sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Pedido

Outro dia li uma piadinha ácida no site dos Malvados que me colocou pra pensar em uma coisa que me chama atenção faz tempo. A piadinha dizia: “Se um mendigo fingir que é uma baleia, as pessoas se juntam pra salvá-lo.” Aí resolvi fazer um pedido.

Peço encarecidamente a Deus, ou a qualquer nome que se dê aO que move o mundo, que providencie que essa inversão absurda de valores desapareça. Peço que as pessoas, antes de se preocuparem com baleias ou elefantes, se preocupem com as pessoas que morrem de fome, de frio, de falta de oportunidade. Que as pessoas leiam mais Drummond e menos Bruna Surfistinha, que escutem mais Chico Buarque do que o Créu. Peço ainda que noticiem mais vida do que morte, que prefiram saúde à magreza excessiva. Peço que as pessoas respeitem os mais velhos ao invés de perderem a paciência com eles, aprendam com os Mestres aos invés de agredi-los, que valorizem mérito e não “esperteza”. Peço que crianças sejam o futuro e esperança do país, e não avião de traficante, que elas estejam na escola, e não nos sinais de trânsito. Peço que se priorize o amor de verdade ao prazer fugaz; respeito, aos joguinhos manipuladores. Peço que as pessoas que se falam tanto pela internet também tenham tempo de dar um oi pessoalmente, acompanhado de um abraço. Por favor, coloque os valores certos nos lugares certos!

Já que fiz um pedido tão complicado de atender, tento me redimir fazendo outro: Peço ajuda para me conscientizar, me transformar, me trabalhar para ser uma pessoa que realmente faz alguma coisa para ter um mundo sem valores invertidos, para que eu possa servir de exemplo e não apenas assistir de camarote a esse mundo louco ficando cada dia mais de pernas pro ar.


Sisa escreveu este texto no fim do ano com outro foco, mas relendo esta semana achou que ele tinha tudo a ver e preferiu fazer pequenas modificações a escrever sobre outro tema.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Avesso dos Ponteiros

Certa feita escrevi aqui sobre o tempo. Foi um texto amigável, bonitinho até.
Pois o fato é que ultimamente nós não temos nos relacionado muito bem.
Associando isso a algumas perdas, umas quantas tristezas, a fragilidade da vida e outras pequenas frustrações diárias (endógenas, na sua maioria), temos uma mistura bastante explosiva.

No meio desta mistura, de repente e sem aviso prévio, a ceifadora de vidas insiste em aumentar os vazios, andando por aí de cabeça erguida.
Triste? Muito. E sempre. Mas só para quem fica, na minha percepção.

Tristes são os pedaços de coisas que vão ficando pra trás. Mancas, aleijadas, mutiladas.
Tristes são os pensamentos e as lembranças que nos invadem no meio da noite, no primeiro segundo da manhã, no meio da tarde. Aquelas que não conseguimos mandar embora.

A ceifadora nos priva de nossos amores. De nossos amigos. De nossos irmãos.
Será que ela sofre?
Será que pensa em nós quando carrega os pedaços do que um dia fomos em seus braços?
Será que lembranças e sentimentos também são levados, para sempre?
Por vezes espero que sim.
Mas no fundo, prefiro que não.

Nestes momentos, minha relação com a música se estreita.
É quando o peito aperta que elas fazem mais sentido.

Uma em especial me tocou numa hora dessas. Uma que diz que o tempo faz tudo valer a pena, e nem o erro é desperdício.
E o aperto no peito fica um pouco mais leve, embora não desapareça.


O Avesso Dos Ponteiros
Ana Carolina

Sempre chega a hora da solidão
Sempre chega a hora de arrumar o armário
Sempre chega a hora do poeta a plêiade
Sempre chega a hora em que o camelo tem sede

O tempo passa e engraxa a gastura do sapato
Na pressa a gente nem nota que a lua muda de formato
Pessoas passam por mim pra pegar o metrô
Confundo a vida ser um longa-metragem
O diretor segue seu destino de cortar as cenas
E o velho vai ficando fraco esvaziando os frascos
E já não vai mais ao cinema

Tudo passa e eu ainda ando pensando em você
Tudo passa e eu ainda ando pensando em você

Penso quando você partiu
Assim... sem olhar pra trás
Como um navio que vai ao longe
E já nem se lembra do cais
Os carros na minha frente vão indo
E eu nunca sei pra onde
Será que é lá que você se esconde?

Tudo passa e eu ainda ando pensando em você
Tudo passa e eu ainda ando pensando em você

A idade aponta na falha dos cabelos
Outro mês aponta na folha do calendário
As senhoras vão trocando o vestuário
As meninas viram a página do diário

O tempo faz tudo valer a pena
E nem o erro é desperdício
Tudo cresce e o início
Deixa de ser início
E vai chegando ao meio
Aí começo a pensar que nada tem fim..

Tudo passa e eu ainda ando pensando em você
Tudo passa e eu ainda ando pensando em você


Milena escreve aqui as quintas, e gostaria, só por um breve espaço de tempo, parar de pensar.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Lavar a alma

Desde que me entendo por Angélica gosto de música e dança. Sempre tive vontade de aprender a tocar violão, embora ainda não tenha concretizado isso. E também tenho muita vontade de aprender dança de salão. Mais recentemente, me apaixonei pelo canto, não que eu tenha algum talento, de jeito nenhum, mas aaaaaammmmooooo cantar. E depois de alguns meses de aulas de canto, percebi como o universo musical tem o poder de lavar minha alma. Diante disso sei que hei de cantar outra vez, dançar e de tocar meu violão, ainda nessa vida.

Falando em lavar a alma, domingo passado foi um dia de grande emoção, ligada às artes que já citei. Fui ao teatro assistir ao espetáculo “De Carne e Sonho”, da Mimulus Cia de Dança. Foi um momento único e indescritível. Em um espetáculo de tango dançaram três casais ao som do Quinteto Dialeto (Espetacular!!!!). Os dançarinos foram perfeitos, com movimentos suaves, exalando sensualidade e técnica. O Quinteto foi tão perfeito quanto. Creiam vocês ou não, emocionei-me a ponto de chorar. Tanto porque amei aquilo que vi (arrepiei-me 80% do tempo do espetáculo), quanto porque quis muito que meu pai estivesse ali para presenciar aquela maravilha. Talvez ele estivesse, sei lá... ele adorava ouvir tango e também um bom espetáculo.

Lavei a alma sentindo a emoção da arte, a maravilha de assistir pessoas que fazem o que gostam de forma sublime.


Angélica emociona-se com música, dança e canto. Viveu um domingo mágico e inesquecível. Cantar e dançar são itens permanentes em seus planos.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Quando os outros viram desculpas

Sei que às vezes acontece de precisarmos contar, como dizem: uma mentirinha piedosa, para não passarmos por alguma situação que nos seria desagradável, usamos nomes e pessoas com o intuito de sairmos de uma situação delicada e difícil, que, por vezes, se torna mais aceitável quando colocamos um terceiro no meio, que, usualmente, só fica sabendo do ocorrido posteriormente. Acho compreensível o uso destes subterfúgios, no entanto tenho visto cada vez mais pessoas utilizando os outros como desculpas para tudo: não vou ao Pantanal por que ELA não suporta mosquitos; nada melhora neste país por que ELES são corruptos; não saio mais pra passear por que TODO MUNDO só gosta de ficar bebendo; acho um absurdo essas pessoas vivendo nas ruas, mas NINGUÉM faz nada! E por aí lá se vai o muro infindável das lamentações, como se a ausência de sentido da vida fosse culpa dos outros, alguém sempre leva a culpa, mas nunca ninguém ou os reclamões em questão se responsabilizam por nada. Sinceramente estou cansada deste tipo de comportamento, gente que só reclama e não faz nada pra melhorar, que acha que a qualquer momento vai receber uma segunda chance de fazer tudo diferente, só que não percebe que a chance já foi dada há muito tempo, mas continua fazendo os mesmos erros por si próprio e sem a ajuda de ninguém.

É há algum tempo leram um trecho do livro do Abílio Diniz pra mim e nunca me esqueci, aliás, penso muito na idéia. Não me lembro textualmente das palavras, mas enfim, propunha que nós não devemos ser os passageiros de nossas vidas, mas sim o motorista. Achei a imagem perfeita, uma vez que às vezes me pego sendo o passageiro e sempre busco retornar para a direção o mais rápido possível. É isso que sinto quando percebo que algumas pessoas parecem preferir que as outras dirijam suas vidas e as usam como desculpas para suas infelicidades e frustrações; na verdade acho que estas pessoas não estão nem mais no banco do passageiro, mas já foram pro porta-malas.

