sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Novas Coisas Velhas da Vida

Acho que todo mundo na nossa faixa etária tem um lado saudosista. Hoje olhamos pra traz e suspiramos lembrando de como era legal a vida há pouco mais de vinte anos atras (sem contas a pagar, metas a cumprir…). Mas na época o que mais queríamos era ser mais velhas. Recentemente uma série de coisas aconteceram na minha vida que se nao fossem as contas a pagar e a longas horas de trabalho parecia que estava há uns 10 anos atrás. Engraçado acordar em plena terça e tomar café da manhã com meu irmão (nem lembro a quantos anos isso aconteceu pela última vez). Mais engraçado ainda foi uns velhos amigos tocarem interfone lá em casa chamando pra assistir o ensaio da banda deles. Pensei com meus botões: mas a banda num acabou em noventa em cinco? E porque não me ligaram antes pra saber se eu estava em casa antes de tocar o interfone? Achei tudo tão estranho que nem fui ao ensaio temendo ser um tremendo delírio meu.

Sempre fui muito ligada a música. Minhas fases de vida quase sempre tem uma trilha sonora própria, marcante. Sempre gostei muito de show e frequento todos que posso! Fim-de-semana passado vários velhos amigos me ligaram contando que a banda que foi a trilha sonora mais divertida da minha adolecência vai tocar no Brasil… e na minha cidade! Sempre quis ver show deles mas a dez, doze anos atrás. Mas como deixar de ir se todos os velhos amigos que não se encontram há tempos estão combinando todos de ir juntos como nos velhos tempos? Lá vou eu…

E pra piorar tudo anteontem um amigo me liga convidando pra ser DJ por uma noite. Sempre quis brincar disso, na adolecência! Disse que ia pensar, pois achava que não tinha mais idade pra isso…

Ou desligo o celular e arranjo alguém pra dormir de conchinha ou me rendo as novas coisas velhas que a vida está me oferecendo!

 

Mariana escreve aqui esporadicamente. Anda sumida porque estava perdida em algum lugar do passado…

 

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Contemplar

Mudanças... 
Travessias...

As coisas são diferentes agora. 
Eu sou diferente agora.

Ultimamente fiz coisas que nem sonhava ter coragem, apesar de ter vontade.
Fiz coisas que nunca tive vontade, só por fazer.
Algumas boas, algumas sensacionais, outras dispensáveis... Fiz.

Sou mais forte. Mais mulher. Mais segura. Mais escorpiana.
Sou mais Milena.

Um dia eu soube todos os meus limites, soube até onde ia meu horizonte.
Hoje não sei mais. E a vida ganha outro sentido.
Hoje sei de todos os meus sonhos. E só.

Tenho poucos, porém grandes amigos. Sempre os terei.
Mesmo os que não vejo com frequencia me completam e me engrandecem.

Tenho minha família. Minha mãe.

E tenho sede de vida.
Todo dia, toda hora, todo segundo... 

Milena está contemplativa. Escreve aqui às quintas.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ô casinha geniosa

Um apartamento é apenas um local onde se mora. Local. Ser inanimado, inerte, aderido à casca de personalidade que resolvemos impor a ele pelas cores da decoração, uma cortina aqui e ali, ou um espaço bem clean e pronto. Geralmente os problemas são relativos ao condomínio, um ser completamente externo ao nosso espaço, do qual podemos fazer parte ativamente ou simplesmente ignorar e acatar algumas regras, dependendo da nossa vontade maior ou menor de ter nossas escolhas respeitadas ou da sorte de viver próximo a quem costuma fazer boas escolhas. Falando assim parece que o apê é um saco e se imagina um gordão mau-humorado que mora em frente à televisão, se alimentando de tudo que alguém pode trazer até a porta. Não é. Eu vejo um apê como um espaço bem restrito, pois mesmo que seja grande ele é ideologicamente restrito, onde se tem muita liberdade (olha só que dicotomia).


Uma casa é um ser vivo, por vezes esquisito. Ela estuda a personalidade dos “outros” membros da família e fica tirando a maior onda com eles. Sabe quem tem medo de ficar sozinho e justo quando a criatura está só, dá um jeito de se contorcer e fazer barulhos que antes não estavam lá. É geniosa. Resolve engolir, de birra, o fio da antena de TV que precisa atravessar a parede do telhado acima de segundo andar e acabou-se. Influencia mentalmente a faxineira até convencê-la a convencer o morador de que o piso não tem mais sinteco e que precisa de cera. Você cede e ganha uma pista de esqui sem neve particular, mas a casa certamente se diverte bastante. Pra se vingar, você se diverte com a casa, que tem tanta prisão de ventre quanto você, e ameaça ignorar o limpa fossa, e até o diabo verde, se a casa não se comportar.


Uma casa sente falta de quem nela vive e vai arrumando companhia para as horas vagas. Ela ensina formigas assassinas a escalar coisas impossíveis (sorte é que as formigas são burras e com freqüência se afogam no liquidificador que ficou de molho ou se empanturram de goiaba e não conseguem descer da fruteira). Uma casa abriga seres no forro e cospe casquinhas de ovos vazias na garagem de manhã cedo, pra nos mostrar que ela não está só, fazendo descaso pela nossa saída. Ela abriga mecanismos invisíveis aos apartamentos, e barulhentos. A caixa d’água, por exemplo, que se diverte fazendo barulhos do além pra cada torneira que se abre e fecha.


A casa ainda é carente à beça. Faz questão de ficar invertendo de lugar torneiras frias e quentes, perder pinos de janelas, afrouxar pára-peitos, fincar no jardim, de um dia para o outro, plantas de vários metros que ficam se debruçando na calçada e atrapalhando o trânsito. Além disso, ela queima lâmpadas que é uma beleza, gira antenas só por birra, causa mal-contato em todas as tomadas e vive inventando moda para nos ter lá dentro e prestarmos atenção nela.


Ela ainda vem com um certo poder de telepatia, que nos faz ficar pensando em sua segurança quando viajamos, na roupa que certamente esquecemos no varal, na janela que ficou aberta, e se ela estará bem agora.


Acho que comecei a entender a diferença entre morar em uma casa ou em um apartamento. E o porque os adeptos de uma das opções costumam não se adaptar com facilidade à outra.


Gisele Lins escreve aqui às quartas. Sempre amou a liberdade de um apartamento, mas confessa que ficou enciumada quando descobriu definitivamente anistiados no forro de sua casa a Mary e o Taca, um casal de maritacas, novas estimações da família. Parece que o gênio difícil da casa está muito conquistando o gênio difícil da Gisele.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Meus Versos – “Silêncio”

Falar o quê?
Olha-me profundo.
Aqui está tudo,
Todo amor,
Desamor. Tudo!

Palavra limita, mascara,
Indefine.
Olha-me profundo.
Ouve meu silêncio.
Ele é tudo.
Todas as respostas.

Falo tanto quando calo.
De mim, de ti, do céu.
Devaneios, fantasias.
Sorrio, calada.

Cala-te!
Descansa,
Pensa.
Cerra os olhos,
Sente.
O cheiro, a chuva,
A relva, o vento, o frio bom.

Junta-te ao silêncio.
Abusa dele e volta.
Em paz, com paz
Epidêmica.
Olha-me profundo,
Sem mais poréns.


Angel praticando o silêncio mais do que nunca. E compartilhando o silêncio.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Por que não?

Por que não damos aquele telefonema,
Não enviamos aquela carta,
Não nos declaramos abertamente,
Ou ainda, por que não dizêmos o quanto gostamos de alguém?

Fazemos tantos planos,
São tantos sonhos,
Tantas idéias que poderiam se realizadas facilmente.
E não fazemos.

O quê nos impede?
De que temos medo?
Do outro? Das reações?
Ou seria medo de receber um não como reposta?

