade), que não adormece, no máximo cochila.

Nunca Fiz Amigo de Verdade Bebendo Leite. Mas Já Bebi Muito Leite Por Causa de Um Amigo

Elas eram amigas de muitos carnavais. Na realidade, a amizade surgiu exatamente num dos carnavais da vida. E ainda tem gente que fala mal de amizade de boteco. Pois a amizade delas já durava bem uns dez anos e já tinha rodado tanto boteco que a memória não guardava mais. A vida daquelas duas amigas era realmente um parque de diversões.

Durante muitos anos elas passaram carnavais juntas, às vezes na mesma casa alugada, às vezes em casas separadas, mas sempre se encontravam e brindavam mais aquele carnaval, lembrando sempre do dia em que aquela amizade nascera, testemunhada pelas pedras e tijolos centenários daquela cidadezinha mágica. Eram cinco dias mágicos praquelas duas amigas; traziam música aos ouvidos e saudade aos corações.

De volta pra casa, exaustas, as duas acabavam se encontrando pouco, mas sabiam que naquelas festas, naqueles festivais, no campo de futebol, naqueles momentos de celebração da vida, não precisariam telefonar uma pra outra, pois sabiam que lá se encontrariam para mais uma cerveja, mais um brinde e, muitas vezes, mais um pileque. E mesmo depois de se despedir e ir embora cada uma pra sua casa, sem saber quando se encontrariam de novo, as duas tinham certeza daquela amizade.

Mas o tempo passou e uma das amigas começou a namorar. Acabou trocando as farras regadas à cerveja, vodka, cuba-libre e malibu quente por dias mais calmos, mais tranqüilos, por momentos a dois. A outra amiga entendeu e, se por um lado se entristeceu por não ter mais companhia constante pra tomar uma cerva – que nunca era uma só, mas vááárias garrafas-, ficou feliz pela felicidade da amiga.

Passado aquele típico início de namoro, quando os pombinhos não se desgrudam, nem saem sem ser sozinhos, a amiga procurou a outra pra tomar uma cerva, mas aí ela não tinha mais tempo. Já tinha combinado com outras amigas de tomar váááárias cervas e não se lembrou – ou não quis – chamar a antiga amiga pra ir junto. E assim foi durante algum tempo, até que a amiga com namorado parou de procurar a outra amiga, mas não perdeu por ela o carinho que sempre teve. Entendeu que durante sua ausência a amiga conhecera outras pessoas e que talvez estivesse em busca do que ela própria já havia encontrado: um companheiro de vida e de golo.

O início de namoro virou mesmo namoro firme pra uma das amigas e quando ela se casou, não esqueceu de convidar sua amiga distante, mas querida, pra comemorem juntas um momento tão especial. A amiga recebeu o convite radiante e estava lá no dia do casamento. Celebrou a felicidade do casal e tomou todas pra comemorar. Mas não tinha problema porque todos os convidados haviam tomado todas pra comemorar.

O tempo foi passando e as amigas acabaram se encontrando novamente em outros momentos, todos eles regados a muita bebida e muita loucura. Mas a amiga casada já não estava assim tão afim de loucuras e pirações, já não queria mais ir a todas as festas e acabar enchendo a cara todos os fins de semana. É claro que ela gostava bem de uma gandaia, mas o fígado já não tinha dezoito anos e as ressacas simplesmente não valiam mais a pena. Além do mais o metabolismo desacelerara e a amiga, vaidosa que sempre brigara com a balança, andava achando mais gostoso vestir biquíni na praia do que tomar todas as cervas do mundo numa única sentada. Para ela era uma simples questão de custo benefício. Havia dias em que a amiga saía sim e acabava bebendo mais que o bom senso recomenda, mas estes dias andavam raros e, apesar das piadinhas de que ela não era mais a mesma, ela seguia sua vida e se divertia com mais moderação.

