sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A gente fica falando tanto na vida como ela é que nunca se lembra de pensar na morte. Grande paradoxo já que vivemos pensando no futuro e a única certeza que temos no futuro é a da morte. Mas não somos educados para lidar com a morte e não raramente somos pegos de surpresa e ficamos completamente desamparados.

Para a morte não há consolo. Há quem diga que saber que o sofrimento cessou serve de consolo, outros, pessoas de fé, consolam-se crendo que a morte é uma espécie de redenção. A mim, fé nenhuma consola. Saber que o sofrimento cessou ameniza a dor. Mas a saudade que fica dilacera, despedaça, sangra, dói.

Ontem tive notícia de que um colega, nem éramos próximos o suficiente para chamá-lo amigo, morreu. Novo, cheio de vida, 42 anos. Foi surpreendido primeiramente pela doença. Depois a morte já não devia mais parecer uma realidade tão distante. São apenas elucubrações minhas. Eu não era próxima sequer para ter acompanhado sua luta contra o lúpus. Mas tenho amigos que eram amigos do peito deste colega. Pessoas da mesma idade, médicos também (sim, ele era médico e sabia o que estava acontecendo com ele), todos acompanharam de perto o tratamento. Foram meses de CTI.

Já passei pelo sofrimento de ter um grande amigo hospitalizado, à beira da morte. Também jovem, também cheio de vida. Mas a doença foi mais forte, ou ele desistiu de lutar. Nunca saberemos. Mas perder um amigo, que dividiu conosco momentos bons e ruins, riu com a gente, riu da nossa cara, enxugou nossas lágrimas e levou pra tomar uma cerveja dói. E se hoje, passados quase quatro anos da morte do Buda, já não sinto mais tanta dor, sinto aquela saudade que angustia.

E fico pensando nos meus amigos que ontem perderam um grande amigo. A dor deles eu já senti. E garanto que não há consolo. Há apenas conforto. Conforto por saber que o sofrimento do amigo cessou, conforto dos que ficaram, que nos abraçam com tanto carinho que chegamos até a esquecer por um momento a realidade. Sei que durante muito tempo pensarão neste amigo, que muitas perguntas surgirão, principalmente aquela para a qual não conhecemos a resposta por quê? Por quê fui privado da convivência de alguém tão querido? Por quê a doença? Por quê justamente O MEU AMIGO? Com tanta gente ruim por aí precisando morrer pra dar paz pros outros... Foi o que pensei durante muito tempo, chorando de saudade. Não há respostas.

Comecei a pensar que, se eu, simples amiga, sofria daquele jeito, como estaria aquela mãe? Que perdeu o filho, vendo invertida a ordem natural da vida? Quanta dor não estaria sentindo! Dizem, e não tenho como imaginar porque não tenho filhos, que não há dor igual. Certa vez assisti uma entrevista com um psicanalista e ele dizia que só há dois traumas comparáveis à perda de um filho: o estupro e viver uma guerra. Dá pra imaginar? Eu não consigo.

Eu penso muito. Muito mesmo. Aliás, eu questiono muito. E as questões que me afligem não têm respostas conhecidas por nós. Serão dilemas somente meus? Alguns, sim. Mas todos? Não acredito. Deve haver uma razão pra uma pessoa jovem, amada, feliz adoecer e morrer antes da hora!! Mas quem diz qual é a hora certa? Quem me garante que eu, saudável, forte, alegre e com uma vida pela frente, não vou morrer ainda hoje e este será meu último post? Estamos sujeitos a tantos riscos o tempo todo... Quem garante que não vou adoecer de novo, ainda jovem? Que a doença não será mais forte que eu? Que não vou sair pra trabalhar e ser atropelada? Levar um tiro que não era pra mim? Ou simplesmente torcer o pé, cair e bater a cabeça? Nada! Ninguém!

E o que haverá por trás de uma morte assim, mais difícil de aceitar que a morte na velhice? O que haverá que está muito além da nossa mortal compreensão? Haverá mesmo uma razão para determinadas coisas acontecerem? Ou a morte é simplesmente o ponto final e vivemos iludidos na esperança da “vida eterna” prometida pela Igreja católica? E se vivemos eternamente, em ciclos de evolução, como prega o espiritismo e, de certa forma, diferente, mas igual, o budismo? Será que vivemos mesmo em evolução? Que aprendemos em cada vida? Que nos aperfeiçoamos ou pelo menos deveríamos melhorar? Que acabamos simplesmente e portanto devemos liberar o nosso id? Parece que a vida nos dá muito e depois a morte tira. Mas será que tira mesmo? A questão permanece. Não há respostas.

A vida como ela é? A morte como ela é? Será alguém capaz de nos dizer? Não creio. Quanta pretensão! Não há respostas. Simples assim.

Laeticia continua pensando, pensando, pensando. E a crise continua.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

De repente, 30!

