segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Equívocos Masculinos


Anastácia não sabia se por bem ou por mal, homens por vezes cometiam o mesmo equívoco. Se cultural, social, econômico, ou seja lá a razão de ser, Anastácia também respondia os casos a altura, ou seja, de maneira também inusitada.

Mais uma vez, no bar, tomando um cerveja sozinha. E se havia algum problema nisso ela ainda não o sabia.

O dono já era velho conhecido, e, portanto, já conhecia o gênio de Anastácia, bem como seu hábito de, por vezes, tomar uma a sós. Pois pra se ter vontade de tomar uma e saciá-la não necessariamente precisamos de companhia.

Contudo, um ainda desavisado, logo começou a puxar papo. Até aí tudo bem, afinal conversa de buteco nunca fez mal a ninguém. E por aí se passaram alguns minutos, algumas cervejas, Anastácia, o dono do bar e o freguês desavisado continuaram a conversar.

E, infelizmente, não foi para espanto de Anastácia quando lhe pediram seu telefone, mais do que depressa ela diz: pra que?, pra gente conversar mais?, sobre o que?, uai, só pra gente trocar umas idéias! Pronto, Anastácia não precisava de mais nada, numa fração de segundos, relembrou uma de suas perguntas ainda não respondidas - por que os homens acham que mulheres tomando uma sozinhas precisam de companhia? Ou que estão a procura de algo? E respondeu: não, não vou te dar meu telefone não, eu não tô a fim desse negócio de trocar idéias, desculpa.

Obviamente, o dono do bar só deu uma risada, pois já sabia que essa era Anastácia, a moça que simplesmente gosta de tomar uma em seu bar, mas não de ser mal interpretada.


Assim como Anastácia, Silvia também se faz a mesma pergunta. Será só podemos sair acompanhadas, de namorados e/ou amigos? De onde veio esse raciocínio? Será que é cultura brasileira? Pois sem que isso não ocorre em alguns países. Será que assim como os homens, as mulheres também não podem sair pra tomar uma e pronto?


sábado, 29 de agosto de 2009

...E que encontro especial!


Há criaturas em nossas vidas que chegam assim, sem explicação, sem amigos em comum e sem conexões.

E assim como chegam, também ficam.

Na minha cabecinha são assim que as coisas funcionam: essas são almas amigas, conhecidas de longa data. Talvez não desta vida, mas certamente de muitas outras.

Não há coincidências. Aliás não acredito que existam. Na minha crença tudo o que acontece tem uma razão de ser. Sim, até os minimos detalhes. Talvez em outro texto eu venha a descorrer os porquês desta questão. Não agora.

Sabe quando és apresentada a alguém e o bem-estar instala-se imediatamente?

Com aquela risada gostosa, sorriso largo, genuinamente do bem?

São pessoas que temos a felicidade de reencontrar nesta vida e que comumente definimos como encontros por obra do acaso.

Não precisei de 15 anos pra descobrir isso. 15 minutos me bastaram pra saber que já te conhecia.

Foi o maior prazer te ver de novo e ter a oportunidade de vir a desfrutar, mais uma vez, de outros belos momentos contigo.

Que a planta germine e que muitos frutos estejam a nossa espera no futuro.


Lil escreve aqui aos sábados e celebra hoje o fato de “reencontrar” uma antiga companheira de caminhada que agora vem como mensageira. Da paz, do amor e do bem querer. Linda Thata, prazer em revê-la.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Aventuras Domésticas

Vocês ainda não sabem, mas adotei esta semana uma cocker simplesmente linda de morrer, a Meleka (http://www.cockermeleka.blogspot.com) Lindinha demais, gente, um amor!! A vinda da Meleka, evidentemente promoveu uma revolução na minha casa. A Laila ficou, digamos, fora do corpo de ciúmes, o Bola ficou desesperado de medo dos ciúmes da Laila, sem contar os xixis fora do lugar que inevitavelmente ocorrerão pelas próximas semanas. Não podemos nos esquecer que a Meleka foi cruelmente separada da mamãe dela, a Carla (não a do blog, outra Carla), e que ambas estão passando por um momento traumático, que provoca muito choro e vela. Mesmo a Carla sabendo que a Meleka foi recebida com muito amor e carinho e mesmo a Meleka estando confortavelmente instalada e sendo tratada quase que a pão-de-ló.

Todo este intróito tem uma razão. Explicar o motivo de eu estar tão morta de cansada a ponto de não ter lavado o cabelo terça-feira à noite. Eu tinha trabalhado de oito às duas da tarde, fui em casa correndo, peguei a a Laila e a Meleka e levei pro pet: banho nas duas, maxx 3 pra não dar pulga, nem carrapato, cortar unhas e tosa higiênica na Meleka que é peludona, afinal, agora ela mora em apartamento.

Enquanto as duas faziam a toillete, a escrava aqui, sem almoço, diga-se de passagem, foi ao supermercado, porque a geladeira da casa não tinha nem água, nem palito!! Estávamos à míngua e depois de eu verificar tristemente que não estou mais pesando em quilos, mas sim em arrobas, assumi a triste realidade: a dieta é imperativa! Fui ao supermercado. No meio do sacolão e das carnes, ainda ouvi o açougueiro me chamando de cachaceira!! Quase caí dura. Tudo bem que eu tomo umas e outras, mas até o açougueiro do Carrefour saber disto já é demais!! Saí de fininho, mas o episódio me incomodou tanto que tive que voltar lá e perguntar o fulano se por acaso eu o conhecia de algum lugar. Aí o cara se desculpou e disse que tinha gritado cachaceira era pra colega dele que tinha passado atrás de mim! Olha a cara de asterix da balzaca. Mico desnecessário, concordam?

Fim das compras totalmente light, fiz um lanchinho, afinal, ninguém é de ferro. Compras no porta malas, ligam do pet que a toillete das meninas tinha acabado. Geeen-teeenn!!! Minhas meninas estavam lindinhas de lacinhos no cabelooooo!! A Laila teve que colocar lacinho na coleira, né, que ela é mais indócil. Mas a Meleka tava até de maria chiquinha! ‘Bora pra casa que ninguém é de ferro.

Putz!!! A casa. Eu tinha me esquecido da casa. Estava com alguns xixis espalhados. E eu precisava limpar antes que o Bola chegasse, senão ele ia acabar desistindo da adoção da Meleka. E isto eu não quero de jeito nenhum!!! E eu ainda tinha que fazer minha salada com bife grelhado, porque vou voltar a pesar em quilos, porque gente pesar em arrobas é inadmissível! Fora o Raj, gente, como que eu durmo sem ver o Raj? Como que eu durmo sem ver o Gopal fazer a Yvone comer bombom supostamente envenenado?

Dá-lhe balde, pano, desinfetante e rodo. TV ligada e mãos à obra. Observaram o TV ligada? Pois é, o Raj já estava exibindo a figura na Medina; já eram nove da noite. E eu lá, a pleno vapor. E as duas lá, a Laila no sofá, admirando a faxina e a Meleka correndo atrás de mim o tempo todo, como quem diz: devo seguir a líder da matilha, devo seguir a líder da matilha! Faxina terminada, bombom supostamente envenenado comido, hora do banho!!!