Esta amiga achava que com o passar do tempo todo mundo diminuía o ritmo e que era assim mesmo que funcionava. Até o dia em que trocou um festival de jazz em Ouro Preto por um churrasco “na laje” de um amigo porque a turma toda ia pra lá e ela estava com saudades de todos. A amiga andava trabalhando e estudando muito e tinha deixado os amigos todos um pouco de lado. Agora ela achava que era hora de revê-los. Os amigos na laje sempre valem mais que o jazz com estranhos em Ouro Preto.

E foi nesse churrasco que a amiga soube através de outra pessoa que aquela sua amiga de vários carnavais, aquela que ela definitivamente não conhecera bebendo leite, estava doente. Pior, estava muito doente, mas não tinha contado pra quase ninguém. A amiga estava com uma doença hepática e havia sido proibida pelos médicos de beber qualquer coisa alcoólica. Por razões que só a vida conhece, a amiga estava com a mesma saúde que um homem alcoólatra de cinqüenta anos, mas estava tratando a doença como se ela não fosse nada. E a amiga casada então ficou sabendo o pior: que os outros amigos da sua amiga acabavam incentivando seu consumo de álcool, mesmo sabendo que ela estava doente. Afinal, a amiga era a que agüentava mais, a que derrubava todos os homens da mesa, a que bebia de segunda a segunda, a que muitos achavam graça estar sempre com cara e ares de ressaca: “a fulana é assim mesmo” ou “essa é a fulana!”

Foi então que a amiga casada teve vários flashbacks e se lembrou que, de fato, apesar delas duas sempre saírem juntas, viajarem, passarem carnavais em claro, sempre tomando todas, a amiga sempre bebia muito mais e com muito mais freqüência. E percebeu que mesmo depois que ela desacelerara e deixara de ser a companhia predileta de golos da sua amiga, esta havia pisado cada vez mais fundo nas farras e, conseqüentemente, na bebida também. Mas a amiga casada nunca pensara sequer na possibilidade de sua companheira de porres carnavalescos ficar doente ou mesmo ter algum problema menor por causa de bebida. E ficou se sentindo o último dos seres por ter abandonado sua amiga junto a um engradado de cerveja.

Desde o dia do tal churrasco a amiga vinha criando coragem pra telefonar pra outra, pra dizer que ficou sabendo que ela está doente e que quer ajudar, pra marcar de almoçarem juntas pra poder dar nela um abraço de apoio e forçá-la a se tratar direito, mas a distância e o tempo a faziam evitar o telefone. A realidade é que a amiga casada estava com muita vergonha de ter abandonado a outra e não sabia mais se tinha o direito de se meter assim na vida dela. Foi então que decidiu escrever uma carta para a sua amiga, mesmo sem saber exatamente o que iria dizer, nem qual seria sua reação ao ler a carta. Sentada em casa, a amiga escreveu a carta e no outro dia colocou no correio. E desde aquele dia – que foi ontem – a amiga casada está esperando ansiosamente que a outra receba sua carta e permita que ela lhe dê um abraço de apoio e de carinho; que a amiga lhe telefone pra elas se encontrarem e brindarem à sua amizade. Só que desta vez o brinde vai ser com um copo de leite.


Laeticia realmente nunca fez amigo de verdade bebendo leite, mas sabe que beber leite às vezes faz parte, seja pelo seu próprio bem, ou pelo bem de um amigo querido.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A cor do som

Ontem tive insônia, algo bastante comum em mim, na verdade não me incomoda, nem me chateia, mas esses momentos de expectativas antes do sono me fazem pensar muito, em tudo, nos amigos, nas cervejas, nas viagens, neles, às vezes nelas, e percebi que a insônia provoca em mim o sonhar acordada, eterno, sem fim. Em meio a tudo isso, realizei que uma coisa estava sempre presente, e não apenas nos sonhos, mas na minha vida, mesmo no silêncio, uma vez que pra mim o silêncio é uma pausa essencial para a música, e compreendi que esta maravilhosa invenção dos homens ou dos deuses faz parte de mim, de tudo em mim.

