terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um anjo no teatro

Este texto não é pra falar da magia que o teatro traz para nós, expectadores comuns. Mas para falar da magia que traz para a vida de todos os envolvidos.

Há dois anos, consegui convencer minha filha a fazer teatro: ajudaria na desinibição, poderia ser um hobby, uma ocupação, um novo interesse, uma forma de fazer outros amigos, melhoraria a expressão corporal, e por aí vai a lista de argumentos. Vencida e resignada, ela foi para uma escola bem conhecida aqui na cidade.

Amou!

Fez um curso rápido. No outro ano, fez um curso de um ano inteiro, que não perdia por nada e apresentou uma peça no final do ano. Neste mês, estreou a segunda peça com a mesma escola.

São inegáveis as mudanças que o teatro trouxe para ela. O jeito de se portar, de se expressar e até de encarar as coisas é outro.

E vê-la se expor no palco foi arrepiante. Sim, porque os entendidos podem até tentar me convencer de que na verdade o que está ali é o personagem, que até os tímidos se dão bem no teatro pois podem se disfarçar, blábláblá... até concordo em parte, mas precisa muita coragem para estar ali. Para abrir mão da vaidade (no caso dela, que tinha um figurino horrendo!) e soltar a voz e tudo o que foi necessário para dar vida àquela personagem, precisa muita coragem!

Ainda mais que para mim todo esse mundo do teatro é assustador, fiquei orgulhosíssima dela!

Renata tem cada vez mais motivos para se orgulhar da filha, um anjo na sua vida!

domingo, 28 de novembro de 2010

Retratos da Vida - parte I

A menina tem 14 anos, é virgem e beijou apenas três meninos até hoje, sendo que ainda é apaixonada pelo último deles.
A menina não bebe, não fuma e também não usa drogas.
...
Numa sexta-feira à tarde, uma amiga convenceu a menina a mentir aos seus pais.
(E, por incrível que pareça, a menina não costuma fazer isso)
Ela disse que estaria na biblioteca da escola estudando e foi com a amiga em uma festinha na casa de sabe-se-lá-quem.
...
A menina entrou na casa.
O som de heavy metal encheu logo seus ouvidos e o fedor de cigarro quase a fez engasgar.
A menina detestou o lugar e, em vão, procurou a amiga para que fossem embora.
Mas a menina não tinha ideia de onde sua amiga estava...
...
Encostada na parede, em um cantinho da casa, a menina observava aquelas pessoas esquisitas.
De repente, com um sorriso no rosto, ele se aproxima da menina e pergunta se ela é sempre assim tão tímida.
A menina responde que está apenas aguardando que sua amiga apareça para que elas possam ir para casa.
Ele, então, sorri de um jeito esquisito e pede que a menina o espere por um minuto.
...
Quando retorna, ele traz um copo de bebida para a menina.
Ela diz que não tem sede, mas ele insiste que ela beba...
Ele sorri para a menina e diz que preparou a bebida com tanto carinho...
Ele parece simpático...
A menina bebe, por fim.
...
Ele pede que a menina fique onde está e vai falar com outro rapaz.
A menina, assustada, sente que alguma coisa esquisita está acontecendo com ela.
Ela está ficando atordoada, como se estivesse meio grogue...sua cabeça está girando...
(O que havia naquela bebida???)
A menina tenta falar com uma garota que passa ao seu lado e sua voz sai arrastada...
A garota apenas a olha com desprezo e se afasta...
...
Então ele volta, sempre sorrindo, e...beija a menina!
Ele pega a menina pela mão e pede que ela o acompanhe.
A menina não sabe para onde ele a está levando.
Tudo gira, as pessoas parecem desfocadas...
Ele apenas sorri quando a menina tenta falar e sua voz sai enrolada...
...
A menina sente que ele a deita em algum lugar...
(Uma cama, talvez?)
A menina começa a chorar, assustada...
A menina não sabe onde está! Não sabe o que está acontecendo com ela!
Ele sorri e diz a ela que está tudo bem.
Ela implora: "por favor...me ajude..."
Ele diz para ela ficar quietinha que logo tudo estará terminado...
O teto gira... às vezes tudo fica escuro...
A menina sente medo. Muito medo!
...
Ela sente que suas roupas estão sendo retiradas...
Ela implora para que ele pare... Ela diz que não quer...mas sua voz se arrasta, lenta, enrolada...
Alguém chega ao local onde ele e a menina estão...
Ela pede ajuda, mas eles apenas riem...
Ela tenta empurrá-lo de cima de seu corpo, mas seus braços parecem não querer obedecer...
A menina não sabe o que está acontecendo com ela!!! Ela está sem forças...
Ele afasta as pernas da menina e... ela sente uma dor aguda!!!
Ela tenta gritar mas o grito morre na garganta...
As lágrimas escorrem pelo seu rosto...
E ela reza para que tudo termine rápido...
...
A menina não sabe precisar quanto tempo aquilo durou...
A noção de tempo, aliás, escorre pelos seus dedos...
De repente ele sai de cima da menina e, sorrindo, malicioso, pergunta: "Você era virgem?!?"
A menina, corpo inerte sobre a cama, nada responde.
Apenas chora, sileciosamente...
...