Silvia está cansada de ouvir as mesmas lamentações, lamentações essas às vezes muito fáceis de serem resolvidas, basta se encarar o problema de frente ao invés de esperar que os outros resolvam por você. Pior ainda, quando se tem tudo na vida e preferem ficar no sofá com cara de mártir; bom só se for mártir da própria vida que escolheu.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

A Noite (que vem sempre depois do dia)

Terça-feira.
22 de fevereiro de 2008.
22:30 horas.
Centro de Belo Horizonte.
Ruas lotadas de jovens, vindo de faculdades, cursinhos e trabalhos.
Pontos de ônibus lotados.
Bares igualmente lotados.
Por uma série de razões, a noite belorizontina é jovem.
À noite, a rua me pareceu até mais cheia que o dia, nunca havia imaginado isto...
O lixo também é grande.
Depois de um dia inteiro de papéis e pontas de cigarro no chão, os garis (invisíveis para a maioria da população) limpam as ruas.
O que será que esta imensa massa jovem pensa da vida a esta hora do dia, voltando para casa?
Quais seus anseios, medos, desejos, problemas?
A minha massa cinzenta, neste momento, só pensa em um copo d’água e num lugar para sentar no ônibus.
Não é muito, mas, após um dia inteiro de trabalhos variados e aulas, é tudo.
20 km depois.
Zona norte.
23:30 horas.
Casa.
Água no copo.
Água no chuveiro.
Lanche.
0:00 horas.
Cama.
Sono zzzzzzzzzzz.
Amanhã começo de novo...

Marília, sempre respeitou muito quem trabalha o dia inteiro e depois encara uma sala de aula. Vive isso neste momento e sabe que vai suportar esta dura rotina, assim como estes muitos” jovens” que fazem isso diariamente e sobrevivem...

Ponto final

Após ver um anúncio na televisão, surgiu o assunto:

- Deve ser horrível um médico chegar pra você, determinando quanto tempo de vida ainda lhe falta.

- Talvez não... Sabendo que o fim está próximo, passaria a fazer tudo que tivesse vontade.

- Ah! Não mudaria meu comportamento por isso. Não estragaria minha vida assim.

- Não, não estou falando de fazer coisas absurdas, imorais ou ilegais. Mas se soubesse que iria morrer logo, não adiaria mais nada, não perderia tempo, aproveitaria intensamente cada minuto.

- Só que na verdade você pode morrer daqui a pouco. Amanhã. Daqui a um mês. Geralmente ninguém prevê isso.

- .....

- Isso é tão óbvio e já se fala tanto nisso.

- É verdade. Mas tem hora que nem me lembro, e vou deixando de fazer o que “quero” pra fazer o que “tenho”. Também adio prazos para “ganhar tempo”, mas pensando bem, isso só me faz perdê-lo e aproveitar menos do que poderia.

- Então, o que você mudaria?

- Dormiria menos e veria menos TV. Sairia mais. Passearia mais. Brincaria mais! Não deixaria de expressar meus bons sentimentos. Curtiria intensamente as pessoas que amo...


Aline... tentando descobrir todas as formas de encarar o presente como um presente! E não desperdiçar um minuto sequer....

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Um pouco de inocência

Adoro desenho animado! É claro que, hoje em dia, já não posso assisti-los como antigamente, nem conheço mais todos eles, mas continuo sendo fãzona.

A maioria dos desenhos do “meu tempo” (ai que horror!) já nem existe mais (Smurfs, snif!), e eventualmente eu descubro que eles estão passando de novo em alguma emissora ou que foram “remasterizados”, ou então que foi feita a versão com os filhos dos meus personagens preferidos. É claro que eu sempre acho a versão antiga melhor, mas, ainda me divirto muito com os desenhos de hoje, nas raras vezes em que eu consigo assisti-los.

Nunca gostei, no entanto, de desenho de lutinha e de monstro. Essa história perpétua de Power Isso ou Aquilo e de bichinhos japoneses com poderes, Coisamons, e muito tá tá tá pow acaba comigo. Quando criança eu achava um tédio, pois parecia que nada de concreto acontecia ali, além das simulações das lutinhas serem péssimas e nada convincentes (eu sei, eu já era estranha, fui uma criança adulta e hoje sou uma adulta criança). Sem ofensas, eu sei que tem um monte de gente que adorava e ainda adora, só não faz mesmo o meu tipo.

O que eu gosto mesmo é destes bem inocentes, mas que tem uma sacada, um humor inteligente quase subliminar. Eu gosto dos que tem história, dos que os personagens acabam tendo personalidade e traços psicológicos únicos. E tenho tido gratas surpresas ao ver que na nova geração de desenhos, ainda aparecem alguns “do meu estilo”. Nos últimos tempos O Estranho mundo de Bob era o meu preferido, até chegar o Bob Esponja (detalhe: não estranhem, eu não tenho TV a cabo, satélite ou pirlimpimpim e ainda sou feliz com isso, então, o meu conhecimento se restringe à TV aberta mesmo). Virei super fã. Cheguei a pensar em fazer meu aniversário de 30 anos com a decoração do Bob, igual à da festa de três anos que eu fui do sobrinho de uma amigona no ano passado (a piscina de bolinhas tinha que ser maior, é claro, e tinha que ter um Patrick enorme, pois eu o adoro!). Mas agora estou realmente em dúvida: conheci há pouco A Mansão Foster Para Amigos Imaginários e acho que ela desbancou o Bob, infelizmente. O desenho chega a ser emocionante: a senhora Foster resolveu acolher monstros imaginários (que são horríveis e muito fofos) cujos criadores (crianças como eu e você já fomos) já cresceram e esqueceram deles, ou por algum motivo não puderam mantê-los. Óooowwwnnnnnn. Adorei, é muito, muito lindo e se eu pudesse estaria em casa toda manhã para assistir, ou moraria eu mesma na mansão.

Estou em êxtase também com a enxurrada de longas metragens dos últimos anos. A cara do gato de botas do Shrek? Não tem preço! A esquecida Doli? Fantástica! O esquilo da era do gelo? Sensacional! Quando eu era criança esse “mercado” não era tão disseminado. Ainda bem que muitas das crianças da minha época cresceram, continuaram amando desenhos e resolveram viver disso, fazendo filmes para crianças grandes como eu (sim, porque a maioria destes filmes obviamente não é feita para crianças pequenas).

Meu consolo é que eu sou bem esquisita. Há um tempo alguém me disse eu seria daquelas que conta histórias inventadas para as crianças da minha vida. Pretendo mesmo, mas quero ainda interpretá-las com teatrinhos e à luz de velas, chamar os amiguinhos e me divertir muito com elas, antes que cresçam um pouco e digam “não dá bola pra doida da minha mãe, vó, tia, dinda”. Por enquanto pretendo continuar assistindo desenho pra ser uma doida pelo menos bem inspirada.


Gisele Lins descobriu que deveria ter nascido um amigo imaginário, mas caiu no corpo errado. Escreve aqui aos sábados.

Amizade é amizade… e ponto!!

Nos últimos dias duas amigas passaram por problemas e precisaram de colo, de carinho, de atenção e de um simples “estarei com você qualquer que seja sua decisão”.

A primeira delas é muito parecida comigo em alguns aspectos, gosta de se guiar pelo coração, deprime, surta, é batalhadora, meiga, inteligente, luta pelo que quer. Os defeitos eu não conheço muitos, mas um deles também temos em comum, mas não vou cita-lo aqui senão a amizade acaba. (hahahahaha). O fato é que essa amiga sempre morou muito longe de mim, apesar de ter tido um grande período que ela estava bem próxima, apenas alguns passos de distância. Mas a amizade começou mesmo quando havia um oceano nos separando, e ainda assim, foi crescendo de uma forma tão bonita que hoje nos consideramos amigas íntimas e de infância. Dividimos uma com a outra momentos alegres e difíceis das nossas vidas e mesmo com a distância somos muito, mas muito presentes uma na vida da outra.

A segunda não mora tão longe de mim, e apesar de estarmos sempre bem pertinho não somos amigas íntimas e de infância. Ela é uma pessoa doce, linda, meiga e brava, muito brava. (hahaha) Característica também parecida comigo. Nunca conversamos sobre coisas íntimas das nossas vidas, mas nos últimos dias, quando ela teve um problema bastante difícil, ela dividiu comigo. E eu fiquei muito feliz. Óbvio que não pelo problema, mas por ver que ela confiou em mim, que nem era tão próxima dela, para dividir um momento tão doloroso da vida dela. E além dessa surpresa, tive uma outra boa surpresa também... vi o quão forte e decidida ela é, características que eu não tenho em determinadas situações, semelhantes a que ela estava passando. Apesar dela ser muito doce e meiga, ela teve uma serenidade para passar pela situação que me surpreendeu, porque, eu (ou a primeira amiga que citei) surtaríamos completamente na mesma situação. (rsrsrs).

Mas o engraçado disso é que as duas precisaram basicamente das mesmas palavras, porém em contextos um pouco diferentes. As duas precisavam tomar uma decisão e as duas estavam com receio, medo, insegurança do que viria pela frente.

