sexta-feira, 28 de maio de 2010

Desisti.

Desisti porque é muito difícil. Não estou desistindo porque fiquei com preguiça de tentar. Durante muito tempo na vida agi assim, com preguiça de tentar. Mas dessa vez tentei, e muito. Uni todas as forças, acreditei em mim. Desisti porque estou cansada de tentar. Minhas forças acabaram, estou exausta. De tudo fica o aprendizado. Descobri que sou mais capaz que imaginava, descobri que meu limite fica num lugar diferente do que eu imaginava. Mas além do aprendizado, agora sinto dor.

Desisti de dormir com o calor do seu corpo. Desisti de sentir sua respiração calma. Desisti da textura e do cheiro delicioso que tem a sua pele. Desisti do poder que tem de me fazer arrepiar as costas quando se aproxima. Desisti do silêncio compatilhado e das alvoradas com camomila.

Por agora estou cansada. Pode ser que passe.

Mariana promete tentar acreditar que tudo passa, tomando chá ou cachaça

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sobre médicos e hobbies

E daí que semana passada eu fui ao médico. Consulta de rotina, nada grandioso.

Uma das minhas “reclamações” era o fato de eu estar muito cansada. Geralmente eu associo o cansaço à presença de vermes – nojento, eu sei – ainda mais comendo fora todos os dias. Vai saber como é que eles lavam aquele almeirão?

Bom, mas voltando ao cansaço, a conversa com o médico foi tomando o rumo mais seguro que eles conhecem... melhor do que me dizer que eu tenho vermes é me dizer que o estresse do dia-a-dia e a tensão à qual as mulheres são submetidas nesse contexto socio-econômico-mundial causam cansaço.

Jura? E eu achando que deviam lavar melhor a salada aqui no refeitório. Cruzes.

Concordei com ele – e há do que se descordar quando o assunto é pressão e estresse? – e estávamos nos entendendo bem até que ele resolveu que a cura para o meu cansaço era muito simples: eu deveria arrumar um hobby. Tipo, alguma coisa que eu realmente gostasse de fazer e que ocupasse meu tempo e distraísse minha cabeça.

ALÔÔU!!!

Se eu arrumar OUTRO hobby eu vou ter que largar o emprego minha gente.

Vamos à lista das coisas que ocupam meu tempo e distraem a minha cabeça:

Costurar

Jogar tênis

Jogar basquete

Baixar e assistir umas 7 séries de TV

Estudar inglês (sim, eu faço por hobbie)

É, eu também descobri a razão do meu cansaço no meio dessa conversa. E o pior, só me resta uma alternativa... falta muito pra aposentadoria?

Milena escreve aqui às quintas e definitivamente não precisa arrumar um hobby.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Tempos de Colégio

Saudades do Colégio Municipal de Belo Horizonte... Estudei de quinta a oitava série nesse colégio, que ficava no bairro São Cristóvão, ao lado do Hospital Odilon Berhens, do Departamento de Investigação da Polícia Civil, do Conjunto IAPI, que é um conjunto habitacional tradicional, e da Pedreira Prado Lopes. A Pedreira é uma favela antiga de Belo Horizonte, que, como todo lugar, tem muitos problemas sociais, de tráfico de drogas, de violência, mas, como todo lugar também, tem muita gente boa. Muitos colegas meus moravam na Pedreira, e eu costumava ir a festas de aniversários nas casas deles, e também fazer trabalhos escolares lá. Era outra época...

Hoje o Colégio Municipal está fechado. Está em reformas, e deve se tornar centro de cultura, com espaço para a comunidade, quadras esportivas, consultórios odontológicos, etc. Não sei ao certo como vai ser, mas não voltará a ser o Colégio Municipal da minha adolescência. Ele era lindo, enorme, tinha um ginásio grande, com arquibancadas, com equipamento de ginástica olímpica, com quadras de vôlei, futebol de salão, basquete! Tinha vestiários feminino e masculino, com vários banheiros e chuveiros. Além disso, o colégio tinha quadras abertas de peteca no pátio central, tinha laboratório de Ciências, todo equipado, e um auditório maior do que as salas de cinema dos shoppings atuais. A biblioteca não era tão grande, mas, ainda assim, era bem maior do que as bibliotecas de escolas públicas de hoje. Havia a sala do Grêmio Estudantil, e havia consultório odontológico. Como toda escola, várias salas de aula, sala dos professores, sala da orientação pedagógica, cantina, banheiros, etc. Entretanto, era um mundo para mim. E não foi só naquela época, dos onze aos quinze anos, que eu pensava isso. Passados alguns anos, fui a um Festival de Dança do Colégio, pois eu cheguei a participar deles quando estudava lá. E, mesmo adulta, achei o colégio um lugar grande, espaçoso, rico mesmo.

