terça-feira, 27 de março de 2012

Lacunas

Tenho um problema com lacunas. Elas me incomodam.  Saber que ficou um quadradinho em branco na palavra-cruzada, uma palavra engolida no final da frase, um ponto final faltando, me incomoda. Mesmo que o ponto final seja só para eu ver, só pra mim, eu preciso que ele esteja lá.
Saber que as palavras não ditas podem não ser entendidas, saber que os lugares não visitados poderão ser esquecidos,  me incomoda.
Saber que passei terças-feiras ocupadas demais, inspirada de menos, e ficou o espaço vazio, me incomoda.
Pode ser excesso de responsabilidade, perfeccionismo ou apenas a velha e pura obsessão, rebatizada de TOC.
O que quer que seja, estou trabalhando para lidar com as lacunas, porque elas existem, e se as pausas têm papel tão importante na música, pode ser que as lacunas tenham papel importante na vida.

Até lá, Renata escreve nas terças. Nas futuras e em algumas passadas.

domingo, 25 de março de 2012

Dinda feliz e coruja...

Sim, eu sei, andei sumida. Desaparecida, na verdade... A “Síndrome da folha em branco” me alcançou e a inspiração para escrever desapareceu.
Mas eis que nesta quarta-feira, dia 21, aconteceu algo que simplesmente não posso deixar de compartilhar.
Uma das minhas três turmas de 3º ano do Ensino Médio fez uma surpresa linda para me convidar para ser paraninfa deles na sua formatura (detalhe: estamos em março e a formatura é somente em dezembro!).
Entrei na sala de aula e estava tudo escuro. Quando acendi as luzes eles estavam enfileirados uns ao lado dos outros, cada um segurando uma folha de papel com uma letra, onde se lia: “Andréia, aceita ser nossa dinda?” e outra folha com um coração escrito “Nós <3 você”. Eles também enfeitaram a sala com balões coloridos, e escreveram no quadro “Nós te amamos sua linda!”.
Além disso, ainda me presentearam com uma cesta enooooorme com 30 rosas (30 alunos = uma rosa para cada aluno) e um cartão lindíssimo!


Óbvio que chorei né? Aliás, não só chorei como comecei a transpirar, a tremer e a gaguejar. Fiquei absolutamente feliz com tamanha demonstração de afeto e carinho!
Sei que muitos dirão: “Minha nossa! Mas como é exagerada! Foi só um convite p/ ser paraninfa de um 3º ano, e daí?”.
Bem, para aqueles que pensam assim, é preciso que eu esclareça que sou absolutamente apaixonada pela minha profissão e, principalmente, pelos alunos que fazem (e fizeram) parte da minha vida. Cada um deles é como se fosse um pedacinho de mim. Cada olhar carinhoso, cada sorriso, cada abraço que recebo deles é como se eu recebesse uma dose extra de felicidade. E eu realmente me importo com eles, com seus sentimentos, com seus problemas, com suas conquistas, com suas alegrias. Sempre acreditei que demonstrações de amor e carinho são absolutamente essenciais e fazem bem tanto a quem as recebe quanto a quem as oferece. Por isso fiquei tão emocionada, feliz e lisonjeada com o convite, pois foi uma retribuição do carinho e amor que sempre lhes dedico.
Déia escreve aos domingos e acredita que alegrias devem sempre ser compartilhadas.

sábado, 24 de março de 2012

O que realmente importa

Recentemente tive uma tremenda decepção com alguém que eu julgava ter excelente caráter. Quebrei a cara, mesmo. E fiquei mal, fiquei triste, perdi preciosos momentos chorando.
Mais recentemente ainda, soube que uma amiga está doente. Me senti patética, ridícula!
Como fui dar tanta importância a algo tão pequeno? 

A vida é muito mais que isso. É cada dia. São as pessoas que a gente AMA mesmo, e que nos amam. É ter saúde, é viver todo dia, é distribuir coisas boas, semear, para que elas germinem e se espalhem, dominem o mundo! Lições que aprendi também com essa amiga, exemplo de força, luz e perseverança; extremamente inteligente, sensível e sensata, uma pessoa admirável de verdade.
 