Uma delas me perguntou se eu ficaria do lado dela e daria colo mesmo que ela tomasse a decisão errada e depois sofresse com isso. E minha frase para as duas, em ocasiões diferentes, foi: “Você é uma pessoa muito especial e gosto muito de você, não importa a decisão que você tome, certa ou errada, consciente ou inconsciente, meu colo e meu carinho vão estar aqui, prontos para você.”

E esses dias me fizeram pensar muito no valor da amizade. E amizade para mim tem que ser assim, incondicional. É óbvio que eu dou minha opinião, aconselho, mostro o que eu acho que seria o melhor, mas não importa se a pessoa aceita ou não, se segue ou não. Para que serviriam os amigos se não pudessem ser encontrados também na hora dos tombos???

Bom, o final de tudo isso foi bom: as duas estão hoje felizes e eu também, não só por vê-las bem, mas também por ver nascer uma nova amizade com uma delas e por fortalecer ainda mais a outra.


Vivian é uma pessoa de poucos amigos, mas acha que eles são essenciais na vida, principalmente aqueles com quem podemos contar a qualquer hora, em qualquer situação, e temos a confiança que se tomarmos a decisão certa ou não eles estarão ali, para festejar com a gente ou nos dar colo.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Filhos quase meus

Um dia, em estado de choque, falei com minha mãe: “Mamãe, você nem tem idéia do que aconteceu! Liz tá grávida!”. Ela então disse “Era de se esperar, já que ela está casada faz o quê? Cinco, seis anos? Ela está com quase trinta, em algum momento ela e o marido iam decidir ser a hora...” Não me senti consolada, na verdade, rs. Falei com minha irmã: “Lê, Liz acaba de me mandar um mail dizendo que está grávida!”, e minha irmã, também sem entender meu desespero: “Que legal, manda parabéns meus, o que você respondeu pra ela?”. Respondi que estou chocada, oras! Aí ela me mandou tomar vergonha na cara, passar a mão no telefone e me desculpar por ser a pior amiga.

Conversando com Liz, não surpreendentemente, ela foi a única pessoa que entendeu minha reação. Conheci Liz quando tínhamos 18 anos (ela, recém completados, eu, às vésperas de atingir a maioridade), e não faltou festa pra gente em Viçosa. Passamos juntas por fases mais festeiras, mais caseiras, passávamos férias uma na casa da outra, ela é super bem vinda na minha casa, e com a família dela eu me sinto muito em casa. Quando ela foi embora, era como se um pedaço de mim fosse junto. Mesmo com ela casada, eu sentia que de alguma forma a gente continuava vivendo as mesmas coisas (embora com menos festa e mais tranquilidade), mesmo de longe. Então, ouvir da minha amiga que depois de planejar com cuidado ela estava grávida foi mesmo uma coisa que me deixou em estado de choque, me senti quase traída, abandonada sozinha no mundo das avulsas enquanto minhas amigas, a maioria namorando sério, casadas ou se preparando para casar, já pensavam em família e vida de gente grande. Mas devo admitir que quando a encontrei pouco tempo depois, a barriga ainda nem aparecia direito, eu já sentia como se lá dentro estivesse não a prova definitiva de que nossas vidas estavam completemente diferentes, mas a prova viva de que minha amiga, embora na época ninguém enxergasse (talvez nem ela mesma) tinha tomado o rumo que a levou pra uma vida muito feliz. Então vibrei com cada semana dessa gravidez, o coitado do marido dela era perturbado diariamente pelo msn, já que eu queria saber de tudo (que tamanho ela está? Que peso? Quantas semanas? Está correndo tudo bem?).

Outras amigas já tinham tido filhos, mas minha reação tinha sido mais natural, uma vez que a maioria delas já combinava mais com essa vida de gente grande, mas tenho que admitir que a gravidez de Liz, mesmo de longe, pra mim foi uma coisa muito especial. Comecei em estado de choque e terminei vibrando, ansiosa pra hora que eu ia descer no aeroporto de Trondheim e finalmente ver e pegar a mocinha no colo.

Aí um dia comentei com minha mãe que eu não vejo em mim nem sombra de instinto maternal, que não descarto a chance disso acontecer, mas que achava pouco provável que um dia fosse sentir isso. E minha mãe (como as mães entendem coisas que a gente nem exerga, né?) disse “Se você quiser ter certeza de que tem sim algum instinto maternal, é só pensar o que você faria se por algum motivo precisasse acabar de criar as filhas de Liz ou Vanessa...”

Nessa hora eu juro que, embora não queira ter filhos meus, eu por uma fração de segundo me enxerguei não só com Isabella ou Maria Fernanda no colo, mas lembrei dos momentos que peguei o Jan, filho da Mônica, brinquei com Arturs e Linards, filhos da Rita, e Tomass, filho da Kristine (minhas duas irmãs letas), e até outras crianças que eu não cito aqui, e cheguei à conclusão que posso até não querer ter filhos. Mas quando os filhos são de pessoas que eu amo, eles são sim um pouco meus também.

Sisa sabe que Isabella, Jan, Arturs, Linards e Tomass ela vai demorar pra rever, mas em breve estará conferindo o tanto que Maria Fernanda cresceu nesse ano que passou tão rápido. Pelo menos uma vez por dia se pega pensando se as cólicas da Isa melhoraram...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A ansiedade do resultado!

Há dias eu estava me sentindo meio estranha, sentia uma TPM bem aguçada e ao mesmo tempo algo estranho, mas tinha certeza que ia descer! Até que minha irmã me chamou a atenção e disse que quando estava grávida sentia o que eu estava sentindo. Será? Eu grávida? Que bom se fosse, pensei... Era domingo e resolvi que de segunda não passaria, eu ia tirar a dúvida, faria um exame de sangue pra saber se eu já podia ser chamada de mãe!

Acordei, aliás nem consegui dormir de tanta ansiedade, fui fazer o exame, a moça do laboratório me disse que ficaria pronto as 17:30h. Beleza, agora era só aguardar, como se isso fosse fácil pra mim! Fui almoçar tensa, mal consegui trabalhar à tarde, quando eram 15:00h liguei pra saber se já estava pronto e a moça me disse: mas a sra fez de manhã, tem que aguardar até o final da tarde.

Meu Deus! Parecia que daria 18:00h mas não dava 17:30, após tanta tensão, exatamente às 17:30 estava eu no laboratório pra buscar o exame...Aguardei mais um pouco e enfim, peguei!! Estava lá, aquele envelope que continha a informação mais importante da minha vida, algo que confirmaria ou não, toda uma modificação de vida e responsabilidade. Bom, não abri no meio da recepção do laboratório, não sabia qual seria minha reação, levei-o comigo de volta para o trabalho e abri bem quietinha numa sala reservada. Esperava um resultado do tipo positivo ou negativo, mas visualizei um número bem grande, equivalente a 7 semanas de gestação, senti que meu coração bateu bem mais forte e parecia que me faltava ar, não sei explicar a emoção que senti, logo depois também fui tomada por um torpor de medo, do tipo e agora? E ao mesmo tempo, meu coração respondia com tanta felicidade que acabei superando o medo inicial.

Imediatamente liguei para a médica para confirmar se eu realmente estava vendo o resultado certo, porque fiquei meio confusa com 7 semanas, na minha conta não fechava, foi quando ela falou que estava com meu exame nas mãos e que eu estava gravidíssima e que na realidade eu estava com aproximadamente 4 semanas e não 7 e que depois ela me explicaria o porque do exame mostrar mais semanas do que o real. Meu coração voltou a bater mais forte e eu estava até suando, acho que de felicidade! Agora, mal podia esperar a hora do meu marido vir me pegar no trabalho pra contar a novidade para ele. Quando entrei no carro, já fui contando, acredito que nunca vi meu marido tão feliz e tão orgulhoso de nós! Achei que ele começaria a chorar ali mesmo....

Passado o primeiro impacto, fomos pra casa e ligamos pra todo mundo da família pra contar, foi uma felicidade geral!

Débora esperou bastante pra ter um filho e agora que esse planejamento se tornou realidade ela não cabe em si, de tanta felicidade!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Casei!

Uma vez, uma amigona minha me disse o seguinte: “Casei? Sim, caguei!” em um diálogo com o seu pai... Vindo da pessoa que veio, só posso mesmo dar risada, pois ela é uma figurinha! E é claro que ela estava brincando quando disse isso! Mas eu realmente ouvir dizer de tudo sobre o casamento, na maioria das vezes coisas ruins.

Eu estou achando o máximo! É a coisa mais gostosa do mundo acordar do lado da pessoa que a gente ama! É gostoso compartilhar o espaço, dividir as tarefas, deitar no sofá (meio apertadinho) pra assistir um DVD juntinhos!