Há uns 2 anos atrás, uma amiga que conheci graças às misteriosas coincidências que deixam a vida mais intrigante, me convidou para escrever neste blog. A proposta vocês conhecem: mulheres na faixa dos 30, de vivências muito diferentes, escrevendo sobre o dia-a-dia, sobre a vida, sobre si mesmas: o nosso divã virtual, onde todas deitamos e nos acalmamos por não sermos as únicas a viver determinada situação ou emoção. Achei a proposta bem legal, mas tive minhas dúvidas... Eu tinha 27 na época e, obviamente, achei que faltavam anos luz para eu chegar aos 30. Aceitei a proposta por amar escrever e hoje escrevo meu último texto antes de trintar.

Esse tempo passou muito rápido e é um pouco perturbador ver o número da sua idade mudar de dezena. Mas é isso, apenas: um número. Sei que números são importantes na vida: 30, 35, primeiro, 163, 1980... Eles lhe enquadram em algumas classes, indicam alguma informação sua, mas não definem quem você é.

Nessas horas você pensa: nossa, quando eu tinha 20 anos podia fazer isso e aquilo e nada me acontecia! Não que tenha mudado neste ano, ou neste mês, ou neste dia, mas é que nestas datas simbólicas presta-se mais atenção nas mudanças.

Então, na próxima sexta-feira serei uma mulher de 30, e percebo que a vida já vem me dando presentes! O mais recente é uma ruga que antes só aparecia na minha testa pra dar um oi! Agora ele será minha eterna companheira! Também ganhei algumas pequenas varizes que agora enfeitarão minhas pernas por um bom tempo! Isso sem falar do quilinhos que chegaram pra ficar, instaladíssimos nos pneuzinhos.

Mas, sem ironias, a vida vem, sim, me presenteando com pessoas, oportunidades, dias de sol, nuvens douradas, chuva no calor, estrelas, banhos de mar, cheiros deliciosos, vento no rosto, risadas, descobertas, frios no estômago, arrepios, sabores, texturas e tantos outros presentes que não dá para enumerar!

A tudo isso sou grata! E sou grata também por “trintar” cercada de pessoas que amo, e com a vida andando de vento em popa!


Renata vai trintar sexta-feira, mas continuará escrevendo aqui todas as terças-feiras.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Aventuras em Série - 4º Aventura - Dezembro de 2009


Na casa de uma amiga de sua mãe, Anastácia e sua família se encontravam. Mãe, pai, irmão e Anastácia faziam uma visita, já que a amiga morava em outro estado, quando por lá estavam eram convidados para jantar.

A amiga era conhecida de sua mãe de longa data e, portanto, era mais do que natural que as duas tivessem muito o que conversar. Assim sendo, ficavam os três na sala, pai, irmão e Anastácia, aguardando petiscos e coisinhas para beber, enquanto as duas iam e vinham da cozinha para a sala, da sala para a cozinha e assim em diante.

Na falta do que fazer e do que falar, assuntos não tão óbvios e pra lá de diversos surgiam na sala de estar. Como não podia ser diferente começou a falar Vladimir, o irmão:

_ Vocês sabiam que se a gente solta um pum e acende um isqueiro fica azul?
_ Aé, você já experimentou?
_ Eu não! Tá doida!!
_ Perái.

Ambos os irmãos olham assombrados enquanto seu pai, calmamente sentado no sofá, pega um isqueiro, e, de repente, PUUUUUMMMMMM, SHICK. Realmente ficava azul, concluíram enquanto rolavam nas poltronas e no sofá de tanto rirem.

Com a risaiada entram mãe e amiga.

_ De que vocês estão rindo?
_ NADA.
_ NADA.
_ NADA.
_ ...
_ Eu heim vocês estão com umas caras...
_ O que foi? Hummm... que cheiro é esse?
_ NADA.
_ NADA.
_ NADA.
_ ....
_ Estranho...

Silvia escreve às segundas e, de quando em quando, estórias da vida real.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Amanhã

amanhã vou cortar o cabelo, vou esquecer que me canso, vou tomar banho de chuva.

amanhã vou acreditar nas pessoas, vou realizar um sonho, vou tocar meu violão.

amanhã vou fazer um vestido, vou escrever uma carta, vou lembrar da minha infância.

amanhã vou juntar meus amigos, vou pintar minhas unhas, vou sonhar com você.

amanhã vou fazer um desenho, esquecer umas contas, assistir um romance.

amanhã vou conhecer uma praia, vou dançar no escuro, vou adotar um filhote.

amanhã vou sair pra ver o céu, vou me perder entre as estrelas, vou ser feliz.

Milena escreve aqui às quintas. Quase todas.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sacode a poeira

Comecei o ano resolvendo me dar um presente diferente, o de me livrar de tudo aquilo que eu sequer desconfie que não tem mais significado para minha vida. Não prometi nada, não fiz plano nenhum, não fiz listas, a ÚNICA coisa que eu defini é que este é o meu ano de bota-fora e só depois disso é que o meu 2010 vai começar, ainda que eu passe o ano inteiro nesta maratona e pule direto para 2011.

Eu sempre tentei fazer isso, mas nunca consegui ir até o fim e revirar TUDO o que tenho pra ver se merece ainda permanecer lá. Agora parece que vai, e algumas dicas que auto-inventei talvez possam ajudar os interessados em adentrar numa “jornada de purificar a alma se livrando de tralhas” (ou quem sabe assim eu mesma não fico com vergonha se não cumpri-las?).