Gente, tomei um banho daqueles! Mas confesso que já era bem tarde, não rolava de lavar o cabelo naquela hora. Principalmente porque faço parte de um grupo quase inexistente de mulheres que não possui secador de cabelo. Deixei pra lavar no dia seguinte. Fiz um coque e fui fazer minha saladona com filé grelhado. Maridão já estava em casa, feliz da vida da casa estar limpinha, sem milhões de xixis, as meninas lindas, cheirosas e de lacinhos, a mulherzinha, cheirosa e semi-morta, mas com sentimento de vitória.

Dia feliz! The end. Acordei feliz, dormi bem, ganhei beijo e fui correndo lavar meu cabelo. Liguei o chuveiro e... surpresa!!!! NÃO SAIU ÁGUA!!! AAAAAAAAARRRRRRRRRGH!!! Conferi as torneiras e saiu água. Não entendi nada. “Boooooooooo-laaaaaaa! Deu pau no chuveiro! Não tá saindo água!” “Ah, a buchinha deve ter desgastado, toma banho aqui, tô acabando.” Só que lá no banheiro dele, amigas, é preciso o domínio de toda uma técnica pra conseguir colocar a torneira de um jeito que a água não saia fervente!!! O Bola saiu do chuveiro sem nem desligar, né, pra eu não ser cozida viva dentro do box. Pois não é que eu tô lá com o cabelo completamente encharcado, só tinha começado o banho, e a torneira pirou de vez? Caiu água fervendo em cima de mim!!! Tive que tomar banho ligando e desligando a maldita torneira, porque, afinal, não dá pra sair sem banho, né? Mas o cabelo virou coque de novo. Vesti uma roupitcha, me maquiei e corri pro salão pra lavar a cabeça. Confesso que já tava até coçando. Agora, fala sério?!! Ser mulher, profissional, dona de casa e mãe de dois cachorros sem perder a pose é coisa de mulher maravilha, gente!! Haja sertralina, viu?!

Laeticia sabe que os próximos dias não serão fáceis, pois toda adaptação é difícil, mas a Meleka fica!!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Carta ao desconhecido (a) que cruzou o meu caminho no último sábado

Obrigada. Muito obrigada mesmo.

Sempre que eu começo a perder a fé no ser humano, alguém como você aparece na minha vida, só para me mostrar que ainda vale a pena investir em pessoas.

Seu cuidado e sua honestidade me tocaram profundamente.

Eu, que sou uma pessoa perigosamente distraída, reconheço esse ponto fraco, e prometo-lhe prestar mais atenção daqui em diante. Sim, porque ao nos cruzarmos, acredito que usei boa cota da sorte que me é de direito.

Não são raras as vezes em que vou ao supermercado e deixo minhas compras (ou parte delas) no caixa. Algumas vezes quando eu volto elas ainda estão lá. Outras não.

Não é difícil eu me esquecer do que eu ia fazer neste exato momento e só me lembrar quanto já não adianta mais.

Ontem mesmo fui a um novo salão de beleza e após ter minha sobrancelha brilhantemente trabalhada, fui embora sem pagar a conta. Voltei quase uma hora mais tarde, e está tudo certo.

Pois é. Eu poderia passar horas contando os infortúnios que minha distração me rendeu até hoje...

Mas o mais grave dos meus esquecimentos foi o que lhe chamou a atenção num sábado ensolarado em campinas.

Sim, às vezes eu esqueço meu carro aberto. Aberto mesmo, portas, vidros, porta-malas, tudo.

E foi assim que você encontrou o “Escuridão” (pois é meu caro (a), eu sou tão apegada ao meu carro que ele tem até nome) no estacionamento do shopping que nós dois freqüentamos.

Juro que até agora fico imaginando o que se passou pela sua cabeça quando você decidiu que eu não voltaria ao meu carro e daria a falta de algumas coisas que certamente me fariam falta.

Você tinha alguém ao seu lado para compartilhar sua bondade quando decidiu guardar embaixo do meu banco meu rádio, meu iPod shuffle última geração e meu porta CDs (presente de uma amiga muito querida)?

Ou você pensou sozinho em deixar as pistas que indicariam apenas a mim que alguém mexeu nas minhas coisas, mas nada, absolutamente nada estaria faltando?

Sim, eu estou pasma. E por isso não consegui pensar em outra forma de te agradecer senão dividindo com as pessoas que lêem esse blog a pessoa maravilhosa que você é.

Desejo-lhe em dobro tudo aquilo que você me deu essa semana. Fé, principalmente.

Milena escreve aqui às quintas. Nessa, maravilhada com esse quebra-cabeças que é o ser humano.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O mistério dos outros

Que incrível coisa é essa que rege nossa proximidade com os outros?

Podes ver que aqueles que estão hoje ao nosso lado, bem pertinho, ao alcance de um e-mail, telefonema, ou mesmo pensamento, ou tomaram este lugar imediatamente após pousarmos neles nossos olhos, ou ficaram perambulando ao nosso redor um tempão, até sentirmos aquele tchum, que se transforma em um ímã (pensando bem, isso é um tanto lógico, santa esperteza, pois que outra opção haveria?).

O lance é que tem um quê de mistério nisso aí, que governa também o porquê as pessoas permanecem na nossa vida. Parece que alguns ímãs perdem logo a força, a pessoa passa, deixa boas lembranças (ou não), aprendizagens, e se vai, segue seu caminho. Talvez nem fosse bem um ímã, fosse apenas uma Tenaz meio vagabunda (borbéque*, no novo dialeto que aprendo aqui), que cumpre seu papel, mas logo seca e quebra. Outras pessoas não. Foram chegando devagarzinho, deixaram sua marca a ferro e fogo e não vão embora, ficam grudadas, imantadas, unidas em nosso coração, mesmo quando o tempo e as distâncias insistem na separação. São aquelas de quem mandamos ou recebemos notícias, e encontramos de vez em nunca, e ainda assim, sempre estiveram ali, grudadas na gente, fazendo parte da nossa marca registrada, como se nunca tivéssemos nos separado.

Tenho tido a chance, em função de um momento especial da minha vida, de ter um alô de muitos destes alguéns, que hoje estão distantes, mas continuam grudadinhos em mim. Também tenho tido a chance, muito grata, de ver chegando mais perto novas pessoas, novas em folha, ou novas porque a vida tem nos aproximado.

Parece que é assim que nosso ímã se renova, nosso potencial de continuar grudadinho com aqueles que permanecem aumenta, e nossa compreensão de deixar quebrar sem dor o que não tem ímã finalmente chega.
O que mais me deixa abismada, por fim, é chegar à conclusão de que, ao contrário do que sempre pensei, de que “as coisas acontecem do jeito que tem que acontecer”, quando se refere a pessoas, nossos ímãs são ativados apenas quando NÓS é que estamos preparados para tê-las em nossas vidas, e não o contrário.

*borbéque – que eu não sei se é assim que se escreve, é uma marca “genérica” de bicicleta. Por aqui virou gíria que significa que “não é uma Caloi”.

Gisele Lins já escreve aqui às quartas-feiras. Nesta super envolvida e grata pelos ímãs que permanecem e pelos que chegam na sua vida.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Um chá de sumiço, por favor! Sem açúcar, claro.

Quem dera se fosse fácil assim né... quisera eu chegar no balcão de uma cafeteria e fazer um pedido desses. Melhor que fazer o pedido, é ser atendida.

