segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Reconstituição

É preciso que saibas
há expectativas e dúvidas
sobre tua vinda
nesta edição dos anos de agora.

Teus reis - os dos presentes
já se levantam no Oriente
para um percurso incerto
entre explosivos e mísseis apontados.
Chegarão eles para a recomposição da cena
de todos os dezembros?

Onde encontrar
nestes conturbados tempos
a paz das ovelhas
a dispolibilidade dos pastores
se estes artigos não mais se encontram
no mercado dos homens?

É certo que teus anjos virão.
Eles virão como sempre
carregando nas mãos a mensagem de paz
para os homens de boa vontade.
Mas, bem sabes, que muitos destes
de boa vontade viriam
ao teu encontro
se lhes fossem concedidos vistos de viagem
negados até para os que recebem prêmios
e muitos - outros muitos - se a fome
não lhes enfraquecesse os joelhos
nos caminhos do submundo.

Somente o boi e o burro
restarão à espreita
temerosos de uma ambígua gruta
onde os homens colocaram no alto
um coração aceso
como uma estrela ou uma bomba.

E tu
virgem - quase mãe -
assim passarás itinerante
e passarás sem encontrar um pouso
para o teu ventre imenso
onde carregas a Grande Luz
para o um mundo cada vez
mais escuro.

Alternativa:
mas se assim o quiseres
seremos gruta, seremos chão,
pastor, ovelha, boi e burro
seremos palha e manjedoura
contando que nasças em nossos corações.

autora: Maria do Carmo Barreto Campello de Melo (dez. 2007)



Marília achou super pertinentes estas palavras e resolveu colocar aqui para apreciação dos/das demais, no gostoso desejo de ser contemporânea de um mundo diferente... Excelente 2008!!!

Antecipação

Escrevo hoje por que amanhã vou viajar,
completamente vazia de imaginação,
mesmo assim, escrevo.

Pensei até que talvez este próximo texto deveria ser uma introdução,
prenúncio do fim,
próximas cenas dos últimos capítulos,
ou ainda,
re-apresentação dos atores seguintes, mas não.

Me antecipo por que preciso,
não por que acredite que estar um passo à frente seja algo de bom,
nem que estar a atrasada seja sempre ruim,
mas me antecipo no tempo pois não posso me atrasar.

Não quero falar sobre o ano que vêm,
nem sobre o ano que foi,
apenas que amanhã vou viajar.

Estou indo sem muita certeza,
vou com vontade de voltar,
sei que quando, ao meu destino chegar,
esquecerei esse sentimento,
e outros surgirão,
mas por enquanto vou com vontade de ficar.

Me antecipo nas vontades,
nos meus desejos,
tento prever o que irei sentir,
mas por enquanto sinto apenas o que sou agora.

Silvia viajou na sexta e volta na quarta com esperanças de um ter um bom retorno.


domingo, 30 de dezembro de 2007

Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano

Vive uma louca chamada Esperança

E ela pensa que quando todas as sirenas

Todas as buzinas

Todos os reco-recos tocarem

Atira-se

E

— ó delicioso vôo!

Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,

Outra vez criança...

E em torno dela indagará o povo:

— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?

E ela lhes dirá

(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)

Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:

— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


Autor: Mário Quintana

A menina, a pedra e o cavalo

Contam que em certa ocasião, uma menina entrou no ateliê de um escultor. durante um longo momento, ficou admirando todas as coisas assombrosas do ateliê: martelos, cinzéis, pedaços de esculturas rejeitadas, esboços, bustos, troncos... Mas o que mais impressionou a menina foi uma enorme pedra no centro do ateliê. Era uma pedra tosca, cheia de machucaduras e feridas, desigual, trazida numa penosa e longa viagem da longínqua serra. A menina ficou “acariciando” a pedra com os olhos e, depois de um instante, foi embora. Ela voltou ao ateliê poucos meses mais tarde e viu surpresa que, no lugar da enorme pedra, se erguia um belíssimo cavalo que lhe parecia ansioso para libertar-se da rigidez da estátua e começar a galopar. A menina se dirigiu ao escultor e lhe disse: “como você sabia que dentro dessa pedra se escondia esse cavalo?”.

Educar vem da palavra latina “educere”, que significa “tirar de dentro”. É educador quem não vê o aluno a pedra tosca e desigual que nós vemos, mas a obra de arte que se esconde dentro de cada um deles, e entende sua missão com aquele que ajuda a limar as asperezas, a curar as machucaduras, contribuindo para aflorar e se manifestar o ser maravilhoso que todos carregamos potencialmente.

(do livro “Educar valores e o valor de educar – parábolas”, de Antonio Pérez Esclarin – Editora Paulus)


Aline: Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Fiz trinta anos em 2006. Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Sobre o tempo: meu carrasco, meu algoz

Recebi mensagens lindas de Ano-Novo. Percebi uma certa prevalência de algumas idéias que não são novas, mas que não eram comuns nessas reflexões, que me chamaram a atenção: a idéia de que as coisas não vão mudar com a virada do ano, e principalmente, a idéia de que os responsáveis por tudo em nossas vidas, o bom e o ruim, o que gostamos ou não, somos nós mesmos.

Apesar de ainda sentir como se fosse agosto, e não o antepenúltimo dia de 2007, tenho refletido muito sobre a vida, e aqui dentro também vejo a prevalência de um pensamento: se um gênio aparecesse e eu pudesse escolher uma, e apenas uma coisa para conseguir mudar, seria certamente a minha relação com o tempo.

Recebi mensagens lindas de Ano-Novo. E não mandei nenhuma, muito menos de Natal. Este ano não deu tempo. E isso é aterrorizante.

Em outra categoria, de importância infinitamente menor, mas muito marcante: neste mês apareceu meu primeiro cabelo branco (quer dizer, pelo calibre e tamanho do monstrengo já fazia tempo que ele estava lá, foi apenas quando o viram pela primeira vez e quando ele foi imediatamente assassinado). De lambuja, meu terceiro pentelho branco também veio morar com a família (tá bom, dois eu até achava charmosinhos, mas três ja é catástrofe). E isso é aterrorizante.

Passo a vida correndo, amarrada à lista de pendências intermináveis. Sou uma das pessoas mais organizadas que eu mesma conheço, mas simplesmente não é suficiente. Vivo na última hora, descabelada por cumprir coisas que na maioria das vezes fui eu que escolhi fazer. O tal Senhor Tempo me arrasta pelos cabelos ao longo da vida (que está passando, tic-tac) e se diverte com o meu desespero e com a minha gastrite (bomba-relógio, tic-tac).

Eu sei, eu sempre soube, que como todo o resto na vida essa relação conturbada é responsabilidade minha, o que eu não consigo, e já faz tempo que venho tentando, é descobrir o que é que estou fazendo de errado? Estes dias me peguei com inveja (euzinha, com isso????) das pessoas que parecem administrar muito bem as suas vidas. E isso é aterrorizante. Alguém me disse que talvez eu não esteja priorizando de forma adequada. Ora, por favor, por acaso é uma escolha (ou falta dela) passar meses sem dar notícias para um amigo querido que está longe? Viver com as unhas que poderiam ser capa do filme Jogos Mortais? Sentir o tempo passar e ver que eu estou deixando para trás muito do que amo, do que gosto de fazer, do que me dá prazer, por não conseguir administrar este maldito tempo?