Mas veio a nova LBD (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), em 1996, e a escola foi modificando. O ensino, que era rígido, precisou se adaptar, e ser mais flexível. Veio a Escola Plural e os ciclos, e as políticas públicas, disfarçadas de boas intenções, praticamente acabaram com a reprovação. Os alunos ganharam mais direitos do que deveres, os professores perderam a autoridade, e o conhecimento perdeu o valor. O tráfico entrou na escola, juntamente com a violência, e os professores ficaram com medo de lecionar lá. A segurança acabou. E escola também. Fechou as portas. E minhas saudades ficaram de fora.

Eu me pergunto como uma escola dessa dimensão, que já foi uma das melhores escolas de Minas Gerais, foi deixada de lado, ao descaso, abandonada à própria sorte. Mas sei que não preciso pensar muito. Não sinto saudosismo de um período que não volta mais. Sinto indignação porque sei que o que aconteceu com essa escola é o retrato exato da educação pública no Brasil!


Tania sente saudades do seu tempo de escola. Mas sabe que não são saudades sem fundamento. Os novos tempos trouxeram desrespeito pela educação, e isso pode ser visto em qualquer escola do país.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quando a vontade não vai

E quis sair, pra minha casa, pro meu mundo, pro meu canto,
prum lugar só meu, sem ninguém, nem você, nem niguém,
lugar onde não terei que me explicar, dizer, que disse, nem que nada,
onde serei só eu,
sabendo exatamente quem sou, e do que sou capaz,
sem medo, nem receio,
sendo apenas eu, eu mesma.

E quis sumir,
chorar, até não poder mais,
esquecer,
ser e não ser,
invisível; pra mim mesma.
Chorar até secar, até ninguém perceber mais,
nem eu mesma.

Num mar de lágrimas, renascer,
ser outra pessoa, e nada mais do que eu mesma.
Mas apenas eu.
Completa.
Única.
Apenas.
Sem e com vocês.
Da maneira como deveria ser.

Família, é bom e é ruim, nas devidas proporções.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Affe!!!

Ninguém te pergunta o que você acha do seu marido ir jogar bola toda quinta-feira à noite lá no fim do mundo.

Ninguém te pergunta o que você acha de acordar com barulho de porta abrindo e batendo, além de ruídos vindos da cozinha que fazem você achar que está acontecendo um terremoto de 9 graus na escala Richter.

Ninguém te pergunta o que você acha de achar short, camisa (duas!), meias e chuteiras espalhados pela casa no dia seguinte ao maldito jogo. Tudo sujo e suado, lógico.

Ninguém te pede opinião pra nenhuma destas merdas e você, mulher civilizada, faz de conta que nem é com você que esta desgraceira toda está acontecendo.

ENTÃO ALGUÉM PODE ME DIZER PORQUE DIABOS QUANDO O DIGNÍSSIMO ATLETA DE FIM DE SEMANA ROMPE O TENDÃO DE AQUILES JOGANDO FUTEBOL E TEM QUE FICAR QUARENTA DIAS À TOA, DE MOLHO EM CASA "CONVALESCENDO", NENHUM DAQUELES OUTROS 21 FILHOS DA PUTA VÊM AGÜENTAR O MAU HUMOR DO COLEGA DE BOLA?!!!

Pra puta que pariu!! Declarei o fim da (breve) carreira futebolística do meu marido. Futebol agora é só na TV e olhe lá!!

Laeticia entende absolutamente os casais que se desfazem depois que o marido aposenta, porque ninguém agüenta um homem reclamão o dia inteiro dentro de casa!!! Está custando a dar conta de ouvir reclamação de manhãzinha e de noite.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Coisas da morte

A morte também ensina.

A primeira coisa é que não se está preparado para ela, seja ela já esperada ou não. Sim, é clichê, mas é a mais pura verdade.

A segunda coisa que ela te ensina, assim que chega, é como acessar uma força que não sabemos que tínhamos, que nos move como fantoches, tomando providências e decisões aqui e ali enquanto anestesia nossos corações. Só que esta força vem na forma de uma cota, que de repente acaba.

Então a morte te ensina que as pessoas, próximas, ou não, que gostam de você ou não, não sabem lidar com ela, Porém, não conhecendo seu rosto, as pessoas traduzem este sentimento como não sabendo lidar com você.

