terça-feira, 31 de março de 2009

Professor também é gente

Violência nas escolas é algo que, infelizmente, não é tão recente, mas que, infelizmente, tem se tornado mais comum e freqüente do que qualquer cidadão deseja.

Só nas duas últimas semanas, três casos de agressão de alunos contra professores vêm chocando a população. Em uma dos casos, a professora teve traumatismo craniano.

Deixo claro, desde já, que sou contra qualquer tipo de violência. Acredito mesmo que violência só gera mais violência.

E sei muito bem que famílias violentas geram filhos violentos, que por sua vez vão gerar famílias violentas. E acredito que a educação tem um papel importante neste processo, pois pode oferecer alternativas e tratar essa doença, evitando que o ciclo se perpetue.

Mas a educação é também incumbida pela sociedade e pelo Poder Público de dar conta de várias outras questões.

A violência no trânsito está assustadora? Vamos trabalhar isso nas escolas.

Há preconceito racial? Coloquemos nos currículos escolares.

A cultura indígena não é devidamente conhecida e respeitada? Acrescente-se no currículo e tudo se resolverá.

Esses são apenas alguns exemplos, de inúmeros outros, em que simplesmente se atribui a responsabilidade para a escola, sem preparo dos profissionais que nela atuam, e como se a escola fosse sinônimo de educação.

Espera-se que a população saiba ler e entender o que leu, para que tenha acesso aos seus direitos, deveres e exerça sua cidadania de forma autônoma. Esse é o ideal de qualquer professor. Mas o real é o professor que ouve ameaças e xingamentos em plena sala de aula. É o professor que tem taquicardia antes de entrar na sala. É o professor que sai da sala de aula e diz: sobrevivi a mais essa. É o professor que nunca sabe se aparta a briga, correndo o risco de também ser agredido ou se se exime, correndo o risco de permitir que dois alunos se machuquem. É o professor que cada vez dá menos conteúdos e exige menos, porque não consegue fazer com que a turma acompanhe o ritmo que desejaria.

O real, e estou generalizando e cometendo todas as injustiças que isto carreta, é o professor que fica doente, que se decepciona com a educação e que se sente responsável por resolver os problemas do mundo, desde a crise financeira a te o aquecimento global.

Este é um texto desabafo, para alertar que educação na escola não é uma poção mágica para todos os problemas do mundo. E para alertar que professor também é gente. Não é vítima. Não é vilão. Não é mártir. Não é santo. Professor é gente!

Renata é gente. E se desilude. E cansa. E se indigna com as injustiças cometidas pela sociedade, que põe a responsabilidade e a culpa por inúmeros problemas no professor, se isentando de atuar em outras esferas.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Segunda-feira


A saga da segunda continua. Não consigo me levantar. O desperador toca infalivelmente às seis da manhã e permaneço deitada, penso comigo mesma - só mais uns minutinhos, e luto durante os minutos que se tornam horas. Minhas pernas pareçem estar grudadas na cama, não consigo me mover, é uma sensação confortável e ao mesmo tempo estranha, tento me mover mas continuo imóvel. Mudo de posição e me sinto ainda melhor, algo em minha mente me diz que devo me levantar, mas é um pensamento tão fugaz que desaparece quase que instantaneamente, durmo de novo. Após alguns minutos abros os olhos novamente, tenho a impressão de que tirei apenas um cochilo, quando checo no relógio verifico que dormi mais uma hora, e perdi a primeira aula na academia. Resisto entre a idéia de pegar a segunda aula e enfrentar o trânsito das sete e decido que o melhor mesmo é ficar em casa, dormir até as oito e compensar amanhã na esteira, afinal amanhã é terça-feira e eu sempre funciono mehor.

Segunda é sempre um dia difícil pois tenho a sensação que estou mais cansada devido ao fim de semana, afinal fins de semana não são realmente pra descansar né. Saímos mais, bebemos e comemos mais e dormimos mais tarde. Segunda de manhã é o fim do Domingo, é aquele restinho que você tem pra dormir e aí sim, descançar.

domingo, 29 de março de 2009

Receita do Fim-de-semana Perfeito


- 3 grandes amigos do peito;
- 1 irmão inteiro;
- 1 cidade maravilhosa;
- 2 copos bem cheios de alegria;
- 1 colher raza de frio na barriga;
- Meia dúzia de cerveja em lata bem gelada;
- 1 garrafa de água mineral;
- 1 pitada de adolescência no coração;

Junte todos os ingredientes num hotel fudido do centro, passe tudo bem feliz na Marquês de Sapucaí e deixe eles de molho numa multidão de gente linda por aproximadamente 5 horas, imerso em muita música boa. Depois deixe tudo descansando de um dia para o outro, atravesse a ponte e deixe a vida salgar bem lentamente no mar.

Mariana escreve esporadicamente, e sexta passada estava no show do Radiohead em dias muito felizes!

sábado, 28 de março de 2009

Depressão

Depressão

Ser diagnosticado deprimido é uma coisa um tanto quanto chata. Principalmente quando se tem como característica a alegria constante. Aí, põe chato nisso estar com depressão. Mais do que chatice, vem aquela insegurança, sabe? A gente fica pensando: poxa? Onde foi que errei? Como que isto aconteceu? Porque aconteceu comigo? Não!! Depressão é pros outros!! Eu? Deprimida? Nunca!!!!!!!!!! Buááááááááááá

Pois é. Aconteceu comigo. Aliás, está acontecendo. Há já algum tempo eu não sentia a alegria de sempre. O bom humor foi dando espaço pra apatia, pra indiferença, pro “foda-se” constantemente ligado. Só que eu não percebi. Não vi que estava triste, estressada, pré-ocupada com meu futuro e esquecendo meu presente. Nesta brincadeira, deixei de lado o que tinha de mais importante (eu mesma) e passei a viver em função de uma coisa impalpável, absoluta e inquestionavelmente abstrata: meu futuro. E me perdi no tempo. Me perdi de mim mesma.