E então nos recolhemos em nosso mundinho.
No nosso quarto,
Nos nossos livros.
E não percebemos que nós mesmos nos dizêmos o tão temido “não”.

Silvia sempre gostou de dizer e sentir que não tem medo de nada, que prefere ouvir uma verdade mesmo que doída, a acreditar numa ilusão que a fará feliz apenas por alguns segundos. E mesmo assim, às vezes não consegue ir em frente, algo a freia, pára, e fica tudo meio sem graça, sem reação, sem sentido. Talvez sejam momentos para se pensar melhor os planos, pois nem sempre o que parece uma idéia boa, resultará em algo bom. É, às vezes o melhor é acatar a dúvida e deixar que o tempo se mostre

sábado, 25 de outubro de 2008

Endorfinas

Segunda a Wikipédia, endorfina é um neurotransmissor os efeitos principais são melhora na memória, no humor, na resistência e disposição física e mental, além de feitos antienvelhecimento e no alívio de dores.

Muitos estudos indicam que a realização de exercícios físicos auxilia na liberação de endorfinas. Então, seguindo uma linha de raciocínio muito simples: Endorfinas são o máximo. Exercício físico libera endorfina. Por que as pessoas não fazem mais exercícios físicos? Por que mais pessoas não fazem exercícios? Não se animem tanto, ainda não descobri a resposta. Mas estou no caminho certo.

No início do ano passado,com muitos quilos acima do peso e muitos anos de vida sedentária fazendo o seu devido efeito, resolvi tentar freqüentar uma academia. Tentar porque a idéia daquele ambiente com música alta, gente sarada, cheiro de suor e exibição de tríceps e bundas duras não ma atraía nem um pouco.

Comecei fazendo RPM, o que julguei não tão chato, nem tão difícil e por ter horários fixos diminuía a chance de eu não ir. No começo, quase morri suando de tanto pedalar e enquanto ofegava e tentava me manter consciente, tinha um pensamento contínuo: o que é que eu estou fazendo aqui? Mas eu tinha muito forte a idéia de melhorar minha saúde e fui mantendo a rotina.
Aos poucos foi ficando menos custoso ir à academia. Meu mau humor ao arrumar a mochila foi diminuindo e agora isso é quase um hábito. Fiz outras aulas, troquei de professores, conheci inúmeros colegas que não fazem exibição, nem cheiram tanto assim a suor (ao menos não mais que eu).

E o resultado: qual não foi meu espanto ao perceber durante as férias de verão que eu estava com saudades da academia?! Hoje faço Jump e musculação e gosto das duas atividades.

Ainda não sei se foram as mudanças que ocorreram no meu corpo e na minha visão deste mundo do exercício físico ou se realmente foram elas, as endorfinas, mas hoje posso dizer que academia faz muito bem, é muito prazeroso e recomendo para todo mundo.

Renata anda cheia de endorfinas e achado tudo isso muito bom, embora sem ter percebido grande melhora na memória...! E você?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ensaio Sobre a Cegueira

E é Saramago pra lá, Saramago pra cá. E todo mundo leu, todo mundo viu. Nooooooooossa!!! Você NÃO LEU o último livro do Saramago?!! Não, eu não li Memórias de Minhas Putas Tristes. Li O Homem Duplicado, mas não tinha lido O Ensaio Sobre a Cegueira quando saí de casa pra assistir ao filme. Sinceramente? Não fazia idéia do que se tratava. Só sabia que era a adaptação do livro do Saramago. E que o Fernando Meirelles ficou em cólicas enquanto o filme era exibido para o próprio pela primeira vez, como ele mesmo declarou à Playboy. E que o Saramago, em lágrimas, declarou que a adaptação havia ficado sublime. Sim, acho que a palavra que ele usou foi “sublime” mesmo.

Antes de ir ao cinema, pensei seriamente em fazer como sempre fiz: ir a uma livraria, comprar o livro, ler e depois, aí sim, ir ao cinema. Mas não consegui. Joguei a culpa no trabalho, na falta de tempo, e aproveitei um momento futebolístico do Bola (sem trocadilho) pra fazer um programa entre amigas e assistir ao filme com Sílvia. Tinha tempos que a gente não saía assim, do nada, sem planejar, pra fazer fofoca e tomar um chopinho. Apesar de que esta meleca de lei anda vetando até um chope inocente. Enfim, tomei o chope, azar da lei, e entramos na sala do cinema.

Meninas, o filme é muito, muito bom! Mas é um soco no estômago. Fiquei assistindo ao filme e pensando em como o livro devia ser pesado, daqueles que os olhos grudam nas páginas e a gente não consegue parar enquanto não acaba a contra capa do livro. Aí a gente fica com o livro na mão, meio órfão e lastimando ter acabado e recomeça a leitura, porque há livros que a gente lê a vida toda. E a cada leitura, fazemos uma interpretação nova, conseguimos ver situações idênticas sob ângulos diferentes, não porque estejamos lendo uma nova edição, mas porque a alma que lê já é outra. Fui assistindo ao filme, usando aquela capacidade bem feminina de pensar, sentir e fazer mil coisas simultaneamente, e tentando lembrar qual seria a livraria mais próxima pra comprar o livro.

Devaneios à parte, como o ser humano não vale nada, não é? Aquela sujeira, aquela imundície, tantos trapos!! Todo mundo na mesma miséria, na mesma escuridão, e mesmo assim, alguns querendo – e tirando – proveito dos outros, iguais. Alguns se sacrificando ao extremo – as mulheres, sempre as mulheres – literalmente por um prato de comida. Outros, mais fortes, vendo o circo pegar fogo, e se eximindo de qualquer responsabilidade, preocupando-se somente em manter segregados os que julgaram piores, sob pretexto de manter sua própria integridade física e mental.

Pelo amor de Deus! Que capacidade tem o ser humano de não valer nada!! Quero dizer, tem a capacidade de ser inescrupuloso, vergonhosamente inescrupuloso, esquecendo-se que todo mundo vai virar a mesma coisa, vai virar um nada. Nadica de nada!!! Como o ser humano tem a capacidade de se aproveitar do momento de miséria alheia! Pensem aí: alguma de vocês já viu algum bicho se aproveitando do momento de dificuldade do outro? Deliberadamente se aproveitando do momento de fragilidade do outro? EU NÃO!! Nunca vi um cachorro aproveitando que o outro está sem poder andar pra tomar a comida dele só pra ter mais comida guardada!! Nunca vi um cachorro bater no outro só porque ele está machucado. Ou se aproveitar que o outro está machucado pra tomar a casa e o agasalho dele. Não. Estas coisas medonhas, que dão vergonha de fazer parte da mesma espécie, só gente é que faz!!

Aí fico me perguntando o que é que anda acontecendo pelo mundo afora. Porque neste exato momento em que estou sentadinha no conforto do meu sofá, escrevendo e vendo TV ao mesmo tempo, tentando engolir minha vontade de abrir uma lata de leite condensado e comer inteirinha, existem várias pessoas se aproveitando umas das outras por aí, espalhando medo, raiva e revolta, enriquecendo e provocando miséria e sofrimento só pelo prazer do exercício do poder. Será que tem alguém vendo isto tudo acontecer? Ou será que a gente vê, mas finge que não vê? Pior. A gente vê, não finge que não vê, fala, fala, fala, mas se exime de qualquer responsabilidade.

É a gente não vale nada mesmo...