- Tire do lugar tudo aquilo que você deseja arrumar (só fazer um “catadão” por cima não resolve).

- Agrupe suas coisas. Para cada categoria (roupas, livros, papéis, cosméticos, arquivos do computador, fotos, lembranças, amigos, pensamentos, etc.) divida os itens entre os que com certeza você quer, os que você não sabe e os que você com certeza quer jogar fora. Separe os que você quer jogar fora imediatamente e coloque longe do resto, para eles não voltarem para a pilha do “não sei” depois. Já vá guardando o que quer manter bem espaçado no armário (ou equivalente) pra você logo perceber o quanto tem de “coisas”. Deixe para analisar a pilha do “não sei” em outro dia.

- Interrompa imediatamente o processo quando encher o saco, e recomece outro dia, pois quando isso acontece a tendência de guardar de volta tudo que ia fora é grande.

- Ajude algum amigo a se mudar de supetão e imprima, a cores, em sua memória o trabalho que dá ter muitas coisas quando se quer ter mobilidade. No “mundo ideal” queira ser capaz de, a qualquer momento da vida, poder “levantar acampamento” e ir embora de onde estiver, em no máximo dois dias. Invente que há uma oportunidade aguardando e que ela precisa disso para chegar.

- Guarde cartas, fotos e pequenos objetos que lembrem pessoas e momentos queridos. Arranje um pequeno baú ou caixa para isso e se comprometa a ser este o seu baú do coração, mas quando ele encher, para alguma coisa entrar nele, outra tem que sair (imagine que seus netos vão detestar quando você vier toda boba mostrar suas memórias se elas significarem pilhas e pilhas de quinquilharias).

- NÃO GUARDE presentes que você não usou, roupas que não usa mais, mas não quer jogar fora porque foi a avó quem fez ou alguém querido que deu, livros que você não terminou de ler, livros técnicos muito específicos, roupas que não servem mais esperando você emagrecer, coisas quebradas que vão dar trabalho oi sair caras para arrumar, tralhas de hobbies que você não tem mais. A MEMÓRIA dos momentos e sentimentos que estas coisas trouxeram é que importa. Guardar coisas para se lembrar é burrice, pois se a caduquice chegar, você não vai mesmo saber o que significava este raio desta tampinha guardada tão embrulhadinha no lenço que você quer muito assoar o nariz.

- Junte em um mesmo lugar (quarto, canto, mala) todas as coisas separadas para ir embora, imagine que cada uma delas leva junto um quilo de sua banha acumulada e, por fim, evite ao máximo colocar as coisas no lixo, tentando encontrar um fim mais útil para o que você não quer mais (mas não deixe de colocar nada fora por não saber o que fazer com a coisa).

O melhor de conseguir colocar fora é ter que exercitar a fé de que o que quer que seja necessário, no futuro você terá condições de ter.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Rumo a ter aulas de tênis e fazer o passeio de balão assim que (um dia...) estiver mais leve.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Férias - continuação

Passando as férias na casa do meu irmão, com sua esposa, seu filho (o sobrinho mais fofo do mundo), eu e minha filha passeamos bastante, alimentamos animais, caminhamos muito e comemos mais ainda.

Mas o maior atrativo da viagem, que não adianta negar foi o que nos trouxe até aqui, não foram as compras nem a boa comida, nem os pontos turísticos, foi o Lorenzo.

Ele veio pra cá com menos de um ano de idade, e agora já tem três. É impressionante ver como cresceu, fisicamente e em termos de amadurecimento também. E como o vejo pouco, cada visita mostra um salto no desenvolvimento. Ele tem uma grande desenvoltura com equipamentos eletrônicos, como as crianças de sua geração. E tem uma capacidade de argumentação impressionante! Ele argumenta, explica, te convence e depois diz: entende?

É de morrer de rir! Ele mistura a fala de Cebolinha com palavras em espanhol e acaba saindo: Todavia, ela ainda não despeltou!

E tem uma energia infinita, que só se rende quando, depois do banho tomado, ele deita no colo de um dos pais, como sendo o melhor lugar do mundo e toma a mamadeira noturna, puxando e apertando o lóbulo da orelha de que o amamenta.

É bom ver como a vida pode ser simples e divertida. E muito bom para matar um pouquinho à saudade!


Renata não é tia coruja! Ela não tem culpa se ele é o sobrinho mais fofo, inteligente e engraçado do mundo!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Transformando


Me disseram alguns dias atrás que deveria lutar minhas guerras e não as dos outros e isso teve grande significado em mim. Por razões diversas tenho me sentido insatisfeita, mesmo em ocasiões quando não deveria me sentir assim. E após essa conversa tenho procurado modificar o que está ao meu alcançe e de certa maneira estou me sentindo melhor. Após várias reflexões percebi que eu mesma digo muitos nãos para mim, atos e palavras que sabotam minha felicidade e apesar de não saber exatamente a causa dessas auto-sabotagens tenho tentado sanear o problema. Cansei de palavras como "se", "talvez", "quem sabe" e o famoso "quando". Como assim quando?? Se o momento preciso é o agora, se a máquina do tempo se move em motor contínuo e desta maneira estamos em constante transformação. Hoje o que eu quero para meu futuro é o dia presente vivido da maneira como sempre sonhei, transformando nãos em sins.

