sábado, 24 de novembro de 2018

Um dia após o dia do consumo, como está o seu?

Há um tempo venho tentando mudar minhas atitudes e o meu impacto ambiental e de consumo enquanto de passagem por esse mundo. Aliás, vocês já perceberam que a nossa passagem aqui é muito rápida e que o mundo tem que continuar e outras pessoas passarão por aqui? Mas nós vivemos de forma egoísta, como se o mundo fosse nosso e a gente tivesse que usufruir de tudo que ele pode nos oferecer, sem nenhum tipo de contrapartida da nossa parte. A gente destrói, mas não tem consciência de que está destruindo, porque não percebe que a simples fabricação de uma peça de jeans carece de uma quantidade absurda de água para ser produzida. A gente destrói pelo nosso modo de viver. E é esse modo de viver que tenho repensado e tentando adaptar nos últimos anos.

Percebo que quanto mais me conheço, preciso de menos coisas. Fui amadurecendo enquanto ser humano e nunca mais precisei de um determinado sapato para viver ou de uma determinada calça. Nunca mais precisei sair de uma loja com um monte de sacolas, coisa que outrora achava terapêutico. Não estou dizendo que moda não é importante. Claro que é. Moda é atitude e não tem nada a ver com consumismo, que não tem a ver com moda e sim com a necessidade de posse. Muitas pessoas só se importam em ter muitas peças, mas sem pegada de moda, só por ostentação. E tem que ter consciência do tipo de tecido que está comprando! 

Meu guarda-roupa é muito restrito e mesmo quando eu comprava bastante, já tinha a consciência de desapegar de algo que já não usava mais. Sempre que comprei algo, sabia que outro algo já não seria mais usado e passava adiante. E se não usei no verão/inverno passado, não vou usar nesse e passava para amigas, minhas alunas, ou quem estivesse precisando. Mas não pensando em como "sou boa e caridosa e vou doar". Com a intenção de alguém seguir usufruindo. Do mesmo jeito sempre tento reaproveitar as coisas em casa. Reformando móveis e outras coisas, e sempre que possível, na pegada faça você mesmo – ou o marido mesmo. Nesses últimos dias mudamos várias coisas em casa, para a tornar mais confortável para nós. Mas tentamos fazer o que fosse humanamente possível para esses dois humanos e compramos algumas coisas que eram necessárias. E aí, o que fazer com o que sobra? Não existe nada que justifique coisas sem uso em casa, então vendemos se fizer sentido – até porque precisamos pagar o que adquirimos novo – ou doamos caso tenha para quem doar. Tecidos que não são mais passíveis de uso viram cama de cachorro. Você já pensou o que acontece com um tecido ou com um sapato que mandamos para o lixão? Quanto tempo aquilo vai ficar lá sem “desaparecer”?

Meu celular tem três anos. Alguém me disse essa semana: seu celular já está bem velhinho né? Mas gente, ele funciona, está com a tela perfeita, bateria meio viciada, mas deixa o meu celular! E sempre foi assim, só troquei de celular quando o coitado pediu “pelo amor de deus, me deixa”. E quando ele ainda tinha algum suspiro de vida, passei adiante para alguém usufruir do suspiro. Afinal, eletrônicos não são biodegradáveis, e aí?

Acho que devemos essas contrapartidas para a terra e para seus futuros habitantes. Uma contrapartida que tenho dado e me orgulho imensamente é de não usar absorventes descartáveis, que invenção tola! Não só eles são puro plástico e nunca vão sumir desse planeta, como com o tempo eles passaram a ter mais plástico nas abinhas, mais plástico envolvendo cada um deles e mais o plástico da embalagem. Uso o coletor menstrual que é uma invenção de responsabilidade e estou aguardando ansiosamente a chegada das calcinhas menstruais que comprei!

Aqui onde moro não tem coleta seletiva. Mas dá para levar o que é reciclável num posto de coleta e ganhar desconto na conta de luz. A gente fica juntando lixo um tempo para não ficar indo lá o tempo todo e quando chega lá, o desconto na conta é irrisório e não cobre nem o combustível da ida até lá. A gente faz por que quer mesmo. Mas a ideia é boa, imagino que se o incentivo fosse melhorzinho mais pessoas iam se propor a fazer. Aí a gente caí na paranoia de que está indo lá levar o lixo para ser sustentável, mas está poluindo queimando combustível até lá – mas aí é questão de sempre levar quando já tem mais coisas para fazer perto do lugar. Tem que tornar o uso do carro consciente também, já conseguimos por aqui! Não usamos mais sacola plástica do supermercado, levando sacolas de casa ou aproveitando as caixinhas – que os supermercados já disponibilizam sem precisar pedir – ainda bem! E vejo que muita gente já está com essa conduta. Claro que às vezes acabamos usando, numa passagem desprogramada pelo supermercado, mas se a gente já não usa na maioria das vezes, creio que estamos fazendo nossa parte. Faço cebolinha e alho-poró crescer de novo na água, e o que mais der.