A celebração do casamento também é muito especial! Indescritível a emoção de ver tantas pessoas queridas que viram especialmente para te prestigiar, para dividir este momento com você! A celebração do nosso casamento foi muito emocionante. Convidamos nossos avós para entrarem com as alianças, e não teve uma pessoa que não deixasse escorrer algumas lágrimas nos olhos! Eu chorei demais! E também gaguejei na hora de falar aquelas coisas, dei gargalhada quando a aliança dele não entrava de jeito nenhum e segurei a mão dele quando ele disse: “Fá, vão bora, to passando mal!” e eu: “ Calma, amor, a cerimônia ainda não acabou!” Enfim, teve de tudo no nosso casório! Dançamos demais, matamos a saudade dos amigos sumidos e distantes! E uma coisa é verdade: passa tão rapidinho....

Algum tempo atrás eu acharia tudo isso que eu estou vivendo absolutamente desnecessário. Hoje eu penso que é legal sim seguir a “ordem natural” das coisas!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

20 Anos de Constituição

Em 2008, a Constituição da República Federativa do Brasil completa vinte anos. Entre emendas e emendas de revisão, a Carta Magna ainda não é de conhecimento de toda a população por vários motivos: preguiça, desinteresse, analfabetismo. Não discutirei nesse texto se esse aniversário (mais precisamente em 05/10) é motivo de alegria ou tristeza, quero, sim, apresentar meus pensamentos sobre alguns artigos e a divulgação da Lei Maior do Brasil.

O Direito à segurança é garantido a brasileiros e estrangeiros residentes no país no artigo 5º da Constituição. Bem sabemos que a garantia desse direito é um enorme desafio para as autoridades competentes.

No art. 205 podemos ver que o Estado se compromete a promover a educação juntamente com a família e com a colaboração da sociedade. A “sociedade” tem conhecimento dessa participação? Ela exerce essa participação com decência?

“A saúde é um direito de todos e dever do Estado...”. Este é o art. 196. O Estado consegue cumpri-lo? O imposto, recentemente extinguido, que era, teoricamente, destinado à aplicação na saúde foi, efetivamente, destinado a isso?

O acesso à Constituição é fato que me preocupa. Boa ou má, é nossa lei maior que deve ser de conhecimento de todos (mesmo porque, pelo que me lembro, não podemos alegar desconhecimento de lei após sua publicação oficial), inclusive dos analfabetos e matutos.

Há, em algum lugar do país, alguma iniciativa de divulgação da Constituição aos analfabetos, moradores de cidades minúsculas e afins? Falo de um projeto de leitura da Carta Magna àqueles que se interessarem pelo assunto. Seria isso utopia? Será que eu estou “viajando”?

Penso que todos têm o direito de saber quais leis existem a seu favor e contra a fim de poder exercê-las pelo menos em sua forma básica.

Acredito que muitas coisas tenham evoluído nesses 20 anos, mas proponho aqui que todos reflitam sobre os aspectos que ainda podem ser melhorados, mudados como a nossa participação (cidadãos). E não são poucos!


Angélica considera a Constituição uma colega. Com maior conhecimento da mesma, podem até ser amigas um dia. Tem fé que os cidadãos brasileiros podem e devem colaborar para fazer valer seus direitos e deveres e, até, alterá-los. Reza por um Poder Legislativo honesto que, ao criar leis, tenha sempre como objetivo o bem popular.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sonhos de Anastácia nº 02

Como era de se esperar esse hábito de Anastácia parecia não ter fim e, possivelmente, nem mesmo um começo; apenas acontecia, assim, sem mais nem por que. Sonhava de forma intermitente, às vezes acordada, noutras dormindo.

Na noite passada seus sonhos mais pareciam uma complexa colcha de retalhos, fragmentos relacionados, estórias distorcidas, pessoas que eram nem alma e nem carne, mas espectros que circulavam entre nós como entes queridos e bem-vindos.

Um desses quadros chamou a atenção de Anastácia, talvez por ter sido o que mais se fixou em sua mente, talvez por ter sido o mais longo, ou ainda, por nenhum motivo específico. Fato é que ficou se desenrolando no pensamento de Anastácia por todo o dia.

Havia sonhado com a casa de sua bisavó. A casa não pertencia mais à família, mas ainda existia e sua arquitetura havia sido conservada. Era realmente uma casa muito bonita e Anastácia passou bons momentos de sua infância lá. No entanto em seu sonho a casa havia se modificado drasticamente, o novo proprietário realizara modificações literalmente terríveis, não se sabe se com o intuito de melhorar ou de estragar o que simplesmente não precisava de nenhum reajuste. Anastácia transitava pela casa atônita. Caminhou até o quarto de sua bisavó e a encontrou lá no meio do quarto vazio chorando. Mas sonhos, como se sabe, sempre pregam suas peças; a bisavó de Anastácia não era a mesma pessoa. Bom na verdade era, mas a sua aparência era outra, estava jovem, mas muito triste, de uma maneira que Anastácia nunca havia conhecido.

Mesmo caminhando ao seu redor ela não percebeu a presença de Anastácia, era como se Anastácia não pudesse ser vista; e por mais que tentasse acalmar sua bisa, esta não a escutava e continuava a chorar copiosamente, pois sua casa estava sendo deformada.

É, Anastácia acordou triste e pensativa, sabia que a casa estava na realidade intacta, mas até quando? Ou ainda, até quando as pessoas conseguiriam admirar e recontar a sua história nas cidades? Até quando teríamos história pra contar? Será que à medida que perdemos nossas lembranças nós também rejuvenescemos? Não rejuvenescer da forma como apreciamos, mas no sentido de perder as memórias vividas, afinal a medida em que envelhecemos mais sabedoria adquirimos, sendo seu inverso completamente proporcional. Será que era isso então que sua bisavó estava sentindo, sua vida, bem como suas recordações sendo tiradas aos poucos e por isso estava cada vez mais jovem e triste, uma vez que não queria perder tudo o que já tinha passado?

Bom Anastácia não chegou a nenhuma conclusão que desse significado exato para os sentimentos e reflexões que essa visão tinha lhe trazido, mas continuou com a firme certeza de que é muito bom caminhar nas cidades que contam por si mesmas suas histórias, assim como conhecer pessoas que com suas marcas, cicatrizes e anos de idade também contam o que a vida já lhes ensinou.


Silvia gostaria que nossa história estivesse mais preservada, assim como a idade natural das coisas e das pessoas.



domingo, 17 de fevereiro de 2008

O que eu ainda vou fazer...

Existe algumas coisas que ainda não fiz e pretendo fazer nesta vida:
  1. Conhecer lugares bonitos e/ou importantes: Fernando de Noronha, Cuba, índia, África, litoral brasileiro
  2. Pular de pára-quedas
  3. Nadar igual gente grande
  4. Ser contemporânea de uma sociedade diferente
  5. Experimentar pratos típicos do Brasil afora
  6. Aprender a costurar
  7. Ver o sol nascer na minha casa de varanda, de preferência com a janela do banheiro com vista pro mar
  8. Cantar mais afinadamente, quem sabe até, tocar algumas músicas no violão
  9. Trabalhar menos / viajar mais
  10. Gostar menos de dormir
  11. Publicar um livro (ou vários)

Marília, quer saber o que você ainda não fez mas vai correr atrás para conseguir... Semana que vem apresenta aqui o que nunca vez e não pretende fazer de jeito nenhum!

Crescimento

“Conhece a ti mesmo”. Esse lema de Sócrates diz o principal para que possamos nos aprimorar. Muitas vezes ao invés de olhar pra nós mesmos, acabamos justificando os erros culpando os outros, ou a situação, quando na verdade, o protagonista e responsável pela cena somos nós mesmos.

Só nos conhecendo bem, nossos anseios, medos, falhas, é que podemos evoluir. E isso é difícil. Requer tempo, humildade, paciência. O bom é que no pacote está incluído tranqüilidade e uma boa convivência com os outros.

Pra quê nos cobrar algo impossível? Por quê apontar erros ao invés de tentar uma solução que esteja ao nosso alcance? Conhecendo bem o problema encontraremos a resposta.

Aline: Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Fiz trinta anos em 2006. Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Reaprendendo a Caminhar

Demorei anos para compreender e aceitar que sou responsável por minha felicidade. Já lia e ouvia sobre isso, mas não aceitava. Quase sempre me considerei uma pessoa feliz, e sempre soube que momentos de tristeza e decepção fazem parte da vida.

Entretanto, não sei se por me afastar de meus sonhos e objetivos iniciais, de uns tempos para cá reprimi meus pontos de vista, meus valores, minha personalidade, por vários motivos, entre eles para conviver social e profissionalmente. Assim, minha alegria, o mais me caracteriza, foi ficando escassa, e, por assumir muitas responsabilidades, como a maioria das pessoas adultas, acabei adquirindo muitos problemas. Os maiores problemas não foram criados por mim, mas não pude fugir deles quando chegaram.

Também, como a maioria das pessoas, resolvi muitos desses problemas e segui em frente. Outros ainda não resolvi, mas sei que se resolverão. E outros sei que não consigo resolver, e preciso conviver com eles. Mas o fato de ter aberto mão de parte de minha alegria para me “enquadrar” acabou me deixando desamparada.