Eu quero ter minha caixa de e-mails limpa, minha agenda de telefones atualizada, quero poder escrever mais sobre tudo e para todos, quero cuidar das minhas plantas, quero cuidar de mim, cozinhar comidinhas saudáveis, ir à academia, ter as unhas lindas, ler, ler muito mais, como antes, sentar na cozinha e tomar café, papeando até cansar com meus amigos, mandar cartas, ouvir música, sair para dançar, terminar projetos com antecedência, não me atrasar para compromissos (ou para dar uma carona), brincar com os meus piás, poder ficar um dia inteiro empernada de amorzinho, tudo isso sem me sentir culpada, sem sentir como se eu estivesse (e geralmente estou) deixando de fazer algo importante para isso. Eu quero mandar cartões de Feliz Ano-Novo, e ainda pelo correio, mas, principalmente, quero que todos que eu amo saibam o que acontece comigo e que eu saiba como eles estão, como se sentem e o que comeram ontem.



Gisele Lins deseja um 2008 lindo para todos. Para si mesma deseja que aprenda a lidar com o tempo, para que no ano que vem, todos saibam de seus desejos. Ela escreve aqui (sempre na última hora) aos sábados.

Lista

Sei que esse assunto já deve estar batido por aqui, mas acreditem... para mim é necessário fazer listas. Sou tipo viciada, sabe? Quem já assistiu ao filme “Alta Fidelidade” deve saber do que estou falando. Esse ano foi um ano peculiar, onde tive a sensação de não estar no comando. Não consegui concretizar praticamente nada do que me tinha proposto a fazer. E isso me deixa um tanto frustrada. Portanto, para o ano que vem vindo resolvi fazer uma lista bem enxuta e possível de coisas que pretendo concretizar em 2008. Aí vai!

- tirar carteira

- aprender inglês

- emagrecer

- fotografar diariamente

- ler muito mais


Mariana acha que esse ano foi um dos mais estranhos da vida e acredita que só nós mesmos somos capazes de promover a transformação da melhoria. Não acredita em ‘mandingas’ de ano novo, mas sempre faz listas, pra quase tudo na vida... e pretende escrever mais aqui ano que vem também.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Uma reflexão sobre "gente"

Gente inflamada
Sabe, eu realmente acredito que o mundo seria um lugar bem melhor para se viver se todo mundo parasse de achar que há alguma vantagem em NÃO LEVAR DESAFORO PARA CASA. Equilíbrio é a palavra chave entre ser uma pessoa passiva e uma pessoa barraqueira. Acredito que os extremos são sempre prejudiciais e perigosos.

Gente engraçada demais
Sabe gente que faz piada de tudo? Adoro! O que eu não suporto é gente que ri das próprias piadas e diz "nossa, eu sou muito engraçado!", mesmo quando o resto do mundo está pedindo por uma intervenção divina do tipo: "deus, mata-me agora e poupa-me deste martírio!". Não há Jó que me ensine a ter paciência nestes casos.

Gente culta panfleteira
É lindo ser culto. O que não dá pra entender é gente que não perde uma oportunidade de falar sobre toda a cultura que existe dentro de si mesmo, de preferência perto de pessoas que não tem idéia de quem sejam Kafka, Bach ou Hemingway.

Gente auto-depreciativa
Sabe aquela gente pra quem nada está bom o suficiente? Gente que tem uma irmã mais inteligente, uma vizinha mais bonita, uma prima mais culta? Também não aguento. É quase o mesmo caso de quando alguém diz: "nossa, que blusa linda!" e outro alguém responde de pronto: "sério? mas é tão velha!". Pra que depreciar a beleza de alguma coisa só porque é velha?

Gente que se atrasa Pode até ser exagero, mas para mim deixar alguém esperando é o mesmo que dizer: "Meu, nem ligo pra você! Você tinha alguma coisa mais importante pra fazer do que esperar? DU-VI-DO!". O cúmulo da falta de respeito, consideração e educação.

Milena encerra 2007 pensando no tipo de gente que ela NÃO quer ser e com quem NÃO quer conviver em 2008. E você? O que não quer de jeito nenhum neste ano que se inicia em breve?

2007

Todo ano é a mesma coisa, por mais que o ano tenha sido legal, eu sempre de bom grado dou Adeus, Ano Velho, Feliz Ano Novo. Mas este ano vai ser diferente. 2007 foi um ano delicioso. Com algumas dificuldades, alguns problemas, mas delicioso. A parte difícil foi ficar longe dos meus amigos e da minha família, além de ver terminar um relacionamento que eu pensava que era pra sempre.

Mas o lado bom foi muito, muito mais significativo. Com essa minha viagem pra Portugal, eu me redescobri profissionalmente. Retomei o gosto pela minha área. Conheci mais pessoas que trabalham nisso, acreditam e deram certo. Tive mais certeza do que nunca que quero mesmo estar o resto da vida dentro de uma sala de aula. Me questionei mais, me frustrei achando que poderia estar mais preparada, analisei meu preparo e vi que não estou tão mal assim (embora melhorar nunca seja demais), e acho que amadureci bastante profissionalmente, pelo menos no sentido de me enxergar melhor como a profissional que quero ser.
Conheci muita gente nova, fiz amigos portugueses que vão estar pra sempre no meu coração. Muitos deles talvez não tenham tido idéia de como uma atitude normal, do dia a dia deles, pode ter me ajudado. Tentei absorver o máximo da cultura deles, aprendi a amar o sotaque, as músicas, tudo. Entendi mais sobre minha própria herança cultural vendo o dia a dia deles. Me apaixonei mais do que nunca pela minha língua, vendo como ela é no seu berço.

Tive este ano a possibilidade de viajar bastante, conhecer muitos lugares legais, rever muita gente (inclusive minha família leta)... Matei tanta saudade que nem sei como vivi tanto tempo sem abraçar essas pessoas. Conheci as vidas novas de amigos que moram longe, vi as pessoas constituindo família, vi todo mundo amadurecendo e se tornando pessoas melhores com o passar do tempo.


Assim, acho que 2007 foi um ano muito, muito bom mesmo. As delícias que o ano trouxe foram bem maiores do que as pedras do caminho. Assim, se eu pudesse pedir alguma coisa, seria pro restinho do ano passar bem devagarzinho, pra eu poder me deliciar ao máximo com os últimos segundos deste ano que foi maravilhoso. E depois que ele passar, que venha 2008, quando eu vou voltar pro meu habitat natural e retomar minha vida, não do ponto que parei, mas de um ponto bem mais adiantado do que eu poderia desejar.


Sisa adorou 2007, e espera que 2008 seja muito, muito melhor pra todo mundo.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Fazendo a nossa parte

Independentemente do que as pessoas fazem com a gente, ou como as pessoas agem com a gente, devemos sempre fazer o que manda o nosso coração. É importante fazer sempre a nossa parte, pois ela pode ser o diferencial, ela pode ser o primeiro passo para uma reconciliação, para um perdão, para uma reaproximação.

Às vezes também nos sentimos inibidas, ou receosas em fazer a nossa parte. Às vezes o nosso orgulho mesmo nos impede de fazer o que gostaríamos. É nessas horas que devemos ficar mais atentas ainda. Como diz um tio meu:” A vida é um sopro”. E é mesmo!!!