Tenho muita muita coisa para aprender e para mudar ainda. Mas qualquer decisão que a gente tome no sentido de viver mais conscientemente já faz alguma diferença. Isso desde não usar canudo e copo plástico, ter uma xícara no trabalho e lavar a louça fechando a torneira. Já vi que existem projetos de troca de roupas, que vão além de brechós, que são muito legais também! Cada mudança é uma vitória e a mim dá mais prazer do que comprar algo novo.

Vejo que em países mais desenvolvidos – nos EUA não – essa consciência já é a normalidade e nosso país tem muito o que se desenvolver ainda. Mas tudo começa nas pessoas! Dá trabalho mudar condutas, não sou hipócrita de afirmar que é fácil, mas se fizer sentido para você, vale o esforço!

E claro que tenho meu pecado do acúmulo, não consigo – e não sei se um dia conseguirei – não acumular livros! Mas vivo dando uns que já li de presente, acho que já é um começo! A verdade é que a gente precisa de muito pouco para viver – eu preciso de uma comida boa – ah, e tem assunto para as mudanças para uma alimentação consciente – chá e café quentinho – ai gente, ainda não abandonei o filtro de café! – meus cachorros, meu amor, trabalho, relaxante muscular, muitas horas de sono, e um cantinho de paz – e livros, muitos livros, ai deus! 

Luciana tem percebido que quanto mais é, de menos precisa.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Reflorescer


E foram assim, os últimos dias. Aquela pausa necessária para “reflorescer”.

Eu venho de uma bateria de eventos, cursos, programações, viagens, e estava muito cansada. E entender que eu precisava de um tempo, de um “pé no freio”, de um “desconectar” e me permitir fazer algo por mim e pela minha saúde, foi um dos presentes mais lindos  que eu me dei, nesses últimos tempos...

Quantas vezes nos preocupamos em desempenhar , com maestria, os diversos papeis que  exercemos na vida (amig@, filh@, profissional, pai, mãe, espos@, etc), mas acabamos nos esquecendo de nós mesmos, nos deixando em segundo plano? O prazer, o descanso e a qualidade de vida acabam ficando para depois,  e seguimos no modo automático, sem perceber a necessidade que nosso corpo e mentem “gritam” a todo instante.

E então eu faço aqui a pergunta que tive que me fazer: quem está sendo a sua prioridade? Você está em qual plano?

Entendi, com ajuda profissional (sim, sou coach, mas também preciso de coach!) que se nós não estamos bem, não podemos dar o nosso melhor, e tampouco contribuir com o outro. E que dar uma pausa não é sinal de fracasso, mas sim, de FORÇA! A sabedoria de entender quais os nossos limites, e do que precisamos para estarmos bem, para estarmos plenos.

E nesses dias desligada de tudo, me reconectando comigo mesma, com a minha essência, recarregando minha energia, dei espaço para que pudesse REFLORESCER mais uma estação.

E que seja muito bem vinda, a PRIMAVERA!!




Entra e sai estação,  Gabriela vai nesse turbilhão, e acaba esquecendo de si... Mas nada como uma boa Primavera, para trazer à tona tudo o que importa para se fazer florir.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

É preciso ter coragem

Foi por acaso que me deparei com um vídeo em que uma coach afirma categoricamente que as pessoas desistem pela falta de um propósito maior na vida. Inclusive esta coach deu um exemplo bastante infeliz que está gerando polêmica nas redes sociais. 

Não foi este exemplo triste que me chamou mais atenção no discurso da moça. O que mais me chamou a atenção foi a insistência e firmeza dela em dizer que a desistência explicita falta de perseverança em busca da concretização de um sonho, ou a falta de um propósito maior, nas palavras dela. 

O discurso me incomodou tanto que, passados cinco dias, ainda estou pensando no tal vídeo. Assisti novamente o vídeo do discurso, procurei o conteúdo na íntegra na internet, em uma vã esperança de encontrar algum contexto em que as palavras dela me soassem um pouco mais lúcidas. Não encontrei. 

O que encontrei foram inúmeros profissionais intitulados coach de carreira, coach profissional, até mesmo coach de vida (!) e todos, sem exceção, execravam aqueles que se atreviam a cogitar desistir de um projeto, um sonho, uma atividade. Imagino que estes profissionais sejam seres sobre humanos, perfeitos, ou não se atreveriam a questionar a difícil e sofrida decisão de desistir.