Aí aconteceu uma coisa que me jogou no fundo do poço. Eu, que achava que já estava no fundo do poço, descobri que de fato o fundo do poço tem porão. Fui perdendo paulatinamente tudo que tinha de importante, do menos pro mais valioso. Até sentir que tinha perdido tudo, inclusive minha identidade. Mas consegui me erguer um pouquinho, dar ouvidos à minha família, e recomeçar. De novo. Mas o que é a vida senão um eterno recomeçar? Nunca tive medo disto, não ia ser agora que eu ia pagar pau pra vida. Seria muita ironia, muita incongruência. Eu não tenho medo da vida, não tenho medo de me atirar de cabeça. Recomecei.

Recomecei resgatando minha família. É verdade: no pior momento da sua vida, é com a família que a gente pode contar. Mãe, irmã, irmão e cachorro. Aí resgatei a mim mesma. Ainda estou neste processo. Com a recuperação de um pouco da minha auto-estima, resgatei o namoro que deu início ao meu casamento e procurei ajuda médica. Engraçado, né? As pessoas acham que porque a gente tem um médico dentro de casa nenhum problema de saúde vai passar batido. Mas médicos não são médicos cem por cento do tempo. Médicos são homens, maridos, amigos, pessoas, seres humanos. Não sabem tudo, não sentem tudo, ou melhor, sentem tudo.

Aí que minha depressão só ficou aparente quando eu estava no fundo do poço. Talvez eu tenha me escondido do diagnóstico, tenha fingido pra mim mesma muitas coisas, mas um dia eu acordei. Reconheci que não estava bem, que não ia conseguir sair sozinha daquele labirinto e deixei de lado meu orgulho e preconceito. Sentimentos que eu tinha certeza que não existiam, mas estavam lá. Procurei um psiquiatra, aceitei tomar remédio, fui pra terapia. Agora, passado algum tempo, estou me sentindo forte o suficiente pra expor minhas feridas. Não que eu esteja pronta pra outra, a gente nunca está, mas acho que estou pronta pra reconhecer minhas limitações, pra ser humilde e pedir ajuda. E colo, muito colo. Porque dei colo minha vida toda. E agora quem quer colo sou eu!!!

Laeticia está feliz por estar conseguindo voltar a ser quem sempre foi, só que desta vez vai querer mis colo!! (E está tentando postar há mais de três horas, mas o blog estava só dando fora do ar...)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Pré-vida-real

Existem duas semanas muito difíceis na vida de quem anseia pelas férias.

A primeira é a semana imediatamente antes das férias.
Muita coisa para fazer e resolver - seja no trabalho ou em casa - porque afinal de contas ninguém quer sair de férias e ficar pensando nas pendências que deixou para trás certo?

Além disso se você vai viajar tem toda a preparação, que para mim pode durar meses, mas na última semana é quando acontece com maior intensidade.

Aí vêm as despedidas, recomendações, recados, enfim, tudo que você puder fazer para  não ter que fazer nada nos próximos dias ou semanas.

A segunda é a semana imediatamente antes do final das férias.

Involuntariamente você começa a pensar nas coisas que terá que enfrentar quando a vida real bater de novo na sua porta. 

Inclua nesse item toda a rotina acordar-trabalhar-dormir-acordar-trabalhar-dormir, que no meu caso tem um sabor bem amargo no "acordar", já que acordar cedo não é exatamente minha atividade favorita do dia.

Além disso, algumas pessoas também podem experimentar o que eu chamaria de "vazio-das-próximas-férias". Sabem aquela sensação de "E agora, o que eu vou fazer daqui a 11 meses?"?

Pois é, coloque tudo isso junto e você terá um vislumbre do que eu estou falando. Se é que alguma parte disso faz sentido...

"Ah, vida real, como é que eu troco de canal?"

Milena está nos últimos dias de férias, já pensando o que fará daqui a 11 meses (ou menos)... rs

quarta-feira, 25 de março de 2009

O Corajoso Ratinho Desperaux contra a Xenofobia


Os desenhos animados há muito deixaram de ser indicados para o público infantil, embora ainda seja este público que mais os assistem. Há desenhos que são inclusive difíceis para a compreensão das crianças, como "Wall-E", por exemplo, que trata da questão do lixo, da poluição da Terra. Mas essa é outra história, muito boa por sinal. 

No caso do desenho "O Corajoso Ratinho Desperaux", a lição é contra a xenofobia. E, pela linguagem utilizada, é possível que a criança compreenda que não devemos ter preconceitos com os outros, nem lhes colocar a culpa de nossos males. A mensagem já foi passagem antes em "Schrek" e em "Monstros S.A.", por exemplo, mas retornou este ano, com um desenho de linguagem mais infantil do que os outros, mas que também usa recursos que atraem mais o adulto do que a criança. É pena que o adulto geralmente não pensa sobre a mensagem que o desenho quer passar. Não é mais como quando éramos crianças e nossos pais nos contavam histórias infantis, ou colocávamos disquinhos com estas histórias na vitrola, e nossos pais nos diziam que não podíamos confiar em pessoas estranhas, como em "A Bela Adormecida", ou Branca de Neve", por exemplo. Os desenhos e filmes infantis hoje têm lindas mensagens para ensinar às crianças, mas os pais não se interessam em pensar. E olha que muitos desses pais são da nossa geração, mas cresceu com a televisão, e se acostumou a não ter que pensar!