Déia escreve aos domingos e, com este post, pretende demonstrar seu desprezo e revolta contra atos de abuso e violência, sejam eles de qualquer tipo...

sábado, 27 de novembro de 2010

Sobre sorte, sofá e rock’n’roll

Eis que um belo dia caiu na minha cabeça (como uma bigorna daquelas de desenho animado) um ingresso pro show do Paul. Isso mesmo, aquele dos Beatles. Cresci ouvindo Beatles: aprendi a falar mamãe, papai e obladi-obladá. Desde que ouvi os primeiros boatos que teria o show, nem desejei ir. Sabia que não era pro meu bico, não teria caixa pra isso. Mas já que tinha ganhado, lá fui eu né?

Com o mínimo possível de grana, fui de ônibus. Mas onde se hospedar? Meus trocados não chegavam nem perto de uma diária de hotel barato no centro. Mas pra que hotel se existe há muitos anos uma grande rede social de intercâmbio de sofá? Pois é, acreditem. Quem cadastra um perfil lá abre sua casa para desconhecidos, eu recomendo: www.couchsurfing.org

Numa lógica reversa a do mundo que vivemos, lá as pessoas confiam em estranhos. Minha primeira experiência por lá foi receber um gringo, vindo do interior da Inglaterra! Eu não falo inglês, mas fui lá conferir o perfil do cabra. Nas fotos ele aparecia sempre abraçado com um vira-lata diferente e tinha uma tatuagem do David Bowie no braço. Pensei com meus botões: se gosta de Bowie e de bicho, deve ser gente boa! Em poucos dias ele estava com a chave da minha casa nas mãos, vendo novela com minha mãe no sofá e passeando com o Pacote (meu cão).

No mesmo dia de pegar o ônibus pra São Paulo consegui pouso num sofá inesquecível! Estava há dois quarteirões do metrô, chuveiro quente, cama confortável. Cama e chuveiro de graça é o de menos. Disso tudo o melhor é a troca. Fiz grandes amigos em um dia apenas! E de quebra ainda vi o show do Paul, aquele dos Beatles.


Mariana escreve esporadicamente e está com a coluna toda empenada! Não tem mais 17 anos pra ir da rodoviária direto pro trabalho como se nada tivesse acontecido... antiinflamatório nela!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O mundo é pequeno pra caramba

Nas últimas semanas, recomecei uma atividade que eu gosto muito: planejar minhas próximas férias!

Não, não esses 10 dias que me restam nesse ano (Buenos Aires, ai vamos nós) ... mas os 30 dias das próximas férias que passarei NA EUROPA.

É minha gente. É chegada a hora de conhecer o velho mundo.