Grudando os pés no chão e na realidade, o chá da vida anda amargo ultimamente. Se ele fosse amargo mas desse algum barato tava até bom! As coisas não tem dado certo, parece que tem alguém lá em cima anda tirando onda com minha cara, testando até onde vai meu bom humor, minha doçura com os próximos, minha paciência com as pequenas coisas do dia-a-dia, minha capacidade de viver com dez reais por duas semanas, e assim por diante.

As semanas andam longas demais, os fins-de-semana curtos demais, o salário também parece que encurtou. Aumentou minha preguiça de gente e meu interesse por plantas. Diminuiu minha concentração e meu interesse por leitura – isso é grave! O cansaço aumenta, a solidão também (sim, é possível se sentir só numa multidão!). Tenho bebido pouco, dormido muito. Estou com vontade de sair pra dançar. Se o silêncio fizesse dançar, talvez eu dançaria, mesmo que sozinha. Mesmo não gostando do silêncio.

Não é TPM. Inferno astral também não... a não ser que seja um inferno astral “temporão” mas nunca ouvi falar nisso! Torço pra que seja apenas uma fase, e que ela passe logo logo!

Mariana escreve esporadicamente, torcendo pra nuvenzinha desaparecer logo da sua cabeça, fez hoje sua inscrição para o vestibular da federal!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

De repente 80


E assim ele chegou, uma blusa ainda não antes vista, azul, roxa, furtacor, por fim, brilhante. Na cabeça e nos braços, objetos já bem conhecidos, o chapéu e a guitarra. E pensamos com nosso botões - ele chegou lá. Após anos de sucesso, outros no esquecimento de alguns, e presente na vida de outros. Nós tambem estávamos lá. Aguardando, esperando sua grande entrada. E não poderia ter sido diferente, um misto de saudosismo, nostalgia e é claro, muita brasilidade. Com seus 83 anos ele e sua banda tocavam músicas que nossos pais um dia dançaram e que com eles aprendemos a gostar. Mais um sonho alcançado, assistimos ao show do Chuck Berry. Que apesar de alguns relapsos da memória, continua fazendo os esqueletos balançarem.


Silvia escreve às segundas. Hoje pensando que nunca imaginou ir a esse show, e foi.

domingo, 23 de agosto de 2009

“O Contador de Histórias”, uma história para ser vista


Em cartaz desde 07/08/2009 nos cinemas, o filme “O Contador de Histórias” merece ser visto por todos! O filme conta a história de Roberto Carlos Ramos, pedagogo e considerado um dos dez melhores contadores de histórias do mundo. Nascido em família pobre, em Belo Horizonte, é internado na FEBEM, na década de 1970, pela mãe, por acreditar que o menino teria educação, alimentação, e sairia de lá “doutor”, conforme a propaganda da televisão na época.

Entretanto, como a FEBEM colocava juntos meninos internos de famílias pobres com menores infratores, logo Roberto iniciou suas fugas e delitos. Aos 13 anos, já era considerado irrecuperável. Entra na história uma pedagoga francesa, Margherite, que vem ao Brasil fazer pesquisa sobre educação, e vai à FEBEM entrevistar um interno. Lá, ela conhece Roberto, e se interessa em saber sua história. Mas Roberto já está muito desconfiado das intenções das pessoas, e apronta todas com Margherite, inclusive roubando dela. Apesar de tudo, ela não desiste dele, o leva para casa, e lhe dá educação, atenção, limites e amor. Ele estuda, e torna-se pedagogo e contador de histórias. Mas, o mais interessante é a história em si, e não seu desfecho, que também é lindo e dá esperanças às pessoas, tão descrentes da educação, família e boa vontade.

O filme tem cenas bem feitas, elaboradas com cuidado, como o passar do tempo, desde a primeira fuga dele, até as últimas, em que são mostradas a pernas dos meninos correndo em fuga, e, crescendo durante a corrida.

Também maravilhosa é a cena da conversa entre Margherite e a diretora da FEBEM, sobre Roberto ter encontrado Margherite. Ali se vê o discurso da vitoriosa, Margherite, por ter trabalho e educado um menino considerado irrecuperável; e o discurso triste da diretora da FEBEM, se sentindo derrotada por estar numa “guerra pela educação, que já começou perdida, pelos pais colocarem os filhos para estudar na FEBEM porque já perderam a guerra para a pobreza”, nas palavras dela. O discurso da diretora é precioso quando diz à Margherite que ela fez o papel de mãe para o Roberto, pois deu-lhe casa, educação e amor; e que ela gostaria muito de poder fazer isso por todos os meninos internos da FEBEM, mas que isso não possível pela quantidade de internos, e porque FEBEM é política pública!

Enfim, é um filme para ver sem preconceito com o governo da época, sem preconceito com a própria FEBEM, e tendo claro que educação não é só na escola. Sem base e apoio da família, não é possível educar! Não deixem de assistir!

Tania acredita que professor é professor, e não pode assumir o papel que a família tem na vida da criança. Acredita ainda que educação muda as pessoas, como no caso do contador de histórias, mas que é preciso respeito ao professor e apoio da família!

sábado, 22 de agosto de 2009

A primeira vez a gente nunca esquece




Nos conhecemos há mais de 3 anos. Ela é a coisa mais linda da minha vida. Eu a projetei, planejei e esperei ansiosamente muitos anos antes de tê-la conhecido.


Já falei aqui neste blog da grande influência de sua alma para o meu bem-estar e sanidade mental.

Pois bem, hoje então marca o dia que nos separamos por mais de 24 horas pela primeira vez.




Quarta-feira, 20 de agosto. Acordamos pela manhã juntas. Abraços, beijos, café da manhã e lá foi ela para escolinha sem ter a mínima idéia (pelo menos é o que eu acho) que não nos veremos pelos próximos 3 dias. Tentei explicar mas é bem difícil saber o nível de compreensão de uma criança de um pouco mais de 2 anos. Na verdade acho que entendem muito mais do que pensamos. Outro dia mesmo li uma pesquisa sobre isso. Achados reportam que crianças de 0 a 5 anos têm mais percepção, recepção e interpretação do meio onde vive que um adulto pois este último tende a estar concentrado em tarefas específicas e perde a visão global das coisas. Além disso a criança está no pico de sua plasticidade cerebral e portanto com o cérebro muito mais propenso a captação de sinais e ao aprendizado. Um alerta aos pais: liguem as antenas e percebam o que acontece ao redor dos seus filhos pois se este estudo for verídico, o que vêem e escutam em tão tenra idade terá muito mais influência no futuro adulto do que até então pensaramos ter.

Estou no avião agora. Bem satisfeita por estar a caminho da Gold Coast, no nordeste da Austrália. Calor de 30 graus em agosto, sol, sol, sol e uma Conferência em Audiologia. Está certo que não terei tempo de ir à praia e nem ao menos aproveitar a piscina ou a jacuzzi do hotel mas só o fato de saber que estou deixando as baixas temperaturas, a chuva e o vento frio de Melbourne por alguns dias já me satisfaz. Estarei em companhia de colegas de profissão e me atualizando no que há de mais moderno na pesquisa em audição e próteses auditivas. Tudo isso me deixa borbulhando por dentro. Amo o que eu faço e abrir os horizontes faz com que meu trabalho se torne ainda mais interessante. Como resultado, que eu então venha a encontrar soluções que farão meus pacientes mais satisfeitos e por conseqüência mais felizes com suas próprias vidas. Esse é o objetivo e é o mesmo motivo que me leva ao consultório todos os dias e me faz deixar a pequena pessoa aos cuidados de estranhos.