"O Corajoso Ratinho Desperaux" trata de um reino em que todos viviam felizes, e conviviam muito bem, inclusive homens e ratos. Mas, quando a rainha do lugar morre, aparentemente de ataque cardíaco ao ver um rato em sua sopa (ele cai lá acidentalmente), o rei resolve proibir as sopas e os ratos. A partir daí, seu reino fica cinza, sem brilho, sem sabor, sem alegria. O rei cai em depressão, e tudo fica triste naquele reino. Então aparece um ratinho muito pequenino, mas muito corajoso, que resolve lutar contra tudo aquilo, ao contrário dos outros, que se acostumaram a se esconder de medo dos homens. 

O desenho mostra como o ódio causado por um acontecimento, um fato isolado, pode prejudicar uma população inteira, pode gerar preconceito, perseguição, discriminação. E mostra que colocar a culpa de nossos problemas nos outros não nos torna mais felizes. Apesar de haver alguns momentos tensos, de suspense, que deixa a platéia infantil muito preocupada e com medo, e de haver alguns diálogos entre personagens que são de difícil compreensão para as crianças, o desenho tem uma linguagem fácil, em geral, e agrada. Só falta mesmo que os pais sejam educados a mostrarem a moral da história para seus filhos, pois é uma boa lição de convivência.

Tânia adora desenhos animados, e admira autores que conseguem passar importantes mensagens através de destes desenhos!

terça-feira, 24 de março de 2009

O eu e os outros

Nosso vínculo com a sociedade, penso, se dá desde antes de nascermos. Quando uma pessoa nasce, já é filha, irmã, sobrinha parente,... Ocupa diversas posições em dependência deste grupo social que é a família. Isso sem falar do significado que ela tem para cada um: a esperança, a realização de um sonho, uma companhia pra brincar, uma garantia de casamento... Aos poucos e continuamente, os grupos dos quais fazemos parte vão se diversificando e seus membros aumentando, chegando ao ponto em que influenciam grande parte do eu somos. Pode não ser totalmente verdade a máxima “Diga-me com quem nadas e eu te direi que és”, mas ela tem muita razão, pois buscamos nossos semelhantes e nos tornamos semelhantes àqueles com quem convivemos, seja na atitude, na fé, até no vocabulário.

Acho, mesmo, que é impossível dissociar o que somos da influência dos outros, pois somos a soma dos resultados de nossas interações com os outros.

Ao mesmo tempo em que nascemos e morremos sozinhos, descoberta que muito me chocou, ninguém é sozinho. Pelo simples fato de que para algo ter significado, é preciso que o ser humano o signifique. O significado de tudo, de nossas idéias, de nossas ações, é dado pelo nosso próprio olhar, pelo nosso afastamento, mas também pelo olhar do outro.

E realmente acho que fugir e se esconder e negar as outras pessoas da nossa vida para tentar encontrar sua essência, não é um ato de coragem, mas de egoísmo.

Se você não entendeu e quiser entender, veja o filme “Na natureza selvagem”, linda fotografia e ótima trilha sonora.

Renata vem tendo inúmeras comprovações de que somos a soma das escolhas que fazemos, e que a escolha dos amigos é muito importante na vida do indivíduo, principalmente na adolescência.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A pressa do tempo


Rápido, Rápido, Rápido, me pareçe gritar o mundo.
De frente para a nova telinha da tecnologia, no entanto, todos dizem, lento, lento, lento.
Ontem, Hoje, e, provavelmente, Amanhã, estaremos dizendo - minha conexão é Lenta!
Talvez sim, Talvez não; mas queremos tudo mais veloz.
Rapidez, Eficiência e Eficácia.
Palavras de Ordem, da nova Ordem do Tempo.
Tudo pareçe acontecer mais rápido, quase imediatamente.
E, se não, nos sentimos, Perdidos, Enfurecidos, Atrasados.
O tempo hoje tem pressa, e nos corremos ao seu encontro apesar de nunca conseguirmos alcançá-lo.

Tanto hoje quanto ontem me vi dizendo mentalmente, lenta, lenta. No entanto eu tambem sabia que hoje já estava mais rápido do que ontem e que talvez eu é que estivesse lenta. E que amanhã e assim por diante tudo será cada vez mais rápido, enquanto o que queremos mesmo é um tempinho pra respirar.

sábado, 21 de março de 2009

Siglas, números e coisas que a gente acha que nunca acontece com a gente


A vida realmente é uma caixinha de surpresa... E a cada dia tenho mais certeza que devemos viver tudo de modo intenso, cada dia de uma vez. Tem coisas que a gente acha que nunca vai acontecer com a gente. Mas um belo dia recebi um telefonema, a notícia era que minha cunhada tinha tido minha primeira sobrinha (que depois se tornara minha afilhada), mas o motivo não era de festa, a pequena passaria dois meses no CTI.