Quando saio com os amigos ela sempre me faz lembrar de algo, ou imaginar uma situação, muitas vezes distantes ou impossíveis, às vezes a emoção de sua beleza é tamanha que não consigo me conter e choro, por tudo, por estar viva, por estar ouvindo, por estar feliz e até triste também, por estar sonhando e acreditando que tudo é possível mesmo o impossível, em fim por senti-la, a música. Sem ela eu não seria ninguém.

“Eu sem você, Não sei nem porquê, Porque sem você, Não sei nem chorar, Sou chama sem luz, Jardim sem luar, Luar sem amor, Amor sem se dar. E eu sem você,
Sou só desamor, Sou barco sem mar, Sou campo sem flor, Tristeza que vai, Tristeza que vem, Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.” (Samba em Prelúdio - Vinícius de Moraes)


Hoje Silvia escreve sem pseudônimo, pois está mais ela e menos os outros, talvez por que a música esteja cada vez mais presente em sua vida.


domingo, 16 de setembro de 2007

As escolhas da vida

Dia desses, pensando na vida (na dela), perguntou-se:
- Quando foi que eu escolhi estar aqui, hoje, desta forma como estou?

Claro, para alguns a resposta pode parecer óbvia! Ao levantar-se no referido dia, ao escolher a roupa, ao escolher que caminho tomar.

Mas não era exatamente a isso que ela se referia. Pensava em termos maiores, desde quando tinha o sonho de ser paleontóloga como o Indiana Jones,viajar e viver num mundo de fantasia até hoje, até o momento em que vive agora, quando foi que escolheu estar aqui?

Sim, porque ela acredita que todos têm sempre uma escolha, mesmo quando parece que não temos escolha. Até quando não escolhemos, estamos escolhendo o que os outros querem de nós.

E ela começou a ver o filme de sua vida e a perceber que as escolhas eram diárias, constantes e não anunciavam: eu vou mudar sua vida! Apenas surgiam e muitas vezes eram tomadas sem o devido cuidado, pois ela ignorava sua importância e o impacto que causariam. Ou mesmo que causaram.

A partir dali, ela seguia fazendo escolhas: diárias, constantes e que nem sempre anunciam a sua importância.


Renata, uma mulher multivariada que pensa duas vezes antes de fazer qualquer escolha, mas que sempre escolhe não se arrepender das escolhas feitas. E que vem escolhendo uma ter uma vida mais saudável: fisicamente e emocionalmente.

Percepções

Engraçado como mudamos tanto nossa forma de enxergar o mundo. Estava lembrando de como era a vida pra mim a mais de dez anos atrás. Não era nada parecida com o que vejo hoje. Será que o mundo mudou tanto? Ou são as mudanças em mim que alteraram a minha percepção do mundo?

A grande mudança é começar a pagar as próprias contas. Nossa, isso parece que consome o tempo, que antes era todo tempo do mundo, e agora escorre pelas minhas mãos. Já não é tão fácil parar e simplesmente contemplar. Olhar para a vida sem ter pressa. E se as coisas não parecem mais tão bonitas e coloridas como antes, deve ser esse o motivo.

O que colore a vida é o nosso jeito de vê-la. Está em nosso poder a possibilidade de colocar qualquer nuance, qualquer tom, como a gente quiser. E é essa a mágica que acho que está ficando para trás. Isso não pode acontecer.

Se puser cores alegres, com harmonia, a vida fica bela. Não parece difícil. Com o tempo tão escasso requer mais disposição, é verdade, mas nada que uma boa dose de determinação não ajude.

"Nossas percepções carregam consigo todos os erros da subjetividade. Por isso elogiamos, culpamos, condenamos ou nos queixamos, dependendo das percepções. Só que nossas percepções são formadas pelas aflições - desejo, raiva, ignorância, visões errôneas e preconceitos. Ser feliz ou sofrer depende inteiramente das nossas percepções. É importante examinar as nossas percepções e desvendar a sua origem." (Thich Nhat Hanh)

por Aline: Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.

sábado, 15 de setembro de 2007

TPM

Tenho Pêlos Muitos,
Tapados Pelas Meias,
Todos Pentelhos: Morram!

Tenho Pernas Moles,
Também Poupança Máxima,
Talvez Pelancas Muitas.