O lance é que esse planejamento é bem diferente das minhas outras férias, quando eu fui pra NYC. Estranhamente, alguma coisa dentro de mim sempre pulsou pela Big Apple. Eu sempre soube que era pra lá que eu deveria ir. E eu fui. E foi sensacional.

Agora falando da Europa eu fico aqui, guias na mão, dicas chegando de todos os lugares, e aquela velha dúvida no peito? Para onde iremos???

Abre parênteses: Ah sim, esqueci de contar que a Eurotrip contará com as ilustres presenças da Mabel e da Leise!!! Fecha parênteses.

Então, para onde iremos?

Paris e Praga são destinos certos. O que tem no meio do caminho? Áustria e Suíça??? Ou Bélgica e Holanda???

Minha viagem termina na Itália. Mas entre Paris e Roma são muitas dúvidas.

Mas ei, um blog também deve ser utilidade pública, não é minha gente?

Então vamos fazer o seguinte... se você tem dicas de lugares legais e imperdíveis (pode ser um país, uma cidade, um restaurante ou um banco de uma praça), por favor, nos mande!

Afinal de contas, o mundo é do tamanho de uma ervilha, não é?

Milena escreve aqui às quintas. Agora, com certa ansiedade entre uma linha e outra.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sonhos, vida à parte

O sono tem me consumido,
não sei se preguiça ou cansaço,
nem se doença ou apenas vontade de não ser.

O ano passou, e não gosto disso,
nem de pensar no próximo nem no que está por vir,
se virá.

Contas, projetos, planos,
a cada ano ocupo mais e mais os meus dias,
e não vejo a vida passar, ela apenas passa por mim.

Tenho vontade de dormir,
e deixar que pelo menos essa seja minha vontade,
durmo e continuo pensando, tenho sonhado demais
e acordo cansada.

Quero voltar a sonhar acordada,
andar pela estrada sabendo que sou eu mesma que desejou estar lá,
fazer o caminho que escolher,
realizar.

Silvia escreve as segundas.

domingo, 21 de novembro de 2010

O "monstro" de olhos verdes

Dia desses, sozinha em uma cafeteria e bebericando meu cafezinho, a conversa de duas moças na mesa ao lado atraiu minha atenção...

Uma delas contava à outra que recebeu um presente do namorado sem motivo algum e que estava muito feliz. Além disso, essa moça, aparentemente muito apaixonada, cobria o moço de elogios, contando à outra o quanto ele era carinhoso, atencioso, gentil, educado, sempre lhe dava apoio e até lhe abria a porta do carro.

E a outra, que escutava a tudo muito séria, lá pelas tantas interrompe sua interlocutora e, com uma expressão indecifrável no rosto, soltou uma daquelas "verdades-incontestáveis":

"Olha... Sei não...Se seu namorado realmente sempre lhe trata tão bem assim, se ele é sempre tão carinhoso com você, das duas uma: ou ele é gay, ou ele está lhe traindo. Abra o olho, hein? Não seja boba!"

(Fiquei pasma!!!)

A apaixonada, num rompante de insegurança, ao invés de perceber a inveja por detrás daquelas palavras, caiu no papo da "amiga" e, alarmada, perguntou:

"Você acha?!?"

A outra, sem perder tempo, foi logo dizendo:

"Acho não, tenho certeza! Sem dúvida ele deve ter outra e estar com a consciência pesada... Pode acreditar em mim que eu sei o que estou falando! Homem quando trai começa a tratar a 'oficial' super bem."

A apaixonada (pobrezinha...fiquei até com dó...) ainda tentou duvidar:

"Será?!? Mas ele é sempre tão carinhoso e gentil comigo...Não é uma coisa que tenha acontecido de uma hora p/ outra...Desde o começo do nosso namoro ele sempre me tratou bem..."