Há uns dois meses atrás recebo outro telefonema que me pedia pra ter calma. A notícia era que meu pai havia sofrido um AVC há cinco dias, mas que ele já estava se recuperando bem. Algumas semanas atrás soube que uma amiga tem HIV há doze anos. Mas não parece. Graças ao coquetel ela consegue ter uma vida relativamente normal. Mas pra mim foi um choque. CTI, AVC, HIV... todas essas notícias me botaram com frio na barriga, mão geladas e assustada. Acho que é natural né. É o medo de perder pessoas queridas. E pra completar mais uma sigla no meio da coleção, cá estou eu a escrever com uma puta duma TPM!

Mariana escreve esporadicamente, e tenta encarar com naturalidade as siglas da vida. Com elas aprende a viver um dia de cada vez, dizendo e demonstrando o que sente aos próximos, sempre com leveza.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Atrás das nuvens ainda tem um céu azul


Não sei se é a proximidade do frio, das férias, a terapia, as boletinhas, o fato de já ter me acostumado com a idéia de ser uma balzaca (e adorado), ou um mix de tudo isso. Só sei que o céu, de repente se abriu. Eu vinha percebendo que andava num período emocionalmente meio sombrio, escuro, o que acaba refletindo em tudo na vida. Perceber não basta, pois eu sabia que estava na sombra, e simplesmente não conseguia me mover para longe dela.

O mais estranho é que eu via que muitas das pessoas que convivem comigo estavam na mesma, e parece que para elas o céu também está se abrindo agora. Talvez seja uma conjunção astral, ou algo do gênero. O que importa são as pequenas lições que, sem querer, quem passa por um tempo do lado negro das forças compartilha quando volta a ver a luz.

Não quero dar uma de guru, não. O meu lance é que justamente o que me intriga é o que é que nos faz escolher andar por caminhos escuros, e o que nos faz abandoná-los. Tudo parece muito casual, como se fôssemos apenas expectadores de um filme que vai se desenrolando sob nossos pés. Todas estas pequenas lições sempre estiveram lá, então, o que nos faz parar e prestar atenção? Veja bem:

- Nem tudo tem explicação, nem isso (“não procurar cabelo em ovo”).

- Não somos capazes de mudar, sozinhos, tudo o que gostaríamos. Nem por isso podemos nos chatear porque nós fizemos nossa parte e culpar os outros porque não fizeram as suas. Muitas vezes não faremos nossa parte em coisas que serão tão importantes para outros e não foram para nós (“uma andorinha só não faz verão”).

- O tempo é um animal selvagem que leva uma vida para ser domesticado, e pode mesmo nunca se dobrar a nós. Então, seguiremos nos comprometendo com coisas demais, ou de menos, diariamente, e isso não é motivo para tanto autoflagelo (“se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”).

- Não conseguimos mudar as pessoas, mas podemos tentar mudar a forma como a atitude delas nos atinge (valeu, Laeticia, lindo!). E se não tivermos sucesso, apenas a tentativa já é suficiente para um pouco de colorido nos nossos dias (“ema, ema, ema”).

- Amar é muito mais cultivar o convívio cúmplice, saudável e gostoso com alguém do que viver em altos e baixos tentando impor nossos valores, ou a falta deles (ou seja, não me venha com “a metade da laranja”, mas sim com “todo pé sujo tem um chinelo velho”).

- Nossos planos vão mudar, nossos desejos vão mudar, nossas capacidades vão mudar muito mais rápido do que imaginamos, então, porque olhar sempre para um mesmo horizonte ao invés de procurar se adaptar o quanto antes? Mudar de idéia não é perder, ou fracassar, e sim, ser mais esperto.

- Não devemos nos sentir culpados pelo que não conseguimos fazer ou mudar, nem viver dando explicações: cada um, por pior que seja, é o melhor que poderia neste momento.

- “Escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho” já era. Aos trinta, ter tido um amor, e ainda ter uma mãe e uma amiga é que é tudo na vida.

Sinceramente só espero que o que nos leve a trilhar o caminho sob a sombra ou o céu azul seja algo do tipo “uma gota d’água”: depois de muito esforço, um dia a gente consegue cair na sombra, ou dela sair. Assim eu poderia afinal voltar a creditar que, sim, de fato, “tudo depende de nós”.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Hoje um tanto confusa, mas torcendo para que um céu azul permaneça sob sua cabeça e um caminho infinito permaneça sob seus pés (amém Quintana).

terça-feira, 17 de março de 2009

Motivos ou Motivações


A grande pergunta da semana foi: o que leva...?
Algo como: o que leva uma pessoa a maltratar um cachorrinho? Ou um gato? Ou uma criança?
O que leva as pessoas a te fecharem no trânsito?
O que leva uma pessoa a sair com meia calça rendada, blusa e sapato de onça, apesar de seus muito óbvios mais de 70 anos?
O que leva uma pessoa a descolar os cantos do aviso de proibido fumar colado no elevador?
O que leva uma pessoa a ameaçar a outra de morte por esta ter colocado um piercing?
O que leva uma pessoa a pedir desculpa de tudo, o tempo todo, para todo mundo?
O que leva uma pessoa a mentir? A fofocar? E roubar? A enganar? A depredar?
O que leva uma pessoa a abandonar seus próprios filhos?
O que leva uma pessoa a deixar todo o trabalho para os outros, aparentemente sem o menor remorso?