Como tudo na vida, perdas e ganhos. Claro que é difícil se afastar pela primeira vez mas por enquanto estou tranquila. Pensando bem, sera que ela vai dormir bem sem me dar um beijo de boa noite? Rsrsrsrs

Primeira noite. Um jantar em um cruzeiro com uma palestra sobre zumbido de um americano que veio de São Francisco, na Califórnia. Esse é um assunto que intriga muitos audiologistas pois é um dos problemas na medicina em que ainda não se encontrou cura. Há tratamentos mas de fato o zumbido estará sempre lá, provavelmente incomodando menos, mas presente. A palestra acabou as 20hs. Putz, cadê meu celular, cadê... o Sr Fritz atende e diz que ela já foi dormir.

Aí vem a frustração de se sentir relapsa por nem ao menos ter telefonado na primeira noite de ausência, por ter me tornado profissional demais naquele momento e ter perdido o horário de sono dela, ter perdido a chance de dar boa noite a distância, pelo telefone.

Algumas taças de espumante depois eu já tinha relaxado e consegui dormir sem o sentimento de culpa. Na manhã seguinte, por algum motivo eu achei que Melbourne estava 1h atrás da Gold Coast e pluft, eu a perdi de novo.

Não encanei muito desta vez pois afinal de contas ela tinha um dia todo pela frente e normalmente nós interagimos de maneira mais intensiva a noite.

O meu bem-estar prosseguiu pois estava tão excitada com as novidades do mercado e com as oportunidades de conhecer pessoalmente indivíduos que tem o conhecimento em suas mãos (ou melhor, cabeças hahaha). Mas mãe é mãe e se sente mãe 24hs por dia. Não pode mancar assim.

...

Sábado, 22 de agosto. No avião de novo. Agora retornando a Melbourne. O congresso foi bárbaro. Foram 20hs de palestras, 3 jantares, muita dança, comida, bebida, risada e networking. O sol brilha agora, magnífico. Eu poderia ter esticado mais um dia pois amanhã é domingo. Seria o me time. Biquíni, óculos de sol, iPod, um bom livro e uma cadeira de praia?

Nããããããããããããããããooooooooooooooooooo. Definitivamente!

Mal posso esperar para chegar em casa e ver minha Isa monkey. Três dias de desenvolvimento profissional foi bom, mas por agora chega dessa brincadeira de vida independente.

Lil escreve aqui aos sábados e achou que não conseguiria publicar o texto dessa semana pois não encontrou oportunidade de conectar a internet do quarto do hotel. É mãe e profissional. Às vezes acha que deveria ser mais mãe que profissional para o benefício da Isa monkey, que é a coisa mais importante da vida dela.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Catilina abusa de nossa paciência


"Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência?", indagou Marco Túlio Cícero ao senador Lúcio Sérgio Catilina, a 8 de novembro de 63 a.C., em Roma. Flagrado em atitudes criminosas, Catilina se recusa a renunciar ao mandato.

Cícero, orador emérito, respeitado por sua conduta ética na política e na vida pessoal, pôs em sua boca a indignação popular: "Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há de precipitar a tua audácia sem freio? Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disto conseguiu perturbar-te? Não sentes que os teus planos estão à vista de todos?"

"Ó tempos, ó costumes!", exclamou Cícero movido por atormentada perplexidade diante da insensibilidade do acusado. "Que há, pois, ó Catilina, que ainda agora possas esperar, se nem a noite, com suas trevas, pode manter ocultos os teus criminosos conluios; nem uma casa particular pode conter, com suas paredes, os segredos da tua conspiração; se tudo vem à luz do dia, se tudo irrompe em público?"

Jurista, Cícero se esforçou para que Catilina admitisse os seus graves erros: "É tempo, acredita-me, de mudares essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós mais claros que a luz do dia."

Se Catilina permanecia no Senado, não era apenas a vontade própria que o sustentava, mas sobretudo a cumplicidade dos que teriam a perder, com a renúncia dele, proveitos políticos. Daí a exclamação de Cícero: "Em que país do mundo estamos nós, afinal? Que governo é o nosso?"

Cícero não temia ameaças e expressava o que lhe ditava o decoro: "Já não podes conviver por mais tempo conosco; não o suporto, não o tolero, não o consinto. (…) Que nódoa de escândalos familiares não foi gravada a fogo na tua vida? Que ignomínia de vida particular não anda ligada à tua reputação? (…) Refiro-me a fatos que dizem respeito, não à infâmia pessoal dos teus vícios, não à tua penúria doméstica e à tua má fama, mas sim aos superiores interesses do Estado e à vida e segurança de todos nós."

Os crimes de Catilina escancaravam-se à nação. Seus próprios pares o evitavam, como assinalou Cícero: "E agora, que vida é esta que levas? Desejo neste momento falar-te de modo que se veja que não sou movido pelo rancor, que eu te deveria ter, mas por uma compaixão que tu em nada mereces. Entraste há pouco neste Senado. Quem, dentre esta tão vasta assembléia, dentre todos os teus amigos e parentes, te saudou? Se isto, desde que há memória dos homens, a ninguém aconteceu, ainda esperas que te insultem com palavras, quando te encontras esmagado pela pesadíssima condenação do silêncio?"

Catilina fingia não se dar conta da gravidade da situação. Fazia ouvidos moucos, jurava inocência, agarrava-se doentiamente a seu mandato. "Se os meus escravos me temessem da maneira que todos os teus concidadãos te receiam" - bradou Cícero -, "eu, por Hércules, sentir-me-ia compelido a deixar a minha casa; e tu, a esta cidade, não pensas que é teu dever abandoná-la? E se eu me visse, ainda que injustamente, tão gravemente suspeito e detestado pelos meus concidadãos, preferiria ficar privado da sua vista a ser alvo do olhar hostil de toda a gente; e tu, apesar de reconheceres, pela consciência que tens dos teus crimes, que é justo e de há muito merecido o ódio que todos nutrem por ti, estás a hesitar em fugir da vista e da presença de todos aqueles a quem tu atinges na alma e no coração?"

Cícero não demonstrava esperança de que seu libelo fosse ouvido: "Mas de que servem as minhas palavras? A ti, como pode alguma coisa fazer-te dobrar? Tu, como poderás algum dia corrigir-te?" E não poupou os políticos que, apesar de tudo, apoiavam Catilina: "Há, todavia, nesta Ordem de senadores, alguns que, ou não veem aquilo que nos ameaça, ou fingem ignorar aquilo que veem."

Acuado, Catilina se refugiou na Etrúria e morreu em 62 a.C. Cícero, afastado do Senado por Júlio César, foi assassinado em 43 a.C. Um século depois, Calígula, desgostoso com o Senado, nomearia senador seu cavalo Incitatus, com direito a 18 assessores, um colar de pedras preciosas, mantas de cor púrpura e uma estátua, em tamanho real, de mármore com pedestal em marfim.
Frei Betto/Adital
Laeticia odeia usar textos alheios, mas desta vez, não deu pra resistir.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O que você seria sem essa máscara?