A outra, então, com ares de "sabe-tudo", sem um pingo de tato, lançou o golpe final:

"Bem, pois se é assim, fique certa de que você leva chifre desde o começo do namoro, então! Ainda mais ele sendo bonito do jeito que é..."

Bingo!
Com maestria e precisão a "amiga" implantou a dúvida e a desconfiança na menina apaixonada e insegura que, ainda por cima, ficou muito agradecida com a "preocupação" da outra...

Aquela conversa, ouvida ao acaso, me trouxe à lembrança o sem-número de pessoas invejosas com as quais me deparei ao longo da vida.

É incrível como elas todas sempre parecem querer lhe ajudar, sempre tem, na "ponta da língua", conselhos M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O-S para lhe dar e sempre (indiscutivelmente SEMPRE) sabem o que é melhor para você.

No fundo, tenho compaixão por elas... Me parece que tentam ocultar, por baixo de um verniz de autossuficiência, uma total incapacidade para lidar com as frustrações e inseguranças da sua própria vida.

Déia escreve aos domingos e ainda está refletindo acerca do motivo pelo qual nem sempre é fácil perceber quando o 'monstro de olhos verdes' está rondando, à espreita...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Corda Azul

Era manhã de uma sexta-feira, setembro de 1930.

Ela abriu os olhos e ainda deitada na cama percebeu envolta em seu pescoço uma corda azul.

Laço forte, embora com grande espaço para respiro, pontas soltas que iam até seus pés.

Pousou as mãos e quieta tentava enteder como a corda viera parar ali.

A casa em silêncio fazia trilha para seus pensamentos que velozes buscavam sentido.

Fechou os olhos e via a imagem de uma pequena árvore, toda bem verdinha e no meio dela: um menino. Bravo menino. Carregava uma bússula, um canivete, um espelho, um escudo e uma corda azul.

Ela então percebeu.

Voltou de novo a ser menina.

Juliana escreve esporadicamente.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O jogo do contente

Sempre gostei muito de ler. Leio desde pequena, e sempre li estilos diversos. Cheguei ao ponto de a bibliotecária da escola liberar para mim uma parte da biblioteca destinada “aos grandes”, porque eu já havia lido todos os da minha idade. Minha mãe era professora na mesma escola, então eu gozava de alguns privilégios.

Mas como mãe é mãe, também tive leituras proibidas e leituras obrigatórias. A que mais me marcou foi o livro Pollyanna. Detestei aquela história do início ao fim! É um clássico da literatura infanto-juvenil, publicado pela primeira vez em 1913.

A história é triste. O sofrimento pelo qual a protagonista passa é imenso, mas ela raramente se abala. Leva sua vida de acordo com um ensinamento do pai: o jogo do contente. Este consiste em SEMPRE achar um lado bom para tudo o que acontece. SEMPRE.

Eu achava aquilo irritante demais! Como alguém não se revolta, não se entristece, não reclama?! Meu Deus! Achava muita passividade. Quanto mais ela achava coisas que a deixavam contente, mais eu me irritava!

Mas ultimamente me pego jogando tal jogo. Não que eu não me irrite, não me revolta, não reclame. Mas percebo que é muito mais fácil ver o lado negativo. Ver o problema. Ver a rachadura.

E jogando o tal jogo, a pessoa se esforça pra achar o lado bom. E percebi que ele SEMPRE está lá. SEMPRE. Às vezes mais explícito, às vezes menos. E percebi que a vida não é mais fácil sob esta ótica. Muitas vezes é custoso achar o lado bom, enfraquecer as coisas ruins. Negar o negativismo. Mas é bem mais gostoso viver assim.

Renata se declara jogadora oficial do jogo do contente. E recomenda!

domingo, 14 de novembro de 2010

Evasivas, definitivamente, não são acidentais...


O Sedutor Involuntário

Atirou no ar palavras vazias,

Por distração - e abateu assim uma mulher.

