domingo, 31 de julho de 2011

A Menina aprendeu

...E com as lições da dor a Menina aprendeu que os outros só podem lhe ferir quando ela assim o permitir.
Aprendeu, porém, que sempre é possível ferir alguém por descuido e que, por isso, é preciso estar sempre atenta.

A Menina aprendeu, também, que cuidar do sentimento alheio é importante.
Mas que é infinitamente mais importante cuidar dos seus próprios sentimentos.

A Menina aprendeu, por fim, que amar a si própria é que é relevante...


Déia escreve aos domingos e segue aprendendo, juntamente com a Menina...

domingo, 24 de julho de 2011

VERDADE

Quando alguém, pretensiosamente, diz à Menina: "Eu lhe conheço como a palma da minha mão..." ela limita-se a sorrir sarcástica e a refletir acerca da ingenuidade que é acreditar ser possível conhecer algo ou alguém profundamente.

Conhece-se aquilo que o outro quer que seja conhecido.

Conhece-se a face que o outro deseja mostrar...

Cada qual veste, a cada manhã, a "máscara" que deseja que seja vista pelos demais.

E ante os protestos indignados daqueles que se julgam "100% verdadeiros" a Menina alarga o sorriso e calmamente pergunta: "E o que é a Verdade?"...

...

Déia escreve aos domingos e gostaria de presentear os leitores do blog com um dos mais belos escritos de Drummond:


VERDADE

"A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia."

(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Escrever a vida

Escrever é um ato restrito a poucas pessoas. Fora os estudantes que escrevem por obrigação e na maioria das vezes com má vontade, esse ato se restringe a poucos grupos de pessoas. Alguns escrevem por profissão, jornalistas, escritores, críticos, cronistas... ou são redatores esporádicos de relatórios e documentos pontuais. Alguns escrevem para se comunicar, via e-mail ou por outras formas, em geral virtuais, e devo dizer que pela abundância de erros crassos que vejo por aí, nem sempre alcançam seu objetivo. Uns malucos escrevem por hobby, como os blogueiros, e sentem nisso prazer.

Gosto muito de escrever, e gosto muito de ler. Ao ler, você percebe muito sobre a pessoa que redigiu. Ao ler o que escrevo, vocês devem perceber que sou objetiva, clara, sucinta, um pouco irônica. Outras escritoras deste blog são mais poéticas, ou românticas, ou entusiastas. Mas não só pela escolha do tema e das palavras pode-se ler um escritor. Me chama a atenção a pontuação. Sim, já que ela tenta aproximar a escrita da fala da pessoa, e consequentemente, do pensamento.

Eu uso basicamente o ponto final. São frases curtas e objetivas, que dizem o que eu penso. Sem rodeios, sem grandes floreios e efeitos. Afirmo o que penso e deu.

Algumas pessoas usam e abusam das reticências. Não sei se para não ser tão seco. Ou para que o leitor mesmo complete a frase... Em geral, não gosto disso. Pontos finais são para quando o pensamento não está finalizado. Eu gosto de gente que sabe o que pensa e que escreve o que sabe. Que se decide e se assume.

Alguns abusadores de reticências, porém, são sonhadores... Desses eu gosto, e por eles nutro uma admiração misturada com inveja. Eles começam o pensamento no papel e continuam seus devaneios só para sim, num desprendimento tal que chega a parecer egoísmo. Para não abandonar o leitor ao léu, o deixam cm as reticências...o começo do caminho de nossos próprios devaneios. A partir daqueles 3 passos, cada um faz o seu próprio rumo.

Há textos recheados de exclamações. Essas pessoas são entusiastas e querem compartilhar isso. Estão inflamadas de alegria ou de raiva, e não tentam disfarçar. Estas, sim, se assumem e gritam, mesmo que em silêncio, o que pensam!

E os textos cheios de interrogações? São escritores em crise, em dúvida, em xeque. Acabam por contaminar o leitor com seus questionamentos, provocando a curiosidade e a vontade de continuar aquela conversa, de procurar uma resposta.

Alguns textos vêm cheios de ponto e vírgula. Ainda não cheguei a uma conclusão sobre ele. Talvez a pessoa tenha receio de concluir prematuramente uma frase; ou queira explorar todos os argumentos antes do ponto final; ou emende uma coisa na outra e não saiba mais onde parar.

É curioso esse exercício de analisar além das palavras. A forma como a gente pontua um texto é próxima da forma como a gente pontua a vida. E a forma como se pontua a vida explica muito sobre nós, nossos pensamentos, ações e como vemos as conseqüências.