Ando refletindo sobre máscaras. Aquelas que usamos para nos beneficiarmos de alguma forma (consciência ou sem ciência) e que acabamos confundindo com aquilo que somos.

Cabe aí a máscara de parecermos fortonas, que esconde nossa enorme vulnerabilidade, ou nossa carência. A máscara de nos exigirmos em tudo à perfeição, que esconde nosso desejo de sermos aceitas e quem sabe até admiradas. A máscara de fechar os olhos para abusos, também para sermos aceitas, ou continuarmos sendo amadas. A máscara da simpatia, do excesso de docilidade ou de disponibilidade, para manipular os outros ou mobilizar sua culpa. A máscara do intelectualismo, para esconder nossa dificuldade de nos relacionarmos. A máscara da super mãe, que pensa que supre sua falta de tempo e atenção sendo muito permissiva e impedindo a dádiva do aprendizado dos limites aos seus filhos. A máscara da vítima, para conseguirmos o que queremos sem pedir. E tantas outras, muito mais vistas por aí e em nossos próprios espelhos do que os rostos de quem somos.

Mas quem somos? Como descobrir quando trocamos mais de máscaras do que de roupas? Esta eu semana descobri uma dica que parecia simples: responda rápido o que você faria se não tivesse ninguém olhando (também vale se “só lhe restasse esse dia”)?

...

...

Escreveria um livro para crianças, tendo meus horríveis desenhos feitos à mão como ilustrações.

Trabalharia em casa, durante as horas que me conviessem, no meu escritório-green-house do jardim, com os cães e a plantas, sob a luz de velas e estrelas (e tenho certeza que renderia muito mais do que hoje).

Faria doces, tortas, bombons. E visitaria os amigos sem motivo algum, sem marcar hora, sem ter o que resolver, o que conversar, apenas para comer meus doces com eles.

Leria livros. Um atrás do outro, por dias a fio. Na long-chaise do escritório-green-house, de maiô, chapéu mexicano e champanhe de dia, e de chambre e vinho à noite.

Faria arte. Sem pincéis. Com tecidos, fios, tintas e agulhas. O que pudesse inventar com eles. Sem pensar se o resultado seria de alguém o agrado. Começando com um enorme pano branco para sapatear com os pés mergulhados na tinta (os meus e os das crianças da minha vida). Passando a escrever poemas nas paredes e, por fim, pintando as telhas de casa uma de cada cor.

Faria teatro. Tendo ou não talento, quebraria a perna. E me envolveria com a confecção de costumes e cenários e ingressos e coquetéis de premier.

Saberia dizer prontamente quais as minhas músicas favoritas e para que momentos. E quem as compôs, onde e quando, quem já as tocou e qual a minha versão predileta. Saberia tocá-las, todas, no Odorico, meu violão.

Passaria todos os dias de chuva nua, debaixo das cobertas, de chamego com o Sr Puko, ignorando a existência do tempo.

Casaria ao ar livre e descalça, com os poucos amigos e família em casa, com a nossa comidinha e os doces da família.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Não entendeu quem ela é sem suas máscaras, com a tal dica. Descobriu que já o sabia, mas que não cabe neste mundo sem elas, assim como você.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cuma?

Sabe aquelas semanas em que o Universo está te tirando? Em que tudo seria muito engraçado se fosse um seriado americano, mas como acontece contigo, não é nada engraçado?

Pois bem, estava eu numa semana dessas (que são bem, bem comuns na minha vida) e passei no posto abastecer a Ilda (meu carrinho!!).

-Quer ver o óleo?

Sim, sempre. Como entendo patavinas, melhor checar.

O cara riu e disse:

-Bah, acho que tem que trocar. Estaciona ali e fala com Fulano.

Estacionei, e Fulano também riu. Irritada, mas ainda simpática, perguntei:

- Algo errado?

- É – ele disse, meio sem jeito - parece que tu andou uns 10.000 a mais com esse óleo!

- Capaz?! Impossível!! Eu não seria tão desligada (...). E os frentistas sempre olham e dizem que tá bom!

Pelo sim, pelo não, troquei óleo e filtro. Um tempão e um capuccino cortesia depois, embarquei na Ilda com óleo novinho. O cara do posto praticamente entrou no carro comigo e disse:

- Tá vendo esse adesivo no vidro?

- Tô.

- Quando aqui (e realmente encostou o se dedo no painel) estiver marcando o mesmo número que aqui (e realmente encostou o dedo no adesivo), ou seja, os dois estiverem em 63.000, você vem e pede pra trocar o óleo.

Dá pra acreditar?! Pensei em várias respostas, desde as mais irônicas, como pedir pra ele anotar num papel a explicação para eu não esquecer, as mau-educadas, feministas, passando pela ameaça de processar o cara por me tratar como uma retardada...

Mas sorri amarelo e dei um tchau chocho.

Renata pensa que essa cena teria sido bem engraçada num seriado, mas na vida real não.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Quem avisa amigo é


Isso sempre me incomodou, e a algumas semanas atrás ficou ainda mais visível como realmente é um tema que me faz pensar e, por vezes, ficar preocupada. Desde a auto-escola aprendi, dentre outras coisas, a usar as setas. Sim, aquela luzinha que de dentro do carro não se vê direito, mas ouvimos seu barulho. Aquele TEC TEC TEC que nos faz ter certeza de que está a funcionar e indicar.

Algumas semanas passadas entrei no carro e pulei do banco, ao ligar minha seta esquerda ouvi o som TATATATATATA. Uai, quê, quê isso?! Minha seta ficou doida! Andei alguns metros, acionei novamente a alavanca e lá foi - TATATATATA!!! Estacionei o carro para verificar. De veras, a seta dianteira esquerda estava queimada. E pensei comigo mesma - Ah, é só uma mesmo, não vou esquentar muito minha cabeça. Engano meu. Alguns dias passados começei a me sentir uma pessoa insandecida dentro do automóvel. Foram tantos os momentos que precisei da "infeliz" que começei a desenvolver táticas de aviso, braços, mãos, tudo ao mesmo tempo, pois os pedestres e os outros motoristas não tinham nada a ver com minha seta queimada e muito menos possuiam o poder da telepatia.

E percebi que enquanto eu não arrumasse a seta eu era mais uma daquelas pessoas que possuem os indicadores no carro e não os usam por escolha própria. E que me irritam profundamente. Fui ao mecânico imediatamente, com a lâmpada trocada voltei a me sentir bem comigo mesma e a ouvir aquele som que me dá quase orgulho ouvi-lo - TEC TEC TEC, pois eu aviso.

Penso muito sobre pessoas e valores quando estou dirigindo. Acredito que no trânsito temos uma idéia, mesmo que pequena, de quem a gente é.

sábado, 15 de agosto de 2009

Esquece que eu existo



Desconfie daquele que tem sempre razão.

Quem pode estar certo 100% do tempo?

A verdade é relativa e estar sempre certo significaria perfeição.

Levante a mão que o é.

.... Hum... alguém se habilita? (silêncio)

Nenhum ser humano está nessa etapa de evolução. Bem-vindo ao mundo dos errados e pecadores.