A palavra atrever é proposital. Como alguém que pretende ensinar uma fórmula mágica para ser feliz, ter sucesso, “chegar lá” se atreve a julgar aqueles que desistem? Como se houvesse uma receita de bolo para ser feliz, ter sucesso e chegar lá! Como se as prioridades de vida e as oportunidades fossem idênticas; como se as circunstâncias fossem sempre favoráveis, como se a vida não nos impusesse escolhas difíceis, extremamente difíceis; como se reconhecer seus limites fosse uma fraqueza, uma vergonha. Pior! Como se o “lá” de todos fosse o mesmo lugar.

Em uma sociedade que cobra tantos resultados das pessoas, até mesmo o direito de se cansar foi cassado! O direito de mudar de idéia então, coitado, não encontra espaço mesmo! As pessoas são estimuladas a insistir, perseverar, cair, mas levantar-se e continua no mesmo caminho. Não importa se o caminho está ou não em conformidade com o que a pessoa deseja para si. O caminho de cada um está traçado pela expectativa de terceiros. Isso é muito cruel.

É verdade que eu, sim, já desisti. E afirmo com a segurança de quem dá a cara para bater que desistir faz parte da vida. Meu ato de desistir foi precedido de muita perseverança, de muito preparo, de muito investimento financeiro e emocional. Mas, assim como o “sucesso”, desistir também não é para qualquer um. Desistir demanda autoconhecimento. Desistir demanda firmeza de valores.

Mas, sobretudo, desistir demanda muita, muita coragem. 

Você será julgado por absolutamente todo mundo: amigos, família, colegas de trabalho. Sorte sua se tiver um cachorro. Só ele não vai te julgar. Dentre todos os que te julgarem, pouquíssimos continuarão ao seu lado, com as mãos estendidas caso você precise de apoio. E ninguém, salvo raríssimas exceções, irá manifestar admiração por você ter ousado desistir, por ter ousado mudar. Mesmo aqueles que, bem no íntimo, também sonham em mudar de vida e não têm coragem sequer para assumir este desejo para si mesmos, nem estes darão o braço a torcer. 

Desistir demanda autoconfiança, firmeza de valores, coragem e, creiam-me, perseverança. A vida fará de tudo para que você se sinta tentado a voltar do novo caminho. A sociedade prefere um insistente deprimido do que aquele que desiste e mostra que, muitas vezes, largar o osso também é uma boa opção.

Aos que se sentem tentados a desistir, infelizmente não tenho uma receita pronta para lhes passar. Não me sinto preparada para ser coach de nada, muito menos “coach de desistência”. Apenas digo pela minha experiência que o meu processo foi muito difícil, sofrido, cheio de obstáculos, mas eu não estava feliz. E a certeza de que todo mundo nasce para ser feliz é que me dá forças para continuar em frente, sem medo de mudanças, sem medo de desistências. Ser feliz sim é o meu maior propósito de vida.

Laeticia não tem medo de desistir. Nem de mudar.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Faz um ano que ela foi passear em outras praias

Faz um ano que ela foi passear em outras praias... ah, como ela amava praia e quantos passeios nós fizemos pelas praias da vida. Companhia para acordar cedo – e aí de mim se não a acompanhasse! – tomar uns bons chimarrões e papear sobre qualquer coisa. Me acolhia até quando não sabia que o que eu precisava era de acolhimento. Vaidosa. Sempre com as unhas bem feitas, sempre. O cabelo também. Não importa o que estivesse passando. Amava o sol e estar bronzeada. De um gênio complicado... ah, os genes Soares Almeida que eu também carrego – me diga um fácil que os carregue, que eu certamente vou dar uma boa gargalhada! Não concordávamos em quase nada, mas concordávamos que nos amávamos e que era bom estarmos juntas, mesmo que em silêncio – talvez para não ter perigo de discordarmos, rs! E de amor ela entendia, embora tenha perdido o seu amado mais cedo do que se esperava. Amava os filhos incondicionalmente, e os defendia – e defenderia em qualquer circunstância. Adorava casa cheia – o norte de toda a família nos finais de ano – comida boa e um bom carteado – o livrinho em que anotavam a pontuação é uma relíquia e tem o nome dos muitos bons escudeiros que a acompanharam nos últimos tempos. Não gostava de perder – tenho informações de que se perdia ficava brava e jogava as cartas pro alto! Parece que as irmãs até a deixavam ganham de vez em quando por puro medo... rs. 

Me vejo um tanto nela... na curvatura da minha coluna, em não querer desagradar ninguém (embora eu tenha trabalhado muito bem nisso nos últimos tempos, rs), na teimosia. Queria ter um pouco mais da sua vaidade e alegria de viver. Não sei se devo agradecer por isso, mas além de tudo me deu meu amigo-melhor primo-desculpa os outros, aí-desgraçado. 