Laeticia adorou o filme, precisa ler o livro, assistir ao filme de novo pelo menos mais umas quinze vezes, ler o livro inúmeras outras e começar uma terapia logo em seguida. Porque a realidade é crua demais pra quem enxerga conseguir suportar sua visão sem enlouquecer.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Lei de Murphy

Sempre fui um pouco pessimista, o copo pra mim esta sim meio vazio e não meio cheio. Na verdade acho legal ser otimista, aquela pessoa que sempre acha que tudo vai dar certo, ando tentando me ajustar um pouco neste modus. Mas vamos ser sinceros, os pessimistas existem por uma só razão, e a razão é que as coisas dão errado, e as vezes dão muito errado. Foi por esse motivo que criaram até uma ‘lei’ pra explicar esses acontecimentos, a tal da ‘Lei de Murphy’, que diz que ‘se uma coisa pode dar errado com certeza dará’. Se a sua torrada resolve cair no chão, pode ter certeza que ela vai cair com manteiga virada pra baixo, e se isso não bastasse, ainda vai cair no chão justamente no dia que você não passou o aspirador de pó. Acha que acabou? Não? Na tentativa de salvar a torrada, você ainda vai derrubar o copo de suco em cima da mesa, que vai escorrer até cair na sua calca branca e... olha só quem diria, justamente hoje você resolveu tomar suco de uva!

Toda inspiração pra escrever esse texto veio depois de dois acontecimentos da ultima semana.

Era uma quarta feira, e eu tinha realmente muita coisa pra fazer no trabalho, mas uma gripe brava tinha me pegado, e eu estava um caco, precisava mesmo de deitar. Resolvi ir embora, avisei meu chefe, e fui pra casa. No caminho eu só imaginava a minha cama quentinha, meu cobertor, uma coisa pra comer e a TV. Finalmente cheguei em casa, estava no portão e percebi que chave de casa não estava no bolso da minha jaqueta como de costume. Vasculhei a bolsa toda, todos os meus bolsos e nada! Puta que pariu é possível uma coisa dessas? Eu esquecer a chave de casa logo hoje que estou doente? Pensei então que tudo poderia se resolver facilmente, minha sogra é também minha vizinha e ela tem uma cópia da nossa chave. Bati então no interfone e NADA, nem um pio. Pensei que ela não tinha escutado e resolvi ligar para ela. Para minha surpresa minha sogra que SEMPRE está em casa naquele horário, hoje tinha saído com uma amiga. Minha ultima opção era ligar para o marido e ir buscar a chave dele. Na situação em que eu estava, era a melhor e na verdade única opção. Fui então buscar a chave, olha só tudo tinha dado certo, ele atendeu o telefone rápido, me esperou na porta da faculdade, peguei a chave e OBA entrei em casa. Agora finalmente podia deitar na minha cama quentinha. Fui para a cozinha procurar uma coisa pra comer, mas a geladeira estava vazia, coloquei o pijama, deitei na cama, procurei a melhor posição e liguei a TV e... heim? Tava fora da tomada. Ah não, tive que levantar da cama, sair da minha coberta e conectar o cabo. Pronto, agora esta tudo certo e... shiiiiiii, (???). A TV estava fora do ar, coisa raríssima de acontecer, tive que levantar de novo da cama, pra verificar se o fio da antena estava conectado e sim ele estava, voltei pra cama desisti da TV, da comida, BASTA, fui descansar dormir.

Pouco tempo depois toca o interfone, eu deitada na minha cama quentinha com o meu pijama, estava tão bom... Mas tenho que abrir a porta, pois com certeza o pedreiro que estava fazendo uma obra no quintal se trancou do lado de fora. Puta que pariu, não tem ninguém no prédio, vou ter que levantar pra salvar o cara. Para minha surpresa era alguém falando inglês, não tinha entendido quase nada, pois a pessoa tinha um sotaque daqueles, só entendi meu nome. Então me lembrei das minhas queridas amigas ‘testemunhas de Jeová’, acreditem aqui na Noruega também tem disso. E nós latinos somos perseguidos, usam a lista telefônica pra descobrir onde moramos e enchem o saco com freqüência. Resolvi falar que ‘Liz’ não estava em casa. Perguntaram então pelo meu marido. Era só que o faltava. Falei que não. Mas a pessoa tava insistindo muito. Então resolvi ser grossa: - Menina, qual é o assunto?

Ai ai ai, minha gente, o assunto? Sim, a ‘menina’ que estava me enchendo o saco, não era uma das testemunhas de Jeová e sim a mãe da minha vizinha. Eu então desci as escadas correndo para encontrá-la, minha cara no chão. Afinal eu lá bem dizendo que ‘eu’ não era ‘eu’ e de repente ‘eu’ era ‘eu’ sim! Pedi mil desculpas, expliquei que sou perseguida pelas meninas da igreja, mas não sei não. Não foi bonito. Fiquei lá despistando, morrendo de vergonha. Quando de repente, não mais que de repente, ela tira um presente da bolsa e me dá, fala que era pra Isabella. Preciso falar mais alguma coisa? Não né? Pois é, e o pior de tudo é que quando subi e abri o presente era uma pulseira de ouro...Precisei de algumas horas pra me recompor do mico.

Só pra concluir, uns dias depois desse episódio, eu discuti com um ciclista no trânsito. Mandei tomar no c*, chamei de lesma, mandei sair do meio da rua. Ele me deu o dedo, aquela coisa clássica. Então mais tarde, quando chego à festa da creche da minha filha, quem estava lá? Sim, vocês acertaram em cheio, claro, óbvio que era o mesmo ciclista que eu tinha mandando tomar no c* algumas horas atrás. Fiquei fingindo de égua, ele também, no final deu tudo certo. Tudo pela paz da criançada!


Liz acredita que tem certos dias que realmente o copo ta meio vazio e pronto! Anda tentando ser positiva, mas depois desse baque vai tirar duas semanas de férias do positivismo. Volta logo logo com o um novo texto explicando o que aprendeu com a Lei de Murphy. Aguardem!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ponto de Equilíbrio

Será que o tão falado amadurecimento existe? Quer dizer, há um momento em que podemos afirmar: “eu sou maduro.”?

 

Sempre exigi muito de mim mesma, me questiono, me culpo e quero melhorar os pontos que julgo em desequilíbrio.

 

Nesse momento, nessa década dos 30, penso que seria mais feliz se atingisse o ponto de equilíbrio. Em vários momentos sou extremista. Só vejo duas alternativas de reação: muito isso ou nada isso.

 

Quero poder abrir os braços e não cair ao atravessar a corda bamba, engolir as palavras que teimam em sair sem censura, sentir só com coração sem que os olhos denunciem o que se passa.

 

Quero uma alternativa entre:

 

            Falar demais e calar

            Amar demais e Ignorar

            Exigir demais e desiludir

            Riso solto e introspecção

            Angel gata e Angel jaguar

            Felicidade e Conformismo

 

Será que dá? Consigo mudar tanto? Controlar minha própria natureza? Ensaiar novas reações? E aí meninas e meninos, o que me dizem?

 

Angélica está se questionando. Buscando o que pensa ser equilíbrio.

Admite que é difícil lutar contra si mesma.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cadê o botão do OFF?

Às vezes penso demais, aliás dizer às vezes foi até bondade, ou só vontade mesmo de amenizar a situação. Não diria que é paranóia ou algum tipo de neurose qualquer, de repente até é e eu é que não sei. Bom, de qualquer forma não pretendo saber também. O que eu gostaria mesmo é de encontrar o botão do OFF, e me desligar de vez em quando dos meus pensamentos. Ontem o procurei e quanto mais procurava mais pensava. Acabou foi é piorando a situação, deu dor de cabeça. Queria poder parar de pensar, de tentar entender coisas que ninguém entende, situações que ninguém explica, queria parar de me colocar no lugar de todas as pessoas, todas mesmo, para ver se consigo racionalizar melhor, e no fim das contas, eu não consigo, mas fico cheia de personagens com um pouco de mim e dos outros, mas nunca apenas os outros, ou seja, nunca são só aqueles que eu tentava compreender realmente. E passo os dias desse jeito, sem me entender direito, com vontade de esquecer muitas coisas, não por que me incomodem, mas por estarem muito presentes; passo os dias tentando ficar mais comigo, mas quando fico sozinha me encontro sempre cheia de lembranças, idéias, planos; enquanto o que eu queria era apertar o botão do OFF e ficar assim só comigo, sem mais ninguém.