Não, mas ele não. É estrela de outra grandeza.

Mantenha distância.

Ele jamais se colocará no lugar do outro e observará a questão sob um outro ponto de vista.

É muito feliz desde que todos concordem que a opinião dele é a certeira, a melhor, a verdadeira e maravilhosa.

Não discuta, não revide, não discorde. Ele só se satisfaz assim.

Absolutista, uma gralha que não pára. Afinal de contas é preciso muito vocabulário para convencer os outros e a si mesmo de que está correto.

Corra, suma do mapa antes que te vejas embrenhada nas suas garras e daí minha filha, tarde demais.

Pode até ser sedutor, perspicaz e convincente.

Não te iludas, isso faz parte de seu show. Ele precisa continuar a se convencer que está certo e precisa do apoio da platéia. Portanto muito esforço é colocado no sentido de angariar o máximo número de seguidores.

Não é religião, mas se comporta como. Unilateral, hierárquico e antidemocrático, contra muitos e a favor de alguns. Não escuta. Só fala e muito. E decide sozinho.

A maioria de nós conhece alguém que seja assim.

Conviva com ele o menos possível.

Faz mal pra saúde, para o humor e para aquela gastrite desgranida que enche o saco no meio da noite.

E quando o inimigo mora ao lado?

Te muda pô, estás esperando o que?



Lil escreve aqui aos sábados e acha que esse tipo de pessoa pensa que é como uma ilha, que não precisa de ninguém. Melhor se acostumar com isso pois pessoas assim ficam sozinhas. Ninguém aguenta.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Matemática


Contamos calorias.
Contamos os dias que faltam para o Natal.
As semanas que faltam para o inverno começar.
Os anos que não voltam mais.

Contamos estrelas (mas sem apontar o dedo, claro).
Contamos histórias.
Contamos os dentes que caem,
e os que nascem.

Contamos quilos (de preferencia os que eliminamos).
Contamos fios de cabelos que mudam de cor.
Contamos amores passados
e ondas que quebram na areia.

Contamos livros que ainda leremos.
Filmes que ainda serão filmados.
Pais e avós que partiram,
e filhos que ainda vão nascer.

Contamos e contamos.
Principalmente contamos um com o outro.
Contamos que seremos completos e felizes.
Contamos que a morte, quando vier, seja sorrateira.

Milena conta que alguém entenda esse texto. Escreve aqui às quintas.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O esporte mais perigoso do mundo

Tem um monte de atividades por aí classificadas como esportes à minha revelia. Sei que minha opinião como desportista hoje em dia vale muito pouco, mas por favor, sinuca, xadrez, automobilismo, pára-quedismo, hóquei, boliche e afins pra mim não são esporte, são diversão, independente de estarem ou não nas olimpíadas. Tênis era um dos que se encontrava na lista do “não é esporte e pronto” até ontem.

Sabe filmeco com patricinha? Gente rica metida a besta que não sabe se divertir? Playba entediado? Fantasia sexy de saiote com preguinhas? Desenho do Pateta? Pois é, era mais ou menos esse o quadro que vinha minha à mente quando pensava em tênis (coisa que, honestamente, deve ter me ocorrido umas duas vezes ao longo de toda a vida).

Não sabia as regras, como se contam pontos, o que fazer com as linhas do chão, nem se a bolinha tem ou não que quicar e quando. Continuo não sabendo, porque pra cada uma destas definições parece que, dependendo disso ou daquilo, será de um jeito ou de outro. Tinha que ser coisa de gente besta mesmo.

Quando era criança meu irmão até me levou algumas vezes pra vê-lo jogar, e até quis tentar me ensinar alguma coisa. Que nada, quando nesta vida eu ia perder tempo de andar de patins ou ler alguma coisa legal pra ficar olhando uma bolinha de um lado para o outro ou, pior, tentando fazê-la ir de um lado para outro? Com trinta anos.

Pois é, sorrateiramente uma amiga, que não é rica (ainda), nem metida a besta, mas andava bem entediada, resolveu me convencer a tentar aprender o bicho. Parece que tênis é esporte de tiozão também, daqueles sedentários que nunca fizeram nada, mas que precisam, se não, vão morrer de síndrome metabólica. Parece também que dá pra jogar por toda a vida, enquanto se conseguir. E parece que é um bom esporte para casais também. E quando não se tem ninguém pra brincar (ups, desculpe, jogar), ainda dá pra se divertir no paredão. E dá pra fazer isso na hora que bem entende.

Hum, somando o medo da síndrome metabólica com o clube da esquina, de que somos sócios e sempre tem quadras de tênis vazias, de repente passou a talvez ser uma boa idéia.

Começamos a brincar com bola e raquete emprestada. Até aí pude confirmar mais uma vez o quanto me falta coordenação. Além de não conseguir fazer a porcaria da bola levantar, cada vez que ia brincar disso no clube, no outro dia estava com dor em lugares super estranhos (como o pescoço ou a polpa da poupança). Opa, será que não é tão light assim? Minha amiga começou então a fazer aulas de tênis e eu passei a ter aulas por tabela, complementadas pelas aulas do Sr Puko (que obviamente praticou este esporte na tenra idade). Não é que melhorei bem? E me empolguei? Foi então que descobri que o marido de uma colega perdeu doze quilos em três meses, fazendo aulas de tênis de meia hora, duas vezes por semana. Heim? E que isso é bem comum de acontecer. Hã? Mas então é per-fei-to. O tênis foi então promovido a outra categoria.

Na empolgação, tentando bater cinco vezes a bolinha no paredão sem parar (sim é este o meu nível), corri pra tentar buscar uma bola e... ESTABAQUEI. No concreto! Ai, ui, ai, ui, como doeu. Não entendi como aconteceu até agora, nem como é que caí e consegui ralar a mão esquerda, o cotovelo esquerdo, o joelho direito. Anos a fio fazendo patinação e nunca quebrei nada, nunca uma gota de sangue. Outros tantos lutando e, uma única vez, eu fiquei com um olho roxo. Agora, meia dúzia de brincar de jogar tênis e a pessoa se estabaca desta forma?

Tênis é que é o esporte mais perigoso do mundo! Mas talvez por isso seja bem divertido e agora, eu esteja adorando! Só preciso lembrar de, da próxima vez, levar joelheira, cotoveleira, munhequeira, capacete, protetor de dentes (já pensou entrar banguela na igreja?) e protetor de ouvidos, pra ignorar o ataque de risos que a amiga costuma ter quando está comigo, principalmente, é claro, quando eu me estabaco.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Bastante ralada nesta em particular, mas doida pra que sare logo e ela possa pegar de novo a raquete.

Agradecimentos especiais aos meus dois professores e aos meus cunhados que nos presentearam com raquetes bem legais.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dia dos pais


Nas escolas onde trabalhei, há anos não se faz comemoração de dia dos Pais, mas sim algo que envolva a família como um todo, da forma que ela esteja organizada, pelo fato de que a maioria dos alunos não tem pai.

Como assim, não tem pai? Nasce como, então?

Explico: nasce como toda e qualquer criança. Mas por motivos variados e inúmeros, o pai acaba se separando da mãe e, quase sempre, da criança. Para uma mãe isso soa impensável, e a gente estranha ver as raras famílias levadas apenas pelo pai. Mas famílias levadas apensa pela mãe, são tão comuns que ninguém nem estranha.