(Friedrich Nietzsche - A Gaia Ciência)

______________________________________________________________________
...
A menina olhou fundo naqueles olhos e, sem uma palavra, muda de paixão, disse-lhe tudo...
Ele, percebendo o sentimento que despertara, armou-se com o verniz de evasivas...
A menina, coração apertado, sabia que o que sentia era loucura...mas sentia mesmo assim...
Ele, sabendo de tudo, fingia que ignorava...
A menina, sem conseguir resistir, queria mais...
Ele, com evasivas, nada deixava entrever...
A menina sentia sua falta e deixava-o saber disso...
Ele fingia não perceber.
A menina, nas entrelinhas, dizia-lhe tudo o que sentia...
Ele preferia nada dizer.
A menina, então, cansou-se de tudo
e, sem nada dizer, afastou-se...
Ele ficou lá, enigmático, tal qual um quadro de da Vinci.
E a vida passou pelos dois...
E os dois, cada qual no seu canto, passaram pela vida...
...

Déia escreve aos domingos e detesta evasivas (a não ser que partam dela própria)...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Planos. E essas coisas.

Planos... Uma das coisas mais legais de se ter. Eu tenho muitos. Alguns para a próxima semana. Outros pra realizar nessa vida.

Planos para o Natal em família. Crianças. Saudades.
Planos para o Ano novo? Tenho ainda não.

Planos para uns poucos dias de descanso em dezembro.
Planos para muitos dias de férias em março.

Planos para uma vida já bem vivida, mas com tanta, tanta estrada pela frente.

Planos abstratos. Planos que tem rosto.

Planos para perder. Outros para somar.

Alguns planos pra planejar e para realizar sozinha. Outros, aguardando para serem feitos juntos.

Planos que deixam um vazio depois que se realizam.
Vazio que é rapidamente ocupado por outros planos.

Milena escreve aqui as quintas. Cheia de planos =)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Infiltrão

Veio como filete, fresta de água

Rachou a parede da casa, pingo por pingo

Já não podia correr para outro canto

Vazou devagar ganhando espaço e abrindo caminho

Água de remanso

De goteira virou poça

Poço de corrente

Riacho

Balanço buscando mais água criou onda

Arrebentou na beira de outro lugar

E o doce virou sal

Lagoa grande que carrega águas vindas também do céu

Claro ou escuro o mistério do mar pingava nas manhãs no teto de minha cozinha

Deixo vazar o desenho na parede, tatuagem

Quem sabe um dia conserto

Esta minha infiltração.


Juliana escreve esporadicamente.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Do balcão ao mundo

Já fiz algumas coisas nessa vida, não digo muitas por que acho que minha insaciedade e avidez constantes talvez nunca me permitirão dizer. Já fui caixa, garçonete e vendedora, que vem ao caso; e acredito que vi um bocado de coisas, boas e ruins, claro. Pessoas que te tratam bem e algumas que fazem extamente o contrário, ainda bem que foram algumas. E fica a experiência e o aprendizado. Vi também colegas de trabalho fazendo o mesmo, tratando alguns clientes bem e outros não. E não sei dizer qual dessas situações é a pior, talvez sejam equivalentes.

Contudo após essas experiências em lidar diretamente com gente, desejos e anseios, percebi que cada um tem seu dia de bom ou mau humor, não importando o que você faz, se fica no meio de várias pessoas ou dentro de uma sala sozinho, e que devemos deixar nossas frustações do lado de fora, ou dentro de casa.

De quando em quando me acontece de ser mal atendida em algum estabelecimento, ao mesmo tempo que compreendo também fico P da vida, não fui ali pra aguentar cara ruim dos outros, mas infelizmente nesse paísinho as coisas ficam por isso mesmo. Ao invéz de soluções, temos que resolver tudo por nós mesmos. Alguém aí nunca se sentiu um idiota quando precisa de qualquer tipo de prestação de serviços, cancelar assinaturas de revista, reclamar na telefônica, assistências técnicas e talvez o pior de todos, quando a gente precisa da polícia e pensa cinco mil vezes se vai chamar ou não. Me pergunto porque que aqui as coisas não funcionam como deveriam ser.