Silvia está mais uma vez girando.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Dai-me força para aceitar o que não pode ser mudado





“Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado...
Resignação para aceitar o que não pode ser mudado...
E sabedoria para distinguir uma coisa da outra”.
O problema é justamente esse: encontrar a sábia diferença entre o que pode ser aceito e o que é inaceitável.
Muitas pessoas entram neste dilema. Todos nós conhecemos alguém a la Madre Teresa que aceita qualquer condição e tratamento, seja de quem for, do chefe, do marido desleixado, do filho mal-educado, da vizinha intrometida, da sogra indiscreta, da amiga invejosa, do padeiro sem respeito. Assistismos às suas atitudes e não conseguimos compreender como a Madre Teresa aguenta tanto desaforo na vida, e ainda com um sorriso no rosto, sem reclamar. Ela crê que as pessoas são como são e que devêmos aceitá-las dessa maneira, sem tentar modificá-las. A tal Madre acha que nós somente mudamos a nós mesmos e que a maior reforma é a íntima.
Por outro lado há também a Maria Zangada, aquela que a tolerância é zero. Não suporta nem um suspiro mal dado ao seu lado e lá vai ela a soltar seus cachorros. Essa pensa que tudo deve ser mudado e que tudo é inaceitável. Me ofereceu um café-da-tarde? Ai que horror, é uma pão-dura, por que não convidou para o jantar? Vem me visitar no domingo? Não sabe que é o dia do descanso? Que amiga incoveniente ... a lista não se finda, reclama do sol, da chuva, do calor, do frio, da neve, da praia, da serra e nem as moscas escapam de sua língua ferrenha...
Mas e agora, o que eu faço?
Percebo que ser resiliente demais leva as pessoas ao nosso redor a nos desrespeitar, a não saber o limite de onde parar, de como proceder conosco. Como uma amiga minha já disse: "As pessoas te tratam da maneira que permites tratá-la". Já se fores instransigente demais, tornas-te indesejável, negativa e excessivamente intolerante.
A sabedoria está no meio termo, todos sabemos disso, mas como eu acho esse fulano?
Tenho praticado a resiliência de maneira cada vez mais ativa e mais consciente. Praticando a dita reforma íntima que tantos falam, tentando me tornar uma pessoa melhor. O problema é que estou achando que ando aceitando demais pois os sinais de abuso no comportamento das pessoas que me cercam está comecando a aparecer. Triste isso do ser humano abusar da paciência alheia. Ninguém abusa de um Saraiva pois tem receio de suas explosões. Vamos lá abusar da Madre pois esta não diz um ai. Muito feio!
Acho que terei que repetir a reza por mais umas 10 novenas até que eu encontre a sabedoria para distinguir o que devo aceitar e o que vale a pena lutar para ser mudado.Ó pai!
Lil escreve aqui esporadicamente e na ânsia por se tornar alguém melhor, descobriu que tornou as pessoas a sua volta piores.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Oração para os 31

Pai, protege-me desta nuvem escura de melancolia que parece já ter nascido comigo.

Abre meus olhos e meu coração para que eu não apenas veja, mas viva com a consciência de quão pequenos são meus problemas.

Extirpa de minhas entranhas esta urgência em tentar organizar, listar, arrumar a vida, perdendo meu precioso tempo de tentar viver melhor.

Arranca, Pai, do meu ser esta eterna sensação de ser e estar inadequada para tudo.

Remove meus pensamentos repetitivos tão recheados de medos e inseguranças, que franzem meu cenho e tornam-se amarga e pessimista.

Concede-me a dádiva da perseverança, para que eu não mais me decepcione por não conseguir o que preciso, apenas pelo fato de não ter tentado um pouco mais.

Não permita que o cansaço abra as portas para as ites entrarem, mantendo-me longe das sistites, amigdalites e gastroenterites. Sou muito grata pela minha saúde física de ferro, e já abusando, peço-Te um pouco mais de equilíbrio para minha saúde mental.

Permita-me ter boas noites de sono e que durante elas eu visite apenas lugares e seres de luz. Arranca de mim este eterno sono, torpor e a preguiça que me privam de tantas coisas.

Ensina-me a Te encontrar mais facilmente em pequenos momentos do dia, lembrando sempre que sou parte de Ti e ensina-me a meditar de verdade, acalmando meu cérebro inquieto para que possamos conversar mais de perto eventualmente.

Não permita que eu perca meus amigos, nem que me distancie deles. Ajuda-me a aprender a ser mais disponível. Ilumina meu coração, Senhor, para que eu saiba valorizar de verdade as pessoas ao meu redor que merecem ser valorizadas e para que eu saiba identificar e evitar com respeito e gentileza, mas com firmeza, aqueles de quem não tenho condições de aprender ou ensinar.