A morte também te mostra o quanto nós somos egoístas, sem exceção. O egoísmo começa com a nossa própria dor, pois a dor não é pela pessoa que se foi, em si (afinal, ela se foi) mas por nós mesmos, pelos momentos que não viveremos com ela, pela nossa própria solidão. Então o egoísmo se estende à dor dos outros que ao saberem que você perdeu alguém que amava, imediatamente pensam nos seus e em si mesmo, e expressam isso sem pudor. O estranho é que de alguma forma (também egoísta) isso te conforta.

Então é hora da morte te ensinar a ensinar os outros sobre como lidar com você. Primeiro você ensina que essa história de “meus pêsames” e “meus sentimentos” é horrível. Tudo bem que ouvir isso de alguém que não te conhece muito bem é até bom, pois a distância fica clara e um espaço que é muito só seu de certa forma se preserva. Você merece, afinal, não desmontar a cada vez que se fala sobre o assunto e estas expressões são a senha para calar. Dos que te amam, porém, o que conforta mesmo é o abraço apertado calado, ou acompanhado de um bom e velho “putaqueopariuquemerdaéessacaraleo???!!!”. Isso é muito confortante.

Então a dita te mostra como funciona a teoria da relatividade. Todos, absolutamente todos os seus problemas do dia-a-dia, sem exceção, passam a não ter importância alguma. Nada. As pessoas te olham assustadas quando, numa situação qualquer em que você viraria bicho, resta apenas seu olhar vazio e calado. Tudo perde a relevância e isso abre um espaço enorme em você que por um segundo até parece ser bom e confortável, depois de tantos anos que você se enche de problemículas estúpidos. Mas logo este espaço vira um grande buraco, quando você percebe que você simplesmente não tem com o que preenchê-lo. E então, você mesmo passa a se sentir um buraco ambulante.

Então, a morte mostra para seu buraco a importância das pessoas na sua vida. Tenha certeza que serão muito poucas as mais importantes, mas que o tamanho da importância delas vai crescer tanto, que elas se tornarão gigantes perto de você. É com estas pessoas que você vai ficar em silêncio, sem perceber. E é o silêncio que você quer, mas você não quer a solidão que ele trás. Você vai querer passar, e vai passar, a maior parte do seu tempo fazendo coisas que te tirem a consciência deste mundo: lendo, vendo um filme, limpando sua caixa com 3500 e-mails, arrumando a gaveta de talheres. Mas ainda assim não vai querer estar só e sua gratidão ao ver alguém, dentre estas poucas pessoas especiais, ao seu lado, será tão gigante quanto ela a seus olhos.

Você aprende também que não há fé que amenize seu sentimento. Não adianta nem ser espírita, acreditar que é só uma passagem, que a separação é impossível, sendo apenas fisicamente temporária. Não adianta. A fé, seja qual for, trará um pouco de equilíbrio, fará você perceber quando estiver surtando sem noção, mas não vai amenizar o que você sente e a sua vontade de que tudo isso fosse um pesadelo do qual você gostaria de poder apenas acordar e dar um abraço muito forte naquela pessoa e dizer o quanto você a ama.

Então, com o passar dos dias, você vai querer honrar a vida daquele que não está mais aqui através da sua vida. Vai querer ter a vida que sempre quis e não pode, ou por algum motivo ainda não conseguiu completamente, pois afinal, de uma hora para outra, de um segundo para outro, você poderá não estar mais aqui também. Então, o desejo de mudar de emprego, de mudar de país, de mudar de problemas, de ter um filho, virá ardendo, queimando a sua pele e você sentirá uma lufada de ânimo e uma gratidão imensa ao ser querido que provocou isso com sua partida. Até perceber que você está juntando todos os caquinhos, todas as suas forças, a cada amanhã, para poder levantar, sair da cama, trabalhar, tentar viver. Até perceber que neste momento você mal tem forças para mudar de roupa, que dirá mudar de vida.

Por fim você aprende a torcer para que o tempo passe logo e que chegue logo a época de sentir saudades sem doer, que é o que todos dizem que acontece mas não é o que você vê. A morte também ensina, mas quem foi que disse que se quer aprender alguma coisa com ela?

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Seus maiores desejos hoje são: 1) que a morte seja mesmo como a carta do tarô, que tantas vezes confortou-lhe ao longo da vida acenando a vinda de uma transformação e 2) que tudo o que sempre acreditou seja mesmo verdade e que seu amor, apesar da dor, possa atravessar mundos e abraçar a pequenininha bem forte, onde ela estiver, levando-lhe ainda toda a sua gratidão.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Distraído!