Renata quer mesmo saber o que leva as pessoas a fazerem essas coisas, porque assim talvez fique mais fácil entender e conviver com elas.

segunda-feira, 16 de março de 2009

“Tens dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”


A frase, a música, a voz
Tudo, por si só já nos diz muito
Quando acordamos assim
Queremos dormir de novo
Por uma semana, talvez mais
Tenho dúvidas sobre tudo
Meu trabalho, a casa de meus pais, minha forma física
Não tenho certeza de nada
Se vou conseguir atingir meus objetivos
Ser uma excelente professora, ter minha casa própria e de quebra emagrecer um pouco
Mas sinto apenas um nada
Que dormiu e acordou esquisita
Sem lugar direito, sem forma, sem energia
Só o dia branco cinzento fez a segunda parecer um pouco melhor
Menos calor, pernilongo e suor
O pensamento era esse, nublado.

Preocupações, saudades, trabalho, exigências. Sempre me dizem pra relaxar, tenho uma dificuldade danada pra fazer isso, principalmente quando tenho que atingir metas, expectativas minhas e dos outros. É, aí numas e outras acordo assim, sempre com essa frase do Chico na cabeça, me sentindo, infelizmente, exatamente desse jeito.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Bizarrices

- I -
Personagem principal: Mulher de 30, de cabelo novo, feliz da vida apesar da TPD (tensão pré defesa).
Coadjuvante: Senhor de mais de 80 anos, de cabelos completamente brancos, amparado por uma bengala, custando ficar de pé.

Lá vai a Mulher de 30, feliz da vida com seus cachinhos novos, saltitante, cabelos ao vento. Nem a proximidade da defesa da tese afetaria aquele momento único que é sair do salão de beleza se sentindo (e sendo) a mulher mais linda do mundo e da Paraíba. Lá vem o Senhor de mais de 80 anos, feliz da vida com sua bengalinha. Naquele ponto inevitável da calçada onde ambos passam um pelo outro, ouve-se, em alto e bom som (dentro dos limites de 80 anos, é claro):

GOSTOOOOOOOOOOOOOSA!!!

- II -
Personagem principal: Mulher de 30, ansiosa pra fechar um negócio, na sala de espera de seus clientes, pai e filho, ambos famosos cirurgiões plásticos.
Coadjuvantes: Paciente cinqüentinha vestida como Menina de 20. Secretária linda, do alto dos seus 18 aninhos. Cirurgião plástico filho, 35 anos, bonito, educadíssimo como todo homem deveria ser.

Saem do consultório o Cirurgião filho e a Paciente cinqüentinha, ele visivelmente exercendo auto-controle; ela, visivelmente jogando charme: “aaaaaaaaaaaaaaai, mas eu bem que queria não ter um rosto tãããão fino, saaaaaaaaaaaabe, queria ter assiiiiim umas bochechinhas” (sem perceber que a Mulher de 30 presente possui as tais bochechas) “seu rosto é bonito e harmônico como ele é e ficará mais bonito ainda depois da pequena intervenção que faremos” (médico educado e gentil) “aaaaaaaaaaaaaaaaaaah, mas pensando beeeeem, prefiro não ter estas bochechonas gigantes porque com o tempo elas caaaaaaaaaaaaaaaem, nééééééé’?” (olhando fixamente para a Mulher de 30 que permanecia indiferente na cadeira). Segue-se um silêncio sepulcral. O Cirurgião filho, educado como sempre, oferece um expresso e a Paciente cinqüentinha o acompanha, sem perceber que a Mulher de 30 está ao lado da máquina de expresso. A Paciente cinqüentinha, não satisfeita com toda a atenção que o Cirurgião filho a dispensava, passa a encarar a Mulher de 30, até esta acabar olhando de volta. Neste momento em que os olhares da Paciente cinqüentinha e da Mulher de 30 se cruzam, ouve-se em alto e bom som (desta vez, sem limites de idade):

VOCÊ VAI FAZER PLÁSTICA NO ROSTO, NÉÉÉÉÉÉÉ?

Laeticia é a segunda Mulher de 30. A primeira é a Sisa. São irmãs e amigas e coincidentemente passaram por momentos bizarros hoje.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O raio do Quase


Os otimistas que me perdoem, mas o “quase” é uma desgraça.

Alguém que quase “alguma coisa” só tenta se convencer de que esteve a ponto de chegar lá, de conseguir, mas na prática, continua sem nada, como desde o início.

Sempre é melhor ter a expectativa cortada de vez. É preferível fazer logo uma burrada absoluta a quase conseguir alguma coisa. Quase conseguir é humilhante. É baterem com a porta na sua cara, tirarem o pirulito da frente da sua boca, tropeçar na linha de chegada. Quase é um mais ou menos, nem lá nem aqui, um limbo, pois não é completamente um “não”, mas também não é de todo um “sim”. Logo, quase, não é nada, praticamente não existe.

Nem venha dizer que o quase possui seu aspecto positivo, do tipo “que bom, ele quase morreu, mas está vivo”. Bom uma ova. O fato dele (só) quase ter morrido significa que ele esteve bem perto da morte, então, mesmo não chegando às vias de fato, não é bom coisa nenhuma. O mesmo serve para qualquer outra situação.

"Ufa, quase bati o carro” – é péssimo, pois o retardado ou sofreu, ou cometeu algo muito ruim para ter chegado próximo a isso.

“Quase me atrasei” – é pior, pois quem diz não está atestando que não se atrasou, mas sim chamando a atenção para o fato de que não acordou ou não se organizou para ter corrido o risco de não chegar na hora.

