quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sobre cadernos, pensamentos e medos

“O sonho de todo portador de TOC: pensamentos organizados, um a um, e em fila indiana”.

Essa frase – ou algo bem parecido com isso – estava no twitter da Renata um dia desses. Mas e não é que é verdade?

Eu, enquanto portadora de TOC não diagnosticado – e se diagnosticarem eu negarei até a morte – super me identifiquei.

Tem dias que tudo que eu preciso é parar de pensar – bendita seja a aula de corte e costura né gente.

Em outros, preciso mesmo é que os pensamentos se organizem na minha cabeça. Alôôu, TOC, lembram?

E é aí que a agonia começa. E quanto mais eu tento me focar no que eu preciso, mais coisas distraem a minha mente...

Eu preciso terminar esse cronograma antes que... mas como era mesmo o nome daquela música que eu cantava no coral quando eu tinha 15 anos?

E essa apresentação que não evolui... mas gente, PowerPoint? Sério? Quem foi o primeiro cara que resolveu colocar suas idéias com animações de entrada e saída coordenadas?

E o relatório que eu preciso imprimir para levar para... pqp, como eu queria viver num mundo sem papel para impressão. Porque papel é legal quando é pra gente escrever e tal, mas pra que imprimir um artigo de 50 folhas?

E é numa dessas que entra a boa e velha caneta associada ao bom e velho caderno. Mas oi? TOC.

Acaba que no fim eu tenho – e mantenho – um caderno para cada coisa.

Um caderno pras coisas que preciso discutir com meu chefe.

Um caderno pros resultados de reuniões que não podem ser perdidos.

Um caderno pros projetos de costura que farei quando me aposentar.

Um caderno pros pensamentos que quero dividir com meus filhos.

Um caderno pra aula de inglês e outro pra pós graduação.

Um caderno para os lugares que eu quero visitar.

Um caderno para as contas que tenho que pagar.

E por último, mas não menos importante, um caderno para organizar os pensamentos randômicos que borbulham o tempo todo na minha cabeça. E gente, funciona, viu.

Essa semana, escrevendo no último – sim esse é o nome do caderno – descobri que eu tenho medo. E você aí pensando, e daí filha? Todo mundo tem medo. Wake up and smell the coffee, sister.

Pois eu, que achei que não tinha medo de nada – visto que superei meu medo de alturas uns anos atrás no skycoaster – descobri que tenho medo da pessoa que eu possa estar me tornando.

Mas isso é assunto para um outro texto, quando e se eu conseguir organizar – e se pá até melhor categorizar – o meu medo de mim mesma.

Milena escreve aqui às quintas, hoje, meio desconexa.

Um comentário:

Renata disse...

Nada, Mi! Te achei super "conexa"... e pior, te entendo!
Beijos!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...