Ensina-me, meu Deus, a andar devagar pela vida, apreciando a paisagem, e ajuda-me a evitar ser apenas engolida por ela.

Leva embora meu orgulho, minha empáfia, meu silêncio e traga um pouco de humildade para seus lugares. Permita-me, Pai, que eu consiga ser menos crítica para com os outros e para com meu próprio umbigo.

Que o meu amor nunca se contamine com meus defeitos e minha amargura. Que ele saiba manter-se equilibrado e um porto seguro, como sempre foi. Que nunca nos falte diálogo e a intenção de vestir os sapatos um do outro e que para cada momento de preocupação e estresse que ele passe comigo, que eu seja capaz de proporcioná-lo muitos outros momentos que valham a pena.

Senhor, traga mais sorrisos para este mundo e para todos que nele estão. Amém.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. No sábado saindo de seu inferno astral pré-aniversário e adentrando um pouco mais a era balzaca.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Bioparque


Como comentei no último texto, estou em Buenos Aires com a minha filha, visitando meu irmão, minha cunhada e o sobrinho mais fofo do Universo, o Lorenzo!

Antes de me entupir até as orelhas com medialunas (desta vez eu resisiti um dia inteirinho!), fomos conhecer o Bioparque Temaiken, grande prova da importância da propoaganda boca a boca. A Fran, minha amiga, assistiu a Eliana fazendo um programa deste parque e comentou. Falei pro meu irmão e ele já levou a família e outros parentes que vieram visitar.

É muito lindo! Como diz o nome, a proposta é de ser mais que um zoológico. Aliás características de conservação e de educação ambiental. Os animais não tem jaulas, mas áreas adaptadas na medida do possível para suas necessidades. Algumas áreas tem janelões de vidro para que se tenha uma visão diferenciada e mais próxima dos animais.

Pudemos ver, por exemplo, os quatro tigres (dois deles albinos) que nasceram no Temaiken nadando com a mãe. Entramos na área das aves, dividida nos 5 continentes, com espécimes de aves e plantas caraterísticas, organizadas em uma grande área cercada de tela, de dentros das quais os visitantes podem os observar.

Pequenos detalhes mostram a preocupação com retratar da melhor forma as condições naturais, como os cervos que ganham sua comida dentro de caixas ovaladas com aberturas, que devem ser roladas para que eles possam se alimentar. As frutas para as aves sao colocadas nas árvores e não no famoso bandejão.

A preocupação com o paisagismo também é grande e até os bebedores para os visitantes estão integrados ao ambiente. Quem tiver interesse, acesse http://www.temaiken.com.ar/ e olhe por si mesmo.

Renata adorou o passeio, esta adorando a estadia e espera conseguir resisitir as medialunas por mais um dia inteirinho.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Como já diziam as civilizações antigas

"Aos que me habitam, em todos os aspectos,

Desejo a todos, acima de tudo, complacência.

Que um ato benevolente seja mais que braços abertos ou mãos estendidas: sejamos a manifestação mais pura da receptividade, a começar pelas pequenezas existentes em cada um de nós, que são menos complexas e, por isso, mais difíceis de aceitar. Saibamos celebrar, dignamente, a maravilha de sermos únicos em mente, corpo e espírito e que a memória ultrapasse os limites do fetiche para se tornar a capacidade de sentir e praticar o amor independente da matéria.

Sejamos críticos, sábios, hábeis e que nossa vida seja abarrotada de criatividade. Que a beleza tome novos rumos, para além dos sentidos. Que os sentidos tomem novos rumos, para além do concreto. E que concretos sejam nossos sonhos. Que a virada represente, de fato, uma virada em nossas vidas e viver seja uma lição, definitivamente, intranscritível.

Que venha o Tigre!"

Recebi esse texto de uma amiga, que recebeu de outra amiga, e assim por diante, gostaria de poder dizer que é meu, mas não posso, já que não é, mas posso dizer que é isso o que desejo, o que espero, o que quero. Que o ano do Tigre traga mais garra e menos desastres, mais sabedoria e menos ignorância, menos pressa e mais confiança.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Crise em cima de crise!


Acabei de voltar do médico e o fedazunha me fez pesar! E me mediu! De acordo com ele diminuí 1 cm e sobre o peso é melhor nem comentar!! A conseqüência? Depressão total!
Como que a pessoa consegue engordar 5 quilos em um mês e meio?!! Só a doente aqui mesmo!!
Estou apelando pra tudo: chás, rezas, macumbas e todo tipo de dieta xiita! Só não vale femproporex, anfepramona e afins que isto tudo me diexa doida.
Quem puder ajudar, me fale!
A situação é crítica!

Laeticia odeia fim de ano não é à toa!!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Prece para o ano novo

Esse ano, eu quero dormir menos, ler mais, ter mais energia para encarar o que vem pela frente diariamente.

Quero passar mais tempo com meus sobrinhos. Quero fazer novos amigos.

Quero cultivar com carinho os amigos que já tenho, me embriagando na alegria que é ouvi-los gargalhar.