E como se fosse nada, como se fosse pó, como se fosse só... ele se desfez.

Derrubou no chão sem perceber que partiu em pequenas gotas vermelhas...

Sacudiu as mãos e saiu satisfeito, aliviado, sem perceber que partira um coração.

Renata não está de coração partido, apenas um pouco melancólica demais. Para a próxima terça providenciará um texto mais alegrinho!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Intervalos

Os fins de semana mal chegam e já passam, e sinto que chego na segunda cansada. Cansada de tudo, do trabalho, da segunda, até da academia que gosto tanto. Cansada de mim, dessa minha alergia que não anda nem desanda.Da minha dieta que empacou, eu empaquei, e as gramas há mais que se acumulam me incomodam cada vez mais.

Cada vez mais penso nas férias que não chegam, e chegam, eu é que estou ansiosa, como sempre. E passa feriado, passa tudo, passa a vida. E parece que é pouco o que tenho feito, mesmo quando faço tudo o que quero. É pouco o sentimento, emburro, fico chata, calada, sem anima. E coço e como, coisas que não deveria.

Vou marcar outros médicos, outros exames, até que alguém descubra o que tenho, ou o que não tenho. Há quase dois anos desenvolvi uma alergia que não sara, podem ser o gatos, as pulgas, os mosquitos, pode ser eu mesma. Vivendo no Brasil, no mato, fica difícil me afastar deles,e de mim então nem se fala. E se forem reamente os gatos, que pena. Prefiro a vida com eles do que sem, quanto a mim, nem sei.

Nesse fim de semana fui ao veterinário, mas a consulta era pra mim. Talvez seja realmente coisa de bichos. Novamente fiquei e ainda estou ansiosa pra fazer os exames. Comi demais, bebi além, e dormi mal com dor de barriga. Mais uma segunda, mais uma semana. Estou sem energia. Acho que preciso de um intervalo de mim, de tudo.

Silvia escreve às segundas, quando consegue.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pequeno Manual das Neuroses Manuais.

Gente, super sorry, mas o meu texto de hoje nem é meu.
Verdade seja dita, eu super gostaria de ter escrito esse texto antes da Elisa, mas sabem como é né... eu não passei por todas as fases ainda, então nem rola... rs

Da Elisa (autora do http://ela-fala-e-sai-andando.blogspot.com/, escrito para o http://www.superziper.com/), com vocês, o Pequeno Manual das Neuroses Manuais.



mulheres

Nem tudo são flores (de feltro) no mundo craft. Existe muita, muita tensão e chegou a hora de abrir a caixa preta (estilo vintage de MDF betumado). Vou mostrar o lado escuro do mundo da fofura, enumerando as 4 fases pelas quais passamos ao perceber que temos alguma habilidade manual. Momentos da mais pura psicologia de botequim. Ou melhor. De atelier.

(1) Fase da Onipotência: Nesta fase acreditamos que com uma boa tesoura e um rolo de 10m de fita de bolinhas dominaremos o mundo. Comprar presentes? Roupas? Bolsas? Pra quê? “Faço isso com um pé nas costas!” “Plataforma de Petróleo? Me dê uns pedaços de MDF, um pouco de cola e...” . Alerta vermelho: McGuiver já era, o dono do shopping tem uma família para sustentar e o capitalismo precisa de você! Seja razoável!

(2) Fase da Customização Obsessiva Compulsiva: Danou-se! Nada mais escapa do seu “toque pessoal”. Sapatos, móveis, latas de leite em pó... É só bater o olho num objeto meio sem graça e pronto: “ficaria legal com outra cor”, “ficaria bem melhor recoberto de tecido” “e se eu virar de cabeça para baixo, colar num cabide e...”. Fase crítica! Você só perceberá que precisa de ajuda quando já estiver na segunda demão de pátina provençal na careca do marido. Seja forte! E não faça capinha pro botijão de gás! (Jamais!)

(3) Fase do Apego: Você comprou os mais lindos papéis para scrapbook do universo e de tão apaixonada toma um tarja preta cada vez que pensa em usá-lo em um projeto. Nada nem ninguém é digno e merecedor do seu material favorito. “E se não encontrar mais para comprar?”, “E se pararem de fabricar?”, “ E se a indústria papeleira for extinta?”. Você tem pesadelos com ataques de gafanhotos comedores de papel e acorda suada. Gente: um dia eles vão crescer e nos deixar sozinhas. Papel de scrapbook a gente cria para o mundo.