Já consegui perceber que preciso recuperar minha alegria para me sentir feliz novamente. Também já percebi que só eu posso fazer isso, e que ninguém fará isso por mim. Depois de muitas decepções ocorridas ao longo do ano passado, resolvi que vou, mesmo que o preço seja alto, recuperar e reafirmar meus valores, minha auto-estima, minha alegria.

Contudo, como passei um bom tempo me anulando, também sei que há um longo caminho a percorrer para recuperar o que perdi porque acreditei que outro modo de vida me faria feliz.

Espero, daqui a algum tempo, escrever outro texto contando que voltei a ser aquela pessoa que tem orgulho de si mesma e de suas atitudes, sem se importar com difamações de pessoas invejosas e infelizes que um dia conseguiram abalar minha autoconfiança. Realmente, hoje quero que essas pessoas se roam de inveja ao me verem reerguida, e sei que isso vai acontecer. Sei que vai demorar, mas já comecei. Já reconheci o problema e quero solucioná-lo. Agora só falta o modo de fazê-lo, que vai levar tempo...


Tania levou uma rasteira muito grande, caiu e se machucou muito. Mas agora está reaprendendo a andar com as próprias pernas, e, mesmo com muita dor, sabe que a felicidade é andar, sozinha ou acompanhada, mas sem apoios.

As Senhoras Coisas Boas

Ultimamente não posso deixar de imaginar “Coisas Boas” como entidades. Assim, seres animados, com vontade própria e personalidade, que andam por aí, escolhendo suas vítimas, mais ou menos ao acaso. Às vezes tornamos as coisas bastante difíceis para elas. Tanto que para que elas nos atinjam precisam de uma força de vontade maior que a nossa tendência em fugir delas.
Quer ver?

Carnaval e o gatinho estranhamente fofo. Sabe assim quando a gente até desconfia? Carinhoso, atencioso, sorridente, gentil, alegre, bem disposto. Não que ele não seja tudo isso, é muito mais, mas costuma demonstrar uma ou duas coisas de cada vez. Assim quando aparece tudo no mesmo pacote o que é que a gente pensa? Hiiiii, aprontou alguma, ou está ciente de que vai aprontar e já tenta se redimir por antecedência.

Pensei com meus botões: hum, carnaval, amigos que não se vêem há tempos, praia, não tem nada pra fazer aqui... Vai encher a cara, só pode ser! Bingo! De fato encheu (o que ele sabe que eu detesto e me deixa fula até o último fio de cabelo). Porém, desta vez eu é que não estava a fim de esquentar a cabeça. Há, deixa o cara. O problema é dele se ele vai dormir o dia inteiro enquanto eu estou na praia, fazendo trilha, tomando banho de mar, pegando sol, batendo papo e curtindo. Ele anda vivendo pro trabalho, se estressando tanto quanto eu, e quase sempre sem tempo ou disposição para ir nem até a esquina tomar um chope! Cada um relaxa como quer, ainda mais assim bem de vez em quando.

Foi a deixa para a “Coisa Boa” que passava por ali. No dia seguinte, descobri o motivo de toda a “fofura”: fui pedida em casamento! E o que podia ter se transformado num “seu cachorro, toma um trago desses e depois me pede em casamento”, foi lindo, lindo mesmo!

E eu ando assim, meio pasma e chocada, meio sem saber o que fazer, com uma mistura de hiper contentamento, frio na barriga e idéias estrambólicas. Percebo que ele também está bem faceiro com a idéia e que já tinha muitas coisas semi-escolhidas na cabeça a respeito do evento, o que me surpreendeu mais ainda! A “fofura” era porque ele já tinha planejado fazer isso naquele lugar. E o tragoléu foi para criar coragem.

Óoooowwnnnnnn!

E assim são as coisas: enquanto ficamos presos nas nossas manias de prever o pior, de contar com o de sempre, de não acreditar nas surpresas da vida, nos estressando com todos estes pensamentos inúteis, as entidades “Coisas Boas” passam por nós à distância, quando na verdade estavam doidinhas pra nos atacar.


Gisele Lins escreve aqui aos sábados. Mais Pollyana do que nunca, anda dizendo “Eu, eu, eu! Aqui, ó!” para as Senhoras “Coisas Boas”. E recomenda.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A cura

Ela abriu os olhos e já quis fechar de novo. Tinha esperanças que tivesse sido um sonho ruim, mas não. Ela estava ali caída no chão, com feridas por toda parte. Durante um tempo tudo que fez foi tentar lembrar como tinha parado ali. Não lembrava se tinha pulado, caído, sido jogada. Ficava atormentada com isso, até que percebeu que isto não ia fazer a menor diferença naquela altura dos acontecimentos.

Foi aí que decidiu começar a cuidar das feridas, e aos poucos foi se ajeitando à medida que dava. Resolveu não ficar mais no chão, mas ainda não conseguia levantar. Decidiu pelo menos se sentar, olhar pra si mesma, ter noção do estrago. E assim, aos poucos ela foi se curando, se recuperando, deixando o tempo passar e as dores diminuírem.

Depois de um certo tempo ela já estava bem melhor, mas cultivava algumas daquelas feridas, quase como se elas fossem de estimação. Dizia que queria que elas melhorassem, mas no fundo queria que elas continuassem assim, abertas, doídas, pra ela lembrar que era perigoso estar de pé. Ela sempre poderia cair e nunca saberia o tamanho do estrago da próxima vez.

Mas um dia deu vontade de tentar de novo, e mais rápido do que ela podia imaginar que conseguiria, ela se viu de pé. A sensação dos pés no chão, ainda que um pouco desequilibrados, era tão boa que ela se perguntava como conseguiu adiar este momento. Ela ainda tinha medo de cair, então ainda não tinha coragem de sequer dar um passo. Ela ainda não se lembrava se tinha pulado, caído ou sido jogada, mas curtia o chão sob os pés, sonhando com a hora que voltaria a caminhar e tendo a certeza que um dia ela não só correria novamente, mas voaria atrás dos seus sonhos.

Sisa escreve aqui às sextas.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Saudades do inverno...

Não, eu não gosto de calor.
Não que calor não seja bom. É sim. Na praia, no clube, até numa cachoeira (coisa que eu não gosto de jeito nenhum), o calor se faz essencial.
O meu problema é o calor em horários/ lugares impróprios, como por exemplo, durante um dia inteiro de trabalho.
Ou durante uma viagem num carro sem ar condicionado (como o meu).
Ou durante uma noite em que nem o ventilador consegue dar conta de abaixar a temperatura em um mísero grau!

O pior é que o calor insiste em me perseguir.
Depois de passar 5 anos derretendo na Morada do Sol (Araraquara, para os íntimos), eis que me mudo para São José dos Campos. Cheguei em agosto e o frio era lindo demais. Só dava pra sair de manhã com cachecól, gorro e luvas!
Fala se não é o paraíso? Pois sim. E eis que em setembro o calor chegou de mansinho e foi ficando, ficando e piorando, até tornar a cidade insuportavelmente tropical!
Vivi nesse lugar por 2 longos anos (tá que a praia era pertinho e eu era muito feliz com essa proximidade) e novamente num mês de agosto, me mudei para Itapira.
Ah, a serra.
Ah, o circuito das águas.
Ah, o CALOR de agosto!
Maldito seja o efeito estufa, o buraco na camada de ozônio e toda essa coisa de aquecimento global que atrapalha nossas estações!

Até hoje, um ano e meio depois, ainda não descobri quando é que faz frio por aqui. Muito de vez enquando nós conseguimos ir bater o queixo no alto do Morro Pelado, em Águas de Lindóia, ou na rua do comércio em Serra Negra. Mas admito que não é a mesma coisa!Eu queria morar mesmo era num lugar frio de verdade. Não, não precisa ser no Alasca. Talvez a Patagônia já me apetecesse...


Milena acorda com calor, sai do banho com calor e não consegue dormir por causa do calor. Escreve aqui às quintas e não vê a hora do inverno bater em sua porta.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Filhos, por que tê-los? (Parte II)

Dissertei aqui, em um de meus primeiros posts, sobre minha opção de não ser mãe, pelo menos nessa encarnação. Após alguns meses, creio que minha opção, agora, é... mais clara do que antes: não quero ser mãe.

Como minhas companheiras blogueiras bem sabem e também os leitores assíduos, estou à espera do Gianecchini (que traz consigo “a felicidade garantida ou seus sonhos de volta”). Eis que descubro, em uma entrevista indicada pela Sisa, que este homem é perfeito pra mim. Ele não quer ter filhos. Ponto pra ele e mais um motivo para engordar a minha lista de razões para não pensar em filhos.

Mais uma razão séria é o meu recente e único (ainda) salto de pára-quedas. Foi a experiência máxima de liberdade. Muitas pessoas me disseram: salte mesmo enquanto você não tem filhos, depois você vai desistir disso. Desistir disso? Como assim!? Para não correr o risco de “amarelar” nos saltos é melhor não pensar em filhos. Sabe-se lá se mães se tornam seres loucos a ponto de desistir de saltar temendo deixar um filho órfão!