Pior é que o raio do quase é extremamente contagioso. Deviam batizar a tal moléstia, pois quando as coisas dão para quase acontecer uma vez na vida de alguém, vira febre e o coitado certamente vai passar um tempão convalescendo da quasequeluche, quasefaléia, quasequeíte, ou o que valha. Pior ainda é que não inventaram uma quaseostomia, ou seja, a extirpação, remoção incidental do quase que assola um indivíduo, para que as coisas voltem a andar no prumo para ele.

Ou sim, ou não, pelo amor de Deus! Quase é sacanagem. Alguém por acaso já ficou quase grávida? Quase rico ou quase pobre? Quase empregado? Alguém já botou os pés num tal lugar que chamam de quase lá?

Porque cargas d’água então é permitido quase conseguir alguma coisa? Blasfêmia! O indivíduo absolutamente não conseguiu e pronto. Beleza. Ou conseguiu e pronto. Beleza também. Quase conseguiu? Sinto muito caríssimo, você não tem nada, só uma espera frustrada e o gosto azedo dos que experimentam o “quase”, junto com uma sensação “quase” como que da ressaca, de quem estava embriagado com o querer muito alguma coisa, e que  chegou a vê-la se aproximando, mas acabou sem ela, e ainda estatelado na calçada, quasêbado.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Nesta, especialmente furiosa com copos quase-cheios.

terça-feira, 10 de março de 2009

Aprendi


Contigo aprendi que sou muito mais do que julgava.
Aprendi que as pessoas têm sempre um lado bom. Aprendi que bom humor faz milagres.
Contigo aprendi que comunicação é a chave. E realmente abre muitas portas.
Aprendi que as pessoas são muito mais do aparentam.
Contigo aprendi a viajar. A conhecer. A ver com outros olhos.
Aprendi que é simplesmente impossível para algumas pessoas gostarem demais de churrasco.
Contigo conheci pessoas, coisas, lugares, comidas. Sensações. Palavras. Idéias.
Aprendi que há várias formas de se expressar carinho.
Contigo aprendi tantas coisas sobre mim e sobre a vida que tu nem fazes idéia.
Contigo aprendi que sou mulher.
Aprendi que as coisas não são para sempre... nem as ruins e nem as boas.
E aprendi que as pessoas mudam, crescem, se aproximam e se afastam e que isso, no final, deve fazer algum sentido.

Renata aprendeu que aprender pode ser dolorido.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Algumas dicas para esse Mundo Catártico


Acordei sem saber ao certo sobre o que iria escrever, tive uma idéia ontem antes de dormir que me pareceu genial, como todas as idéias nos parecem antes de irem pro papel. No entanto acordei sem me lembrar de absolutamente nada, apenas de que havia tido uma idéia genial.

Na falta total de outras idéias brilhantes fiz algo que nunca havia feito antes, exatamente para não plagiar outros pensamentos, mas fiz, li os últimos textos postados no blog. Normalmente gosto de lê-los após ter escrito o meu.

Bom, continuei sem idéias geniais ou pensamentos eufóricos que por vezes nos fazem acreditar que descobrimos a pólvora, mas pensei em deixar algumas dicas de coisinhas que podem, ou não, nos aliviar um pouco desse mundo estranho em que estamos vivendo. Preparem-se pois aí vão:

Pra quem não conhece e para aqueles afortunados que já assistiram, Monty Python, selecionei alguns links de esquetes favoritas no YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=ur5fGSBsfq8 (Philosophers Football)
http://www.youtube.com/watch?v=IqhlQfXUk7w&feature=related (Ministry of Silly Walks)
http://www.youtube.com/watch?v=k3HaRFBSq9k&feature=related (Argument Sketch)

Espero que vocês gostem e que dê uma alegrada no dia. Garanto que no momento oportuno vocês irão fazer algumas “silly walks”. PS: selecionei os quadros sem legendas, mas também estão disponíveis com.

sexta-feira, 6 de março de 2009

A pergunta que não quer calar


O bispo de Recife excomungou - e depois se retratou, dizendo que não excomungara ninguém, que a excomunhão havia sido automática, pela lei de Deus - todos os que tiveram participação no aborto legalmente (e sensatamente) realizado na menininha de nove anos que estava grávida de gêmeos, correndo o risco de morrer, depois de haver sido continuamente estuprada pelo padrasto durante os últimos três anos. O argumento? A lei dos homens não pode se sobrepor à lei de Deus. A pergunta que não quer calar:

Será que o bispo excomungou o estuprador também?

Laeticia está tão chocada com esta história toda que seu estômago embrulha só de pensar.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Por Favor, Desliguem Seus Celulares!

Senhoras e senhores, por favor, desliguem seus celulares! Este aviso sempre é falado logo antes do início de peças de teatro, shows e filmes no cinema. Entretanto, as pessoas continuam mantendo os aparelhinhos ligados, e perturbando o ambiente. Será possível que as pessoas não podem desligar do mundo por cerca de duas horas para assistir a um show, ou filme, ou peça de teatro?! Elas não podem prestar atenção ao evento ao qual compareceram pela própria vontade, com intuito de se divertirem?! Além disso, não é extrema falta de educação atender a um telefone num local em que a  conversa atrapalha os demais presentes, inclusive cantores e atores, nos casos de shows e peças?! 