Silvia escreve as segundas, hoje um tanto quanto insatisfeita.

domingo, 7 de novembro de 2010

Frustração

Hoje escreverei sobre um assunto que me deixa extremamente frustrada (por isso não esperem muita simpatia de minha parte, ok?)...

Quando, em alguma conversa despretensiosa com alguém, sou questionada sobre minha formação e respondo que sou licenciada em Filosofia, a sutileza da maioria das pessoas se evapora e surgem expressões do tipo:

"Filosofia!?!?! Nossa! Pra quê?!?"

Ou então comentários "engraçadinhos":

"Filosofia, é? Credo! Coisa de doido!"

Ou, pior, alguns esquecem da (suposta) educação que deveriam ter e dizem algo mais ou menos assim:

"Filosofia?!? Isso lá é graduação? Isso é coisa p/ desocupado, que não sabia o que fazer no vestibular e se inscreveu p/ o curso que tinha menos candidatos por vaga..."

No início eu entabulava longas argumentações com essas criaturas, mas hoje limito-me a sorrir com ironia e responder:

"Não se preocupe... Não vou falar sobre 'essas coisas' com você porque sei que não entenderia... "

E pronto. Geralmente o assunto encerra por aí.

Às vezes acontece, também, de eu estar conversando com pessoas que, quando ficam sabendo que estou cursando mestrado, olham com de admiração e dizem coisas do tipo:

"Nossa! Que chique!"
Ou:
"Puxa! Mestrado...Que bacana!"

E por aí vai...

Mas, na sequência, quando digo que meu mestrado é em Educação, e que pesquiso questões relativas ao ensino de Filosofia, a suposta admiração dá lugar ao desapontamento:

"Ah! Em Educação, é? Pensei que fosse alguma coisa difícil, que tivesse que estudar bastante..."

Ou frases semelhantes mas que, em síntese, querem expressar o mesmo desprezo.

Sinceramente, isso me frustra demais!

Ora, quem foi que disse que porque minha área de pesquisa se concentra em questões ligadas ao ensino de Filosofia não é preciso estudar???

Aliás, quem foi que atribuiu menor importância às questões ligadas à educação (quando, na verdade, deveria ser o contrário!)?

E porque, em geral, as pessoas menosprezam quem se preocupa com essas questões?

Isso, de fato, me incomoda bastante.

Não consigo acostumar com a ideia de que vivemos em uma sociedade onde a maioria das pessoas, além de não valorizar a questão da educação, ainda faz pouco caso de quem se preocupa com isso...

Faço minhas as palavras de Renato Russo:

QUE PAÍS É ESSE?

Déia escreve aos domingos e está muito frustrada com perguntas e comentários tão "inteligentes"...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Vó minha

Mesmo ela sabendo nada de mim

Eu tive uma vó

Era animada e viajava muito de navio

Andava rodeada de gente

Tudo era pura alegria

Eu tive uma vó

Mesmo sem ela saber nada de mim

Às vezes eu deitava a cabeça no meu sofá amarelo e imaginava que era seu colo, ou de algum outro neto que viesse por ali

Silêncio gostoso e quentinho

Ela gostava pouco de café e trazia sempre suco de uva de fazer bigodes

Uva de verdade

Minha vó de longe sabia escrever e contar histórias

De acalmar os olhos e o coração

Com ela aprendi a guardar segredos

Por vezes andamos juntas pela cidade altas horas da madrugada

Eu tinha uma vozinha minha e herdei dela os óculos de um anel de pedras pretas

Dos óculos eu não gostava

Mas me ajudavam a ver melhor e a brincar com os fios, como ela fazia

Era linda em todas as idades que eu imaginava

Lembro sempre dela quando recolho as roupas no varal e aproveito o vento

Ela queria ser atriz

Comprou uma casa para ela

E ensinou todos os filhos a também fazerem assim

Vou com ela bem devagar tijolinho por tijolinho.