Não que a Silvia esteja num momento de introspecção, não. E nem seria o caso de falta do que fazer.... também não. É falta de tempo pra ela mesmo, falta de tempo pra vida, pra deixar acontecer, pra ir junto com a maré sem ter que contar o tempo no relógio, sem ter que se preocupar com o trabalho. O tal botão seria mesmo pra se desligar das preocupações e de algumas memórias também, e para, então, poder viver a vida do jeito que deve ser, leve e sem fantasmas.

sábado, 18 de outubro de 2008

Dia do professor

Dia 15 de outubro é dia do professor. É um dia de  parabenizar os professores,  

mas também de pensar sobre suas vantagens, seus sacrifícios, suas motivações... Pensa-se nas professoras que já tivemos naquelas que marcaram pelo positivo e também pelo negativo.

Não me lembro de sempre querer ter sido professora, como muitas de minhas colegas. Lembro, claro, como boa filha de professora, de ter crescido em meio a livros, matrizes e giz. Lembro de festa junina de escola desde antes de freqüentar uma. Lembro de excursão para o zoológico ou para a capital, quando era pequena e todos os alunos da minha mãe eram tão grandes, embora estivessem na terceira ou quarta série.

Lembro de já saber ler muitas coisas ao entrar na primeira série. E lembro de já ali ter percebido a diferença, inclusive nos lugares onde sentavam, entre os alunos “bons” e os alunos “ruins”.

Lembro de ter tido uma professora que me parecia amar a profissão, que vibrava a cada letra lida e acertada. Lembro de ter tido várias professoras que achavam que o único problema da escola eram os alunos.

Por óbvia influência materna e certa facilidade em ajudar colegas a entender os conteúdos, acabei fazendo magistério no ensino médio. Por três anos tive aulas demais e conteúdos de menos (o que só percebi no vestibular!). Passei horas confeccionando joguinhos que podem ser comprados por R$ 1,99 em muitos lugares. Andei muito de ônibus com bambolês feitos em casa, flanelógrafos, cartazes gigantes, jogos, sucatas, muita tralha mesmo.

Tive professoras de todos os tipos: das mais entusiasmadas às mais decepcionadas. Das que achavam que a teoria era tudo àquelas que achavam que nada supera a prática. Das amadas às detestadas. Com elas aprendi como queria ser e também como não queria.

Ao final dos três anos, chegou a hora do temido estágio. Fui para uma escola estadual bem bacana, e peguei uma terceira série. Foi muito bom ver que as crianças aprendiam, apesar da minha inexperiência e da insegurança. E cada vez que algum deles dizia: ah, entendi! Eu sentia uma alegria tão gostosa que resolvi ser professora!

Fazem 10 anos e depois disso tive várias experiências diferentes: ensino médio noturno, alfabetização, inglês, biologia, articulação pedagógica, assessoria pedagógica, biblioteca... Nesse tempo e nessas funções, em várias escolas e Secretaria de Educação, vi muitas coisas que me deixaram desanimada, impotente, com vontade mesmo de desistir. Preconceito, agressões de alunos, de pais e de professores, dificuldades imensas de aprendizagem de relacionamento, de auto-estima.

Mas o sentimento de ver que um aluno, criança ou adolescente vê em mim uma referência, pede conselhos, e tem um brilho no olho quando aprende uma coisa nova, é uma sensação boa demais! E ainda pretendo mudar o mundo, um pouquinho por vez!

 

Renata parabeniza todos os profissionais da educação e estima que todos tirem um tempo para lembrar da razão de terem abraçado essa profissão e se fortaleçam!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Resgate

"Leleca, não sei se você já sabe, mas a mãe do Marcelo faleceu segunda-feira. Estamos viajando de férias e não conseguimos chegar a tempo para o velório. Avise o pessoal, por favor. Chegaremos ao Brasil amanhã e aí te aviso sobre a missa de sétimo dia. Se você puder avisar todo mundo de novo, eu agradeço. Vai ser tudo muito confuso quando a gente chegar.”


E foi assim que comecei minha quarta-feira. Avisando às pessoas que a mãe de um grande amigo havia falecido e ele não tinha nem conseguido se despedir dela. Enquanto eu redigia a mensagem para enviar pro pessoal, várias coisas passaram pela minha cabeça. Quando fora a última vez que nos reuníramos? No velório da avó do Fred, no casamento do Pena, na festa de fim de ano no Esbórnia depois de dezenas de e mails trocados? Bem, a realidade é que nem nestes eventos eu fui. Tive notícia do velório da avó do Fred uma hora depois dele ter acontecido. 


No dia do casamento do Pena eu trabalhei de oito da manhã até oito da noite e no dia seguinte também. Na festa de fim de ano, foram tantos e mails trocados, tantas farpas, tantos desencontros, que, de tanto pensar, quase não fui. Aí me lembrei que o Bruninho tinha estado aqui em Belo Horizonte e que nós não havíamos nos encontrado. E nem me encontrei com o Dandan, que também estava aqui na semana passada. E também deixei de ir ao show do Mig em homenagem ao Cartola no domingo. Tentei descobrir o por quê de tanto desencontro, de tanto afastamento e cheguei a uma conclusão muito triste. A rotina do dia-a-dia, as preocupações pessoais, os progressos e as dificuldades de cada um, as escolhas e os caminhos que cada um de nós escolheu trilhar ou acabou trilhando por um acaso da vida, haviam adquirido uma proporção tão grande, que as diferenças passaram a predominar. Deixamos de ser estudantes igualmente duros e cheios de ideologia. Caímos na real e encaramos o mercado de trabalho, a vida de adulto, e não percebemos que uns encararam tudo isto com mais ou menos medo, tiveram mais ou menos sorte, mais ou menos ambição.  E não percebemos quando alguns dispararam e outros ficaram pra trás. Penso que não há caminho certo, caminho errado; há o caminho de cada um. Então não deveríamos ter nos afastado tanto. Mas é verdade que nos afastamos. Afastamo-nos a ponto de não pedir ajuda a quem, um dia, conosco dividiu sonhos; afastamo-nos a ponto de achar que todos conseguiram realizar seus próprios sonhos como estávamos realizando os nossos. 


Tornamo-nos pessoas diferentes, muito diferentes e esquecemo-nos de quem fomos um dia, de uma época em que éramos mais inocentes, mais ingênuos, crentes que as oportunidades seriam as mesmas, assim como era a mesma a nossa dureza e os sonhos de um futuro menos suado. Sabem o que eu acho? Acho que ainda dá tempo de reverter este processo. Acho que estamos precisando nos ver mais, nos encontrar mais vezes, colocar o papo em dia. Muitas vezes a gente se envolve tanto com trabalho, com o dia a dia, com nossos próprios problemas que esquecemos que temos amigos que podem e querem muito nos ajudar e que podem estar precisando da gente também. 


Depois que o Buda morreu a gente se afastou muito e, confesso, eu já imaginava que isto ia acontecer, lastimavelmente... Acho que está na hora de voltarmos a ser o que éramos antes, amigos sempre presentes e não amigos de festas de fim de ano, casamentos e batizados. Porque corremos o risco de nos tornar amigos de velórios e é muito triste que nós deixemos isto acontecer conosco. Ainda dá tempo de reverter este processo. E eu vou fazer de tudo pra ter meus amigos mais próximos de mim outra vez.