Renata deseja que todos espalhemos muita luz e pede que mandem boas energias para essa amiga querida!

terça-feira, 20 de março de 2012

Licença Felicidade

Quando estava na oitava série, tinha o hábito de passar os recreios e intervalos na biblioteca da escola e um dos livros que li neste período possuía um título bastante desconcertante: “Só as mãe são felizes”, um tanto quanto egoísta da parte da autora e mãe de Cazuza fazer tal escolha para esta biografia. Esta afirmação me parecia um tanto prepotente, afinal como, no auge do meu egocentrismo adolescente, posso não ser feliz? Ela está excluindo uma gama de leitoras com este título! É isso mesmo que ela está querendo dizer? Não posso acreditar.

Pois é! Cá estou, quatorze anos depois concordando com Lucinha Araújo. Não há dúvida que só as mães são felizes! É impossível ter felicidade maior. Embora seja um clichê essa é a realidade, é como se o passado não tivesse importância, como se a maternidade tivesse trazido sentido para a vida através de ensinamentos diários - isso que meu filho tem apenas cinco meses- (MEU filho, sinto-me a mulher maravilha quando digo essas palavras).

O que ela quer dizer é que embora o filho dela tenha trazido tantos problemas devido a vida desregrada que levava, foi ele quem trouxe o amor verdadeiro e incondicional a existência dela e isso é intocável, sagrado e só hoje compreendo.

Hoje penso em todas as mães com um olhar de admiração. Penso nos meses que todas esperaram para ver o rostinho dos seus bebês e no que passaram por este período, penso na mágica que ocorre quando o bebê mexe e quando ouvimos o primeiro choro; e finalmente penso nas mulheres que não puderam ter estas emoções e penso que elas não são felizes...será que o egocentrismo na adolescência ainda me acompanha? Não estou negando que ocorram outras tantas sensações, mas a benção de gerar uma vida é indescritível, deveria ser proibido mulheres estéreis.

Sim, sei que estou romantizando a gravidez, que existem muitas crianças indesejadas, que existem mães completamente diferentes de mim que entendem que os filhos foram feitos “para o mundo”, desapegadas ao extremo, porém, mantenho minha afirmação de que as boas mães, incluindo as não biológicas, valorizam cada gesto, cada progresso, cada descoberta como se fosse o maior tesouro, o maior bem.

A maternidade traz sensações inéditas, quase impossível sair ilesa. Ela me trouxe o egoísmo da mãe do Cazuza, que em suma é : centralizar sua vida na vida do seu filho, nada mais importa, eu disse N A D A. O fim do mundo não é mais a roupa que você não tem, o cabelo desarrumado, ou o chefe mal humorado e sim o filho doente! Viramos segundo plano e não é tão ruim quanto parece. Ficamos uma noite em claro (no meu caso, várias) e quando o sol aparece, junto dele vem o sorriso do seu bebê. Que maravilha, já esquecemos das horas sem dormir!

Ser mãe é o que tem de melhor na vida, ainda mais eu que tenho o filho mais lindo do mundo!

P S: este texto foi escrito logo após o nascimento do meu filho, há pouco mais de dois anos. Relendo-o, revivo as mesmas sensações, me emociono e sinto saudade, mas percebo que não citei a minha admiração por mulheres que escolhem não ter esta experiência; pode parecer contraditório, no entanto, prefiro pensar que para fazer isto bem feito deveria ser pré-requisito ter o chamado “instinto maternal” . Será que temos que falar/escrever mais sobre isso?

Cláudia escreve esporadicamente

sexta-feira, 16 de março de 2012

Se Meu Fusca Falasse

É, meus caros e minhas caras; eu também, como tanta gente, tive um fusca. Foi meu primeiro, e, até agora, único, automóvel. Hoje não tenho nenhum, pois não sou de dirigir. Prefiro colocar o fone de ouvido e escutar minhas músicas, enquanto o motorista do ônibus se preocupa com o trânsito para mim. Pode ser que, algum dia, resolva ter outro carro, mas não por agora.

Bom, o fusca foi na época da faculdade, e era muito legal tê-lo. Passei muitos apuros com ele, perdi o freio algumas vezes; o cabo do freio-de-mão arrebentou uma vez; tinha sempre folga no volante; às vezes o banco do motorista corria para trás, e ficava preso, e eu me sentindo léguas distante do volante e dos pedais; e, às vezes o mesmo banco deslizava para frente, e eu ficava cara a cara com o para-brisa. Era uma emoção!

