terça-feira, 11 de novembro de 2014

Mulheres!

Nas últimas semanas eu recebi um link (várias vezes, de várias fontes) de um vídeo. Em geral, não assisto, mas como ele veio indicado por pessoas que considero bastante, resolvi assistir. Ele mostra uma mulher andando na rua em Nova Iorque, vestindo roupas bem básicas, e retrata o assédio que ela sofre dos homens. Vocês devem ter visto, mas segue ele aqui: https://www.youtube.com/watch?v=b1XGPvbWn0A. Eu procurei o vídeo original, mas tem várias versões com legenda (não que precise de legendas, mesmo para quem não entender as palavras, para sentir o que está acontecendo).
Eu vi o vídeo. Uma vez só. Me revolta o estômago. Principalmente porque sei exatamente o que é estar nessa situação. Qualquer mulher deve ser capaz de entender esse sentimento, de nojo, de raiva e de medo, em alguns momentos. o vídeo já teve mais de 14 milhões de acessos, segundo eu li no site da BBC (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141028_video_cantadas_rb)
Por curiosidade macabra eu resolvi olhar alguns comentários que esse vídeo gerou, numa publicação no Facebook. Gente, aí sim eu fiquei mal! MAL! Para mim é TÃO óbvio que esse tipo de atitude é errada, imoral e não pode ser admitida, sem exceções! Quando eu comecei a ler os comentários (nos quais eu acho que as pessoas colocam sua opinião verdadeira, pois não há filtros nem olho no olho) eu fiquei mal de verdade. Homens e mulheres justificando, concordando e reforçando a atitude masculina.
Argumentos como “tem mulher que faz de tudo para aparecer” são os mais recorrentes. Deixa eu falar uma coisa: tem mulher que faz tudo para aparecer, sim. Tem homem também. E não é por isso que eles merecem ser agredidos.
Mas a moça do vídeo em discussão não mostra nenhuma que leve a entender que ela quer “aparecer”.  Ela está caminhando na rua. Com roupa básica, normal, com a qual ela pode estar indo para qualquer lugar. Em que tipo de mente doentia isso dá direito de alguém agredir, perseguir, falar o que quiser? E mesmo que ela estivesse com roupa curta, decotada, transparente, pelada! Nada disso dá o direito aos homens de agredi-la. 
Tenho pena de mulheres que se colocam do lado dos agressores, pois acredito que elas também sofrem agressões como as do vídeo e outras, mas se submetem, e ainda não perceberam sua submissão. Tenho pena de homens que se colocam do lado dos agressores, pois não percebem que justificando esse tipo de atitude, eles expõem suas mães, irmãs, namoradas ao mesmo tipo de agressã. Agressão essa atribuída à falta de auto controle masculino, como se homens não tivessem moral, consciência, auto controle e polegar opositor.
Se algum cara quem ler isso estiver em estágio de evolução e tiver dúvidas se age de forma inapropriada (leia-se: como um fdp), fica uma dica: se você não gostaria que fizessem com sua mãe ou com sua irmã, é errado. Não faça. Outra dica: há uma diferença enorme entre elogio e assédio, e não, as mulheres não saem na rua para ouvir seu assédio. Lembre-se que mulher é mulher. Todas temos direito de andar na rua com segurança, todas temos direito de vestir a roupa que quisermos, todas temos direito de ir a festas e qualquer outro lugar e nos sentirmos seguras, todas temos direito de ser mulher. Eu quero um mundo onde ser mulher não seja justificativa para alguém me agredir. Onde minha filha possa vestir o que ela quiser, ir aonde ela quiser, com quem ela quiser, e se sentir segura.
Onde cada mulher de qualquer idade, opção sexual, cor, profissão, estilo...qualquer mulher, possa ser o que é sem que isso a coloque em risco.
O texto ficou longo, e quem me conhece sabe que tenho muito mais a dizer sobre isso, mas fico por aqui. Espero que quem não ainda não assistiu, assista o vídeo. Pense, se coloque no lugar da mulher e das mulheres que conhece, das mulheres que não conhece...e reflita sobre sua própria atitude.


Renata é mulher, mãe de mulher, e sonha com um mundo onde gênero, raça, origem, nada seja justificativa para agressões. E para fazer desse sonho um mundo de verdade, tenta provocar um pouquinho a evolução de pensamento de quem ela encontra por aí.
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