Apesar de não ser seguidora de nenhuma religião em específico, acredito que há uma mensagem comum a todas elas: “Não faça com o outro, aquilo que não gostaria que fizessem com você”. E eu acho que é por aí mesmo!

Mas fazer a nossa parte, é fazê-la sem esperar nada em troca. Uma tarefa difícil, com certeza, mas sem dúvida gratificante!


Fabiana tenta fazer a parte dela, mas nem sempre consegue... Deixa como promessa de ano novo, ser menos orgulhosa...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Professor-Objeto

A profissão de professor deveria mesmo mudar seu nome para “sofressor”. Afinal, a cada dia os professores são menos valorizados, menos respeitados, mais ameaçados... Isso sem falar no salário, que é melhor não comentar mesmo, pois é triste uma nação que não respeita os mestres, aqueles que instruem os futuros médicos, arquitetos, dentistas, engenheiros, políticos, artistas!

E a cena consegue ficar pior. Imagine cada professor, saindo da escola, depois de um dia árduo de trabalho, indo encontrar seus amigos num bar, relaxar, descontrair com conversar amenas... Aí chega um “mui amigo”, e pergunta para um professor de Português como mesmo se escreve determinada palavra, ou como se conjuga tal verbo, na segunda pessoa do plural do pretérito mais-que-perfeito. Ou então a pergunta é para o professor de História, sobre o nome de algum herói de guerra, ou sobre a data de determinada Revolução, ou sobre a data de um evento lá da Antigüidade Clássica, como se ele fosse uma enciclopédia. Os de Geografia também sofrem. Afinal, é muito importante numa conversa informal saber qual a capital de um país minúsculo da Eurásia, ou sobre o clima no Leste Europeu na primavera, ou sobre aquele país da África que foi colônia inglesa (como se fosse só um!). Aí, ao fim daquele encontro no bar, chega a conta. É a vez da caça ser o professor de Matemática. Ele é obrigado a somar, de cabeça, cada copo de chopp, os salgadinhos, os petiscos, os cafezinhos, incluindo as gotas de adoçante! E ainda tem que dividir por cada um dos presentes. Isso para conferir a conta e rachar. Rachar a cabeça do pobre professor, que foi se divertir, lembra?!


Pode piorar? Claro que pode. Ainda tem o professor de Ciências para depois da conta. Vem aquela conversa horrorosa sobre doenças cardíacas para quem come muita gordura, os riscos do alcoolismo, e como ele se desenvolve sem que o indivíduo perceba; o número de calorias da cerveja, o risco de câncer no pulmão para os fumantes passivos à mesa. E tudo isso o professor de Ciências tem que dar notícia. É dose; de calmante para o professor, é lógico!


Pois é, ninguém respeita professor mesmo! O de Português é dicionário, o de História é calendário, o de Geografia é mapa, o de Matemática, calculadora; e o de Ciências, além de tabela calórica, vira bula de remédio! E eu só não pergunto em que mundo estamos para não correr o risco de quem ler este texto ir atormentar o professor de Geografia com essa questão!!!!

Tania quer ser professora quando crescer. Mas ela não quer crescer. Enquanto isso, defende seus companheiros para que os mesmo não se tornem professores-objetos!

Vida

Aprendi não sei bem como nem quando que a vida é uma escola implacável. Se você cuidar dela, ela o guiará por bons caminhos e lhe dará suporte para superar os obstáculos. Mas se você a desprezar... Algo mais ou menos como diz o ditado “você colhe aquilo que planta”.

Eu posso tentar me enganar e, muitas vezes, conseguir até olhar no espelho e encarar apenas o desejável. Se eu quiser, posso enganar outras pessoas. Eu ainda posso tentar viver uma eterna fantasia, mas não conseguirei. A vida não me permite enganar tanto e, mais hora menos hora, me confrontará com a realidade nua e crua. Então tenho duas opções: aprender por bem ou por mal a cuidar do que tenho, como preferir... Porque sei que a vida sempre alcança seu objetivo: ensinar seu detentor a lhe dar valor.

Sabe qual o maior bem que a pessoa tem? Para mim, não é liberdade, saúde ou amor (embora todos sejam grandes dádivas); é a vida. Sem ela nada vale a pena ou faz sentido. Ela pode ser bem ou mal vivida, leve ou repleta de fardos, colorida ou preta e branca, uma sinfonia ou um silêncio absoluto. Vai depender de quem está no comando.

Eu vejo pessoas completamente irresponsáveis com suas vidas, sem se preocupar nem com o hoje nem com o amanhã; sem pensar em curtir o momento ou em planejar o futuro; sem cultivar as plantinhas do amor e da amizade (a forma mais plena de amor), extremamente sensíveis e delicadas, no entanto, se bem cuidadas, as únicas capazes de resistir às tormentas, aos percalços, às peças que a vida nos prega.

Com tudo que já vi e que já vivi até hoje, procurei sempre aprender e muito, graças ao bom senso de minha mãe, que nunca me permitiu viver em uma bolha. Se sou forte? Acho que não, apenas consigo digerir surpresas ruins (e boas) com alguma facilidade. Mas certos acontecimentos continuam me surpreendendo... Um filho que trata sua mãe como uma estranha, como mais uma na multidão; uma mãe cujo filho sofre um grave acidente (sobrevive ileso) e só se preocupa que ninguém saiba que ele tinha bebido demais antes de dirigir (pares de mãe e filho diferentes, mas reais); um pai que simplesmente apaga de sua vida a existência dos filhos e dos netos.

É claro que existem as boas surpresas, aquelas que equilibram e responsáveis pela leveza do caminho a ser trilhado. Uma amizade descoberta quando menos se espera; um telefonema de alguém distante, para dizer que a amizade verdadeira transcende ao tempo e ao espaço; palavras escritas de coração, com sentimento, mesmo que por alguém que não as domine tanto; um sorriso que conforta e que diz que tudo vai passar, mesmo que no final não acabe tão bem assim; outra vida, gerada com amor e respeito, que vem para modificar e melhorar as pessoas.

Assim é viver, a maior incógnita que cada um carrega, uma grande caixinha de surpresas. Sendo assim, eu não tento entender ou dominar minha vida completamente. Apenas a respeito e cuido dela, procurando vivê-la da melhor forma e tentando entender cada sinal que ela me dá: se estou no caminho certo ou se pisei na bola. Sem fazer dela um fardo, apenas saboreando este presente, o único que me permite navegar por mares desconhecidos e retornar ao meu porto seguro.

Que 2008 seja um ano cheio de vida para todos!


Na véspera de seu 28º aniversário, Paula quis fazer um balanço, mas achou melhor render homenagem a um grande presente que recebeu: a vida!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

O que importa é que eu sei

Tem umas coisas que a gente ouve por aí que Deus me livre... Andei ouvindo umas nestes últimos dias que me levaram à reflexão. Quando a bobagem é grande demais eu costumo mesmo deixar entrar num ouvido e sair no outro, porque simplesmente a discussão não vale a pena. Ouvi “você é muito teórica” de uma pessoa que sempre me aconselhou a aprofundar os estudos de dogmática porque sem teoria não existe prática. Mas, enfim. As palavras que me chocaram não têm nada a ver com meus estudos ou minha carreira.