Juliana escreve quando dá saudade de gente que ainda não conheceu.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O “Samba do Crioulo Doido” nos Contos de Fadas

Para quem não conhece essa música, o Samba do Crioulo Doido, vale a pena pesquisar, ler a letra, e, se possível ouvir a música. Nessa história, o crioulo era sempre que escrevia os sambas enredo da escola de samba. Num determinado ano, pediram para ele criar um samba que falasse da história do Brasil. O tema era geral, amplo demais, e aí o crioulo ficou doido, e fez uma confusão na história do Brasil.


Pois é, os contos de fada estão cada vez mais parecidos com o Samba do Crioulo Doido. Quando eu era criança, achava que Branca de Neve era a mais bela princesa, que A Bela Adormecida era quem dormia, e que Cinderela era a do sapatinho de cristal. Entretanto, com a modernidade, parece que as histórias andaram se encontrando, e se misturando por aí.


A Branca de Neve, até onde me lembro era a bela, e dormia após comer a maçã envenenada da rainha má. A Bela Adormecida também era bela, mas a mais bela era Branca de Neve, senão a rainha má daria a maçã para a Bela Adormecida, e não para a Branca de Neve, não é? Pois bem, então, a Bela Adormecida, menos bela que a Branca de neve, adormecia após espetar o dedo na roca de fiar. Mas a Branca de Neve também adormecia. Então, a Branca de Neve era a Bela Adormecida? Poderiam fazer esta pergunta as crianças, ao ouvirem as histórias contadas por suas mães. Não, A Bela Adormecida espetava o dedo, e a Branca de Neve comia a maçã envenenada. Confuso? Não. Quer dizer, mais ou menos. Afinal, se a Branca de Neve era a mais bela, porque o nome Bela ficou com a Adormecida?


Aí entra a Cinderela, que, aparentemente não tem nada a ver com a Branca de Neve, nem a Bela Adormecida. Não mesmo? Então por que, nos dias de hoje, aquelas pessoas que tomam droga, sonífera ou alucinógena, como o GHB, sem saber o que estão tomando, nas danceterias, e são roubadas, caem no golpe do “Boa Noite, Cinderela”? Como, se a Cinderela não dorme na história? Se quem dorme é a Branca de Neve, com a maçã, e a Bela Adormecida, com a roca de fiar? Não seria mais óbvio se o termo fosse “Boa noite, Branca de Neve”? Ou, pelo menos, “Boa Noite, Bela Adormecida”? Mas não, é “Boa Noite, Cinderela”!


Mas que confusão é essa?! Por acaso a Bela Adormecida fez plástica, ou colocou botox, e está mais bela que a Branca de Neve? Ou a Cinderela resolveu cair na night, jogou longe os sapatinhos de cristal, tomou todas, e acabou a noite com o lobo mau, que nem estava nessas histórias?! Tudo bem que o termo “Boa Noite, Cinderela” serve mesmo para aquela hora, depois da meia-noite, em que a Cinderela perde tudo, pois a carruagem volta a ser abóbora, o cocheiro volta a ser ratazana, o vestido volta a ser trapo, e ela volta a ser Gata Borralheira. Mas, mesmo assim, mesmo depois da decepção, da perda, da visão da dura realidade após a festa, como acontece com quem foi roubado, ainda assim o termo é confuso. Pelo menos para quem gosta de histórias infantis.


Tania não espetou o dedo na agulha da roca de fiar, não comeu da maçã envenenada, não tomou nenhum alucinógeno para o efeito “Boa noite, Cinderela”, mas, para escrever este texto, tenho dúvidas se não recorreu aos cogumelos... Nem quem fossem os da Alice, que está em outra história....