Quero prestar mais atenção à natureza e às coisas que me rodeiam.

Quero ser menos distraída. Quero ser menos desastrada.

Quero ter menos metas, menos prazos, menos cobranças endógenas.

Quero aprender coisas novas. Quero me aperfeiçoar no que faço com prazer.

Quero continuar a levar a vida com o peito aberto, cabelo ao vento, gente jovem reunida.

Quero plantar uma árvore, escrever um livro, ter um filho.

Quero carneiros e cabras pastando solenes no meu jardim.

Quero um jardim.

Quero viver à pão de ló e Moe Chandon.

Quero sonhar alto. Toda noite e todo dia.

Quero de tudo, um pouco.

Milena quer agradecer pelo novo ciclo se inicia.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Esquisitice é utilidade pública


Andei tendo uma overdose de filmes esquisitos. Começou com a 24ª reprise de Amélie Pouland (meu filme favorito, que tenho em VHS!) e terminou com tal de “Simplesmente Feliz” que o Sr Puko me trouxe esta semana.

Imagino que o Sr Puko anda me achando meio melancólica, então, tenta dar um jeito de me alegrar (para ilustrar a profundidade deste gesto dele, eu diria que ele me trazer super empolgado, um filme tipo iraniano, é o mesmo que eu chegar em casa super empolgada com a assinatura de uma TV com 450 canais e um controle remoto só para ele, com pilhas novinhass). Se bem que também pode ser apenas uma campanha frustrada pró-Playstation na residência.

De Amélie Pouland, sem comentários. Sr Puko diz que ela só não é igual à mim porque ela não faz listas e planilhas pra tudo (tenho certeza que faz, mas não coube no filme).

De “Simplesmente Feliz”, pai do céu... O filme se passa em Londres, o que já era pra ser garantia de que eu vou gostar. Conta a história de uma doida de trinta anos, professora primária e destrambelhada, com a família também destrambelhada, que resolve ter aulas de direção com um nazista maluco. A guria tem por princípio básico ser feliz como algo inerente, como uma escolha, não importando a M ou o paraíso que se encontrar a vida dela. O filme pode ter um Globo de Ouro (= o Oscar de filmes esquisitos, meus preferidos), mas é uma bosta.

Detesto filme, novela, músicas e afins que retratam o cotidiano de um modo real demais. Destes que querem te provar que todo mundo é meio perdido, meio maluco, meio sem rumo, que anda meio que tateando no escuro, sem ter certeza do que quer ou do que é certo. De realidade já basta a de cada um. Será que o roteirista deste tipo de filme imagina que observar a desgraça ou a bagunça alheias faz alguém se sentir mais aliviado por encarar sua própria bagunça como algo mais “normal”? Ou mais culpado porque não vê o mundo como a Polianna, quando tem gente passando por situações piores que as tuas? Eu heim?

Só sei que surpreendentemente estas drogas de filme funcionam. Andei capturando alguns momentos que não combinam com minha eterna melancolia, como pensar imediatamente que “eu sou maior que isso” quando alguma porcaria acontece. Ou ainda, depois de uma grande porcaria que aconteceu no trabalho, largar essa: “olha gente, temos duas chances com esta M do cão: usá-la pra valorizar tempos melhores que vamos ter, aqui ou em outro lugar, ou aproveitá-la pra nos fazer mais casca-grossa, para agüentar coisas piores que podem vir, aqui ou em outro lugar.”

Eeeeeuuuuuu falando Polianamente no trabalho? CARALEO (parafraseando Laeticia) eu achava que era só eu, mas o mundo tá perdido! Filme ruim servindo de auto-ajuda é o Ó! Mas bem que funcionou.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Férias

Finalmente estou oficialmente de férias. Sabem como me sinto? Como se os cães farejadores, perseguidores e, se me alcançassem, esquartejadores, que me perseguiram o ano passado todo tivessem sumido. Exatamente assim. Durante 2009 tive energia pra fazer tudo o que eu precisava e mais. Dificilmente dizia não pra algum compromisso, tarefa, mesmo que implicasse comer correndo, dormir pouco, abrir m]ao de quaisquer momentos que fossem apenas pra mim e essas banalidades...
Quando chegaram as férias eu já estava de joelhos, sem energia nem pra falar; tive uma crise de defasagem pensamento/fala que me atrapalhou. Agora, os cães sumiram. Com eles, a energia extra.
Não que seja ruim, é bom. É bom porque não tenho mais aquela urgência, aquela pressa desvairada pra tudo. Consigo relaxar, dormir, ler (algo que pouco fiz em 2009)... estou tomando gosto por essa nova fase, onde não tenho que me empurrar pra seguir sempre em frente, sempre correndo. Posso sentar pra conversar, tomar chimarrão, e relaxar. Sábado vou pra Buenos Aires com minha filha, e de lá escreverei os próximos posts.