Laeticia caiu em si e decidiu que o cotidiano e as dificuldades da vida não vão separá-la de seus amigos, a menos que eles queiram. Mas mesmo assim, avisa desde já que estará por perto, sempre ao alcance de um abraço.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

FINALMENTE TRINTA

Demorei muito a escrever. Fora o problema do computador que eu pedi a Sisa para explicar para o grupo, confesso que iniciava um texto e apagava. Não sei ao certo o porquê, mas isso aconteceu. Não, não estou com depressão. TPM crônica? Não, também não. Sei lá... Acho que tenho andado muito exigente comigo mesma. 

Fico pensando a respeito do que muda na vida da gente quando fazemos trinta anos. Passei por uma crisezinha, tentando entender certas coisas. Lembro que dentro dos meus projetos de vida eu havia traçado estar casada e com filho até os trinta. Apesar de as coisas não terem acontecido exatamente na ordem esperada, estou casada e com filho, aliás, filha, aos trinta anos. (Pausa para a corujice: um verdadeiro presente que me encanta a cada dia e que muitas de vocês, escritoras do blog, já conhecem.)

 

Acredito que um aprendizado dos trinta é a perda de certas ilusões. Sinto-me mais realista com relação a certas coisas, especialmente casamento. Pé no chão, mesmo. Não estou dizendo que é uma regra, mas é algo que só aconteceu para mim, ou eu somente percebi agora, aos trinta.

Um relacionamento somente tem condições de sobreviver se as entidades envolvidas - o EU o TU e o NÓS- estiverem em perfeito equilíbrio e harmonia. Eu já não respeitei como também já não fui respeitada em relação ao meu mundo, ao meu espaço. O excesso de presença não é demonstração de amor e carinho, é simplesmente um excesso, e como tudo que é demais, sobra... 

Não é permitido a alguém, de trinta, certos erros, certos riscos. Espera-se a maturidade emocional e a estabilidade profissional dessas pessoas. É imprescindível estar bem nesses quesitos e caso você tenha um salário de cinco dígitos, nossa, você é “o cara”! 

Esse semestre fechei o PEC Idiomas, um curso de inglês que abri e que funcionou durante quase 5 anos. É muito bom ter o próprio negócio, mas dá trabalho. Fechando o Pec sinto que fechei também um lado meu de empresária. Meio atrapalhado, é certo, mas me orgulhava dele. Paciência... 

Muitas coisas passaram e passam pela minha cabeça nesses meses que sucedem 19 de junho. Não tenho me achado gatinha, por exemplo. Após o nascimento da Nanda emagreci, engordei, engordei, Herbalife, emagreci, engordei, engordei, engordei. Não tenho coragem, sinceramente, de usar certas roupas, pois sou uma mulher de trinta. Descobri que a moda é magra, magérrima, mesmo com peças números 40, 42, 44... Devia ter usado mais mini-saia aos 15! 

Olho-me no espelho e fico pensando se não deveria cortar os cabelos, alisá-los, fazer uma escova definitiva, mas fico na dúvida se japonesa ou marroquina (essa é nova, né?!). Depois eu penso que não seria eu e sinto falta do cabelão anelado, do saião hippie, das rasteirinhas. Aquele “visu” Fafich-Letras. (Nossa, o tempo passa...) 

Uma aluna minha vende AVON e a outra Natura. Renew ou Chronos?! Cada uma delas tenta me vender produtos para disfarçar ruguinhas insistentes que até o ano passado não me incomodavam, afinal eu ainda estava na casa dos vinte!

Nesse 2º semestre, como fechei o Pec,   estou trabalhando menos e me dedicando um pouco mais à minha casa (entendam casa como pacote completo: marido, filha e serviços domésticos). Sinceramente adoro e mais do que isso, não quero saber das novidades que envolvem a  Nanda de ouvir falar. Quero ver, ouvir, sentir... realmente participar da vida dela. E como isso me rejuvenesce!

Acredito que em breve vou reencontrar meu eixo. Sigo reinventando...

 

Vanessa está passando por uma espécie de crise de identidade.Sabe que precisa perder uns quilinhos, mas também sabe que balzaca não deixa de ser gatinha!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Lady Palmira

Ainda lembro de quando ela tinha bem poucos cabelos brancos. Isso já faz muito tempo, eu ainda nem tinha aprendido a falar. A primeira coisa que prendeu minha atenção nela foi o riso. Ela é uma pessoa muito séria, e muito recatada, que eu sabia que vinha me visitar de muito longe, e que eu fazia rir. Não que eu me esforçasse para isso, era ela que me achava engraçada, e como isso me divertia. Ria porque eu caía, e ria porque eu falava, e ria das minhas coxas gordas, e ria porque eu abraçava demais, pedia colo demais, o que ela sempre me dava. Até hoje ela ainda ri de mim, como eu acho que deve ser toda a avó que se preste.

           

A seu modo minha avó é uma guerreira, destas que transcendem o tempo. De família humilde, nascida e criada no interior, descendente de alemães, bugres e provavelmente mulas, dado o grau de teimosia de nossa família, não se sabe de onde vem um ar de imponência, de realeza que paira sobre ela. Minha mãe, minha irmã e eu até herdamos um pouco desta postura, mas assim, mais com ar de damas da corte desastradas. Quando ela nasceu uma fada estava passando, meio entediada, e resolveu dar o talento das mãos para a menina que batizaram Palmira, mas que todo mundo conheceu depois como Dona Dica, não sei o porquê. Ela não apenas usou este talento, ela viveu dele, distribuiu-o e encantou o mundo com as coisas que, com ele, ela fez.

           

Palmira foi costureira exímia. Disse-me que já fez onze vestidos de noiva. Culparei eternamente a minha mãe por eu ter chegado atrasada. Ela costura roupas para mim desde antes de eu nascer. Até aí, tudo bem, quem não o faz? Quero ver transformar uma manga de camisa em uma blusa linda! Quero ver cuidar para os desenhos dos tecidos encaixarem, para o pano não ficar “enviezado”, para o acabamento ser perfeito, imperceptível. Quero ver guardar retalhos mínimos e com eles costurar para as crianças carentes durante o ano inteiro, levando sacolas e sacolas de vestidinhos bordados, com bolsos, laços de fita, frufru combinando para o cabelo, mini-camisas com debrum colorido na borda da gola, sapatinhos e afins para alegrar o natal das mamães que muito pouco tinham. Detalhe. Ela nunca jamais, seria capaz de doar uma roupa faltando um botão, ou com um raladinho no tecido, tudo era recuperado, reformado, limpo e entregue cheirosinho e com muito amor. A foto dela está lá, homenageada no corredor do hospital para crianças.

           

Eu amava visitar a minha avó. Com ela aprendi a usar as agulhas antes de aprender a ler. A destreza e velocidade dela sempre atrapalharam um pouco meu aprendizado, pois vinha ela com a agulha de crochê e fazia tictictictic. Viu? Entendeu? É claro que não, vó, faz de novo mais devagar? Lá ia ela e fazia igualzinho. Viu? Entendeu? Segura direito essa agulha, guria, não é assim! Ela fingia não ter paciência, mas repetiria tantas vezes quanto fosse necessário (geralmente eram muitas) para eu conseguir o básico. Não teve preço lá pelos sete anos, chegar com a minha maleta de couro (que é óbvio foi Dona Dica que providenciou) e sacar dela coleções inteiras de roupinhas da barbie feitas por nós. Minhas barbies usavam lingerie! E tinham fantasias, biquíni de crochê e vestidos de gala muito antes de inventarem os guarda-roupas da boneca, que vinham prontos e insossos. Melhor ainda era falar de cós, franzido, avesso, viés, caimento e pregas como se fosse uma sumidade da alta costura (aos seis!). Há, como faz falta o talento, mas mesmo assim, hoje me viro bem com as artes manuais e com a criatividade pra inventar coisas por causa dela. É pena eu ainda não ter o tempo que eu gostaria para ter muito mais deste prazer, mas um dia eu chego lá, nem que seja também como avó.