Pois é, mas esse desrespeito já praticamente faz parte da cultura do brasileiro. Sempre que vou ao cinema, tem um celular tocando, alto, e depois algum infeliz atendendo e conversando. O mesmo ocorre em shows e no teatro. É um porre! No ônibus, às vezes é até engraçado, pois a gente ouve a conversa toda dos outros, que falam alto, e eles nem se importam de dividr suas intimidades com os outros 40 passageiros do lotação! Mas lá, pelo menos, a gente pode ligar o MP3 e esquecer da vida do outro contada ao celular. 

Fui ao cinema outro dia, para ver um desenho animado, para descontrair. Havia muita gente, pais e crianças. Eu me assentei numa poltrona atrás de uma senhora com a filha dela. Ao começar o filme, a dona retira o celular da bolsa e o abre. Aquela luz azul foi direto nos meus olhos. Achei que ela iria desligar o celular, mas não, ela ficou teclando alguma coisa, que deveria ser uma mensagem. Demorou, algumas pessoas chegaram a insinuar que era hora de desligar o celular, mas só depois de um tempo é que a senhora o desligou. 

Achei que iria enfim assistir ao desenho normalmente. Me iludi. A dona voltou a abrir o maldito aparelho, e, dessa vez, começou a conversar com alguém. Ela não parava. Para quê ir ao cinema, se vai ficar namorando o celular?! Ela voltou a desligar, e eu tive um pequena esperança de que o pesadelo acabasse. Aí, lá perto do fim do desenho, a dona abre o aparelhinho de novo, e começa a falar mais uma vez. Perdi a paciência. Como achei que se eu falasse com ela, não iria adiantar, e ia começar uma briga, resolvi fazer diferente. Como estava atrás dela, cheguei com as mãos juntas bem perto do ouvido da senhora, e bati palmas fortemente literalmente ao pé do ouvido dela! Ela quase pulou da cadeira de susto, olhou para trás, e eu fingi que não sabia de nada. Ela desligou o celular, e conseguir ver o restante do desenho em paz.

Sei que não foi a melhor atitude, mas não dava mais para suportar tanta falta de educação e respeito. É essa a educação que essa senhora dá à sua filha, pois, se seguir seu exemplo, não teremos mais paz para curtir um momento de diversão e cultura, sem interrupções,  pelas próximas gerações! 

Tania não é contra tecnologia. É contra desrespeito, falta de limite e falta de educação.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Mau-caratismo revoltante e disseminado

Um colega que sempre tenta passar adiante seu trabalho e responsabilidades, mas é o primeiro a reivindicar os louros de algum resultado é MAU-CARÁTER.

Uma empresa que restringe mais do que o necessário e demite mais do que devia, em nome de uma crise financeira, mas evidentemente tirando vantagens desta situação é MAU-CARÁTER.

Um indivíduo que se aproveita da solidariedade das outras pessoas para explorá-las, assaltá-las, violentá-las é um grandessíssimo MAU-CARÁTER.

Um profissional, principalmente se contratado para aconselhar e ajudar a fazer escolhas, quando “empurra” serviços desnecessários porque terá vantagens com isso, seja um farmacêutico ou uma assessora de casamentos é um MAU-CARÁTER.

Um cozinheiro que cobra um valor por um jantar, e o mesmo valor vezes cinco, pelo mesmo jantar de casamento é um MAU-CARÁTER.

Um amigo que confirma que vem e não aparece e nem dá explicação, sem um motivo justo é sim um MAU-CARÁTER, além de ter certeza de que o tempo dos outros não vale nada.

Um supermercado que vende uma caixa de cereais com vermes vivos dentro, ainda no prazo de validade, é um MAU-CARÁTER. Pior ainda se desliga os refrigeradores à noite para economizar energia.

Uma padaria que se livra de frango semi-estragado fazendo empadinhas bem temperadas é infinitamente MAU-CARÁTER.

Uma empresa de telefonia que há seis meses não manda uma conta telefônica para uma residência, pois não é capaz de conseguir trocar seu endereço no cadastro de correspondências, mas que tem a cara de pau de mandar o correio entregar um modem para o mesmo endereço, e cobrar por ele, sem ele ter sido solicitado, é tremenda, absurda, vergonhosa, ridiculamente MAU-CARÁTER.

Tem dias em que o mundo quer mesmo é testar a nossa paciência. Como não acordar com os dentes cerrados e se defendendo de tudo e todos, quando a sensação é de se estar rodeado de pessoas, empresas, produtos e serviços que não valem nada, mas que sabem cobrar muito bem e dos quais, infelizmente, precisamos? Como segurar o tranco e não pensar “bem-feito, seu FDP” imediatamente, quando qualquer um destes inúmeros causadores deste sentimento horroroso que é a injustiça se dá mal? Como não ter gastrite, ansiedade generalizada ou depressão vivendo neste navio de falsários que se tornou esse planeta?

Valha-me Deus, se o inferno existe, eu até acho que me escapo pela minha conduta (eu acho heim?). No entanto, certamente serei condenada pelo tanto de mal que eu desejo a quem faz mal. E a ironia é que ainda vou ter que conviver com eles lá em baixo.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Hoje em uma quarta-feira especialmente revoltante, mesmo com suas boletinhas.

terça-feira, 3 de março de 2009

Conhecer e reconhecer

Sabem aquela situação em que você percebe que a pessoa com quem você mora (mãe, pai, marido, esposa...) mudou demais do dia pra noite!? É estranho... a cabeça fica confusa e pensamos logo: “por que essa mudança tão repentina?” Na verdade não foi nada repentina, nós, sim, estamos tão preocupados com outras coisas que não percebemos essa mudança surgir e evoluir no seu devido tempo.