Ensaio esse texto-homenagem há um ano, mas nada do que eu escrevesse poderia representar o que ela significa para mim. Ainda bem que, alguns meses antes desse um ano, pudemos nos despedir em um encontro de muita alegria e aprendizado. Tia Irena: exemplo de amor, vitalidade e coragem!




Luciana escreve pouco por aqui, mas não perde a esperança jamais.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Por que devemos parar de chupar


Calma, não é nada do que vocês estão pensando! Falo em chupar pelo canudo de plástico!
Há esse recente movimento pelo fim dos canudos de plástico, mas um desses plásticos de uso único que estão poluindo nosso planeta e que sem os quais podemos viver muito bem, obrigada. Mas o que acontece é que vivemos no automático. Vivemos achando normal coisas que são estranhíssimas... imagine, por exemplo, explicar para um alienígena em passagem pelo nosso planeta: canudo é feito de plástico, que é feito de derivados do petróleo (aí você tem que explicar como petróleo é um recurso não renovável mas que usamos como se fosse) e quer serve para tomarmos uma bebida sem tocar no recipiente, é usado por uns 5 minutos e depois jogado no lixo. Aí quando o alienígena perguntar: mas por que você não quer tocar no recipiente? Vá lá...há casos de pessoas com alguma dificuldade que podem realmente necessitar de canudo, fora esses casos, não vejo justificativa. E mesmo para quem tem necessidade, por que não usar produtos reutilizáveis? Como boa gaúcha, sou usuária da “bomba” para tomar chimarrão, basicamente um canudo de metal que uso há anos.
Parece ridícula essa explicação, e de fato é. Mas na nossa vida fazemos várias coisas similares, consumindo de forma totalmente irresponsável, sem parar para pensar. E hoje, na sociedade em que vivemos, o consumo é nosso maior poder. Não caio mais no: ah, mas todo mundo uso... nem no: mas já que esse canudo já foi produzido, tem que usar. Não, não tem.
Precisamos assumir a responsabilidade pelas nossas ações, e não seguir no modo automático, consumindo tudo o que o mercado quer que a gente consuma.
Para quem precisa ou não abre mão do canudo, há diversas opções de metal, bambu e até vidro. Para quem não precisa, mas gosta do canudo para mexer a bebida: peça uma colher de verdade, que vai ser lavada e reutilizada por anos. É pelos pequenos hábitos e pequenas ações que começamos uma grande mudança. E para você ver que não é tão pequeno assim, se estima que canudos de plástico sejam 4% de todo o lixo plástico do planeta. Imagina todos os 7 bilhões de pessoas falando: não quero canudo, obrigada.
Já há países e cidades que estão banindo o canudo, mas ele é apenas uma questão sobre a qual precisamos rever nossos hábitos de consumo, rumo a um sistema de produção e consumo mais sustentável.
E eu quero ser parte dessa mudança, canudo a canudo, pequenos hábitos por vez. E você? O que tem feito para fazer parte dessa mudança?

Renata escreve aqui cada vez mais esporadicamente, mas segue acreditando no poder das pequenas ações.


terça-feira, 13 de março de 2018

Eu nunca invejei o Highlander

Eu nunca invejei o Highlander. Pelo contrário, eu sentia uma certa pena dele. Não, minto; eu sempre senti muita pena dele. Imaginem que triste você viver para sempre enquanto seus amores se vão e você fica?! Esta perspectiva sempre me apavorou. 

Então foi com enorme surpresa que, aos quarenta anos de idade, me deparei com a consciência de que eu efetivamente não sou imortal! Creiam-me: inconscientemente eu sempre me senti e agi como se eu fosse imortal. E olha que eu sentia pena do Highlander!

Pior que a consciência de não ser imortal foi a certeza de que meus amores tampouco o são!

Vejam bem: até pouquíssimo tempo atrás eu nunca havia sentido medo de correr determinados riscos. Aliás, eu sequer concebia a existência de riscos. O único risco era não viver plenamente as oportunidades oferecidas pela vida. Voemos de asa delta! Saltemos de paraquedas! Pulemos de bungee jump! Não é a este tipo de risco que me refiro. Quem dera!

Minha irmã que malha todo dia e só come natureba; teve uma trombose aos 38 anos. Eu voltei a fazer ginástica somente há dois meses e mesmo assim para estimular meu marido a se exercitar. Fora que eu como tudo que me der vontade, da cenoura ralada a barriga de porco, com preferência, evidentemente, pelo porco.

Minha amiga descobriu um câncer de mama aos 35 anos, teve que fazer uma mastectomia; está incrivelmente bem, mas foi um baita susto. E eu fiquei enrolando até o ano passado para fazer uma mamografia e um ultrassom que minha ginecologista já havia pedido há dois anos.

Uma conhecida de 36 anos foi fazer uma cirurgia eletiva e morreu. E eu aqui planejando fazer uma plástica para levantar os peitos e ajeitar a lataria.