Renata espera lembrar desses momentos quando as férias acabarem, e evitar que os cães a persigam em 2010.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Promessa de Ano Novo: Ligar o Foda-se

Todo local de trabalho tem gente que rala e gente que não faz nada, mas aparece. Dizem que essas pessoas têm um ótimo marketing pessoal. O meu é péssimo. Ultimamente tenho sido a personificação da “Mulher Invisível”, do “Quarteto Fantástico”. Mas tudo bem. Nunca quis aparecer mesmo. De vez em quando é ruim, pois vemos que o que a gente faz não tem valor, mas, quando alguém prepara uma festa, um evento, ou puxa-saco, aí a pessoa brilha!

Há uma equipe com a qual eu trabalho que é muito legal, e boa de serviço. São poucas pessoas, que realizam trabalhos de pedreiros, animais de carga, auxiliar de cozinha, etc, pois carregam pedra, puxam carroça, descascam abacaxi, entre outras tarefas que não aparecem. Essas pessoas são especiais, pois, mesmo vendo que “o errado é certo” no ambiente de trabalho, elas não se corrompem, e continuam exercendo suas tarefas da melhor forma possível.

De vez em quando, uma de nós fica enfurecida com as situações de inversão de valores que ali ocorrem. Aí, para suportar a pressão, paramos uns minutos, tomamos um chá, conversamos sobre os acontecimentos, e voltamos à rotina. O momento do chá é importantíssimo para diminuir a tensão do dia-dia. E, de tão importante, o chá passou a se chamar “alucinógeno”, pois o comparamos ao “colírio alucinógeno” do José Simão, da Folha de São Paulo. Somente o nosso alucinógeno para acalmar os ânimos quando o bicho pega no serviço!

Outro dia mesmo precisei saber para onde um dos chefes havia viajado, para qual evento, e se outro o substituiria. O outro em questão respondeu somente “sim”. Mas sim o que? Eu havia perguntado para onde, para que? E ele me responde sim?! Retornei o SIM, seguindo de três interrogações. Ele me retorna mensagem com um “acho que não”. Desisti. Só com alucinógeno mesmo!

E, de tanto situações assim ocorrerem com freqüência, nossa equipe resolveu que 2010 era o ano para “ligar o Foda-se”. Saímos, bebemos umas cervejas, e brindamos ao “Foda-se”. Entendam, ligar o foda-se é tentar não ligar para os absurdos que acontecem à nossa volta. Ligar o foda-se é tentar não se preocupar com o que não vai mudar, pois está arraigado na cultura da empresa, ou na sociedade em que vivemos. Não é deixar de fazer as coisas, nem se comportar como os outros que aparecem e nada fazem. Ligar o Foda-se é deixar que isso aconteça, pois não dá para combater, e continuar numa boa.

Nosso grupinho prometeu isso para o Ano Novo. E estamos tentando fazer. Nosso brinde: “Amém, Oxalá, e Viva o Foda-se!”


Mini-resumo: Se Tania conseguir “ligar o Foda-se” em 2010... Ah, melhor nem pensar nas conseqüências...!!!!!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Sair da Crise Pra Quê?

Outro dia me disseram que eu sou estranha, que vivo em crise. Engraçado é que as pessoas têm esta visão distorcida de crise, que crise é uma coisa ruim. Eu nunca vi crise desta forma. Embora sofrido, e isto é realmente inegável, eu sempre ressurgi melhor e mais forte de minhas crises. E se não é verdade que vivo em crise, verdade é que já passei por várias. E cada uma mais pesada que a outra.

É mais forte que eu. Incontrolável. Eu bem que tento, mas quando assusto, estou lá, pensando, pensando, pensando. Já trombei em portas, escorreguei no chão, caí em escadas, esbarrei em pessoas, pisei em coisas, torci o pé. Podem saber, eu estava longe, bem longe nestes momentos. Perdida em meus pensamentos.

A última crise pela qual passei foi tão violenta que fez com que eu abandonasse o Direito. Aliás, abandonasse, não. Abandono parece coisa impensada. E o negócio foi pensado e repensado. Deu um puta prejuízo financeiro largar aquele escritório. Mas coloquei na balança e achei que brigar na Justiça ia me causar um dano emocional tão grande que não valia a pena. Simplesmente saí. Segui minha intuição. Decidi não fazer concurso, nem seguir a academia. Ia dar na mesma. Fiz uma coisa que muita gente morre de vontade de fazer, mas não tem coragem. Chutei o pau da barraca!

Fui taxada de louca. Sem juízo. Disseram que eu ia matar minha mãe de desgosto. Eu mesma cheguei a achar que minha mãe ia morrer não de desgosto, mas de preocupação comigo. Cinco anos na faculdade, dois na pós-graduação, dois anos tentando fazer mestrado na UFMG, um pé na USP e larguei tudo porque achei que estava no caminho errado. Não me admiro de as pessoas acharem que eu tinha enlouquecido. Mas há dois anos largar tudo me parecia o único caminho razoável, talvez o único que me levasse àquilo que eu buscava. Àquilo que nem eu sabia exatamente o que era. Hoje o que eu acho disto? Realmente não havia outro caminho: boa chutada de balde!