           

E quem pensou que a Dona Dica era uma dondoca está redondamente enganado. Trabalhava como um burro de carga na costura pra ajudar na renda familiar apertada. Mantinha a casa a ferro e fogo, cozinhando, limpando e mandando, mas de um jeitinho que o mandado nem percebia que estava fazendo exatamente o que ela queria. E ainda sobrava tempo pra me levar para cozinha e me deixar mexer, com a cara cheia de farinha, na massa de bolo, ou em qualquer outra coisa divina que ela estivesse fazendo, e que se tornou uma das minhas grandes paixões, a cozinha. E também tinha tempo para me ensinar a mexer nas plantas, e a fazer um jardim com caixas de ovo, ou para providenciar os materiais necessários (tesoura, papéis de presente, retalhos, cacos de vidro e o que fosse) para eu fazer o teatrinho ou a experiência que ensinavam no caderno para crianças do jornal, que toda semana ela guardava para mim. Ainda quando eu peguei piolho, e devo ter passado um ano inteiro piolhenta (é, naquela época era assim), era ela que me colocava de cabeça para baixo, puxando fio por fio do meu cabelo para resolver a situação, depois da minha mãe quase me matar intoxicada com Neocid e o lenço na cabeça para dormir. Eu não assumia, mas no fundo, adorava ter piolho e ter que correr para o cafuné da minha avó.

           

Dona Dica me ensinou muito mais! A honestidade exagerada, da qual me orgulho. Ensinou-me persistência, atenção aos detalhes, o recato, a não andar desalinhada, a falar baixo e manter a coluna reta quando entre pessoas com pouca intimidade. Ensinou-me a não corrigir e não responder com grosseria os mais velhos, a batalhar muito para o que se quer e a dar muito valor para o que se consegue. Lady Palmira ensinou-me a ouvir suas histórias e a ouvir meu coração quando estou com dúvidas (ou seja, sempre). Coisas que eu nem sempre consigo seguir, mas que ela me ensinou com primor.

           

Por fim, a danada vem nos ensinando a ser uma Fênix mais uma vez. Ela quase morreu há uns dois anos atrás, quando praticamente definhou por falta de sódio no organismo. Quando descobrimos o que era, ela ressuscitou em poucas horas, firme e forte. Depois disso participou da festança de seus noventa anos que fizemos, decorada com centenas de balões, porque ela nunca antes tinha tido uma festa com balões. Há poucas semanas ela ficou muito mal de novo, e eu achei que o último “boa noite” que eu dei a ela seria o último nesta vida, pois ela não conseguiu falar comigo ao telefone. E não é que a danada está melhor e possivelmente retorne para casa no próximo final de semana? Vó, eu já disse isso milhões de vezes, mas repito, e repito, e repito, quando eu crescer eu quero ser que nem tu. Eu sei que tu estás cansada, e que este mundo se tornou estranho rápido demais para ti, mas espera mais um pouquinho porque eu ainda tenho muito que aprender contigo e quero muito te apresentar teus bisnetos, com muito orgulho.

 

Gisele Lins, mais orgulhosa do que nunca de Lady Palmira e rezando para poder falar logo com ela.Escreve aqui às quartas-feiras.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

“Trem Bão de Minas” Eu Recomendo MOMO CONFEITARIA

Hoje, no “Trem Bão de Minas”, escolhi falar de um lugar onde adoro ir. Adoro porque, para mim, é o “top of mind” de guloseimas de Belo Horizonte. É a Momo Confeitaria. 

Quero deixar claro que não estou recebendo nenhum incentivo financeiro ou material para falar bem do local. Quando me apaixono por um local, seus produtos e serviços, faço toda a propaganda positiva que posso. 

A Momo Confeitaria nasceu no final da década de 80, pelas mãos do casal de empresários Marcelo e Eugênia, com o incentivo de Breno Procópio, pai de Eugênia. A primeira loja foi no bairro Floresta e o nome do estabelecimento foi escolhido justamente porque a primeira loja era na esquina das ruas Itajubá e Pouso Alegre, importante marca do carnaval de Belo Horizonte, então se pensou em homenagear o Rei do Carnaval. 

Hoje, a Momo conta com 04 lojas, além da Colombina, uma Panificadora também localizada no bairro Floresta. 

Eu freqüento a Momo Savassi. É uma loja linda, em plena Avenida do Contorno, com estacionamento, decoração impecável e toda variedade de comestíveis que eu adoro. O grande motivo de minha preferência pela Momo é o sabor do brigadeiro. É o melhor que conheço, sem sombra de dúvida. Atrás dele vêm outros docinhos maravilhosos: chapéu de Napoleão, cajuzinho, quindim, etc. E também tem um cappuccino com creme fantástico. Ah, e tem mais... ficaria todo o dia falando sem cansar. 

No primeiro encontro das Mulheres de 30, convidei Sisa e Renata para conhecerem as delícias da Momo. Acredito que elas tenham aprovado. E além das guloseimas, o ambiente é muito agradável e o local é muito bem freqüentado. 

Apesar de não ter um local específico para as crianças se divertirem, podem levar os pequenos à Momo. Eles também vão se deliciar. 

Tenho orgulho de poder dizer que em Belo Horizonte há um lugar tão especial onde posso levar meus amigos e indicar para que outros conheçam e freqüentem. 

Confiram maiores detalhes sobre a Confeitaria Momo no site www.momoconfeitaria.com.br. Façam o melhor roteiro social de BH através do www.guiaprimeiraclasse.com.br

Sempre que algum de vocês, leitores, for à Momo, não se esqueça de me convidar! 

 

Angélica é freqüentadora da Momo Confeitaria. E garota propaganda voluntária também. Já tem planos sérios de comemorar seu próximo aniversário lá, cercada dos melhores docinhos de Belo Horizonte. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Ditado Popular. Sabedoria do Povo.

Tem sempre um ditado que se encaixa com a vida da gente,
No entanto, nem sempre o seguimos, nem sempre o pensamos.
Às vezes ficamos mesmo é a dar murro em ponta de faca,
Insistindo, relembrando o que deveria ser esquecido, remuendo
Às vezes acreditamos que para fazer um machucado sarar
Devemos cutucar a ferida.
Quando na verdade preferiríamos mesmo é que a pimenta estivesse nos olhos dos outros e não nos nossos.
É, mas isso é a vida, nem sempre fazemos as melhores escolhas.
Nem sempre acertamos, afinal, errar é humano.
E a única certeza que temos é a de que devemos jogar a bola pra frente, pois
Como dizem por aí, atrás vêm gente.
E alguns ainda acrescentam, de acordo com a ocasião, a fila anda.



Os ditados são sinceros, usualmente certeiros, criação popular, estão na boca do povo, na mente da gente, em todo lugar. Mostrando constantemente que não há mal que o tempo não cure, nem erro que não se remende, uma vez que em terra de cego, quem tem um olho é rei.

domingo, 12 de outubro de 2008

Exame Admissional

Certa vez, ao ser admitida para um emprego, fui fazer os exames admissionais, e tive que enfrentar um psiquiatra para provar que era apta para o serviço. Entretanto, ao entrar na sala do profissional, e iniciarmos a "consulta" para minha admissão, o psiquiatra começou se questionário. Até então, tudo estava normal, pois ele me perguntou dados pessoais, e perguntas sobre manias que eu poderia ter. Dava para ver que ele queria saber se eu tinha algum transtorna obsessivo-compulsivo, ou tinha tendência à depressão, ou ao suicídio pelo tipo de perguntas que fazia.