Outra, da época do primário, infartou aos 42 anos. Dizem que estava pegando pesado com drogas lícitas e ilícitas. Ok, eu nunca me droguei. Mas já bebi horrores a ponto de, nas palavras da minha vó, praticamente perder a dignidade e literalmente perder o rumo.

Uma terceira, de 40 anos, por quem eu nutria uma verdadeira antipatia, estava na estrada de moto e foi esmagada por uma árvore que caiu em cima dela! A mesma estrada pela qual passei duas vezes por dia, religiosamente todos os dias, durante pelo menos quinze anos da minha vida.

Agora acabo de receber a notícia de que o irmão de uma amiga, um cara praticamente atleta, em torno dos 40, infartou ontem, está no CTI e passa bem, graças a Deus. 

Eu realmente nunca havia pensado sob este prisma. Capaz que viver é perigoso! Riobaldo que era frouxo!

Não, Riobaldo, faço a mea culpa. Viver é sim perigoso. Mas não seria mais perigoso ainda deixar a vida passar pelo medo dos perigos?

Sempre optei por enfrentar meus medos. Mas eu os enfrentava meio na displicência, na certeza da imortalidade. Aquela coisa meio gaiata de quem tem certeza de que tem todo o tempo do mundo.

Agora, consciente de que o pó me espera e que o tempo já não é mais tão meu amigo, decidi continuar enfrentando os perigos, porém os estou escolhendo a dedo. 

Semana que vem vou ao médico. Continuarei com a ginástica. Terei um mínimo de discernimento para comer e beber. Não terei nenhum comedimento ao demonstrar meu amor. Porque o corpo morre, mas o amor não precisa morrer.


Laeticia agora sabe que é uma reles mortal.

sábado, 10 de março de 2018

Gente é pra brilhar – a missão

Quase como um mantra, essa frase, nome de uma música de Caetano, tem ecoado na minha cabeça. Virou título de um dos meus textos aqui no blog, no ano passado (um dos motivos do título desse ser “Gente é pra brilhar – a missão”..). E se prepara que vai ter textão sim!! Porque a pessoa demora, mas quando resolve aparecer.... parece que nunca mais vai parar! rsrsrs 

Aqui, um parêntese breve, uma inserção que fiz após processar esse texto várias vezes, a partir de algumas conversas bem interessantes e filosóficas com pessoas queridas (obrigada Paty, Kelly, Ianna e Beth!). O fato é que esse tema, o de “permitir-se brilhar”, tem me mobilizado pessoal e profissionalmente e mexido internamente de forma muito profunda e intensa. Por que, ao passo que busco ajudar o outro a se permitir brilhar, enxergo em mim tudo aquilo que também me bloqueia, que me trava e que me amedronta. Como o fato de ler e reler, escrever e reescrever esse texto umas 3 vezes, ter medo do julgamento do outro, pedir para algumas pessoas próximas lerem, até chegar ao ponto de que eu criasse a coragem o suficiente para expô-lo, expor minhas vulnerabilidades, expor minhas conquistas e sonhos, meus anseios, meus pensamentos mais profundos... E então eu percebi o poder de cura que a escrita tem para mim, e me vi, ao escrever sobre tudo isso, me curando e me libertando, com minhas próprias palavras de incentivo e superação ecoando na minha cabeça, me dizendo: “vai, liberte-se, o mundo é todo seu”! E esse texto, que seria de apresentação da minha nova proposta de trabalho, meu novo projeto, e de incentivo ao outro, acabou sendo um texto para mim mesma, para acalentar meus temores e quebrar de uma vez por todas, todas as correntes que me seguraram até aqui. Eu percebi que a chave estava comigo o tempo todo. 

E todo esse turbilhão de pensamentos e reflexões estão misturados com essa mudança radical de vida que está batendo à porta (de funcionária pública no Acre para profissional exclusivamente autônoma em São Paulo), toda essa transição de carreira que venho vivenciando... A questão é que tenho me dedicado cada vez mais a essa auto descoberta da minha missão nessa vida, do motivo pelo qual eu quero acordar todos os dias, da razão, talvez, de eu ter vindo parar nesse mundo. Sinais, insights, histórias, pessoas vêm aparecendo. E com elas, as respostas. Nesse processo intenso e profundo, vem a resposta para a pergunta que coach adora fazer para ajudar o seu cliente a descobrir seu propósito: "o que você faria até de graça?". Aliás, você já se fez essa pergunta? Ela pode ser reveladora! 

E em meio a todo esse processo de descobrir meu propósito de vida, nasceu, com muita alegria e satisfação, esse projeto, essa arte, essa logo, esse slogan: A arte de brilhar! 