Ainda tem o fato de que mães sonham com o futuro dos filhos. Naturalíssimo! Eu nem preciso de filhos para sonhar com o futuro das crianças, das minhas crianças. Dos meus sobrinhos, claro. Dia desses peguei-me pensando que o nome de Beatriz, grande e bonito como é, ficaria perfeito com um Dr. na frente. E Gustavo, então! Melhor que seja Médico... Vejam vocês que pensamento típico de mãe! E mãe do século passado, que horror! Com esse pensamento materno-paleozóico em relação aos sobrinhos, quem precisa de filhos!?

Giane, não demora tá! Só vejo as crianças no Domingo, e acho que elas vão adorar você!


Angélica continua com a idéia de não ser mãe.
Prefere viver sua liberdade no pára-quedas, sonhar com um homem que não quer filhos e exercer toda sua pieguice como tia.



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Um Ciclo. Un Siglo.

A vida pode ser dividida em partes, existem alguns que preferem contar dias, outros anos e há ainda aqueles que se prendem as horas, mas todas essas frações fazem parte de um grande ciclo. Prefiro contar este meu ciclo em recordações, em épocas, em livros que me marcaram e em músicas que nunca mais saíram de mim.

Hoje, como em muitos outros dias me recordo de “Volver a los diecisiete” (Violeta Parra), quando a cantaram para mim eu tinha, obviamente, dezessete, conhecia a canção do disco do Milton “Geraes”, mas nunca tinha tentado compreendê-la realmente. Bom, com essa idade somos assim mesmo. No entanto, e mesmo assim, foi lindo ter ouvido na época.

Hoje, pontualmente em meu aniversário me recordo de muitas coisas, não quero voltar à minha adolescência, mas trago infindáveis bons momentos, e sabem, quando me lembro e ouço esta música, tenho a certeza de que meu ciclo ou siglo, se preferirem, têm sido muito bom e está só começando. Obrigada.

Agradeço aos meus amigos e meus inimigos, aqueles que me conhecem e também os que me desconhecem, aqueles que ainda estão por vir e aos que já foram também, obrigado por fazerem deste meu siglo quase uma música de Violeta Parra, mas com as devidas alterações, a minha.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

O amor é único

Queria fazer um texto de amor, mas, confesso, é muito difícil. Amar não é difícil, muito menos ser amada. Mas escrever sobre o amor, isso sim, é muito difícil. É complexo, não que o amor seja algo do tipo complexo-complicado, mas, acho mesmo que não consigo expressar em palavras este sentimento colossal... único...

Não é que por um encanto caiu nas minhas mãos um texto falando sobre isso? Acho que Artur de Távola fala bem melhor que eu... Segue...


"Aos que não casaram,

Aos que vão casar,

Aos que acabaram de casar,

Aos que pensam em se separar,

Aos que acabaram de se separar,

Aos que pensam em voltar...

Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudade, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O AMOR É ÚNICO, como qualquer sentido, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus. A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, A SEDUÇÃO tem que ser ininterrupta...

Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança, acabamos de sepultar uma relação que poderia SER ETERNA.

Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes, nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, RESPEITO.

Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência...Amor só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas.Tem que haver BOM HUMOR para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar. Amar só é pouco.

Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas para pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar.

Entre casais que se unem, visando à longevidade do matrimônio, tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo para cada um. Tem que haver confiança. Certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar "solamente", não basta.

Entre homens e mulheres que acham que O AMOR É SÓ POESIA, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande, mas não são dois. Tem que saber se aquele amor faz bem ou não, se não fizer bem, não é amor. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.

Um bom Amor aos que já tem!

Um bom encontro aos que procuram!

E felicidade a todos nós!"

ARTUR DA TÁVOLA

Marília, sempre acreditou que o amor sozinho não é suficiente... e corre atrás diariamente desse algo mais que falta...



Disciplina?

Estou a dois dias de voltar à ativa e repensando o que fiz nas minhas férias. Dentre descanso e diversão, algo fez bater o arrependimento: joguei mais de 30% do que demorei quase um ano pra ganhar no lixo.

Depois de ter tido dois filhos com intervalo pequeno acumulei uns dez quilos extras. No início do ano passado, quando parei de amamentar a mais nova, meu apetite voltou ao normal (diminuiu bem) e também voltei firme e forte às atividades físicas. No fim do ano a balança apontou oito quilos a menos, ou seja, estava na reta de chegada ao meu objetivo.

Mas por pura falta de disciplina “consegui” recuperar três desses quilos. Foram chocolates diários, alguns sorvetes e quase nada de atividade física. Vê se pode?! O trabalho de quase um ano (tudo bem que não foi grande esforço, porque adoro me movimentar) ser jogado fora em um mês!

Aiai....

Não vou me lamentar mais. Agora tenho que colocar a cabeça no lugar e voltar à vida normal: pedaladas ao trabalho, volta ao taekwondo e, principalmente, controlando bem a gula!

Aline... vai demorar um pouco mais pra voltar ao “original”.....

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Pé!

Uns dizem que é fígado, outros dizem que é ácido úrico. Uns dizem que é estresse, outros dizem que é cachaça. O fato é que de um tempo pra cá apareceram pequenas bolinhas vermelhas na lateral do meu pé que coçam. E eu coço… sou daquelas que adora tirar casquinha de machucado! Será micose ou frescura? Nunca tive micose e não me considero uma pessoa fresca.

Sou do signo de peixes. Uma vez li nesses horóscopos de revistas femininas que as piscianas tem uma coisa estranha com os pés, que sempre tem problemas com eles! Eu particularmente não gosto dos meus pés (nem das minhas mãos) e me sinto muito mais a vontade na água do que na terra! De pé, vivo tropeçando, caindo, trombando! Na água quase levito!


Mariana precisa de um check-up! Não é hipocondríaca, aliás foge de médicos! Mas precisa de um dermatologista, um dentista, um endocrinologista, um fonoaudiologista ou trocar tudo isso por um analista!

Movimento

Em um platô de pedras, na quina da praia já testemunha de outros momentos: a vida em movimento.

Fim de tarde, barulho de onda na pedra, luz do dia cansada, indo embora de mansinho.

Chinelos de dedos, canga, dois sentados no chão, uma cabeça no meu colo e um cafuné.

Silêncio. Tão mais delicioso quanto possível após dias realmente difíceis. Daqueles que chegam sem anúncio e que se tornam ainda mais esplêndidos quando levam embora o que houver na cabeça. Daquele que quando entre dois nem se faz perceber e traduz melhor do que qualquer outra coisa a cumplicidade.

- Quando é que tu vai casar comigo?

...

...

- Quê?

- Quando é que a gente vai casar?

- Sério?

- Sim.

Não foi um “quer”, foi um “quando” e não foi um “sim”, mas um “agora pode ser?”.

A vida em movimento, surpreendendo como sempre, a bisca, e fazendo tudo melhor do que somos capazes de imaginar.

Que assim seja sempre.


Gisele Lins: em Paz e Feliz (também com muitas novas coisas divertidas para pensar provavelmente até o fim do ano que vem). Escreve aqui aos sábados.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Alguém me ajude!

Acontece ocasionalmente conigo algo que tenho notado que não é exclusividade minha. A gente sai adubando a vida com tanta merda que faz, até a hora que se vê em um beco sem saída e, ao invés de sonhar em sair sozinha da situação com a mesma facilidade que entrou, sonha com alguém que apareça de pára quedas na frente do problema e o resolva pra gente, deixando a gente livre para continuar adubando sem nenhum trabalho extra.

Comecei a pensar nisto quando estava outro dia em um carro com mais três amigas e comentei que adoraria recebê-las no Brasil. Uma delas disse (ainda que meio rindo): “Vou arrumar um marido rico e aí vou”. Uma outra, mais experiente que ela, retrucou: “Quando você estiver estabelecida profissionalmente e tiver sua própria grana você vai”. Aí fiquei pensando, a amiga em questão está na faculdade, enquanto se mantém em um emprego mal remunerado e fora da sua área. Embora não seja fácil se recolocar, ela não distribui currículos e muito menos aproveita seus dias de folga (ela não trabalha todos os dias) para correr atrás. Espera que alguém a indique para um emprego melhor ou que apareça alguém bem de vida que se apaixone por ela e melhore sua situação.

Ela é a única? Infelizmente não. A gente faz isso, mesmo sem perceber, o tempo todo. Quando eu estava na faculdade, desafiei um professor, batendo de frente com ele e enfiando o dedo no seu nariz. Quando fui reprovada depois de uma avaliação injusta, sonhei que outro professor se comovesse com minha situação e cobrasse dele mais imparcialidade nas avaliações. Mas peraí, se eu tivesse estudado o suficiente para ficar bem acima da média, não teria como ser reprovada! Fiquei sonhando com solidariedade dos professores quando eu tinha me deixado vulnerável àquela situação estudando pouco. Quando repeti a matéria (sim, ninguém me socorreu, embora eu tenha ouvido da boca do coordenador do curso que eu tinha sido vítima de injustiça), meti a cara nos livros e passei, dependendo exclusivamente do meu esforço pessoal.