Eu já tinha ouvido que eu deveria cuidar mais de mim e me preocupar menos com minha família, mas achei que a pessoa estava falando da boca pra fora. Afinal, que espécie de gente é esta que não se preocupa com a família? Só que esta mesma pessoa chegou pra mim outro dia e perguntou da minha avó. Respondi que ela não estava muito legal, que começava a ter falhas de memória e que eu (confesso) estava com medo de ir lá e ela não me reconhecer, mas que ia assim mesmo, com o coração na mão. “Por isso que quando pai estava morrendo eu não ia visitá-lo. Ele não me reconhecia mesmo.” Não contive minhas palavras. Vomitei que não me importava que minha avó não se lembrasse de mim, porque eu sabia muito bem quem ela era e o que significava na minha vida. E que o pai dele podia até não se recordar dele, mas que ele sabia quem o pai dele era e que não estar presente nestes momentos era mais que covardia, era egoísmo puro.

A pessoa ficou com cara de asterix e soltou um “isso é verdade...” Desta vez eu me contive. Mas a língua coçou de vontade de dizer “pois é, mas você, no seu mundinho, nunca parou pra pensar nisso, nunca parou pra pensar que sua presença em um único momento de lucidez poderia fazer seu pai mais feliz antes de morrer. Só que agora é tarde, então continue aí não se preocupando com sua família e vá visitar seu pai no Dia de Finados no cemitério, se te consola. E lembre-se disso quando seus filhos não estiverem mais junto de você.”

Sinceramente? Não acredito que estou errada. Não ganhei nada em atormentar a consciência de uma pessoa de mais de setenta anos, mas quando vi, já tinha falado. E aí eu entendi muitas coisas que aconteciam na vida daquela pessoa e ela às vezes, em tom resignado, me contava entristecida. Entendi alguns olhares diante de atitudes minhas, pra mim muito naturais, que me diziam: queria que meus filhos agissem assim. Como aconteceu no ano passado quando, descaradamente, eu extorqui vários familiares e amigos pra juntar dinheiro suficiente pra comprar material escolar pra vinte crianças que haviam feito este pedido ao Papai Noel dos Correios. “É, Laeticia, você é uma pessoa boa...” “Sou não. Não sou nem melhor, nem pior que ninguém. Mas acho que uma criança de menos de dez anos que pede material escolar de presente pro Papai Noel merece ganhar este material escolar. E como este ano eu estou mais folgada, decidi fazer este papel. Só que tomei ar e acabei pegando mais cartas que meu bolso agüenta. Por isso eu estou aqui agora te chantageando emocionalmente! Libera pelo menos uma onça aí, vai!”

Bem, mas voltando às vacas magras (e depois de ter feito um merchandising básico pro Papai Noel dos Correios, que tem no Brasil todo, todo ano, basta acessar http://www.correios.gov.br/ pra obter informações), minha verborréia foi além: “há um filme argentino que fala justamente disso: do abandono de quem amamos por nós mesmos. Assista O Filho da Noiva, você vai entender melhor o que estou tentando te dizer.”

De volta pra minha casa, veio a reflexão. Eu achava que pessoas mais velhas necessariamente tinham que ter uma compreensão melhor da vida e do que realmente importa. Eu achava que deveria seguir mais a voz da experiência dos mais vividos, e me deixar levar menos pela minha balzaquiana e impulsiva emoção. Eu achava que não sabia nada, que, em relação a todas as pessoas mais velhas que eu, eu seria sempre uma adolescente que achava que sabia tudo, mas que não sabia nada. Pois sim! Cheguei à conclusão que na realidade as coisas nem sempre são como eu pensava que eram ou pelo menos deveriam ser. Não é todo mundo que sabe que o essencial é invisível para os olhos, inaudível pelos ouvidos e incompreensível pela razão. Não importa que minha avó um dia não vá mesmo me reconhecer, que vá me chamar por outro nome. É claro que vou chorar até desidratar quando (e se) isto acontecer, não sou uma pedra de gelo. Mas é que ela me carregou no colo, trocou minha fralda, conhece até o meu cheiro; ela me conhece tão bem por ter estado sempre tão presente na minha vida, que não reconhecer o meu rosto chega a significar muito pouco perto do tanto que ela representa pra mim. Não importa que ela um dia venha a não saber mais quem eu sou; o que importa é que eu sei quem ela é.


Laeticia acha que Natal nem fede, nem cheira; gosta mesmo é de Carnaval, mas fica sempre reflexiva no fim de ano. Leu O Pequeno Príncipe 532 vezes e não é miss pré-fabricada. E por que no fim de ano sempre come demais e se arrepende depois, se recusou a escrever explicitamente influenciada pelo “espírito natalino”.

Tudo de Bom

É Natal! A data mais badalada do ano. Eu gosto, família reunida, alegria, comilança... Pouca gente se remete ao significado religioso do Natal, é o retrato do mundo consumista em que vivemos. Esse texto não é para relembrar o que todos já sabem, Jesus e consumismo estão na cabeça de todos nós nessa época. Vou escrever sobre mim, minha vida e tudo de bom que já vivi até aqui. Como último texto do ano, resolvi publicar meu balancete de felicidade nesses 33 anos.

Sou feliz por gostar de ler, embora pense que deveria ler mais ainda. Aprendi a gostar de ler com meu pai que lia a maior parte do dia e sabia muita coisa do mundo embora tivesse pouco estudo.

Sou feliz por ser exigente comigo mesma. Assim consigo me superar, superar alguma preguiça ocasional e crescer.

Sou emotiva e gosto disso. Aprendo, a cada dia, a lidar com minha emoção e isso melhora minha vida a olhos vistos. Mas não deixo de chorar quando me dá vontade, me alivia, acho que até me emagrece, rs.

Minha relação com a natureza também evoluiu muito nesses anos. Hoje gosto mais da chuva, de vê-la cair, de correr com ela, de tomá-la no corpo e em grandes goles. E também sou mais contemplativa, atenta aos detalhes fantásticos de tudo o que é natural à minha volta.

Sou feliz por estudar, no segundo curso superior, me considero privilegiada, mesmo não tendo previsto nem planejado isso em nenhum momento. As línguas estrangeiras também me fascinam e dedicar-me-ei a elas assim que terminar a faculdade. O Canto também voltará como estudo e prazer. Acredito que estudarei até o último dos meus dias.

Sou feliz por amar, amar muito. A certeza de passar por essa vida tendo amado alguém com corpo, alma e alegria é maravilhoso.

A felicidade em forma de liberdade é recente. Meu salto de pára-quedas. Um sonho, um desejo, uma grande alegria que se espalhou no céu que me acolheu, que me conquistou e me convidou pra voltar. E eu aceitei.

Jamais me esqueceria da felicidade em postar meus textos neste blog toda terça-feira. Tenho paixão por escrever e me realizo nesse projeto tão bem cuidado e dividido entre nós, mulheres de 30.

Esses são alguns dos meus motivos de felicidade, motivos que me fazem acreditar que minha vida entra na categoria “tudo de bom”. Eu sei que sempre há possibilidade de melhora, e é atrás do melhor que caminho.

Desejo a todas do blog e a você, leitor, um 2008 adorável! Cultivem em vocês e no ambiente em que vivem a paz, a harmonia e o amor. É isso que também farei.