De "Arte de comunicar" (projeto antigo) para "A arte de brilhar", fazendo referência assim, ao meu papel de fono e também de coach (eternamente grata, madrinha de slogan Gigi!). A “obra” tem mérito artístico de uma design gráfica, Maria Eugênia, pernambucana querida que me vendeu seu peixe só em dizer, com os olhos brilhando: "eu amo o que eu faço!". Não preciso nem dizer que, defendendo fortemente a bandeira do “trabalhe com aquilo que você AMA”, ela me ganhou ali!! “Pronto!!! Alguns ajustes de cor auxiliados pela Gigi, alguns áudios de whats app, eis o resultado: essa mistura de ondas sonoras com o sol, um sol que nasce, um sol que brilha, o nosso sol pessoal! 

E para ficar ainda mais “clara e iluminada” essa ideia, explico: a proposta hoje do meu trabalho tem sido cada vez mais incentivar, estimular, motivar que venha à tona esse brilho interno que cada um de nós carrega dentro de si! E vamos a mensagem principal desse texto: 

Simmmm, nascemos com esse sol interno, com essa luz só nossa, que por vários medos e "dedos", vamos abafando, apagando... Mas por que, meu Deus?! Não foi para sermos pessoas melhores que viemos nessa vida? Por que não se permitir ser bom? Se permitir brilhar? Aceitar com gentileza elogios? Reconhecer qualidades? Qual o problema em ser luz? Em ser luz, mesmo consciente de que onde há luz, também há sombra. E está tudo bem, ninguém precisa ser perfeito para ser maravilhoso, abundante, merecedor (minhas descobertas recentes! rsrsr). Você tem noção da liberdade que isso te dá? 

Tenho refletido muito sobre isso.. Reflexões profundas que talvez sejam tema de outro texto.. Se eu jogar tudo isso aqui agora, é possível que você, que aguentou “me ler” até aqui, desista. E eu vou ficar muito feliz de te ver chegar comigo até o fiml!!!! =) 

E eu descobri que meu movimento atual é estar envolvida nessa arte, na arte de ajudar pessoas a se permitirem, a partir do meu próprio caminho de me permitir também. Ajudar pessoas que têm medo de brilhar, assim como eu já tive, assim como eu ainda tenho.. Afinal, convivemos em uma mesma sociedade que tem dificuldade de lidar com sua autoconfiança e se incomodar quando alguém decide "se libertar dessa nóia", citando novamente a fala da maravilhosa e inspiradora Alana Trauczynski (texto na íntegra em “Gente é pra brilhar”). 

Dia desses não sabia como fazer para explicar para uma pessoa porque ela deveria me contratar para treinar sua equipe. Me vi tendo que recorrer à depoimentos de outras pessoas, pois seria mais confortável para mim que outra pessoa falasse sobre meu trabalho. Mas sabe... é o meu trabalho, o trabalho que amo, que me dedico, que faço com prazer, que vejo claramente os resultados nas pessoas, as transformações... Não deveria ser eu a melhor pessoa para falar sobre o que EU faço? Mas não, preferimos nos esconder, esconder nosso potencial atrás de palavras que não são as nossas, porque não temos coragem o suficiente de falar em voz alta o quanto podemos ser bons sim, no que fazemos! Porque aprendemos que é feio falar o quanto você é bom. Então ok, você não pode ser bom. Ou se você é, não conta para ninguém, porque ninguém vai gostar de você e te ver com bons olhos. Oi? ? ? 

E então nos acostumamos a viver em uma sociedade que torna um desafio o falar do próprio trabalho quando se é confiante nele e dedicada a ele, correndo o risco de ser chamada de pedante, arrogante, metida e “se achona”... Eu já fui uma pessoa que se incomodava também com gente assim, preciso confessar. Mas hoje sei de onde vinha esse incômodo. Eu ainda não tinha encontrado meu lugar (leia texto do Gustavo Tanaka sobre isso, é perfeito!). Porque também eu achava (achava!!) que estava tudo bem com minha autoestima. Ledo engano (falo sobre isso no texto “Mergulhar em si”). 