Acho que entrei em crise novamente. Já deve ter uns dois meses. Sei lá. Crises não são boas conhecedoras de tempo e espaço. Ando me sentindo na gaiola. Ando me sentindo amarrada, amordaçada. Não me sinto mais à vontade pra dizer o que penso entre pessoas que sempre me ouviram. Parece que ninguém mais quer ouvir palavras sinceras. Antes as pessoas me perguntavam as coisas, dizendo, “seja sincera”. E eu tinha certeza que podia dizer: “olha, joga fora esta blusa que não tá legal”. Mas hoje, a mesma pessoa que antes jogava a tal blusa fora ou dava pra alguém, me pergunta o mesmo tipo de coisa e eu tenho que mentir ou fazer cara de vendedora de loja ruim! Eu vou ao cinema, acho um filme uma bosta e tenho que olhar em volta antes de dizer “nossa, que bosta de filme” ou então sussurrar “nossa, que bosta de filme”, senão alguém pode ficar com os sentimentos altamente feridos porque eu não gostei do filme e manifestei minha opinião! Se eu não gosto de alguém, não posso dizer simplesmente “fulano é metido a besta para caraleo e não tô afim de sentar na mesma mesa que ele; já tenho que agüentar muita gente chata no meu trabalho e não quero perder meu tempo livre com gente chata ao invés de usufruir deste tempo com meus amigos”, tenho que ser politicamente correta e ficar de firula com o chato pra agradar um monte de gente que não anda nem aí pra me provocar sequer um sorriso. O que mais me chateou outro dia foi eu mostrar uma foto minha que eu achei linda pra uma pessoa que eu gosto muito mesmo e ouvir “já tava tonta, conheço esta cara de tonta!”. E a foto foi batida cinco minutos depois que eu cheguei à festa... Isso me chateou de verdade. Crise detonada!!!

Aí eu fico pensando: o que é que eu estou fazendo aqui neste lugar? E os sonhos que eu tinha? Mais!! E os sonhos que EU TENHO? E os lugares que eu quero conhecer? As viagens que ainda não fiz? As pessoas que ainda não encontrei? Os lugares que ainda não conheci? Os livros que ainda não li? Os museus, cinemas e teatros que ainda não visitei? Os micos que ainda não paguei? Os tombos que ainda não levei? As lágrimas que ainda não chorei? Os risos e as gargalhadas que ainda não ri? As fotos que ainda não tirei? Os porres que ainda não tomei? As festas em que ainda não fui? Os copos que não quebrei? As cicatrizes que ainda faltam pra minha coleção? A tatuagem que eu não fiz? Ai, minha cabeça vai explodir!!!!!

Acabei de assistir no youtube um trecho de uma palestra do Dr. Paulo Gaudêncio. Pra quem não sabe, o Dr. Paulo é psicoterapeuta. Psicoterapeutas, psicólogos, psiquiatras e psicanalistas têm sido amigos diletos, solidários companheiros de minha jornada em crise rsrs

A idéia de crise do Dr. Paulo Gaudêncio me vem bastante a calhar: crise seria a ruptura entre a idéia e a estrutura para que a idéia se concretize. Jovem é quem caminha com a idéia e velho é quem se estruturou, quem está na verdade final. Assim, a solução para a crise seria a reestruturação, a pacificação. Pra mim, o envelhecimento. Ou seja, seguindo esta linha de raciocínio, crise é sinal de vida. Só não tem crise quem está morto. Mas é inegável que, apesar da crise representar uma oportunidade de evolução, ela vem sempre acompanhada pelo sofrimento da ruptura.

Outra idéia de crise que me acompanha surgiu de uma conversa sem maiores pretensões regada a Absolut pura com gelo na sala de estar de um amigo, respeitado psicólogo, Dr. Sérgio Cirino. Desde aquele dia comecei a achar que minha crise surgia sempre que eu queria viver de um jeito e o mundo me obrigava a viver de outro. Evidentemente, naquela noite consegui elaborar muito mais adequadamente meu conceito de crise. Contudo, no dia seguinte, toda minha tese filosófica a tal respeito infelizmente estava apagada de minha memória. Deste episódio pude constatar que: 1) eu passaria a carregar em minha bolsa um gravador portátil E pilhas OU 2) Absolut pura com gelo deixaria de fazer parte do menu quando surgisse um assunto de tamanha importância para minha sobrevivência. Conseqüência: Comprei um aparelho celular que grava, mas nunca me lembro de gravar nada.

Enfim, realmente estou em meio a mais uma crise. Sinto uma vontade enorme de empacotar minha vida, guardar na casa da minha mãe, que é o lugar mais seguro do mundo pra se guardar algo tão precioso, e me mandar pela estrada! Sinto que o mundo está acontecendo lá fora e que eu estou aqui, paradinha, olhando pela janela enquanto poderia estar lá, fazendo parte daquilo tudo! Sinto que o tempo está passando! Que eu estou passando! E que eu ainda quero ter muita história pra contar! Será que vai dar? Ainda não sei. Esta é a minha crise.

Este último parágrafo saiu, foi impensado e vai ser postado assim mesmo! Vale uma vida de psicanálise!
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