Angélica é feliz por muitos motivos, alguns deles descritos neste texto!
Espera melhorar em muitos aspectos para, qualquer dia desses, elevar sua vida à categoria “tudo de ótimo”. Volto em 2008!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Felicidade

Palavra de todos conhecida,
de compreensão imediata,
mas ausente de explicações,
por mais que tentemos decifrá-la,
ainda assim, sua tradução em palavras é falha.

Substantiva,
subjetiva,
inteligível,
pessoal e universal.

Desejo muitas vezes inatingível e, outras tão próxima de nós.
Vêm como o dia e se vai como a noite.
Doce e amarga, alegre e triste.

Quando conosco deve ser apreciada,
mas não a ponto de sufocá-la,
pois esta não pode ser presa, nem mantida à força,
mas ao contrário,
deve ser livre e espontânea,
para que a partida seja suave e sua volta gloriosa.


Silvia acordou hoje mais feliz.

Mulheres Guerreiras

As mulheres que participaram de movimentos políticos e revoluções, não concordando com a repressão, guerreando, lutando contra as injustiças e por causas sociais, entraram para a história pelo espírito de liderança e perseverança, porém, todas foram severamente punidas. Muitas mulheres no Mundo todo foram presas, martirizadas, e na maioria das vezes, pagaram pelos atos de bravura e coragem, com a própria vida.

Em 1231, surge o Tribunal da Inquisição e, em 1431 Joana d’Arc, francesa, é condenada a morrer queimada aos 19 anos de idade, acusada de heresia pelo Tribunal Eclesiástico após liderar as tropas francesas na “Guerra dos Cem Anos”.

Já por volta de 1780, a mulher também começou a sofrer prisões e represálias, caracterizando crime sua participação em manifestações Revolucionárias, muitas foram as grandes mulheres que participaram das reformas e revoluções na Europa e nas Américas nesse período.

Olympe de Gouges, foi julgada, condenada á morte e guilhotinada em 03 de março de 1793, por “ter querido ser um homem de estado e ter se esquecido as virtudes próprias do seu sexo”. Seu crime maior foi caracterizado pela não aceitação de viver em estado de dependência, não se sujeitando ser objeto de subordinação e submissão.

Já por volta do ano de 1839, era decretado que a mulher acusada de adultério, também seria considerada prostituta e ser prostituta, era definitivamente ser uma “criminosa nata!”.

No século 18, Ana Campista, acusada de adultério foi enviada para o Recolhimento de Nossa Senhora do Bom Parto (no Rio de Janeiro), fundado originalmente para abrigar prostitutas em busca de recuperação espiritual, e que passou a servir de abrigo para mulheres abandonadas por seus maridos. Não se conformando com esta situação, Ana provocou um incêndio e fugiu.

Por volta de 1900, com a prosperidade oriunda do café, que promoveu a intensificação do comércio e a abertura de indústrias, muitas mulheres passaram a deixar o campo e a dedicar-se ao serviço urbano. Mas o recato tinha que ser preservado, independente da classe social. A opressão capitalista, chega a atingir a mulher inteligente que mesmo martirizada, vai se tornando cada vez mais atuante e revolucionária.

Nise da Silveira nasceu em 1906, em Maceió. Foi a única mulher, entre os 156 alunos da Faculdade de Medicina da Bahia, e graduou em 1926. Começou, em 1933, sua carreira em psiquiatria no hospital que na época era popularmente chamado de hospício da Praia Vermelha (hoje Hospital Pinel). Morava num quarto do hospital; uma enfermeira, ao fazer a limpeza do quarto, achou livros socialistas na sua estante, e durante o Levante Comunista de 1935, em plena ditadura Vargas, denunciou-a. Nise foi presa; ficou na Casa de Detenção durante um ano e 4 meses e lá conheceu Olga Benário.

Olga Benário entrou para a militância comunista aos 15 anos de idade e logo iniciou espionagem militar pelo Exército Vermelho. Em 1934, foi designada para assegurar a chegada de Luiz Carlos Prestes no Brasil, onde lideraria a Intentona Comunista de 1935. Presa, foi levada para a prisão em Gestapo em 1936, morrendo numa câmara de gás na Alemanha nazista em 1942.

Todas nós mulheres somos exemplos de pura luta… É nesse espírito que somos convidadas a seguir em frente e fazer um 2008 diferente...

(* Adaptado de http://www.revistazap.hpgvip.ig.com.br/mulheres_guerreiras.htm)


Marília, que sempre desejou ter nascido “menino”, vem descobrindo pouco a pouco como enfrentar este mundo machista… Espero que tenha feito uma boa estréia…

domingo, 23 de dezembro de 2007

Mamãe Noel

Sabe por que Papai Noel não existe? Porque é homem. Dá para acreditar que um homem vai se preocupar em escolher o presente de cada pessoa da família, ele que nem compra as próprias meias? Que vai carregar nas costas um saco pesadíssimo, ele que reclama até para colocar o lixo no corredor? Que toparia usar vermelho dos pés à cabeça, ele que só abandonou o marrom depois que conheceu o azul-marinho? Que andaria num trenó puxado por renas, sem ar-condicionado, direção hidráulica e air-bag? Que pagaria o mico de descer por uma chaminé para receber em troca o sorriso das criancinhas? Ele não faria isso nem pelo sorriso da Luana Piovani! Mamãe Noel, sim, existe.

Quem é a melhor amiga do Molocoton, quem sabe a diferença entre a Mulan e a Esmeralda, quem conhece o nome de todas as Chiquititas, quem merecia ser sócia-majoritária da Superfestas? Não é o bom velhinho.

Quem coloca guirlandas nas portas, velas perfumadas nos castiçais, arranjos e flores vermelhas pela casa? Quem monta a árvore de Natal, harmonizando bolas, anjos, fitas e luzinhas, e deixando tudo combinando com o sofá e os tapetes? E quem desmonta essa parafernália toda no dia 6 de janeiro?

Papai Noel ainda está de ressaca no Dia de Reis. Quem enche a geladeira de cerveja, coca-cola e champanhe? Quem providencia o peru, o arroz à grega, o sarrabulho, as castanhas, o musse de atum, as lentilhas, os guardanapinhos decorados, os cálices lavadinhos, a toalha bem passada e ainda lembra de deixar algum disco meloso à mão?

Quem lembra de dar uma lembrancinha para o zelador, o porteiro, o carteiro, o entregador de jornal, o cabeleireiro, a diarista? Quem compra o presente do amigo-secreto do escritório do Papai Noel? Deveria ser o próprio, tão magnânimo, mas ele não tem tempo para essas coisas. Anda muito requisitado como garoto-propaganda.

Enquanto Papai Noel distribui beijos e pirulitos, bem acomodado em seu trono no shopping, quem entra em todas as lojas, pesquisa todos os preços, carrega sacolas, confere listas, lembra da sogra, do sogro, dos cunhados, dos irmãos, entra no cheque especial, deixa o carro no sol e chega em casa sofrendo porque comprou os mesmos presentes do ano passado?

Por trás do protagonista desse megaevento chamado Natal existe alguém em quem todos deveriam acreditar mais.

(autora: Martha Medeiros)

O tempo

Sempre que chega essa época do ano o que mais ouço das pessoas são frases como: “Nossa, o ano já está acabando!” ou “Como o tempo está passando mais rápido” ou ainda “Já estamos em dezembro, o ano voou”. E quase sempre essas frases vêm acompanhadas de uma certa frustração, como se fosse melhor tudo acontecer mais devagar.