Para uma mulher que se separa do marido, muitas coisas mudam, mas não o fato de que ela é mãe. Agora, para alguns pais, a coisa parece ser ligada: não sou mais marido, então não sou mais pai.

Que absurdo!

Cadê os homens desse país? Cadê os homens que não precisam de uma esposa ou de uma intimação da justiça para ser pais? Cadê os homens com coragem? Com responsabilidade? Com senso de compromisso? Cadê os homens que criam a geração do futuro? Por favor, manifestem-se, pois o que ando vendo são ex-pais (como se fosse possível!), que se afastam de tudo e deixam seus filhos com as mães, sem ao menos dar o acompanhamento legal, regrado em legislação, de auxiliar no sustento, prezar pela saúde, dignidade e educação.

O que vejo são “pais” que nunca pagaram pensão, que nunca visitaram a escola dos filhos, que nunca olharam um boletim, que nunca passaram noites em claro, que nunca ficaram na fila do plantão, que nunca brincaram mesmo estando exaustos, que nunca ficaram preocupados 24 horas por dia, que nunca choraram ou riram com eles, que nunca dormiram lendo uma história, que nunca enfrentaram surtos de fúria adolescente, que nunca disseram não, que nunca foram pais.

Mas acham que ter tido uma relação sexual que ocasionou em uma gravidez os faz serem pais.

Não, não faz.

Renata parabeniza os pais de verdade e teme pelas gerações do futuro...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Até mais Inverno!!


Parece que os dia têm passado mais rápido,
mais quentes, mais amenos.
Clima de seja bem-vinda a Primavera e
adeus Inverno.
Sinto saudade do Rio,
do cheiro de maresia,
e de um vento típico de lá, que por vezes o sinto aqui.

Nesses últimos dias, percebi um cheiro pitoresco no ar,
dá vontade de sair às cinco da tarde,
sentar numa praça e encontrar os amigos.
Tomar uma cerveja e ver o tempo passar.
Fresco, azul, às vezes morno, às vezes frio.
Dias para se dirigir de janela aberta e deixar o vento te soprar.

Gosto de frio e também de calor. Dou saudações a Primavera e digo até mais ao Inverno. Quando me cansar do calor sei que ele retornará!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Bridezilla II – listas, listas, listas.

Parece que foi ontem que contei como fui pedida em casamento por aqui. Pois já faz um ano e meio e estamos praticamente na porta do grande dia.

O estresse de se casar vem de definir as coisas grandes: salão, bufê, vestido, igreja e decoração, não? Ledo engano. E quando estas coisas estiverem definidas o resto é a deliciosa espera pelo grande dia, não? Pfff.

Antes do grande dia vem a maldita lista de convidados. Que horror falar assim dos amigos, pra que fazer festa, então? O problema não são os amigos, meus caros, estes deveriam ser a solução. Mas é punk ter que convidar (porque se não seu pai vai morrer de desgosto) a tia-avó que você não vê a vinte anos e cuja única lembrança é o quanto doíam as suas bochechas quando você a via. Pior ainda é saber que aquela amiga, companheira de boteco, cachaçada e muitos bons momentos, que sim, faz tempo que você não vê mas continua adorando, vai ter que ficar de fora do seu xeiquebari por causa da querida tia-avó. E os tios que você quer convidar, mas tem certeza de que, se forem, a indicação no convite, de “fulano e beltrana”, será sumariamente ignorada e a torcida do flamengo vai aparecer, ainda por cima sem confirmar presença. Lá se vai a chance de chamar os dois casais, amigos de um estágio que você fez no milênio passado, e que só vê de vez em nunca, mas adora.

E a lista de presentes? Ai caramba... Já moramos juntos e, se não temos tudo o que gostaríamos, temos tudo o que precisamos em casa. Pra que então um conjunto de baixelas de louça Armênia? Candelabros? É óbvio que estas coisas não estariam na nossa lista mesmo, mas são bons exemplos do que encontramos por aí. Tudo bem, nós acabamos optando por trocar os copos de requeijão (que eu particularmente adoro, principalmente os de vaquinha), por algo mais decente. Aí vem o esquema da entrega. Acredita que muitas lojas exigem que os presentes sejam entregues à medida que forem comprados? E um casal que TRABALHA e não está nunca em casa em horário comercial, muito menos diariamente, faz o que? Pior ainda é descobrir que não fazer lista, como era minha intenção original, dá uma dor de cabeça danada, pois já pensou ter que trocar um presente a 1400 km de onde se mora, ou não ser possível trocar um hipopótamo de madeira de 1,80m da Indonésia? Parece que para quem presenteia também, pois não tem a menor idéia do que comprar. Desisti quando uma das madrinhas ameaçou dizer que tinha algo contra essa união na igreja se eu não fizesse a tal da lista.

E a lista das coisas já orçadas que ainda precisam ser escolhidas. Cabeleireiro? Fotógrafo? Como escolher se são coisas que eu só vou saber se são boas depois que estiverem feitas? Unidunitê?

E as listas de músicas? Como escolher se com todas que os dois gostam daria pra fazer a trilha sonora de uma séria inteira de televisão?

E a lista de documentos necessários para casar no civil com estrangeiros?

E a lista das despesas que faltam?

Então, ainda pensa que casar é mole? Acho que estou descobrindo que lua-de-mel não deve servir para o que eu pensava, não, snif.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Há um ano e meio atrás escrevia aos sábados e disse que estava “em Paz e Feliz (também com muitas coisas divertidas para pensar provavelmente até o fim do ano que vem)”. O “fim do ano que vem” está chegando, ela segue Feliz, mas longe, muito longe de seguir em Paz.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Em defesa de todas as crenças

Religião é um dos temas mais polêmicos do mundo. E, como diria Caetano, em “Fora da Ordem”; “Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem. Apenas sei de diversas harmonias, bonitas e possíveis e sem juízo final”. Pois é, era isso que deveríamos pensar antes de levantar bandeiras e gritar sobre a melhor religião.

Tenho passado por situações de intolerância religiosa extrema com pessoas de meu convívio social. No início, levava numa boa, pois achava que as pessoas queriam me converter à religião delas porque queriam o melhor para mim, e acreditavam que a religião que elas seguem é a melhor. Até aí, tudo bem. Eu somente ouvia, e não falava nada. Ou, no máximo, agradecia. Só que, depois de um tempo, a coisa piorou. Passou a ser doutrinação, lavagem cerebral. Aí, a conversa ficou perigosa, e as outras religiões eram erradas. Esse pessoal que é dono da verdade absoluta é difícil de conviver.

Comecei a responder algumas coisas que essas pessoas não gostam de ouvir, e, algumas vezes, o clima ficou ruim. Eu me afastava uns tempos, mas depois o tema religioso voltava. Eu criticava os intolerantes, pois não quero que este país vire um Oriente Médio, com religiosos de uma crença matavam os de outra. Também me chamaram de intolerante, porque não aceito críticas às religiões. Pode?! Pode, pois é um mundo complexo demais.