É, eu estou vivendo esse momento. Acordando para uma realidade que já estava aqui e eu nem me dei conta. Minha mãe mudou, muito. Já passou dos setenta anos e embora ainda trabalhe fora de casa, dirija e comande a casa, tudo acontece de forma bem diferente do que há vinte anos. Parece que ela se cansou de fazer o papel de mulher maravilha. E agora? Senti-me um tantinho desamparada e percebi que os papéis mudariam aos poucos. Toda paciência que ela me dedicou e dedica ainda, preciso devolver com a mesma intensidade ou mais. Tenho de cuidar dela, protegê-la, sem tirar toda a liberdade que faço questão que ela tenha. Ela está perfeitamente apta à vida que leva, porém cansada, seu ritmo mudou.

Devo confessar que tenho dificuldades em me adaptar à terceira idade de minha mãe. Mas estou evoluindo, tentando neutralizar meus pontos fracos com mais tolerância, compreensão e aceitação da realidade. Isso não é um sacrifício, com amor tudo fica mais leve, mais natural.

Se pensarmos bem, estamos sempre em processo de mudança, afinal aprendemos todos os dias, no trabalho, na rua, em casa, na escola, enfim temos sempre uma novidade no olhar, nas palavras, nos sentimentos. Nessa convivência diária, é preciso muita atenção ao outro e a nós mesmos, é preciso conversar seriedades, amenidades, é preciso ouvir, é preciso reafirmar o amor em cada bom dia e boa noite. É preciso conhecer e reconhecer todos os dias aquele com quem você divide teto, comida, problemas, alegrias, silêncio...

Angel está certa de que é preciso amar com atenção e aprende todos os dias com o amor que sente.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Ressaca de Carnaval


Carnaval não precisa de definição, muito menos explicação. Para alguns é aquela época tão esperada, para outros apenas um motivo para se ficar em casa. É, todas essas festividades, feriados prolongados e comemorações em massa, de certa forma, dividem as pessoas - os que ainda curtem, os que simplesmente amam e aqueles que já sentiram tudo isso e agora querem paz, sossego e apenas seus amigos por perto, sem suor, sem “muvuca”, sem “pegação”. Mas para todos, invariavelmente, pelo menos no Brasil, o ano começa mesmo só depois do Carnaval.

Com aquela grande ressaca de Carnaval, após uma semana de festas, churrascos, muitas cervejas e caipivodkas, ou qualquer outra coisa, o ano finalmente começa. Aliás talvez o ano novo devesse ser comemorado exatamente nessa data, sim. Afinal é nessa segunda-feira que pensamos e fazemos nossos planos, juntamente com aqueles que seguem a quaresma e também fazem promessas de uma vida mais saudável, que dura, pelo menos, quarenta dias. Sim, é nessa segunda-feira que percebemos o tempo passando, principalmente aqueles que fazem aniversário antes ou durante o Carnaval, mas só após esta data percebemos que não somos mais os mesmos. E fazemos juntos com uma horda de credores e penitentes, promessas de uma vida mais equilibrada e menos carnal, afinal a grandiosa ressaca de Carnaval que dura não apenas uma manhã ou um dia, mas toda uma segunda, nos faz querer deixar muitos hábitos no passado, afinal os quase trinta anos, definitivamente, mostra que precisamos nos cuidar.

Alinhar ao centroAcredito sinceramente que as mulheres atingem o auge de sua beleza e exuberância durante os trinta anos. Após uma semana carnavalesca e o início de uma segunda um tanto quanto reflexiva, chego a conclusão que quero chegar lá bem melhor do que hoje, e muito melhor do que anos atrás.

domingo, 1 de março de 2009

Pinte tudo de preto

Acordei de manhã

Eu vi uma porta vermelha e tudo que eu queria era pintá-la de preto

Nada de cores, eu quero tudo preto

Eu vejo uma linda garotinha

Tenho que virar a cabeça e respirar fundo até aquele momento negro passar

Eu vejo uma linha de carros e todos são pretos

Recebo flores dos meus queridos

E penso que esse dia nunca mais vai voltar

Alguns sentem o momento, viram os rostos constrangidos

Assim como um bebê que nasce, na verdade isto acontece todo dia

Eu fecho os meus olhos e vejo que meu coração está preto

Eu vejo a minha porta vermelha e ela foi pintada de preto

Talvez isto me faca esquecer os fatos

Não é fácil levantar a cabeça quando todo o seu mundo foi pintado de preto

Eu não podia imaginar que o meu dia seria assim

Eu olho lá fora e o sol está alto e bonito

Eu olho direto pro sol e imagino

O meu amor sorrindo pra mim antes da manhã chegar

Eu vejo uma porta vermelha e tudo que eu queria era pintá-la de preto

Nada de cores, eu quero tudo preto

Eu quero tudo pintado de preto, sim de preto

Preto como a noite, preto como o carvão

Eu quero que o sol seja borrado no céu

Eu quero vê-lo pintado de preto, de preto

Liz tinha grandes expectativas para do dia dos seus trinta anos. Diferente de outras mulheres, ela esperava ansiosa. Por um acaso do destino, egoísmo de uns e impaciência de outros o dia foi um grande fiasco. Se inspirou na sua musica favorita dos Stones ‘Paint it black’ pra descrever o dia. Felizmente não desistiu de comemorar esta importante passagem da vida, vai esperar a poeira baixar e com certeza vai colorir o seu mundo de novo.

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