Não penso assim. Na verdade o tempo é meu grande aliado. Quando olho para trás e vejo algumas fases difíceis por que passei e depois como foi tudo superado, penso no meu amigo tempo, que passou e fez a poeira baixar. Ajudou o raciocino ficar mais claro. Fez-me enxergar a saída. Geralmente é assim: dê tempo ao tempo e os problemas são resolvidos, nada como um dia após o outro.

Claro que também existem os bons momentos, que o tempo, implacável, também levou. Mas as memórias ficam para desfrutarmos quando bem quisermos. Além disso, depois que a gente vive e aprende, a gente pode tentar repetir a fórmula, repetir a dose.

Gosto muito de perceber que à medida que o tempo passa, as coisas mudam, as pessoas evoluem e a essência, aquilo que realmente nos desperta as melhores (ou piores) emoções, permanecem.


Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Fiz trinta anos em 2006. Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Uma historinha

Era uma vez uma menina anelada, magrinha, de pernas finas.
(Essa menina adorava ler!)
Era uma vez um menino lisinho, também magrinho, de pernas não tão finas.
(Esse menino adorava tocar guitarra!)
Eles viviam na mesma cidade.
Estudavam na mesma escola.
Passavam na mesma rua.
Mas nunca se encontravam.
Um dia ele olhou para ela, mas ela não olhou para ele.
Um dia ela olhou para ele, mas ele não olhou para ela.
Até que um dia eles resolveram olhar bem fundo um nos olhos do outro.
O que procuravam, enfim encontraram.
(E não mais se desgrudaram!)
O tempo passssssssooooooooouuuuuuuuuuuuu....
E eles CRESCERAM!
Agora ela conta historinhas e ele desenha casinhas.
E continuam, eles dois, olhando nos olhos, agora manso lago azul...


Para Maria Fernanda, em seu 1º aniversário.


Vanessa já escreveu aos sábados, às sextas, agora é esporádica, mas diz que vai estar sempre por aqui!
Ela é mãe da Maria Fernanda, que em 21 de dezembro, comemora um aninho!
“E pra Paspatinha, nada? TUDO!!! Então, como é que é?!”

Diário de bordo

Então é Natal, fim de ano de novo, um ciclo se completa mais uma vez…

Será mesmo?

Apesar de adorar a função de comprar e dar presentes, da comilança especial, e da família reunida, eu detesto a imposição de que este é o fim de um ciclo, de que temos que repensar a vida, fazer o balanço do ano, exalar hipocrisia e tal. Todo o dia é dia pra se colocar na balança e repensar a vida, pra rever as escolhas e querer recomeçar, fazer diferente.

Então, de certa forma eu me nego a falar sobre isso hoje e, ao invés, prefiro fazer um pequeno diário de bordo, com impressões, frases e idéias estranhas, que me ocorrem ao voltar para Londres apos oito anos. Digo “de certa forma” porque vai acabar soando como um balanço, um ciclo que se fecha. De fato o é, não pelo natal e bla bla bla, mas sim pela história da minha própria vida.

Impressões 1: O pseudo-inglês. Van Campinas-Guarulhos. Conheço o cara. Conversa trivial. Descubro que mora em Londres e trabalha no mesmo bairro que mora meu irmão, para onde vou. É um Sênior vice-presidente de uma empresa de I.T. (information technology) e define seu emprego como sendo bom (deixa claro que bom é seu emprego, não a empresa em que trabalha). Divorciado, filhos pré-adolescentes, simpático sem segundas intenções. Fala da decepção de não poder ser turista nos lugares maravilhosos que conhece. Fala demais do que tem. Fico em dúvida se é necessidade de impressionar ou se tudo é tão comum para ele que não percebe o valor que transmite as coisas e situações quando fala delas. Oferece-me seu cartão. Sobrenome estranho, sotaque estranho, origem indeterminada. Oferece sua casa recém-construída na Grécia para eu levar minha família. Convida-me para uma cerveja em Londres. A conversa termina sem fim. Eu lendo e ele escutando música. Despedida educada no aeroporto (ele segue de primeira classe pela companhia aérea inglesa) e reforço do convite para uma cerveja. Coincidências e pessoas estranhas (como eu) neste mundo.

Impressões 2: A excursão: todos uniformizados. Camisetas branco e rosa muito coloridas e chamativas. O grupo me rodeia e ocupa todos os lugares de uma fileira de bancos na qual eu antes estava sozinha, lendo. Como me sinto? Sofro a vingança de todos os mosquitinhos que tranqüilamente passearam pela cuba da pia do meu banheiro e que, sem motivo algum, eu tive o prazer inexplicável de abrir a torneira e vê-los descendo no turbilhão da água. Ah, sim, agora sei o barulho e o susto, vou lembrar da próxima vez. Fato estranho: pelo menos outras três excursões desfilam com a mesma camiseta, a pequena solta a campeã da noite estressante no aeroporto: “mãe, se a gente tá com a camiseta pra não se perder, como vamos saber que não estamos justamente nos perdendo e indo junto com o grupo errado?

Impressões 3: Da estranheza. A estranheza que causa uma pessoa escrevendo a caneta, em um caderno espiral, no saguão de um aeroporto (ou em qualquer outro lugar) nos dias de hoje. Se eu não fosse eu, juro que até sentiria vergonha, veja o absurdo, mas o prazer da diferença supera disparado este quase-sentimento.


Gisele Lins esta feliz de férias, com a família reunida, gritaria e bagunça pela casa. Surpreendida com o tanto que Londres foi capaz de mudar em oito anos e o tanto que ela própria mudou tão pouco, prefere congelar a cabeça e o coração com o frio que faz lá fora. Escreve aqui aos sábados e espera muito ver a neve desta vez.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Férias!!!

Bom, o texto de hoje não é exatamente meu, mas como fui eu que guardei, acho que tenho uma boa dose de posse sobre o dito cujo. Ele se trata de um email em que eu e Gisele, certa feita, conversávamos sobre nossas férias.

E eis que aqui estamos nós.

Ela já de férias, bem longe, fazendo uma falta danada por essas bandas, e eu aqui, a poucas horas do momento tão esperado.

Sim, hoje é meu último dia de trabalho em 2007.

Não posso dizer em palavras o quanto esperei por isso. Mas erro maior seria ignorar a pontinha de medo que toma conta de mim agora.

Depois que saí da faculdade – em julho de 2004 e onde as férias não eram longas - só tive 2 momentos em que não trabalhei. Estes momentos foram nas minhas mudanças de cidade. Quem já se mudou há de concordar comigo que não são os momentos mais relaxantes do mundo, certo?

Pois bem, o meu medo é justamente saber quanto tempo eu agüentarei antes de ficar insana, exatamente do jeitinho que a Gi descreveu brilhantemente no trecho abaixo.