(4) O ataque do Caboclo Tranca Atelier: A agulha quebrou. A linha embolou. A tinta empelotou. O caseado está troncho. A cola manchou. Você corta torto. Cola torto. Costura torto. Era para ser um cubo, mas virou uma pirâmide. May Day! May Day! É hora de desistir! Nem sempre perseverar vale a pena. Antes que atentar contra a própria vida com uma pistola de cola quente calibre 22, largue tudo como está! Vá pra rua, bata perna, dance hiphop, beba tequila. À noitinha, acenda uma vela (artesanal forradinha com frutas secas) pra Nossa Senhora da Tesourinha de Garça e outra (tipo gel com estrelinhas azuis) pro São Pompom e vá dormir o sono dos crafters. Amanhã será outro dia. (Tarja preta de novo, não!)

Agora que foram devidamente alertadas sobre as terríveis sequelas psicológicas do mundinho cute, pensem bem antes de continuar lendo este blog cheio de idéias, tutoriais e fofices. Eu tentaria outro hobby. Que tal... Sudoku?

Milena vive definitivamente na fase 2. God help us all.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Custa escrever certo?

Nos meus dez anos de magistério, vi inúmeras formas de ferir a ortografia. Erros crassos, difíceis de entender e de corrigir. Como quando, numa turma de alfabetização, pedi que desenhassem algo que começasse com “ar”. A menina desenhou uma garrafa, e me explicou que dentro tinha arco. Entenderam? Arco = álcool. Mas isso é compreensível, afinal, as pessoas vão à escola para aprender.

Agora, erros em propagandas, jornais, livros, e mídias em geral, me irritam profundamente. Custa escrever certo? Se tiver dúvida, procure no dicionário. Ou pergunte pro Google. Sei que neste blog, às vezes, deixamos passar alguns errinhos, plenamente justificados pela correria e são erros de digitação.

Hoje, lendo um livro técnico, me deparei com DOIS erros horríveis, na mesma página! Ninguém revisou isso, não? E ainda há os erros de gramática, que são tão irritantes quanto os de ortografia.

E há os erros engraçados, como a manchete do jornal: “Fulano fala de vício em livro”. Juro que tive que ler a matéria só pra ver se o cara era viciado em livros! Talvez houvesse um telefone para grupos de ajuda, e me interessei! Pode ser que essa frase não esteja errada, mas não cumpre sua função de comunicar uma notícia.

Além do mais, escrever errado mostra que a pessoa não se dedicou minimamente para o que escreveu e, por consequência, para o receptor.

Enfim, gostaria de saber por que as pessoas não tomam cuidado com o que escrevem para que seja possível ler e entender? A comunicação em si já é um milagre; pensem: elaborar uma ideia, um conceito mental, traduzir em palavras (faladas ou escritas) de forma que outro cérebro, completamente diferente do seu entenda o seu conceito inicial! É incrível! Vamos colaborar, escrevendo mais corretamente?

Renata acha a comunicação algo milagroso, e pensa que se ela fosse mais efetiva, o mundo seria melhor. Vamos fazer nossa parte e procurar escrever certo?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo

Não, este não é mais um post sobre cinema. Mas o título do filme do Karim Ainouz e do Marcelo Gomes tem a ver demais comigo. Não deu pra deixar passar batido.

Acho que nunca comentei aqui, mas o grande sonho da minha vida é viajar. Desde criança carrego isto em mim. Um dia, eu estava no ortodontista, devia ter aí uns 10 anos e ele me perguntou o que eu queria ser quando crescesse. Respondi que queria ser aeromoça e ele questionou porquê. A resposta foi rápida: pra poder conhecer o mundo todo!! Aos dez anos eu já sabia que viajar pelo mundo não ia ser barato. Mas eu achava que não seria barato em termos financeiros. Também é, mas o custo maior não é este.

Meu ortodontista me disse, naquele dia, que eu não precisava ser aeromoça pra conhecer o mundo, e eu acreditei. Esta vontade louca de conhecer países, povos, culturas diferentes ficou latente em mim até o dia em que tive oportunidade de fazer intercâmbio. Aquele ano tinha despertado novamente em mim a vontade de conhecer o mundo. Era uma vontade pueril que eu tinha, sabem, até então eu mantinha meu sonho no plano dos sonhos intangíveis, mas o intercâmbio me fez acreditar que conhecer o mundo era um sonho possível.