Pra piorar, outro dia escuto de pessoas da minha família que estou afastada da religião. E a conversa começou com pergunta se eu agradecia a Deus quando recebia uma boa notícia, ou por ter boa saúde. Oras, e eu preciso demonstrar que tenho uma religião e erguer mais uma bandeira da intolerância para estar perto de Deus?! Eu respondi que Deus não tem nada a ver com religião, e que me afastei de religião por causa da intolerância de uma crença com outra. Quando parecia que a conversa ia terminar ali, rendeu para uma terceira pessoa, que comentaram que devia voltar para a religião, freqüentar a igreja, essas coisas.

Minha família tem gente de várias religiões; católicos, evangélicos, espíritas. Até pouco tempo, havia respeito entre eles. Agora parece que um incomoda o outro. Não acredito que Deus esteja em uma religião e não na outra. Nem acredito que Deus queira que uma pessoa guerreie com outra para defender uma crença. Eu defendo todas as crenças, e continuarei assim. Mas sei o quanto custa defender a fé, e não a religião.

Tania acredita que cada um escolhe a melhor religião para si; aquela que mais aproxima a pessoa de Deus. Portanto, não pode haver um única crença verdadeira. A fé leva a Deus.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Você sabe que precisa de férias quando:


as férias são antecipadas e estendidas por causa de uma pandemia com letalidade incerta e alta taxa de contaminação e você acha bom.

seu primeiro dia de férias é passado limpando a casa e você acha bom.

você passa um fim de semana estendido na praia, com um frio danado, chuva... e acha bom.

você não consegue pensar em outra coisa pra fazer nas férias a não ser trabalhar. Trabalha e acha bom.

você tem que colocar na agenda coisas como: tomar café com bolo com as gurias, quinta, às 15 horas.

no seu primeiro ímpeto de voltar à academia você tem uma dor de estômago tão forte que acha que vai desmaiar.

já pensa nas férias de verão, sem nem saber quantos dias a mais vai ter que trabalhar para cumprir todos os dias letivos.

Renata está de férias, mas ainda precisa de férias.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Volta


Hoje, primeiro dia de volta, volta às aulas, a academia, a rotina, aos planejamentos, provas, resumos, correções, alunos, os mesmos, os novos. Volta por um caminho diferente, mas para o mesmo lugar. Anastácia estava animada, ainda que apreensiva. Hoje retornava ao trabalho, já havia feito vários planos, idéias lhe ocorriam constantemente. No início sempre nos sentimos revigorados, prontos para qualquer obstáculo e Anastácia se sentia assim. Sua carga horária seria maior, mas, também, seu salário. E ela sabia que daria conta desde que se organizasse. Agora o último objetivo, perder e nunca mais encontrar os quilos que havia adquirido durante suas férias, pois Anastácia quer tambem voltar ao que já foi um dia.

Silvia escreve às segundas. Hoje num misto de sentimentos, pois volta de férias.

domingo, 2 de agosto de 2009

Namorado? Quê? Onde?


Pasmem: tenho quase trinta anos e nunca tive um namorado. Eu digo namoro sério, daqueles de levar no almoço de domingo, de apresentar pros amigos e tal. Tenho PA’s e fucking friends pra saciar a carne, amigos gays pra dormir de conchinha quando a carência bate, romances cibernéticos, amigos coloridos, ficantes e paqueras pra passar o tempo, e até mesmo um alguém que liga no fim do dia pra saber como foi o meu dia e o que vamos fazer amanhã. Mas namorando que é bom nada! Nunquinha!

A família já cansou de cobrar e hoje em dia nem toca no assunto. Os tios certamente já especularam que eu fosse sapatão, mas atualmente já passaram da idade de cuidar da vida dos sobrinhos. Eu literalmente já fiquei pra titia e com muito orgulho, tenho uma sobrinha maravilhosa! Mas não desisti, um dia aparece!

O coração vagabunda da Mariana está verdadeiramente cansado de bater sozinho. Num futuro bem próximo pretende começar a fazer terapia.

sábado, 1 de agosto de 2009

Síndrome de Peter Pan


Começamos a envelhecer no momento que nascemos.

Ok, grande descoberta essa.

Mas parecemos ignorar completamente o nosso destino por pelo menos os primeiros 20 anos de vida. Envelhecer não é algo em que pensamos durante a infância e adolescência, salvo raras exceções (como quando desejamos ter 18 anos para dirigir o carro ou ter a independência suficiente para ir e vir, sem permissão de ninguém). O envelhecer que me refiro, no entanto, é a maturidade do corpo físico, as rugas que aparecem com o passar do tempo e aquele frescor da pele que progressivamente se torna menos acentuado.

Envelhecer com elegância, graciosidade e dignidade. O que afinal significa isso?

Até soa ridículo que alguém como eu, que recém entrara na terceira década de vida esteja discursando sobre o envelhecimento. Bem, mantenha em mente que somos mulheres brasileiras e deve até fazer parte do nosso DNA a essa altura o lidar com as exigências da sociedade em relação à beleza feminina, em que idade for.

Lembro-me dos tempos em que me bastava um cabelo recém lavado, jeans e camiseta para colocar os pés para fora de casa. Ah, brincos e batom eram os únicos acessórios a me acompanhar naquela época.

É preciso muito mais cuidado para se sentir bonita hoje em dia: hidratantes para mãos, pés, rosto, pernas, produtos especializados para o cabelo (na realidade já perdi a conta de quantos são no momento), esfoliastes, tônicos, mascaras, óleos.. e isso só para se falar nos cuidados diários. Além disso, cara lavada não dá mais! Oh vida!...Ter que passar pela rotina diária matinal de se lambuzar em maquiagem para não transparecer o cansaço que dá ter 1001 funções que me cabem durante as 16 hs ou mais que passo acordada, com o sorriso no rosto (será que sorrir também causa rugas?).

E como se tudo isso não bastasse, um dia a gente acorda, olha no espelho e se dá conta que as coisas já não são mais como antes.

Quando foi que esse pé de galinha apareceu????? ... e esse bigode chinês, quem o colocou ali?

Certo, eu assumo que sou vaidosa, mas convenhamos que aceitar o envelhecimento em uma sociedade que prega a perfeição não é uma coisa fácil não!

E foi por isso mesmo que recentemente andei pesquisando alguns procedimentos estéticos. É, pensando em me render a faca, já...

Estou avaliando os riscos e a importância de me sentir confortável comigo mesma (não quero me convencer que essa seria uma escolha superficial pois afinal de contas se aceitar é essencial!!!). Minha mãe já fez umas quantas e assim me parece mais banal. Mais recentemente foi a vez do meu pai. Por que não eu?

Há alguns dias recebi a chocante notícia de que a prima de uma amiga, de 34 anos e mãe de gêmeos de 2 aninhos de idade faleceu depois de uma lipo. Voltou pra casa numa boa, teve recaída e voltou para o hospital, de onde não saiu. Não sei detalhes. O fato é de que li como um sinal.

Ainda não decidi o que vou fazer mas certamente estou me perguntando o quanto da pressão da sociedade e a minha mesma vão pesar na minha decisão e me fazer enfrentar o risco.

Cirurgia plástica virou banalidade no Brasil mas como toda cirurgia ainda há riscos.

Lil escreve aqui aos sábados e não sabe ainda se faz parte da facção ‘a vida como ela é’, ou se da ‘síndrome do Peter Pan’. A resposta ainda está por vir nos próximos capítulos.
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