E quer saber hoje? Sinceramente? Após descobrir meu caminho, e seguir nessa recuperação de autoconfiança, de amor próprio e autoestima, hoje eu acho LINDO "gente que se acha" (lógico que aquelas pessoas que não apenas “se acham”, mas que de fato são!! rsrs.), gente com autoestima alta, gente segura de si. É lindo, gente, será que só eu acho! ? Não estou falando de pessoas arrogantes, de pessoas que se acham superiores a outras, de pessoas mal educadas, de pessoas mesquinhas. Estou falando de pessoas que se amam sim, que confiam em si sim, que são seguras de si! Melhor assim do que usar máscaras de falsas modestas, na minha opinião. Percebam. Notem como temos dificuldade em receber elogios, como evitamos falar de nossas qualidades. Fomos criados assim. E tudo isso pelo o quê? Pelo MEDO. Medo do julgamento do outro, medo do que vão dizer, do que vão pensar, medo de não ser bom o suficiente, medo de ser uma fraude, medo do olho gordo, medo da inveja, medo do sucesso, medo, medo, medo... É muito doido, já parou para pensar? Todo mundo se "podando", se contendo, pelo medo de incomodar, pelo medo do que os outros vão pensar... A disputa é inversa, é de quem é o mais “lascado” na vida, de quem tem mais problemas, de quem é mais coitado, de quem tem mais miséria. E então vamos fazendo pactos secretos, selados e inconscientes. "Nem eu brilho, nem você brilha", e fica tudo certo, ninguém se incomoda com ninguém... 

Naaaaaaoooo! Não precisa ser assim! E lá vem a Polyanna que habita em mim dizer que simmm, há outra saída (outras saídas), outras formas de pensar (mindsets), outras crenças que não precisam te limitar, mas sim te empoderar!! Se sua essência não é arrogante, você não precisa temer. Não se preocupe, você não vai se tornar aquilo que mais rejeita. Você vai poder brilhar sim, de forma leve, de forma natural, de forma linda. Da sua forma: única! 

Já parou para pensar que o mundo precisa de cada um de nós, do nosso brilho e do nosso poder pessoal? Já pensou que chega a ser egoísmo guardar todo esse poder aí só pra você, todo esse brilho, toda essa luz, todos esses talentos? Não conhece seus talentos? Procura um profissional. Sei que um bom coach pode te ajudar. “Ah, Gabriela, não gosto disso, não nasci para brilhar, quero apenas ter paz"... Saiba que pessoas que sabem sua missão, têm paz. E mesmo modestas (e aqui falo dos verdadeiros modestos!) brilham sim, ao seu modo. Tudo é luz. Eu sou luz e você também é. 

Então, encerro refazendo o convite feito no primeiro texto do “Gente é pra brilhar”. E o convite é simples (talvez nem tanto, mas deveria, mas poderia...). O convite é: bora brilhar, minha gente!!!! 

Bora ser feliz, viver nossa missão, nossos sonhos, descobrir nosso propósito, iluminar, com nossa própria luz, esse universo rico e abundante! 

Bora, que a gente pode, bora, que a gente merece, bora, que a gente decide! Só bora!!!!!! 

Sem medo, sem desculpas, sem vitimismo, sem máscaras, sem procrastinação, sem auto-sabotagem. Toma as rédeas da sua vida e vai... vai ser feliz!!! Liberte-se, o mundo é todo seu!!!!




Gabriela segue se descobrindo, refletindo, filosofando, fazendo as vias de “Polyanna”... E continua tudo certo (às vezes nem tanto)... E tá tudo bem se for assim. Já descobriu o seu porquê.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Um conto de ano novo

Foi no dia 30 de dezembro. De 2017. Um ano meio merda. Não se pode dizer que o ano foi meio merda. Tem que expressar gratidão. Mesmo se a merda superar as coisas boas. 2017 foi bem merda. Antes desse ano você não amava seu emprego, mas estava satisfeito com ele. Nesse ano você viu compromissos não serem honrados pelos outros. A situação financeira entrou em estado de indignidade. Você nem entendeu se ainda tinha emprego no final. Mas você tem que ser grato. Use isso como um mantra. Foi o ano que você perdeu uma pessoa muito importante. Para você, uma mãe. Aquela que agregava a família muito grande e muito dispersa. E você quase não pode vê-la antes da partida. Decidiram que você não podia viajar. Foi o empenho de uma pessoa muito querida que fez com que você pudesse vê-la. E o empenho nem foi para isso, mas resultou nisso. E você a viu tão bem e sorridente. Você levou consigo alguém, que por motivos que a vida explica havia se afastado. Mas você sentiu e mostrou que era importante. E foi muito divertido e cheio de amor. E meses depois, quando da partida, você recebeu o agradecimento do alguém que foi com você. E isso encheu seu coração de amor. E na partida, aquela que sempre agregava a família grande e dispersa, foi capaz de juntá-la novamente. E o que era para ser só triste, acabou em lágrimas, afeto e risadas.