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Comunicação

O avanço das tais redes de relacionamento é notável e considerado fenômeno da modernidade. Este avanço pode facilmente ser atribuído à necessidade humana de se comunicar. Renato Russo já disse há alguns anos que o mal do século é a solidão. Acho que é mesmo. E a necessidade de se estar online o tempo todo, de atualizar fotos, eventos, amizades, estado civil, a necessidade de contar coisas e de dar sua opinião, é devida à ilusão de que assim não estamos sozinhos.
Mas a verdade nua e crua é que nascemos e morremos sozinhos. Sós. No intervalo entre uma coisa e outra, nos associamos a pessoas. Seja por parentesco, proximidade geográfica, afinidades, necessidades... Algumas associações duram mais, outras menos. Mas no final das contas, somos sós.
A ilusão de nunca estarmos sozinhos é reforçada pelas redes sociais. Falo isso de carteirinha, pois adoro! Tenho e uso Orkut, Facebook, Twitter e escrevo aqui no blog. Uso MSN bastante para falar com amigos, muitas vezes mais do que pessoalmente.
Pensando nisso, trago aqui algumas frases postadas no Twitter, das quais gosto muito:
Nunca se explique. Seus amigos não precisam, e seus inimigos não vão acreditar. Verdade!
Somos apenas a soma das nossas escolhas. Fortemente influenciadas por nossos hormônios e instintos.
Quando seus ex-alunos são adultos, você está ficando velha. Ponto.
Quando você fica feliz com a proximidade de um feriado pq vai conseguir trabalhar, você está precisando de férias.
Ouvi que, com as minhas desventuras amorosas, deveria escrever roteiro de seriadinhos! To perdendo $$$!
Coloquei batata palha na comida como se fossem lascas de alegria... Maldita TPM!
Essa semana me disseram que sou boa demais, calma demais, paciente demais...Pessoas diferentes em casos diferentes. Vou começar a acreditar.
A malandragem é a mãe da burocracia.
Tenho crises de melancolia, porque não me contento com a mediocridade. Quero mais de tudo.
Viajar faz a gente ver tudo com olhos de criança, atentos a tudo, brilhando com as novidades, excitados.
Mas estar triste faz a gente ver tudo com olhos embaçados, semi-cerrados, só vultos e sombras...
O mundo é tão grande! Mas o mundo de algumas pessoas é tão pequeno, que elas devem sofrer de claustrofobia!
Renata is over capacity! Please return in a few minutes (essa merece uma camiseta!)
Se quando eu morrer eu não for pro céu, juro que volto e puxo o pé de TODO mundo que aturei!
Se a vida fosse fácil não haveria literatura... nem remédio pra gastrite.
Insegurança total por não fazer aquilo que queria e não teria problema algum ter feito. Viva a análise via msn! \o/
O revirar de olhos é a expressão mais completa que há! Eu ODEIO quem faz isso! Menos quando EU que faço, óbvio!
A ironia refinada do universo me prova que ele é ela! O universo é um ente feminino!
Por os pensamentos em fila, vendo um por vez, do começo ao fim... Ah, o sonho de todo obsessivo-compulsivo!
Qual exatamente é o limite entre a polidez e a falsidade?
Hoje descobri que em algumas pessoas a massa cinzenta se concentra APENAS embaixo das unhas...
História da vida real: crianças, o que há dentro do ovo? Brinqueeeeedos!

Por mais divertido que seja este programa, assim como no blog, se escreve para quem quiser ler. E a maioria das pessoas não interage com quem escreveu, não sei se conceitualmente isso é comunicação. Mas disfarça muito a sensação de estar só. E é terapêutico.

www.twitter/Renata_Pe

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Anseios

Minha cabeça doí, não sei se vai passar.
As flores que você me deu já não cheiram mais.
Não sei se sinal do tempo, ou de nós mesmos.
Caminho e não páro mais.
Caminho e espero o vento me anunciar.

Decisões não tomadas.
Férias nos feriados.
Espero.
Espero mesmo quando não quero,
pois não sei pra onde ir.
Trabalho sem saber se escolhi.

Silvia escreve as segundas.
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