Quem viaja muito não pode ser muito apegado a nada. E eu tentei me desapegar. É difícil, muito difícil. E há inúmeras outras dificuldades no caminho. Algumas financeiras, mas a maioria de cunho pessoal. Eu tinha que estudar, oras. Só aí foram-se cinco anos sem por os pés fora do país. Ou eu pagava minha faculdade, ou viajava. Pra mim não havia alternativa: tinha que estudar. Sair de mochila pelo mundo naquele tempo já me parecia uma coisa meio maluca. Fora que minha mãe ia me matar!

Quando me formei, já namorava meu marido. Ele dizia que queria viajar muito também. Nós já havíamos viajado juntos, mas nunca pra fora do país. Mas era uma questão de tempo; a gente ainda ia viajar muito, mas muito mesmo mundo afora. E como a idéia era viajar, viajar, viajar, filhos nunca couberam em nossos planos. Até porque em mim o tal instinto maternal até hoje não se manifestou e fico feliz por isto. Ter filhos, nas atuais circunstâncias, seria uma irresponsabilidade, uma temeridade, penso eu. Ainda não fiz nenhuma das viagens com as quais sonhei. E não estou disposta a abrir mão do meu maior sonho por nada que me prenda, que exija ser prioridade.

O tempo passou, desde que o sonho de conhecer o mundo se estabeleceu passaram-se muitos anos e nenhuma viagem foi feita. Aos poucos, fui inventando desculpas pra adiar minhas viagens, como se fosse razoável deixar de perseguir coisas tão importantes, tão cheias de significado na nossa vida. Mas eu fiz isto. Coloquei na frente dos meus sonhos verdadeiros estudos, casamento, mais estudo, sonhos lindos, porém rasos, de ser uma grande advogada criminalista e escrever manuais de Direito Penal. Nunca quis nada disso... O que eu queria mesmo era viajar. Tudo girava em torno disso. Mas estranhamente nunca mais consegui sair do Brasil. Várias viagens planejadas e sempre acontecia alguma coisa que me impedia de dar início à minha jornada. Incompreensível. Parecia que o mundo não queria se mostrar pra mim e me mantinha presa em raízes que eu sequer tinha!!

Custei a perceber que estas raízes que me prendem não são minhas! Eu acabei virando uma espécie de personagem de mim mesma. E as raízes são deste meu outro lado, o que eu gosto menos. A versão conservadora de mim não me agrada. Não digo conservadora no sentido pejorativo. Mas sim no sentido de que faz parte da vida estudar, trabalhar no que se estudou, casar, juntar dinheiro pra comprar uma casa, trocar de carro de tempos em tempos e viajar nas férias, se der e quando der. Este personagem conservador gosta de se sentir bonito, seguro, ter coisas que sabe bem não valerem nada de verdade. Este personagem, ou um lado meu, ainda que eu goste menos dele, tem vestidos, jóias, sapatos, bolsas, maqueia-se, sai bem na foto.

Mas o meu outro lado, o mais escondido, que pouquíssimas pessoas conhecem, quer mesmo é cair na estrada. Quer se desfazer de quase tudo que acumulou, guardar apenas fotos, lembranças de momentos importantes, quem sabe as jóias, que ocupam pouco espaço, porque todas ganhadas de pessoas muito amadas e que me amam – ou amaram um dia – muito. Meu lado mais discreto, que quase nunca se mostra, anda querendo mais espaço. Anda querendo romper com este conservadorismo que o prende como grilhões. Meu lado mais visível tem a vida que todo mundo pediu a Deus: família, amigos, trabalho, oportunidades. E é justamente isto que dá forças a ele pra sufocar o lado tímido, que vinha se escondendo cada vez mais.

Ultimamente tenho me lembrado muito de um livro que li a primeira vez há tantos e tantos anos: A Menina e O Pássaro Encantado. E me sentido muito Pássaro Encantado... Não me entendam mal, meu marido não me prende. Ele não me impede de fazer nada. Quem faz isto comigo sou eu mesma. Não, não fui à Turquia. Nem à Tailândia. Faltou dinheiro? Sim, mas também faltou coragem. Algo me impediu de fazer isto. Medo. Medo de depois precisar e não ter, de correr atrás e não dar certo, apesar do meu esforço. Mas e seu marido? Não podia ajudar? Sim, podia, mas este não é o sonho dele. É o meu sonho. E pra que nossos sonhos se realizem, precisamos ir em busca dele com nossas própria forças, pra diminuir a chance de dar errado. Não, não fui à Turquia, nem à Tailândia; optei por ficar e me sentir engaiolada.