Ou a gente se sente assim mesmo quando a gente não faz merda, mas se vê em uma situação difícil. Por exemplo, a gente vê acabar um relacionamento e reza todos os dias para aparecer um príncipe encantado que nos faça esquecer aquela dor toda. Coloca na cabeça que um amor se cura com outro. Mas amor de verdade mesmo geralmente aparece só depois que você junta todos os cacos do seu coração e cola, pedacinho por pedacinho, normalmente sozinho.

E assim, nessas e em outras áreas, muitas vezes a gente deixa de tomar as rédeas da vida, sonhando com alguém que vai aparecer do nada para resolver nossos problemas. Não vou falar que nunca acontece, eu mesma já tive várias surpresas agradáveis dessas. O negócio é que enquanto a gente espera, prolonga a situação sem fazer nada, sendo que muitas vezes se a gente pegasse o boi pelo chifre ia ver que ele é muito mais manso do que parece.


Sisa ficou chocada com uma história que ouviu, mas que não virou exemplo do post.



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Trechos

Em todo livro que leio geralmente existe um trecho que me toca e me faz refletir mais do que sobre a história em si.
Às vezes é um parágrafo, às vezes é um capítulo...
Em "O caçador de pipas" foi uma frase.
Escrita quase no final do livro, tendo como pano de fundo o protagonista lembrando de seu pai. Transcrevo:

"... fiquei imaginando se era assim que brotava o perdão, não com as fanfarras da epifania, mas com a dor juntando as suas coisas, fazendo as trouxas e indo embora, sorrateira, no meio da noite."

Achei uma boa definição do momento em que percebemos que perdoamos, e serve perfeitamente para corroborar uma teoria tão antiga quanto a mágoa e o perdão: "O tempo é o melhor remédio."

Acredito mesmo que é assim que deva acontecer.
Um belo dia você acorda e a ferida está fechada. A dor se foi.
Sem despedidas, sem debates, sem justificativas.
Simplesmente foi embora.


Milena é uma mulher comum. Com dores e alegrias como tantas outras. Escreve aqui às quintas.



terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Querer e Precisar

Nós, adultos, temos informações suficientes para saber que certos comportamentos devem ser evitados. Mas nem sempre esta sabedoria é suficiente para evitar que esses comportamentos sejam adotados em algum momento.

Pois é......

Nesse passado 2007 comportei-me de forma reprovável (por mim mesma). Não há justificativa que me convença a não me arrepender. Sei o porquê aconteceu e sei também que poderia ter evitado. Fui fraca.

Já pedi perdão a mim mesma, por ignorar meu lado sensato, pedi perdão ao meu anjo da guarda por não ter cumprido com minha parte, afinal é preciso trabalhar em favor próprio e não só esperar a “proteção divina”. E também agradeci por ter percebido minha falha e me arrependido. E por querer, precisar, e saber como mudar.

O lado rico do fato é esse: a mudança. É gratificante perceber um erro, constatar que aquele comportamento não tem ligação alguma com os objetivos que tracei para minha vida e ler nos próprios olhos (no espelho): “Deus escreve certo por linhas tortas”. E como são tortas...

E agora é começar uma nova caminhada, mais serena, certa de mais coisas e situações que não quero em minha vida, e mais forte. Os erros fortalecem por mais que gerem arrependimentos.

Sei que não estou livre de outros erros, mas posso livrar-me de repetir os mesmos.

Angélica está sempre em busca do autoconhecimento para
melhorar sua relação consigo mesma e com os outros.
Usa os erros como fonte de melhoria e inspiração para acertar mais.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Amigos, saudades e Carnavais

Sempre me perguntei por que, em sua maioria, as pessoas se transformam no Carnaval, por vezes viram outras pessoas, quase irreconhecíveis, animais no cio, em busca de qualquer coisa que possa satisfazer sua libido. E as pessoas são realmente estranhas quando observadas mais de perto e no Carnaval então nem se fala. Tive um amigo que já há algum tempo eu não vejo mais, mas era uma pessoa formidável. Não passava por essa mutação carnavalesca, mas ao contrário, vivia sua vida em eterno Carnaval. Era uma daquelas pessoas que contagiava os lugares onde entrava, muito alegre e espalhafatoso, cantava sozinho em voz alta e, quando você nem esperava, percebia que estava a cantar também. Em fim, era uma pessoa que sabia o que queria e fosse festa ou não iria viver da maneira como acreditava, e viveu. Infelizmente sua vida terminou mais cedo do que imaginávamos, na verdade muitos de nós só tivemos notícias quando tudo já havia acabado, pois era uma pessoa de festas, mas não de tristezas e doenças, dividiu com poucos seu sofrimento. É, sempre me lembro dele no Carnaval, pois era exatamente isso o que dizíamos que “ele era um eterno Carnaval”, uma pena que esse Carnaval tenha tido um fim tão precoce, brutal, inconseqüente, incurável. Nós deixou saudades sua alegria de viver, deixou saudades estar com alguém que não precisa de festas, álcool ou desculpas para ser do jeito que se quer.

Silvia dedica este texto a todas as pessoas autênticas em sua própria existência, pessoas que continuam do jeito que são, que são do jeito que são, mesmo que seja festa ou não; e aproveita para fazer um pedido de responsabilidade pela vida, pela nossa, pela minha, pela sua.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

As aulas estão voltando...

Lembro com carinho dos meus tempos de infância na escola...

- Adorava comprar os cadernos novos e escolher o desenho que colocaria na primeira folha;

- Comprar os lápis, estojo, canetinhas, folhas e muitas outras coisas bacanas na papelaria

- Fazer a plaquinha com o nome, para deixar na mesa na primeira semana de aula, para facilitar a vida da professora, que tinha que decorar mais de 40 nomes;

- Gostava de comprar uniforme novo;

- Tinha medo do primeiro dia de aula só se fosse escola nova ou turma desconhecida, era tímida pra caramba, igual bicho do mato;

- Ficava ansiosa para pegar uma carteira num local bom de sentar, perto da janela, mais pro fundo da sala, e claro, ter minhas amigas e amigos por perto;

- Detestava a idéia de aula de natação... sempre fui uma gansa dentro da água e gordinha...

- Morria de medo das provas de matemática;

- Já na Universidade, o gosto da volta às aulas mudou um pouco: rever os bons amigos(as), que, havendo grana e férias de verdade (sem greve) iam para casa visitar a família. Que saudades de vcs...

- Não gosto muito de aula, acho que se aprende mais fora dela. Contraditoriamente a isso, quase nunca faltei de aula;

- Me emociono até hoje em formaturas e adoro os bailes (claro!)...

Marília, que nunca parou de estudar, fica triste quando sabe de criança que não tá estudando, por falta de estímulo ou possibilidade.

Consciência

Tenho um grande comprometimento com minha consciência. Ela está sempre atenta e o tempo todo regula meus atos. Diz o que devo ou não devo. E, invariavelmente, eu sigo o que ela manda. Aprendi há muito tempo atrás que este é o preço para noites tranqüilas: a paz só reina se minha consciência se mantém intocável em seu reinado.

Na verdade acho isso ótimo. Apesar de muitas vezes a tentação pelo atalho, ou por uma recompensa muito grande mesmo em situações em que outros sejam prejudicados, ser grande, nada se compara ao doce sabor de uma vitória seguida de árdua luta justa e nobre.

Acho que muitos, que a grande maioria, pensa assim também. Mas vejo que alguns, principalmente alguns que possuem qualquer poder em suas mãos, pensem e ajam diferente. Não vêem problema em atropelar quem esteja em seu caminho para o sucesso. Não percebem que o maior bem é a paz. Que esta é a base para a harmonia e justiça na sociedade.

Aline, sabe que seu maior bem é a paz e vale qualquer esforço para mantê-la

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Perdida e Fatal

Sexta-Feira, fim de tarde. O foguetório no morro anuncia a chegada da polícia para a operação rotineira de batida. As sombras se movimentam nos becos, provavelmente se posicionando para o caso de um confronto.

As pessoas voltam para casa, depois de um árduo dia de trabalho. Estão cansadas, e, mesmo sabendo do perigo de transitarem ali, naquele momento, muitas delas não correm mais à procura de abrigo, assustadas com o movimento. Elas se acostumaram. Toda a gente do morro tem medo, mas é preciso viver, trabalhar, sair, e o medo, principalmente sendo cotidiano, não pode impedir as ações dessas pessoas.

Após os fogos, há um momento de silêncio que anuncia a tragédia. Esse momento, temido até pelos que já se acostumaram, parece extremamente longo, como se cada movimento se passasse em câmera lenta. Na verdade, a duração do momento é curta, é quase um flash, mas todos sabem o que representa.