(...) O único problema é que, se eu continuar assim, daqui a um ano, depois de três dias de férias eu vou estar roendo as paredes, desesperada por não ter nada que fazer. Ou vou começar a organizar as crianças da praia em times para cuidar dos menores, times para deixar a praia limpa, times para brincar com velhinhos solitários e times para fazer a hora do conto para os pequenos. E com as mães, eu vou fazer mutirões com horários agendados na semana para uma ou duas prepararem o lanche para as 28 crianças da rua inteira, para uma ou duas organizarem a festa dos aniversariantes da semana, e para uma ou duas contratarem os go-go-boys para o clube da quarta-feira. E com os pais, eu agendo escalas para buscar as adolescentes na balada até as duas da manhã (porque onde se viu voltar depois disso?) e escalas para ensinar os filhos adolescentes a dirigir, com aulas teóricas em grupo na beira da praia e aulas demonstrativas individuais com hora marcada. E com as avós, vou organizar o bingo de integração da melhor idade, em prol do conserto do poste de luz da esquina, que a porcaria da prefeitura não está nem aí. E com os pequenos vai ter o concurso do melhor castelo de areia que copie uma casa da praia, e a campanha “remela não”, para ensinar hábitos de higiene pessoal.

Aí eu volto bem tranqüila e descansada depois.


Eu, particularmente, tenho medo. Mas conto depois para vocês se o medo era infundado ou se tinha razão de ser.


Milena roubou um texto de uma amiga na cara larga, mas só porque é hilário e descreve perfeitamente tudo que passa pela sua cabeça agora. Escreve aqui às sextas.

Nós e o Gianecchini

Eu tinha escrito um texto de Natal pra hoje. Li, reli, achei que ficou meio clichê e desanimei. Resolvi publicar mesmo assim quando li uma crônica do Veríssimo falando que época de Natal é difícil de escrever, porque não tem como fugir do tema, mas não tem também como escrever algo muito original.

Aí uma amiga portuguesa, a Cláudia, comentou esta semana que achava engraçado como todas as vezes que nos referimos a um homem bonito no blog falávamos do Gianecchini. Disse que as portuguesas (claro, aliás, não só elas, mas acredito que mulheres de todas as nacionalidades possíveis) acham o Gianecchini lindo, mas que tinham a impressão que nós, brasileiras, conseguíamos achar ainda mais. Aí eu resolvi falar do motivo de nós amarmos o Gianecchini (claro que existem as que não amam, e isto é até bom, afinal toda a unanimidade é burra, já dizia o outro)!

Quando o Gianecchini apareceu pro mundo (naquela novela com a Vera Fischer), duas coisas chamaram atenção de todo mundo. A primeira, claro, era a beleza descomunal. A outra é que, embora ele não fosse exatamente um ator maravilhoso, estava a léguas de distância do desempenho que normalmente se espera de um modelo que resolve se arriscar como ator (lembram do Cigano Igor?). Aí as pessoas ficam sabendo que aquele deus grego era casado com Marília Gabriela, o que faz dele uma pessoa ainda mais tudo de bom, porque afinal ele se importa mesmo é com conteúdo (vamos combinar que a Marília Gabriela pode até ser feia, mas é inteligente, culta, interessante e mais um monte de coisa boa). Durante os longos anos que foi casado, ele nunca foi visto se engraçando pra cima de outra mulher ou faltando com o respeito com ela, por mais que não faltassem aos seus pés lindas e oferecidas mulheres, além de fotógrafos ansiosos por um furo desse tipo. Gente, é qualidade demais pra um homem só! Lindo, corpo escultural, desapegado de aparências e ainda por cima fiel? Chega a ser injustiça com os outros mortais que habitam este planeta, ainda mais considerando que nas entrevistas que ele concede, ele se mostra um cara super simples, simpático e acessível.

Bom, aí Gianecchini resolveu investir mesmo na carreira de ator, estudando, treinando, trabalhando na TV e teatro até que em uma dessas novelas até os críticos mais ferozes tiveram que ceder: ele, além de tudo, trabalha bem. Aquela novela serviu para aumentar mais ainda a paixão da mulherada por ele, afinal, além dos já citados predicados, agora sabíamos que ele é dedicado, talentoso, e que fica lindo até sujo de graxa (se eu tivesse um mecânico daqueles perto de casa, eu comprava um Fiat 147 da minha idade, caindo aos pedaços). Então foi inevitável que a mulherada soltasse foguetes quando ele finalmente ficou disponível no mercado (quem não sentiu nem uma pontinha de satisfação ou não sonhou com a chance de esbarrar nele por aí que atire a primeira pedra).

Bom, disponível no mercado mas não tão galinha quanto era de se esperar. Até que no começo ele curtiu um pouco (na verdade pegou tanta baranga que todas as mulheres em território nacional deliraram ao saber que sim, qualquer uma de nós mortais poderia ter chance com ele, rs), mas não tanto quanto era de se esperar de um homem lindo, que tem tanta mulher à disposição, tirando o atraso depois de 8 anos de monogamia. Que mulher que não se apaixona? Mas para mim o auge foi quando ele não perdeu a elegância quando uma das pessoas que foi fotografada aos beijos com ele negou (louca) que tivesse tido alguma coisa com ele. Ele simplesmente se absteve de comentar (cá pra nós, se algum dia eu tivesse a mínima chance de pegar o Giane, eu ligaria pra todo e qualquer órgão de imprensa pra dar uma dica de onde que os paparazzi poderiam nos “surpreender”, e torcer pra virar manchete da Folha de São Paulo). Por umas e outras assim que nós amamos o Gianecchini.

Mas sem esquecer que é época de Natal, eu aproveito para desejar a todas um Gianecchini na vida de vocês, que nem precisa ser bonito como o original. Basta que seja alguém que as faça suspirar como tanta mulher suspira por ele. Pra todas menos pra Angel, porque pra essa eu desejo mesmo é o Giane original
, porque ela merece. Ai ai...


Sisa, 28 anos, sabe que beleza não é tudo, mas realmente acha que o Gianecchini tem muitas qualidades além da beleza física. Mas mesmo assim não esquece que acima de tudo ele é um ser humano que como todos vai no banheiro, solta pum e com certeza acorda mal humorado de vez em quando. Espera que as mocinhas que estão lendo tenham tempo pra clicar nos links do texto... Ai ai...



quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O tempo voa!

Você também acha que o Natal está chegando cada vez mais depressa? Que o final de semana passa voando, mal dá tempo para descansar e já é segunda, que o dia teria que ter o dobro de horas para darmos conta de executar todas as tarefas que temos? Se você respondeu sim a todas essas perguntas, você corre o risco de ter a sua ansiedade aumentada ou sofrer da doença da pressa.

Seguem abaixo algumas informações interessantes sobre esse assunto (trechos de uma matéria da folha de SP sobre o tema)

O exagero de ansiedade pode se transformar em transtorno, segundo a psicóloga Maria Alice Pimenta, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). "A noção de tempo tem muito a ver com a questão da memória que você guarda e as expectativas do futuro. Isso é que dá uma noção de tempo. Já passaram tantas coisas e ainda tenho outras a fazer. Quanto mais a gente vai envelhecendo, aumenta essa sensação de que o tempo está veloz. Na verdade, o nosso parâmetro é que a riqueza de informação do passado é maior, por isso a expectativa vai diminuindo", afirma a psicóloga.

Para o psiquiatra Luiz Alberto Hetem, 42, diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), essa percepção acelerada do tempo é um reflexo, não a causa da ansiedade. "Mas isso funciona como um ciclo vicioso. Ao achar que o tempo está indo mais rápido, a pessoa fica ainda mais ansiosa", diz o médico.