Só à partir daí é que voltei a refletir sobre meu sonho de conhecer o mundo. O que tinha ficado adormecido tanto tempo acordou com força total quando a possibilidade daquela viagem surgiu, mas não voltou a dormir quando deu errado. Desde então me sinto sufocada, presa. Tenho a sensação de que o mundo está acontecendo e eu não estou fazendo parte dele! E nem precisa ir muito longe: nunca mais irei à Ilha Grande que sofreu um desastre natural. Quando eu for lá, será outra Ilha Grande, não aquela que eu queria em conhecer quando tinha 20 anos, muitos sonhos e pouquíssimo dinheiro no bolso.

Recebi um convite pra ir a Nova York em junho. Fiquei com medo de me empolgar. Ainda bem, porque mais uma vez não poderei ir. Mas agora estou com medo de ter medo de me empolgar. Porque se eu não me empolgar, aí é que nunca vou conseguir realizar meu sonho de viajar mesmo!

Cheguei à conclusão de que estou mesmo engaiolada quando pela primeira vez ouvi Hunter, da Dido. Não adianta ser rainha, se a rainha não pode sair do pedestal. Não tem graça nenhuma! Pior foi ver que eu estou me sentindo engaiolada com razão, eu estou numa gaiola. Mas a portinha está aberta e eu nem tinha visto... Posso sair quando quiser, mas estou tão acomodada no meu pedestal, dentro da gaiola, protegidíssima, que me esqueci que meus sonhos são realizáveis, que há tempo e que basta descer do trono, tirar o salto e sair pela porta que sempre esteve aberta.

Não, não deixei de amar meu marido. Mas isto não significa que eu não tenha sonhos que ele não compartilhe. E não precisamos nos separar pra eu poder realizar o sonho de viajar e conhecer o mundo. Acho que ele entendeu isto, está me apoiando a ir a Nova York, mesmo que seja por menos tempo do que eu gostaria, pra eu poder assistir O Fantasma da Ópera na Broadway. Estou realmente feliz que ele tenha compreendido minha necessidade de viajar, mesmo que esta viagem não vá rolar agora.

E eu vou viajar e muito ainda. Porque agora eu sei que a porta está aberta, que posso descer e subir do pedestal quantas e quantas vezes eu quiser. Eu vou viajar. Vou viajar porque preciso e voltar porque o amo.

Laeticia nunca pensou que fosse igual ao Pássaro Encantado. Mas pelo visto é.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sobre cadernos, pensamentos e medos

“O sonho de todo portador de TOC: pensamentos organizados, um a um, e em fila indiana”.

Essa frase – ou algo bem parecido com isso – estava no twitter da Renata um dia desses. Mas e não é que é verdade?

Eu, enquanto portadora de TOC não diagnosticado – e se diagnosticarem eu negarei até a morte – super me identifiquei.

Tem dias que tudo que eu preciso é parar de pensar – bendita seja a aula de corte e costura né gente.

Em outros, preciso mesmo é que os pensamentos se organizem na minha cabeça. Alôôu, TOC, lembram?

E é aí que a agonia começa. E quanto mais eu tento me focar no que eu preciso, mais coisas distraem a minha mente...

Eu preciso terminar esse cronograma antes que... mas como era mesmo o nome daquela música que eu cantava no coral quando eu tinha 15 anos?

E essa apresentação que não evolui... mas gente, PowerPoint? Sério? Quem foi o primeiro cara que resolveu colocar suas idéias com animações de entrada e saída coordenadas?

E o relatório que eu preciso imprimir para levar para... pqp, como eu queria viver num mundo sem papel para impressão. Porque papel é legal quando é pra gente escrever e tal, mas pra que imprimir um artigo de 50 folhas?

E é numa dessas que entra a boa e velha caneta associada ao bom e velho caderno. Mas oi? TOC.

Acaba que no fim eu tenho – e mantenho – um caderno para cada coisa.

Um caderno pras coisas que preciso discutir com meu chefe.

Um caderno pros resultados de reuniões que não podem ser perdidos.

Um caderno pros projetos de costura que farei quando me aposentar.

Um caderno pros pensamentos que quero dividir com meus filhos.

Um caderno pra aula de inglês e outro pra pós graduação.

Um caderno para os lugares que eu quero visitar.

Um caderno para as contas que tenho que pagar.

E por último, mas não menos importante, um caderno para organizar os pensamentos randômicos que borbulham o tempo todo na minha cabeça. E gente, funciona, viu.

Essa semana, escrevendo no último – sim esse é o nome do caderno – descobri que eu tenho medo. E você aí pensando, e daí filha? Todo mundo tem medo. Wake up and smell the coffee, sister.