Certa vez, quando ia para a aula, desabou um temporal. Eu mal enxergava a frente, e não tinha como encostar o carro. Quando pensei que não podia piorar, o limpador de para-brisa do lado do motorista se quebrou e saiu voando... Aí eu não via mais nada mesmo! Tive que abrir a janela e dirigir até a faculdade com a cabeça para fora do carro, tomando aquela chuva, para poder enxergar o trânsito. Resultado: cheguei encharcada, e o banco do fusca também, e ainda teve colega de aula que fez hora comigo, pois passou por mim, de ônibus, e viu a cena!

Mas foi um período bom, com problemas e alegrias, como são todos, e com todos, e que é bom relembrar!


Mini-resumo: Tania gosta de relembrar histórias que fazem sorrir as pessoas. Afinal, a gente passa raiva com muita coisa, e é sempre bom parar para rir um pouco.

terça-feira, 13 de março de 2012

Pequena grande irmã

Ela tinha 6 anos quando nasci. Trocou minhas fraldas e já sabia fazer cafezinho. Ensinou-me a andar de bicicleta sem esfolar o queixo, fugiu de Morey no mar, pulou janela para eu não segui-la e abandonou-me para as festas quando a adolescência chegou.

E me deixou órfã.

Provou que cabelo tinha gosto ruim (grrrr), que os menores frascos têm as melhores fragrâncias, que mulher é elegante, tem estilo e se comporta em público. A ser forte e a acreditar em mim. A buscar meus objetivos com fibra e forca, mas sem cair do salto. A ser cuidadora, inteligente, articulada e politizada. A ser menos porto-alegrense (os gaúchos sabem bem o que isso quer dizer) e abrir meus horizontes. A ser vaidosa, mas não deixar a vaidade tomar conta de mim. A cuidar da beleza, mas também da psique e da espiritualidade. A ser super duper ultra. Uma baita pequena mulher.

Tu provastes que o caminho era longo, mas possível e ainda desfilou na passarela... Minha irmã maravilha!

E o fez sem ter ideia da influência que estava a ter na minha personalidade.

Tu és um orgulho pra mim (menos quando as pessoas acham que sou tua irmã mais velha).

Feliz aniversário. Te amo!


Lil não escreve há tempos. Sente falta do blog e quer voltar à ativa -
 em breve?

O destino dos sonhos

Dia desses reccebi um e-mail promocional de alguma empresa para a qual não passei meus dados, e para a qual não pedi para receber nada. Enfim, o título do e-mail dizia: Destino dos sonhos.
Nem abri para ver qual seria o destino dos sonhos, até porque cada um tem gostos e preferências próprias; e não tenho vontade nenhuma de conhecer os destino dos sonhos das massas. Nada contra, mas prefiro destinos não tão populares.
O engraçado é que, logo que vi o título do e-mail, pensei que era algo sobre “o destino dos sonhos”. Em para onde nossos sonhos vão. De onde eles vêm, a gente sabe. Vêm dos nossos medos e dos nossos desejos. São nossas aspirações nem sempre ditas e assumidas. São nossos fantasmas internos. Mas e depois? Será que eles somem? A gente para de sonhar porque resolveu? Porque superou? Ou porque surgiram coisas ainda mais preocupantes no caminho?
E para onde vão os sonhos que a gente tem para o futuro? As várias vidas que a gente vive na imaginação, no faz de conta, dentro da nossa cabeça. Viajando, sendo vários personagens. E um a um eles vão se despedindo. Para onde eles vão? Será que um dia encontraremos de novo aquilo que sonhávamos ser, e nos olharemos nos olhos? Será que sentiremos saudades desse algo que nunca foi, ou sentiremos alívio por termos nos despedido a tempo? Será que seremos amigos, um aprendendo com o outro?
Será que vamos nos reconhecer?
Qual será o destino dos sonhos?


Renata anda com a cabeça cheia de interrogações, o pé com bicho de pé, o estômago cheio de borboletas e o coração cheio de lágrimas contidas. Assuntos para os próximos textos.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Ar

Amaciar, amar, apalpar, bigodear, blefar, brocar, burlar, cabritar, carambolar, carnavalizar, cultivar, dar, disfarçar, embaçar, embalar, embromar, embrulhar, empepinar, encravar, enroscar, enrustir, falcatruar, fingir, fumar, galantear, gargarejar, habitar, honrar, iludir, ilusionar, juntar, justificar, lambuzar, ludibriar, marombar, meditar, mentir, mistificar, mocar, nadar, naturalizar, objetivar, organizar, paquerar, pulsar, rabiscar, rosquear, saculejar, saborear, saçaricar, tapear, trair, uivar, viajar, ventilar, verdejar, voar, zarpar.
Mariana escreve esporadicamente, gosta de brincar com as palavras, não tem nenhum problema respiratório mas está com uma leve falta de ...ar!