Mas era dia 30, você e ele começam a assistir a série que deve ter sido liberada no dia 29, para botar a pá de terra e declarar: que ano mais merda foi 2017. Vocês assistem o primeiro episódio. Ok, interessante. Tão longo. O segundo, impecável. Identificação humana e tecnologia. Parece a série que vocês conheciam. Resolvem ver o terceiro: WTF. Difícil se recuperar disso. O quarto episódio parece mais leve. Impossível não haver identificação pessoal. Ainda mais se você passou por tantos relacionamentos bons, loucos ou tóxicos que mais pareceram test-drives para o seu relacionamento equilibrado e saudável. O quinto episódio não precisava existir. Que droga é essa. Você diz para ele: vamos beber. Só bebendo para aguentar isso. Beber o quê. Vamos terminar aquele vinho. Mas só tem uma taça. Vamos beber mesmo assim. Vocês beberam a taça tão rápido. Pega o espumante que está na geladeira desde o ano passado. Deve ter sido esse o erro. Não beber o espumante na virada do ano. Teve o ano inteiro para beber. Por isso o ano foi merda. Se tivéssemos bebido esse espumante. Melhor bebermos antes que o ano acabe. Imagina o que pode acontecer se bebermos no ano que vem. Não. Não dá para arriscar. O que pode ter acontecido com um espumante que ficou um ano na geladeira. Deve estar bem gelado. Você lembra que o espumante até mudou de casa. Isso foi meio bom. A mudança. Você se apega a mudança como lembrança boa. Um lugar mais próximo da civilização que facilitou a rotina. Meio bom, agora falta o silêncio e a segurança. Você gosta de silêncio. Você gosta da segurança dos lugares onde ninguém vai. O último episódio vai indo bem, mas é pesado. Bem pesado. E você só consegue dar risada. Você ri copiosamente. Você até acha que vai morrer de rir. Parece que espumante de um ano na geladeira deixa bêbado fácil. Ou é o fato de você não beber quase nunca. Ou o fato de você estar com a barriga meio vazia. Mas não, ele também ri sem parar. Ele bebe de vez em quando. Tem algo nesse espumante. Ainda bem. Talvez seja o que 2017 merece. Risada de perder o ar.

Você e ele vão para a cama. Vocês assistiram todos os episódios da série que nessa temporada não estava tão boa assim. Deve ser porque foi a temporada de 2017. Você ri. 2017 estragou até as séries fantásticas. Está tudo rodando. Você diz que tem que colocar o pé para fora da cama e tomar uma dipirona. Dá onde isso. Você lembra que foi um relacionamento tóxico que te ensinou. Realmente tem que ser grata a tudo. Como você teria aprendido que para o quarto parar de rodar tem que botar o pé para fora da cama e tomar uma dipirona. O quarto parou de rodar. Perfeito. Gratidão pelo relacionamento tóxico. E seu inconsciente começa a operar. Você começa a lembrar dos relacionamentos que teve até chegar aqui. Culpa do quarto episódio e do quarto rodando. E você pensa em como conseguia beber antes sem ter uma crise de riso ou o quarto ficar rodando. Você pega no sono em meio a pensamentos de relacionamentos e aprendizados e por que você deveria ser grato a eles. Você não sabe se o que lembra é como realmente foi. Tem relacionamentos que só dá para agradecer pelo livramento. Definitivamente.

Você acorda no dia 31 e já é de tarde. Efeitos do espumante. Você não vai fazer ceia de ano novo como já não fez de Natal. Você não está a fim de comemorar nada nesse ano. No ano passado vocês passaram a virada do ano sentados no chão ao lado do guarda-roupa que o cão escolheu para se esconder dos fogos. Deve ser por isso que o espumante não foi bebido. Não foi nada glamoroso. Você compra somente as uvas que são sua única superstição. Doze uvas, um pedido para cada mês. Você não lembra de onde tirou isso. Mas você faz isso sempre. Mesmo que passe a virada na praia. Lá vai você com suas doze uvas. Na sua região já estão estourando fogos de artifício há dias. Você não sabe o porquê disso. O cão já está em catatonismo avançado. O coração descompassado. Você nem imagina onde vai acabar passando a virada do ano. Vai ter muitos fogos. Chega a hora. Vocês se veem dentro do banheiro, os cães, música alta, o espumante deste ano, as doze uvas. Os cães sofrem. Você come as uvas tão rápido que esquece os pedidos. Era um para cada mês. Você não fez nenhum. Ao menos o espumante foi bebido. Ninguém ficou bêbado. Deve ser por causa das uvas. Os fogos duram uma hora. Uma hora dentro do banheiro. Um final debochado para um ano merda. 

2018 vai ser menos merda. O espumante foi bebido. No fundo há gratidão por todo o aprendizado. Também pelas coisas boas. Houve coisas boas. Entre o que você pretende, está ser melhor sempre. Não o ano, você. Só você pode ser melhor, o ano não. Faltaram os pedidos das uvas. Você sempre fazia isso. Mas quando foi que deu certo?


Luciana escreveu apenas um texto no blog no ano passado. Mas foi 2017, dá um desconto! Como uma resolução de ano novo, além de ser melhor sempre, estão os textos. Que poderão ser contos como esse, não necessariamente, ou totalmente, relacionados a realidade.
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