Contudo, eu não sei se o psiquiatra se empolgou, ou se ele era doido, mas, de repente, começou a me fazer perguntas absurdas. Eu, como queria muito o emprego, respondi seriamente sempre "não". Mas as perguntas eram assim: 
    
_Você costuma ouvir vozes de pessoas que não estão presentes no mesmo local que você?
   
 _Não._Mas tinha vontade de responder que ouvia sim, pois quando falava ao telefone, as pessoas estavam distantes de mim!
   
_Você costuma ouvir vozes de pessoas que já morreram
    
_Não._E continuava com vontade de responder que ouvia sim, pois, quando ligava o rádio, ouvia Cazuza, Clara Nunes....!
    
_Você costuma ver pessoas que já morreram?
    
_Não._ Aí já estava com uma vontade imensa de rir, segurando ao máximo, e as lágrimas quase descendo, efeito da pressão de sufocar o riso. 
    
Tinha vontade de falar que eu via atores e cantores que já haviam morrido em reapresentações de novelas, filmes, e shows na televisão, e que isso era normal! Mas precisava do emprego. Embora soubesse que o questionamento do profissional deveria servir para saber se eu era paranóica, ou tinha alguma mania de perseguição, não podia deixar de pensar que era perguntas até mesmo agressivas. 
   
E, mesmo achando graça naquilo tudo, ainda assim achei-o preconceituoso, e desrespeitoso em suas perguntas, pois elas feriam crenças de pessoas normais. O tipo de entrevista feita naquele exame admissional, pelo jeito, excluía os espíritas, pois, em sua crença, é possível a comunicação com mortos. Também excluía as pessoas que acreditam em telepatia, pois estas se comunicam com pessoas que não estão presentes. 
    
Enfim, consegui o emprego, e acabei sabendo que o psiquiatra fazia o mesmo tipo de perguntas para todas as pessoas. Não descobri ninguém que tivesse coragem de responder o que queria, mas não creio que, para trabalhar em qualquer ramo profissional, a pessoa tenha que passar por esse tipo de constrangimento, pois fere a liberdade de crença. Mas, apesar de tudo, foi muito engraçado, e virou mais uma história real, que mais parece lenda, para contar.
 

Tania já passou por outros exames admissionais, mas nunca por um tão estranho quanto o descrito aqui.

sábado, 11 de outubro de 2008

Sonhos

“Sonhar é acordar-se para dentro...” Mário Quintana

 

Sonhar, almejar, desejar. Sobretudo, querer. Sonhos pra uma vida toda. Sonhos para hoje. Sonhos para guardar para o futuro.

Quantos sonhos se tem em uma vida? Em um ano? Em um dia?

Quantos sonhos ficam para trás?

Quantos sonhos ficam esquecidos e empoeirados, esperando uma oportunidade para voltar a provocar? A coçar?

Sonhos de criança, com doces, viagens de balão e tapete voador, muita música, riso, amigos, cores, cheiro de tuti-fruti, nuvens fofas e muito brilho.

Sonhos adolescentes, hora tão egoístas, hora tão humanitários. Hora querendo mudar a si, hora querendo mudar o mundo. Hora tão irrealizáveis, devaneios, utopias, hora tão concretos, tão próximos. Mudando a todo instante, mas sempre fortes e intensos, como a própria adolescência.

Dessa época, o sonho de que tenho a lembrança mais forte é, com certeza, o de mudar o mundo. Achava que todos sabiam o que era o certo a fazer (afinal, me parecia tão óbvio) e era muito simples: cada um faz o que é certo. Aos poucos fui percebendo que a coisa é um pouco mais complicada. Valores, pontos de vista, enigmas éticos, mentiras... foram surgindo e se multiplicando.

Não me decepcionei de todo com a humanidade e sei que sou professora e bióloga porque ainda quero mudar o mundo. Não todo de uma vez. Não consertá-lo, porque o certo é subjetivo. Mas quero ainda que todos tenham acesso ao máximo de conhecimento, para poderem fazer suas próprias escolhas. Quero ainda que todos saibam que têm direitos. Quero ainda fazer a diferença na vida das pessoas. E quero que elas façam a diferença na minha vida. E quero ainda ter esperanças na humanidade. E quero ainda sonhar e que as próximas gerações sonhem. E realizem.

 

Renata teve dias nostálgicos a respeito de seus sonhos. E você, lembra-se do que costumava sonhar? Realizou seus sonhos?

 

 

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eleições 2008

Entra ano, sai ano, ou melhor, entra ano de eleição, acaba o ano de eleição, e eu juro pra mim mesma que não vou mais me emputecer por causa de política. Mas não tem jeito. É mais forte que eu. Este ano os candidatos, a Justiça Eleitoral e os eleitores conseguiram me surpreender. Todos eles!!

Primeiro a decisão do Ministério Público de impugnar a candidatura daquele que estivesse respondendo a processo criminal, mesmo que ainda coubesse recurso – embora apoiado pela população, esta decisão do Ministério Público não tem lá muito embasamento legal. Na realidade, é uma flagrante inconstitucionalidade, já que presume-se a inocência até prova em contrário. Mas cá entre nós: ELEGER CANDIDATO PRESO É PHODA!! Se os candidatos que respondem a processo criminal têm cara de pau de se candidatar, o cidadão não pode fazer nada, porque enquanto não tiver condenação irrecorrível, o sujeito tem que ser considerado inocente. E isto não é pra proteger o vagabundo,  é pra NOS proteger, nós, cidadãos contribuintes e alijados de todo e qualquer direito a não ser o de ficar calado. Se o Ministério Público tenta abusar da lei ao invés de zelar por sua aplicação, tentando impedir a candidatura destes “cidadãos”, isto pode até parecer ótimo à primeira vista, mas é uma aberração e o STF se vê na obrigação de impedir que a Constituição seja massacrada deste jeito. MAS O CIDADÃO VOTAR EM UM CANDIDATO QUE ESTÁ GRAVANDO PROPAGANDA POLÍTICA DE DENTRO DA CADEIA, AÍ JÁ É DEMAIS PRA MINHA CABEÇA!!! Teve um candidato a vereador no Rio que foi eleito de dentro da cadeia!! Pelo amor de Deus!! Onde é que nós vamos parar?! Uma coisa é o Estado ter que agir para manter seus próprios pilares, o que tem ônus e bônus – como ter que garantir o direito de quem ainda não foi condenado por sentença irrecorrível de eleger e ser eleito. Outra coisa bem distinta é gente votando em nego que tá na cadeia!!! Jesus de Nazaré! A maioria das pessoas são leigas, não entende bem porque é que o STF garantiu a vários candidatos que respondem a processo criminal o direito de se candidatar.  Mas acho que entender que ninguém vai pra cadeia porque tava rezando ou fazendo obra social todo mundo entende, né? Tudo bem, tudo bem! Existem sim os casos de inocentes que são condenados. Olha o caso dos irmãos Naves que não vai nunca nos deixar esquecer que erros judiciários acontecem. Mas se tem tanto candidato sem nem um único processo criminal nas costas, porque é, meu Deus, que tem gente que ESCOLHE votar em gente que JÁ ESTÁ PRESA?!!!

Outra coisa que surpreende é a capacidade das pessoas de simplesmente fazer de conta que eleição não tem nada a ver com elas. De quantas pessoas ouvi que, às vésperas da eleição, nem sabiam em quem iam votar?! Hoje mesmo comentei não me lembro com quem que eu tinha virado noite na internet, navegando pelo site do TRE pra vasculhar a vida pregressa dos candidatos e escolher quem ia me representar na Câmara. Fui chamada de maluca. Será que eu sou mesmo? Será que maluco não é quem vota por votar, vota por material de construção? Porque pobre coitado trocar voto por comida eu ainda entendo, mas gente supostamente instruída trocar voto por saco de cimento – pior: trocar voto por caixa de porcelanato! – é de lascar!