Pois eu, que achei que não tinha medo de nada – visto que superei meu medo de alturas uns anos atrás no skycoaster – descobri que tenho medo da pessoa que eu possa estar me tornando.

Mas isso é assunto para um outro texto, quando e se eu conseguir organizar – e se pá até melhor categorizar – o meu medo de mim mesma.

Milena escreve aqui às quintas, hoje, meio desconexa.

terça-feira, 4 de maio de 2010

E a família, como vai?

Tenho ouvido tantas vezes, na escola, pais e mães e avós e tios e tias reclamando que não sabem o que fazer com seus filhos e afins. Dizendo que já fizeram tudo o que podiam e não tem mais jeito. Dizendo que não podem educar pela violência (embora o façam: violência verbal, física e moral) e então não sabem como educar. Usando de desculpas variadas para justificar as ações de seus filhos.


Tenho visto tantas vezes o governo conivente com isso, punindo a escola se o aluno pratica vandalismo ou violência, punindo a escola se o aluno pratica bullying. Sei que muitas escolas são omissas, mas não creio que seja regra... E ninguém questiona qual o papel da família nisso. Quando há notícia de jovem e violento marginal, até a imprensa questiona: onde estava a escola, que nunca fez nada? Como as professoras não viram que isso iria acontecer?


Dia desses o jornal local daqui de Caxias divulgou uma briga entre duas meninas na frente de uma escola. Uma se machucou bastante. E a grande questão era: o que a escola fez?!


Gente, pelo amor do bom Deus! Antes de chegar na escola, todas as pessoas, bem ou mal, passam por uma família. A questão da tal desestrutura familiar, tão falada há anos atrás, deu lugar para a omissão familiar. Não se cobra das famílias que ofereçam as míninas condições de saúde, alimentação quem dirá educação aos seus filhos. E isso não está ligado com quantas e quais pessoas formam uma família. Eu mesma criei minha filha com ajuda dos meus pais, e ela é uma pessoa excelente.


Parece exagero, mas convivo com crianças que são tratadas como “demônio” antes mesmo de saber seu nome. Aliás, a maioria chega à escola sem saber seu nome completo, sem a menor idéia do que é um “não”, do que é limite, do que é respeito. E querem que a escola faça milagre? Já não chega o governo ter que ser “pai” de todos (prover alimentação, saúde, creche, material escolar, merenda escolar, transporte escolar, gás, telefone celular – essa bolsa parece que não foi aprovada), agora a escola tem que ser madrasta?!


Ai, pelo menos o governo deveria usar camisinha e parar de fazer filho que não pode sustentar!


Perguntinha: por que para adotar uma criança há vários critérios, e para parir e criar de forma desumana, muitas vezes, não há nenhum??????


Renata já adianta que seu voto vai para quem tiver culhões de lançar uma política séria de controle de natalidade e moralização da instituição família (hi, ficou difícil...).

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Let it go, let me go.

E me lembrei de você por vários meses com um sentimento bom,
por vezes pensava bastante em tudo o que se passou,
tentava enteder o que não tinha explicação,
e se tinha, eu preferia fingir que não.
Percebi que o que foi, ficou, em algum lugar no tempo passado,
mas que ainda assim em mim sobrevivia.

E o tempo passou. Anos se passaram.
Mas as marcas em mim continuavam vivas,
me incomodando, se mostrando a todos.
E caminhei buscando uma cura,
procurando encontrar algo que me fizesse bem,
talvez uma borracha especial, que apagasse da pele o que não se importava em aparecer.
Mas não encontrei.

E o tempo passou. Os anos também.
E com ele você deixou de ser algo significativo pra mim,
uma lembrança, nem boa, nem ruim.
Difícil de se classificar, mas talvez diria, que foi mais uma novela da vida,
daquelas que a gente acha que só acontecem em novelas.
O que via em minha pele, de certa forma, havia me acostumado,
e acho que os outros também, de certa forma, cicatrizes fazem parte da vida.

E num dia ali, que acabou de passar, assim como o tempo,
você me aparece pra dar um Hello.
Falando da vida, das mágoas da vida, do que havia sido, do que já era.
E minha pele voltou a coçar novamente.
Sonhei com você, calei pra você, repensei tudo de novo.
E cansei. Cansei há muito tempo.
Vamos deixar o que ficou no seu lugar, pra trás, pra lá do lado de lá.
E olhar pra frente, pra página em branco que se extende sobre nós todos os dias,
dizendo que podemos fazer diferente, da maneira certa, como deve ser.
Pra frente e não pra trás.

Silvia escreve às segundas-feiras.
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