Renata escreve parte de sua vida aqui, todas às terças. Ponto final.

domingo, 17 de julho de 2011

Da repulsa às coisas mornas


A Menina não gosta de ficar na superfície.
A Menina não gosta de se sentar à margem e mergulhar cuidadosamente os pés na água.
Ou a Menina se deita preguiçosamente sob o Sol para observar a calmaria, ou ela mergulha até o fundo. . .
Coisas mornas causam profunda repulsa à Menina. . .


Este texto, de minha autoria, foi publicado originalmente em meu blog pessoal, o Devaneios.



Déia escreve aos domingos e, a despeito das consequências, sempre mergulha de cabeça em tudo o que faz...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Os dias passam lentos?!

28 dias desde a última vez que eu escrevi aqui (sim, eu sinto vergonha disso)
10 dias desde a última vez que fiz as unhas (e ó, me sinto 50% da mulher que sou quando olho para a minha unha nua)
7 dias desde a última vez que eu cantei no coral (viva a serotonina!)
6 dias desde a última sexta-feira (viva a serotonina-2!)
5 dias desde a última vez que vi a menina dos meus olhos (saudades já...)
4 dias desde a última vez que comi até quase explodir (é quase um AA, minha gente...)
3 dias desde a minha última aula de costura (viva a serotonina-3!)
2 dias desde a última vez que me cozinhei para algumas amigas (sim, sou prendada!)
1 dia desde a última vez que me estressei com alguém (olha o cortisol lá nas alturas e circulando...)

Alguém aí ainda acha que a vida passa devagar???

Milena escreve aqui às quintas. Nem que seja a cada 28 dias...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Percepções e educação

Nossa experiência nos molda. Seja ela no campo profissional, pessoal, espiritual ou físico. Molda nossas opiniões, nossos medos e reações, e molda a forma como observamos e percebemos o mundo.

Dia desses vi na capa do jornal aqui da região (http://www.clicrbs.com.br/pioneiro/rs/impressa/0,17495,capa_offline) uma foto que me chamou a atenção. A notícia era sobre o recebimento e início do uso de netbooks (10, ao todo) para uso em sala de aula. Mais uma mágica maneira de gastar dinheiro na educação sem melhorar sua qualidade. Pelo cálculo simples vi que cada um custou quase oitocentos reais (!), e serão contempladas 5 escolas. Acho que a tecnologia tem muito a acrescentar à educação. Também acho que, antes de investir tanto em recursos tecnológicos, há outras prioridades. Quem sabe, até, investir para que cada professor tenha acesso à tecnologia, para aprender suas possibilidades e melhorar sua prática.

Mas voltando à foto, e se você for curioso irá lá olhar, o menino em questão, cujos olhos brilhavam frente ao pequeno monitor que mostrava imagens do grupo de rock Ramones (sic), estava de touca, dentro da sala de aula, assim como os outros meninos que aparecem na foto.

De uma foto tão bonita sobre investimentos na qualidade do ensino, eu vejo uma grande contradição: quem aprende melhor? Quem tem condições ambientais, tais como temperatura amena dentro da sala de aula, inclusive nos 10 dias em que a temperatura ficou perto de zero aqui na Serra Gaúcha, ou quem tem acesso a netbooks, ou outras ferramentas tecnológicas que sejam?

O que realmente influencia mais na qualidade da aprendizagem?

E isso é um dos inúmeros exemplos que podem ser citados sobre os engodos que engolimos toda hora, muitas vezes ser perceber, sobre como o dinheiro público é desperdiçado (e não investido) nas questões essenciais da cidadania e qualidade de vida.

Comentei sobre essa foto com algumas pessoas, e sobre o quanto fiquei indignada, e a maioria nem tinha pensado sobre isso.Vamos pensar e discutir sobre essas questões, cada um contribuindo com sua vivência e visão para que tenhamos um pouco mais de clareza. Aí, sim, poderemos argumentar e, oxalá, melhorar algumas coisinhas nesse país que não é sério.