Tudo Para Mulheres...
Talvez Para Mim,
Toblerones, Por Misericórdia!

Tudo Por M&M´s,
Também Por Macadâmias.
Trufas? Puta Merda!

Tô Pensando Muito,
Talvez Pensamentos Mundanos
(Te Possuo Mentalmente)...

Talvez... Por quê? Mas...
Tenha Piedade, Menina,
Tantas Perguntas Misturadas!

To Puta, Meu!
Torcendo Pescoços, Mesmo,
Torrando Pilas Máximos.

Tarada, Pirada, Malvada,
Tirana, Piegas, Mandona,
Tacanha, Pedinte, Manhosa.

- Tá piorando, Muié!
- Te Pego, Moleque!
(Tenha Paciência Meirmão...)


Gisele Lins. Sobrenome TPM. Escreve aqui aos sábados (vai passar, vai passar).

Cansada

Esta semana a palavra acima me define perfeitamente. Talvez eu esteja com alguma dificuldade obscura em administrar meu tempo e meus afazeres. Talvez eu esteja cansada, ansiosa, estressada - esta é a teoria que sempre encontro quando digo a alguém que minha cabeça dói constantemente, minhas costas arqueiam como se sustentassem 700 kilos, e tenho vontade de dormir 16 horas por dia. Ah, o estresse. Sempre ele. Mesmo que seja ele apenas um nome dado à condição sobre a qual não se conhece causa nem muitas vezes o efeito. Cura? Como curar o desconhecido? Quiçá pudéssemos desenvolver tal pílula.
Apesar de trabalhar durante 3 anos sem férias, ser praticamente workaholic assumida, e de me pegar em vários momentos do dia pensando em me esticar em alguma areia de alguma praia de águas transparentes, acredito mesmo que meu cansaço é algo muito além dessas miudezas.
É um cansaço do mundo, da miséria, da ganância, da indiferença.
Cansaço da interpretação ao pé da letra, de qualquer interpretação, do sorriso amarelo dos hipócritas, do tapinha nas costas de quem quer levar o mérito pelo trabalho árduo dos outros. Da falsa simpatia de quem quer se aproveitar das pessoas. Do desinteresse coletivo pelo patriotismo. Da agressão sem fim ao meio ambiente.
Cansaço das contas, dos juros, dos bancos, da exploração ao cidadão honesto. Dos impostos provisórios que são eternos, dos deveres injustos e crescentes, dos direitos - mesmo os mais elementares - só alcançados anos depois e com muita luta.
Cansaço de acordar todos os dias no mesmo mundinho, no lugar onde pessoas aprovam seus próprios aumentos de salário e absolvem seus iguais dos crimes contra a nação, onde criminosos esfregam diariamente na nossa cara que o crime compensa - assim mesmo, sem ética, pudor ou qualquer outro sentimento nobre - onde o privilégio é somente para o ladrão.
Cansaço de lutar contra a balança e de perder a batalha por falta de disciplina ou força de vontade. Do analfabetismo funcional, da inflamação desnecessária, das bandeiras levantadas por causa nenhuma, da pobreza de caráter de muitos. Dos altos e baixos. Das idas e vindas.
Cansaço da fragilidade das relações, da incerteza inerente a qualquer plano, da metade que não é.
Cansaço da busca constante pela perfeição, pela grandeza, pelo nirvana, por ser completo.


Milena escreve aqui todos os sábados. Normalmente escreve coisas mais alegres, meigas e felizes. Mas nem sempre a vida é assim, não é? Agora volte 2 semanas atrás e leia 4 vezes o texto mais feliz de todos os tempos. Vá! Clique aqui e seja feliz!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Eu pensava que minha mãe era a Mulher-Maravilha