Mas houve notícias boas também. Pela primeira vez a Justiça Eleitoral foi pra TV desmistificar aquele e mail maldito que fala que 51% da população votar nulo, as eleições serão não terão legitimidade e vai haver outro pleito (incrível como que ninguém nunca foi na Constituição conferir esta informação, não é?). Pela primeira vez um candidato foi pra frente das câmeras e disse abertamente que sabe que precisa fazer alianças pra poder vencer o segundo turno, mas que os cargos públicos não serão moeda pra vincular estas alianças. O ACM neto levou ferro na Bahia!! Olha só que coisa boa!! Nem pro segundo turno o neto do coronel foi!! E falando em coronelismo, na região metropolitana de Belo Horizonte teve coronel pagando mico também. Gente que sempre teve certeza de que estava por cima da carne seca e que sentiu na pele as conseqüências de anos e anos fazendo o Poder Público de empresa familiar. Não que o que tenha ficado valha alguma coisa (votar este ano foi dureza), mas pelo menos o povo deu mostras de que não vai mais aceitar império travestido de república democrática! 

Laeticia fica triste de ver os candidatos e a Justiça Eleitoral. Mas fica mais triste ainda de ver que os eleitores se eximem de qualquer responsabilidade pelo seu próprio futuro.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O começo

Eu estava na faculdade.

O ano era 2002. Minha mãe – de quem eu já falei aqui – tinha adentrado recentemente a quarta década de sua vida.

Não me lembro muito dessa fase dela, pois eu já morava em outra cidade, mas não deu para ignorar os cabelos vermelhos e o piercing no umbigo.

Primeiro o dela. Depois o da Clara. Depois o da Adriana.

Parecia uma cruzada para furar todos os membros adolescentes da família. Sei lá.

 

Até que um dia surge a proposta. Você quer que eu te dê um piercing também?

E eu, aos 24 anos de idade, sem a menor vontade de ter meu corpo perfurado por objetos de metal – fosse ele cirúrgico ou não – digo não. Mas – e sempre tem um mas – se você quiser me dar uma tatuagem eu aceito de bom grado.

 

Feito. Vá amanhã no Joãozinho e veja se você gosta dele e quanto ele cobra.

 

Gostei.

 

O desenho já estava escolhido desde os 12 anos. Já falei dele aqui. O amuleto da Imperatriz Criança, da História Sem Fim, rodeando o ki.

 

O significado? Quem já leu a História Sem Fim e conhece um pouco da filosofia oriental nem me pede explicações quando eu digo que as duas cobras são Aurin e o Kanji é Ki (na China Chi ou Qi).

 

Mas essas pessoas são pouquíssimas, e geralmente eu tenho que explicar.

 

Aurin é como Yin Yang:

Os conceitos Yin e Yang estão presentes no mito de criação da terra e humanidade, a história de Pan gu, e atribui-se seu mais antigo uso sistemático ao I Ching. (Cooper, Kikuchi) Contudo não há dúvidas que o cânone básico de sua aplicação à medicina é o Nei Ching "o livro de imperador amarelo".

Lê-se, no Nei Ching: O imperador Amarelo disse:

O princípio de Yin e do Yang - os elementos masculino e feminino da Natureza - é o princípio básico de todo o Universo. É o princípio de tudo quanto existe na Criação. Efetua a transformação para a paternidade; é a raiz e a fonte da vida e da morte, e também se encontra no tempo dos deuses.

 

Para os seres de Fantasia ele funciona como um guia pelas estradas do não-óbvio.

Para os seres humanos que visitam Fantasia, Aurin se torna um amuleto de desejos. Entretanto, cobra um alto preço por isso.

 

O kanji Ki é usado com as conotações de energia, força natural, essência vital, respiração, energia de ação universal, talento, espírito, alma e sentimento.
Tudo o que tem vida no planeta Terra e no Universo Cósmico traz em si a energia Ki e, também, o irradia. Quando o Ki não se faz presente a vida deixa de existir.


Milena escreve aqui às quintas.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O Giselismo

Giselismo é um sistema próprio criado sem querer pela Gisele, ao longo de quase trinta anos, para ser seguido por ela mesma. Não se pode dizer que seja, assim, um sistema político, pois apresenta características ditatoriais (da Gisele para a Gisele), mas tal poder é quase nulo para influenciar a vida de terceiros e não apresenta interesses ideológicos bem definidos nem mesmo para a criação sequer de um partido (ainda que de uma só).

Tampouco se pode dizer que seja um sistema religioso, pois no Giselismo, o conceito de Deus é uma mistura de várias crenças alheias. Até que este conceito vem se mantendo relativamente inalterado ao longo do tempo, o que costuma caracterizar um sistema religioso, mas às vezes é tão complexo que a própria seguidora-mor se confunde na hora de explicar a doutrina e não convence a ninguém.

O Giselismo é um sistema seja lá do que for desorganizado. Mentalmente regras são mantidas como metas claras a serem cumpridas, mas na prática, o sistema acaba sendo representado apenas por listas intermináveis e burocráticas de coisas a fazer, que mudam de lugar e prioridade com freqüência e que acabam não sendo cumpridas, mas consomem muito do tempo da única funcionária em prol do sistema, a própria Gisele (parecido com muitos dos sistemas e nações que conhecemos por aí).

O lema do Giselismo é “ou isto ou aquilo”, pois o principal desafio do sistema é promover a feitura de escolhas pela Gisele, ou não. Em trinta anos poucas vezes o sistema de fato teve sucesso em sua meta primordial, pois a Gisele segue sem conseguir fazer escolhas, de qualquer tipo. Quando consegue fazer escolhas importantes Gisele tem o direito de criar um pseudo-feriado nacional. Pseudo porque o Giselismo infelizmente está inserido em uma pátria onde é proibido criar feriados próprios, o que realmente é uma pena.

Economicamente o Giselismo é caracterizado pelo pão-durismo. Não o pão-durismo radical, apenas moderado. Por exemplo, no Giselismo considera-se um absurdo se pagar por um carro zero o dobro do que vale um carro equivalente de sete anos para se ter quase os mesmos recursos que o carro velho, e ainda ter que perder o apego por ele. Porém, acaba-se pagando. Outro exemplo de moderação é que é considerado um absurdo pagar mais de quarenta reais por um sapato, mas não há problema algum em comprar dez pares que se enquadram neste conceito.

As relações internacionais (ou interpessoais) no Giselismo são o que há de mais complexo. Preocupa-se demais com o que os outros pensam. Geralmente por motivos patriarcais, ou seja, o simples fato de querer ver bem quem se ama, achando que abrir mão de pequenas coisas em prol da felicidade de outrem é um esforço extremamente válido. Porém, algumas vezes atitudes confusas surgem deste comportamento, onde uma ânsia por liberdade passa a interpretá-lo como uma forma de repressão (nem sempre estas interpretações estão corretas, mas as facções Tepeêmicas possuem muita influência no Giselismo). As revoluções que daí surgem acabam machucando tanto a seguidora do sistema quanto suas relações. A sorte é que com o tempo geralmente elas são restabelecidas, e geralmente, um pouco mais fortalecidas.

O Giselismo é um sistema ainda jovem, mas por vezes governado por uma alma tão velha, chata e cheia de manias. No entanto, têm-se observado movimentações rebeldes com freqüência cada vez maior. O mundo Giselesco está em estado de alerta, juntamente com a bolsa de valores.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras, especificamente nesta com ânsias de abdicar de um sistema tão ditador.

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