Renata começa achar que a próxima “bolsa” que receberemos, essa sim para toda a população, vai conter nariz, peruca e sapato gigante...de palhaço (sem ofensa aos palhaços por escolha e profissão, esses sim, gente séria).

domingo, 10 de julho de 2011

Relatos de um professor

Estava eu a refletir acerca das inúmeras cobranças que recaem sobre os professores, quando acabei por recordar de um fato ocorrido comigo há, aproximadamente, uns 3 anos atrás...
Na época eu lecionava Filosofia para o Ensino Médio e havia um aluno que me preocupava bastante.
O rapaz tinha aproximadamente 16, 17 anos e tinha o (péssimo) hábito de, descaradamente, negar absolutamente tudo de errado que fazia, mesmo que tivesse sido pego em flagrante em pleno ato.
Um horror!
Certa vez eu o flagrei depredando a carteira da escola e, imediatamente, chamei sua atenção.
Ele, contudo, negou veementemente que estivesse a cometer tal ato, afirmando que eu havia cometido um equívoco e que havia sido enganada pelos meus próprios olhos (!!!).
O fato é que ele negava de tal forma que parecia realmente acreditar que eu havia me enganado. Obviamente eu fiquei imaginando se o menino não teria algum desvio psicológico e, na primeira oportunidade que tive (durante uma entrega de resultados aos pais) chamei o pai do rapaz para uma conversa e, na frente do filho que o acompanhava, relatei-lhe o ocorrido.
Além disso, contei ao pai do rapaz que este assumia tal comportamento sempre que confrontado com seus próprios atos.
E, qual não foi o meu espanto, quando o pai do garoto, ao ouvir atentamente o meu criterioso relato, esboçou um largo sorriso, deu três ou quatro tapinhas nas costas do filho e disse, todo orgulhoso:

"Esse guri é dos bons, né profe? Vai ser um excelente advogado! Que nem o pai!".

...

Déia escreve aos domingos e espera que seu desabafo sirva de alerta a certos pais que, sem perceber, criam verdadeiros monstros, que ficarão à solta pela sociedade...

terça-feira, 5 de julho de 2011

Compras de domingo

Domingo, dia nacional de ficar em casa. Ainda mais se estiver 3 graus centígrados na rua.
As pessoas que vão ao supermercado no domingo de manhã, não vão fazer rancho. Nem vão porque estavam passando na frente e lembraram de algo que precisavam. Não. O público do supermercado no domingo de manhã, ainda mais se estiver 3 graus centígrados na rua, é formado pelas desafortunadas almas que necessitam urgentemente e inadiavelmente de algo para o evento semanal: o almoço de domingo.
Eis que nesse domingo, fui umas delas. Estava no meio do preparo da sobremesa (Torta da preguiçosa, para quem ficou curioso. Sim, me identifiquei com o nome.) e constato com horror: acabou o leite condensado. Como boa brasileira, não sei fazer sobremesa sem leite condensado.
Vesti casaco, manta e toda a minha coragem e fui ao supermercado. No caminho, aquela ligação típica: aproveita e traz papel higiênico que ta no fim. Beleza.
Peguei leite condensado e papel higiênico, e fui com pressa para a fila, junto com outras pessoas igualmente com pressa levando seus itens básicos para o almoço, fosse carne, salada, refrigerante.
Quando a mulher na minha frente na fila começou a encarar o que eu levava na mão, me dei conta de que só o papel higiênico aparecia, pois o leite condensado estava embaixo. Tanto ela encarou que eu pensei: Nossa, ela deve achar que tem alguém lá em casa, sentado no vaso, só esperando eu chegar com o papel pra poder sair!
Ela tanto encarou, que até puxou papo. O assunto, claro, o papel higiênico.
- Ah, desculpa ficar encarando, mas eu estava pensando se lá em casa não está faltando papel higiênico.
Respondi com um sorrisinho meia boca.
- É o tipo de coisa que a gente sempre compra, né?
A ênfase no ‘né” me fez pensar que eu devia dizer alguma coisa. Mas não disse. Dei outro sorrisinho e deixei a mulher pensar que eu tinha saído de casa, num domingo gélido, apenas pra comprar papel higiênico!


Renata fez a tal sobremesa e também se diverte criando teorias sobre as pessoas baseado no que elas compram e quando.

domingo, 3 de julho de 2011

Quando a vida vem...

A Menina gosta quando a vida vem de surpresa
lhe agarra pelos tornozelos
e lhe sacode inteira...

Quando vem perfumada e saborosa
e se desmancha em seus lábios
deixando um gostinho de "quero-mais"...

Ou quando vem impiedosa e amarga
arrancando lágrimas
e destilando fel...

A Menina gosta quando a vida vem preguiçosamente
em plácida calmaria
repleta de silêncios significativos...

Ou quando vem avassaladora
em alegre musicalidade
provocando risos saltitantes...

A Menina gosta quando a vida vem assim:
sons e silêncios
imagens e cenas
luzes e sombras
alegrias e dores
chegadas e partidas...

A Menina gosta quando a vida vem
não importando como
contanto que sempre venha...

Déia escreve aos domingos e anda sempre sedenta de vida...
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