Ela saiu quente, em disparada, certa de que chegaria ao seu destino rapidamente e realizaria seu trabalho de forma eficiente. As pessoas que a viram sair, desviaram de seu caminho, temerosas de um encontro.

Todos na rua a conhecem, e temem seus atos. Ela ficou muito famosa há anos, e sempre aparece na televisão, nos jornais, e é sempre muito comentada. E se orgulha disso. Mas Ela é má, e destrói as pessoas com quem cruza na rua, mesmo aquelas que nem conhece.

Acontece que seu temperamento esquentado, apressado, mais uma vez a fez desviar de seu caminho, e ela cruzou com mais uma pessoa desconhecida. Ela não perdoou aquela pessoa ter passado na sua frente, atrapalhando seu trajeto, e acertou-lhe um golpe fatal. A pessoa, uma cidadã que passava pela rua na volta do trabalho, foi parar no hospital, e não resistiu ao ferimento causado por nossa anti-heroína. Morreu.

Logo à noite, os telejornais noticiam a morte de uma trabalhadora, mas mal disseram seu nome. Isso pouco importava à imprensa, pois já estava acostumada com as mortes provocadas por Ela. Entretanto, a notícia da morte foi curta, mas os comentários sobre Ela tomaram grande parte do noticiário noturno. Ela já havia se acostumado a isso, e chegou a aparecer em telenovelas, em obras da literatura e em filmes no cinema. Virou um fenômeno. E, senhoras e senhores, mesmo tendo seu destino incerto, desconhecido, ela tem nome e sobrenome: Bala Perdida.


Tania voltou a escrever sobre o tema porque o acha incômodo para se calar. Prefere ser repetitiva e falar, e falar sobre o assunto, para que menos balas se percam de seus alvos para atingirem pessoas inocentes.

Se não cansa!

Ôw!
Acorda!


Tira essa carranca da cara!
Meteu o pé na lama? Tira! Do mesmo jeito que ele foi parar lá, de lá ele sai.
Deu errado? Beleza, gastou teu azar, foi mesmo assim tão importante?

Tá sozinha? Tá nada! Olha aí do lado. Viu? Eles sempre estiveram aí, você é que estava olhando pra outro lugar.


Sai desse ranço, olha de outro jeito, muda o foco, você foi parar aí sozinha, por escolha e risco e não venha se lamentar dizendo que não. Escolhe outras coisas agora!

Alguém te machucou? Mentira! Você é que se machuca esperando dos outros o que eles não podem te oferecer. Pára com isso.

Não deu tempo? Dane-se, valoriza o que foi feito e não o que ficou para trás!
Ta gorda? É, tá sim, mas olha que cabelo-pele-peito-cotovelo lindo que você tem!
Sacode a poeira!

Tomou na cara? Doeu? Mas doeu muito? Olha o tanto de mais fácil que vai ser da próxima vez. Olha tantas outras coisas, pessoas, oportunidades, lugares, viagens, empregos, amigos, amores que estão aí, esperando para serem escolhidos e tão, tão belos apenas pelo risco de você se esborrachar de novo. Ou não, e daí?

Olha pra outro lado, vá fazer outras coisas, vá descobrir do que a nova você que acordou hoje gosta. Ou não gosta, é o risco!

Tudo bem, vê se não vira Pollyana vinte e quatro horas por dia, que você fica um saco, mas uma horinha pelo menos não faz mal (escolha aquela pior do dia, um segundo antes de explodir).

Muda!

Faz de novo, cria de novo, um novo sonho, um novo objetivo, uma nova você, uma nova vida.

Se não cansa!

E daí perde a graça.

Gisele Lins, cansada do ranço e da manha, se auto-convencendo-se a si mesma de muitas coisas, vê luz no fim do inferno astral. Escreve aqui aos sábados. Em breve lançando seu livro de auto-ajuda (hahaha).

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Ahhh o Carnaval...

Já que começa hoje o Carnaval, queria dar as dicas que eu e minha irmã sempre seguimos todos os carnavais e que ajudam que seja mais bacana pra todo mundo: 1) Nunca as duas bebem ao mesmo tempo. Sempre uma fica sã pra cuidar da outra. Revezamento de copo é a coisa mais prudente a se fazer num momento em que as pessoas normalmente estão embriagadas e um pouco mais sem juízo que o normal; 2) Ligar pra mãe todo dia, de preferência duas vezes por dia, só pra falar que está tudo ok. Você se diverte e a mãe fica tranquila. Um pouco de consideração não mata ninguém; 3) Nunca beber de copo de estranho.

Com essas dicas e mais as que cada um achar que deve, o carnaval fica bem mais divertido, proporcionando à sua biografia pérolas como:

Ele: Vem cá minha linda! (agarrando minha irmã pelo braço)
Irmã: Me solta! (e sai andando)
Ele: Vem cá minha linda, me mostra que sua mãe te educou melhor que a mãe da sua amiga! (me agarrando pelo braço)
Eu: A mãe é a mesma. Me solta!

Depois de uma conversa super divertida sobre as piadinhas de resposta pra cantada barata, presenciei essas duas:

Ele (bêbado inconveniente): Nossa, você é linda! Você é modelo?
Minha prima: Sou.
Ele: (...)
O mesmo infeliz:
Ele: Me dá seu telefone? (Ahn? Como assim pedir telefone no carnaval?)
Minha prima: Tá na lista telefônica.
Ele: Mas nem sei seu nome...
Minha prima: Tá na lista também.
Ele: (...) (sai de fininho)

Ele: Oi linda, o quê você faz da vida?
Minha outra prima: Vendo Yakult.
Ele: (...)
Ele de novo: Ahhh. Aqui, vou lá buscar uma cerveja. Já volto!

Em outro momento, um cara da minha idade chega na minha priminha de, na época, 18 aninhos:
Ele: Nossa, você é linda demais!
Eu, indignada: Meu filho, você não tem noção não? Quando essa menina nasceu você já pulava Pogobol!
Ele: Hahaha é mesmo, Pogobol! Pulava mesmo! Você teve Pogobol? O meu era o roxo e verde, e o seu?
Eu, rindo: O meu era amarelo e laranja...
Ele, rindo: Foi mal aí hein? Ela tá meio novinha mesmo... tchau hein? Até mais!

De uma outra vez conhecemos na sexta uma turma de rapazes gatinhos e muito divertidos. Todos eles chegaram em mim e na minha amiga, menos o que me interessou. Na terça feira, finalmente:
Ele: Humm que bom te encontrar aqui sem o caras por perto.
Eu (mais soltinha que arroz Paranaíba): Pois é, e aí, tá gost...
Meu cunhado meio bêbado, com a camisa do Flamengo: Pra que time você torce, camarada? (meu cunhado parece um guarda roupa de 6 portas, de tão grande)
Ele: Vasco.
Meu cunhado, aos berros (bêbado é dureza): Some daqui agora, seu vascaíno filho da p***!!!!
Eu: Não liga pro meu cunhado não, ele é brincalhão assim mesmo...
Ele: Ahh é?
Meu cunhado, aos berros: Não ouviu não, seu vascaíno filho da p***????
Ele: Aqui, vou lá. Seu cunhado tá meio alterado e é meio grande. A gente se esbarra.
Meu cunhado: Você ia mesmo beijar um vascaíno?
Eu: (...)

Agora, pra finalizar, o cara do troféu Mala de Ouro de todos os carnavais da minha vida. O amigo gatinho dele chega na minha amiga, e ele, o feio e estranho, em mim, claro.
Ele: Oi.
Eu: Oi.
Ele: Eu faço Física.
Eu: Ahn? (eu atraio essa raça!)
Ele: É, Física, tipo Einstein.
Eu: Ahnnnn... sei... tipo Einstein.
Ele: É que eu adoro quântica.
Eu: Ahnnn sei.
Ele: Quântica é a coisa mais interessante do mundo, você não tem noção. Quântica e Relatividade.
Eu: Ah, eu tenho noção.
Ele: Não tem não. Quântica é interessante demais.
Eu: Assim, curiosidade boba, em que semestre você está?
Ele: Ahh passei no vestibular agora. Minha aula começa daqui a duas semanas.
Eu: Vou te dar uma dica, fica assim uns dois anos preocupando com Física Clássica, daqui a dois anos você pensa se gosta de Física Moderna mesmo.
Ele: Ahh e baseada em quê você acha que pode me dar essa dica? Por acaso você é Física? Haha.
Eu: Por acaso sou. Faço mestrado. E todos os caras que entraram comigo amando quântica desistiram do curso no ciclo básico. E dos que entraram com o pé no chão, formamos quatro.
Ele: Fulano, vamos embora que essa menina aqui é chata.


Sisa vai passar carnaval longe da farra, mesmo sendo a festa que ela mais gosta. Esse post é dedicado a Lê, Tio Joaca, Tio Jarbas e Tio Rubinho, os melhores companheiros de carnaval de todos os tempos e carnavais.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...