terça-feira, 6 de março de 2012

Butanding

Minha vida é surreal. Não tenho certeza se é só minha percepção, ou se ela realmente é. Pra mim, minha vida é super surreal. E recentemente tive a oportunidade de fazer a coisa mais surreal de todas: snorkel com tubarões-baleia!
Esses peixes, não por acaso chamados de "gigantes gentis", podem chegar a medir 18metros, pesar mais de 40 toneladas e viver mais de 100 anos! Eles são lindos, elegantes, encantadores e, sim, gigantes! 
Em Donsol, Filipinas, há um local onde você pode fazer a chamada interação com os tubarões baleia, de dezembro a março, quando eles aparecem por lá, atraídos pela disponibilidade de alimentos. Assistimos um vídeo sobre o animal, seus hábitos e recomendações para a interação, tanto pela segurança dos turistas quanto pela segurança do bicho. Fomos de barco, com um guia super experiente. Quando havia tubarões-baleia por perto, ele dizia: Get ready! Nós vestíamos nadadeira, máscara e snorkel e sentávamos na borda do barco! Muita gente fazia o mesmo, em diversos barcos. No começo foi até difícil nadar por causa de tanta gente concentrada em cima do bicho! Depois, nos afastamos e encontramos nosso próprio tubarão-baleia (butanding, como é chamado por lá)! Ao cair na água, estava na frente da boca imensa dele! Mesmo sabendo que ele só come plâncton e pequenos peixes, a boca gigantesca dele vindo aberta na minha direção foi incrível!
Fiquei boiando, e tive que encolher as pernas para não tocar no corpo dele (apesar de ter curiosidade, era norma, e serve para tentar reduzir o stress causado pelos turistas). Ele nadou por baixo de mim, com movimentos lentos mas se deslocando muito rapidamente. Após ver todo o corpo imenso daquele animal maravilhoso, nadamos, eu e o guia (minto, o guia nadou por nós dois e me levou...) ao lado do butanding, e pude olhar no olho dele!
Até mesmo ver ele nadar para o fundo, até que seja possível só ver as manchas brancas que ele tem no dorso, e depois sumir por completo, é impressionante! Fizemos umas sete ou oito interações, e meu dia ficou completo quando o guia disse que eu estava atraindo os peixes para ele!
Tudo foi impressionante! Os gigantes gentis são lindos!
Mas também é impressionante que a caça só tenha sido proibida em 1998, nas Filipinas! E que se saiba tão pouco sobre eles. por exemplo, sobre essa população de Donsol, na qual mais de 300 indivíduos já foram reconhecidos, não se sabe de onde vem e para onde vai no resto do ano. O quanto a humanidade não sabe é também impressionante.

Renata gostaria que todos tivessem oportunidade de interagir com seres vivos muito massa! Mesmo que eles não sejam tubarões-baleia: podem ser cachorros, gatos, aves, peixes, plantas, invertebrados...até mesmo, outros seres humanos! Também pode ser impressionante!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Escute!!!

Eu fico abismada com o quanto algumas pessoas não escutam! Falam, falam, falam; param só para respirar. Se você se aventurar a tecer algum comentário (qualquer que seja) nessa pausa feita apenas por necessidades fisiológicas, a pessoa vai impacientemente (e isso no melhor dos casos) esperar você acabar para emendar sem nenhuma pausa a conversa. Dela, é óbvio.
Um monólogo protagonizado por duas pessoas. Que poderia ter como interlocutor uma árvore, uma mesa, uma garrafa, e o efeito seria o mesmo.
Tenho cada vez mais preguiça de gente assim. Acho até que já escrevi sobre isso no blog, mas na falta de alguém que escute esse desabafo (de verdade, sem ficar esperando acabar para engatar a história da prima da cunhada da vizinha da secretária do destista que uma vez...), sobrou para vocês, leitores!
Peço encarecidamente que prestem atenção nas conversas que andam tendo, e vejam se são conversas ou se são dois monólogos com pausas coordenadas como um jogral. Conversar – ouvir e falar – faz bem à saúde. O resto você pode fazer com o espelho, uma árvore, uma mesa ou uma garrafa.

Renata acha que ouvir é parte essencial de uma conversa. Mas se sente minoria nessa opinião.
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