Quando eu era criança, eu pensava que minha mãe era a Mulher-Maravilha. Era impressionante como ela resolvia todos os problemas do mundo. Se aparecia uma barata em casa, ela corajosamente dava uma chinelada nela e pronto – eu estava salva. Quando eu tinha problemas nas escola, era só ela fazer uma visitinha e tudo se resolvia. E se não resolvesse, ela me dava aulinhas de defesa pessoal (“Da próxima vez que a coleguinha te morder, morde ela também”), pro pavor das professoras. Se os coleguinhas riam de mim porque enquanto todo mundo comia chips e refrigerante na escola, eu levava bolo ou sanduíche, fruta, com suco ou vitamina, ela me confortava: “Eu quero que você cresça forte e saudável, e comer bem é importante pra isso. As mães dos seus coleguinhas preferem não ter trabalho e comprar porcaria pronta pra eles.” E ela era tão fantástica que mesmo assim, uma vez ela deixou a gente levar pra merenda um tubo de leite condensado!

Uma vez eu fiquei frustrada, porque a professora disse que se eu girasse um disco de Newton, ele ficaria branco. Colori pacientemente o disquinho com as cores do arco íris, coloquei na radiola e tudo que eu vi foi um borrão colorido. Aí mamãe chegou, viu minha frustração, me levou ao consultório dela e explicou que tinha que girar mais rápido. Colocou no motorzinho e lá estava meu disco branco! Melhor que isso só quando ela me deixou levar os amiguinhos ao consultório para verem também. Ela arrumou um substituto para meu cachorro morto antes que eu tivesse tempo de chorar. Minha mãe era a mãe mais legal, que deixava a gente brincar com balão de água, montar acampamento no quarto dos fundos... eu matava meus amigos de inveja. Minha mãe é mais legal que a sua, porque a minha mãe é a Mulher Maravilha.

Mas aí eu entrei na adolescência e vi que as coisas não eram bem por aí. Eu via que os maiores problemas do mundo não eram baratas e radiolas. E a maior parte deles, ela não tinha sequer o poder de resolver. Aí algumas pessoas do AFS, na época, tentaram cancelar minha viagem já marcada pra Letônia. A leoa que existia dentro dela se manifestou, ela ligou pro AFS inteiro e conseguiu resolver a situação. Aí outros tentaram me impedir de tirar o passaporte. Processo pra cá, mandato de segurança pra lá, e o passaporte ficou pronto. Eu precisava de um visto pros EUA pra fazer escala, aí o visto foi negado. Marcaram uma entrevista daquelas que a gente sabe que comparece só pra levar um não na cara. Eu só tinha forças pra chorar, ela olhou pra mim e falou, firme, “Fica calma. Eu vou resolver isso”. E eu lembro de ter respondido “Ahh mamãe, eu sei que isto não está ao seu alcance. Eu já percebi que você não é a Mulher Maravilha...” Alguns telefonemas mais tarde, ela já tinha falado com o cônsul, explicado tudo, e poucos dias depois meu passaporte estava na minha mão com o tal visto. Pelo jeito, ela ainda era a Mulher Maravilha da minha vida.

Só que mais problemas vieram. Problemas financeiros, ela se decepcionou com algumas pessoas, tomou rasteira de mais outras, foi diagnosticada com depressão, aí eu finalmente concluí que ela não é mesmo a Mulher Maravilha, por mais que eu gostasse desta idéia. Aquela mulher brava que se impunha a todos foi dando lugar a uma outra, irreconhecível, mansa, tranquila. E eu naquela época achava que isso era um sinal de fraqueza, não uma conquista que os anos proporcionaram a ela. Tive que começar a conviver com outra mulher, que chorava, que tinha problemas, que muitas vezes não sabia qual caminho tomar e que batia mesmo de cara com a parede, tendo que voltar e tentar de novo. Mais estranho foi perceber que esta mulher, mais frágil, mais humana, sempre existiu. Era eu que não via. E quando eu passei a ver isso, vi que na verdade saí no lucro. Troquei uma mãe que era a Mulher- Maravilha por outra, que é uma maravilha de mulher.


Sisa, 28 anos, teve a sorte de ser filha da melhor mãe do mundo. Mesmo com quase 30 anos, sempre corre pro colo dela pra tomar umas gotinhas de amor materno, que sempre servem como vacina pras tristezas do mundo.

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