"A medicina começou a se preocupar com os quadros ansiosos em 1850. Isso coincide com a taxa de urbanização de cidades da Europa", afirma Kapczinski. De acordo com o psiquiatra, a vida urbana traz componentes como a competitividade exacerbada e uma maneira diferente de lidar com as horas. "A premência do tempo e os 'deadlines' geram um fator adicional do estresse. E a melhora da qualificação das pessoas não tem acompanhado a oferta de emprego, o que gera mais tensão e ansiedade."

Diretora-fundadora do Centro Psicológico de Controle do Estresse e do Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Estresse da PUC-Campinas, a psicóloga Marilda Emmanuel Novaes Lipp afirma que a chamada síndrome da pressa pode atingir cerca de 20% da população da cidade de São Paulo, dos quais 75% podem desenvolver a doença.

"Ter pressa hoje em dia é normal, mas as pessoas que sofrem dessa doença estão muito apressadas mesmo quando não há necessidade", afirma a psicóloga. Segundo ela, os pacientes não admitem "perder tempo" com coisas simples como descansar, ir a uma festa, conversar com amigos e observar a natureza.

A síndrome pode causar problemas cardiovasculares, gástricos e dermatológicos, além de prejudicar profundamente as relações interpessoais.

De acordo com a terapeuta, 75% das pessoas que sofrem um enfarte têm a doença da pressa. "É preciso curtir o 'chegar lá' e não só o produto final. A vida bem sucedida é inacabada", afirma a terapeuta.


Saiba quais são alguns dos indícios da "doença da pressa" - Folha de S.Paulo

- Considerar o "não fazer nada" desperdício de tempo

- Dirigir muitas vezes em velocidade acima do permitido

- Interromper os outros e concluir suas frases

- Ficar impaciente em reuniões quando alguém se afasta do assunto principal

- Não respeitar pessoas que quase sempre se atrasam

- Apressar-se para ser sempre o primeiro da fila, mesmo quando desnecessário

- Ficar impaciente quando o atendimento em loja ou restaurante demora

- Considerar menos capazes aqueles que falam, agem ou decidem mais lentamente

- Orgulhar-se de ter tudo pronto dentro dos prazos

- Incitar filhos, amigos ou parceiros (as) a se apressarem

Fonte: "Se Tiver Pressa, Ande Devagar", de Lothar J. Seiwert (ed. Fundame)


Débora respondeu sim para quase todos os itens acima e ficou muito preocupada, promete para si mesma que 2008 vai ser diferente!



quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

“Stress”

Stress é o meu sobrenome. Sim, para os que me conhecem faz tempo, é difícil acreditar. Exagerada, ansiosa e extremamente emotiva, eu sempre fui. Mas estressada eu achava que não! Juro! Eu curtia a vida com mais leveza, não levava tudo tão a ferro e fogo, pelo menos eu achava que não.

Também não achava quer “ser” noiva era algo estressante. Achava que era gostoso esperar o “momento tão especial”, que era gostoso olhar as coisas e tal. Mas me esqueci que tenho preguiça de ir a lojas, de pesquisar pelo melhor preço de um produto, de contratar algum profissional para um serviço.

E há um ano eu estou na função: liga, agenda um horário, visita e faz orçamento. Liga, agenda, visita e faz outro orçamento. Depois de vários orçamentos, escolhe-se o de melhor custo-benefício. E liga de novo, e agenda horário de novo, e visita e fecha o contrato: facada número um.

E assim meu ano todo foi resumido a uma planilha de Excel com todos os gastos, divididos por mês, para não pesar muito. E fico revoltada com a exploração!!! Não é possível que um cabeleleiro e maquiador possa cobrar o dobro do preço só porque o serviço é pra uma noiva. E a insistência com o dia de noiva? Difícil foi explicar que eu não queria passar o dia inteirinho no salão (pra quem não sabe, eu odeio salão de beleza, por isso faço as minhas unhas há 12 anos e pinto meu cabelo há 5).

Outro dia eu fui contratar música para cerimônia. Já tinha escolhido 95% das músicas. Já era a segunda vez que ia àquele escritório (primeiro era o orçamento, lembra?) Fui com o objetivo de já riscar este item da minha singela lista de afazeres. Não é que o cara faz o infeliz comentário: “Você é o tipo de noiva que vai ter que voltar outro dia só pra escolher as músicas, pois vai gastar uma tarde inteira!” Nossa, meu sangue ferveu, subiu um negócio assim dentro de mim e retruquei na hora: “ Meu senhor, você não está entendendo, eu sou prática demais pra gastar uma tarde inteira. Só falta escolher a música do final!!!” Achei até que tinha exagerado....

Enfim, já estou na reta final dos preparativos e cansada, bem cansada. Já coloquei o dia 20 de dezembro como o dia limite, e aí é só aproveitar Natal e Ano Novo e...

... voltar a ser a Fabiana calminha e feliz de outrora!!!


Fabiana está exausta e até começou a entender porque existe o tal “dia de noiva” ! Uma massagem hoje até que cairia bem... rs



Como eu gosto de Natal!

Se tem uma época do ano que eu gosto muito é o mês de dezembro. As árvores, as luzes, os enfeites, a correria e até a loucura das compras colaboram para que este seja o meu mês favorito. Mas sabe do que mais gosto? Não, não é dos presentes (ei, não sou hipócrita, eu gosto de presentes sim). Eu gosto realmente do espírito, da boa energia que envolve este período.

Embora exista uma agitação exponencialmente crescente com a proximidade das festas de fim de ano, percebo as pessoas mais felizes, mais sorridentes, mais generosas, mais humanas. Elas encontram tempo para se preocupar consigo e com o próximo (ou não tão próximo); para se reunir com os amigos e aproveitar a companhia de cada um deles (um verdadeiro presente da vida); e também para resgatar coisas boas que deixaram para trás.

Acho que este espírito podia permanecer no coração das pessoas nos outros onze meses do ano. É uma pena que hiberne tanto... Eu procuro, desde que descobri a razão de gostar tanto do Natal, manter estes sentimentos ativos, embora nem sempre consiga. Cuido da minha família, que cuida de mim; tenho partilhado mais minha vida com os amigos e me interessado mais pela deles; tento ser mais generosa (palavra complicada esta, envolve uma série de fatores e merece um texto só para ela); e estou tentando ser feliz sem razão, apenas pelo fato de poder estampar um sorriso sincero no rosto.

Mas voltando ao Natal: não poderia deixar de falar da casa da minha mãe! Eu adoro o Natal na casa dela e, mesmo havendo poucas pessoas no nosso Natal, tenho a certeza de que lá estou ao lado das que amo e das que me amam também. E este é o principal motivo para estarmos juntos. Ah sim, existem outros! A casa fica tão enfeitada e ao mesmo tempo harmoniosa que me pergunto se um dia conseguirei fazer a minha assim também. Não tem o tradicional peru, que ninguém gosta, mas a bacalhoada e o doce de abóbora com queijo minas são insuperáveis. Fora a árvore e todos os outros enfeites luminosos e luzes, acesos desde a manhã do dia 24 até a noite do dia 25. Este é, sem dúvida, o melhor Natal do mundo!

Estou contando os dias para sexta-feira chegar e eu ir para lá!

Feliz Natal para todos!


Paula adora as pessoas no mês de dezembro e tudo mais que o envolve. Não consegue reproduzir tudinho no decorrer do ano, mas tem a sorte de conviver com pessoas especiais que fazem de um dia normal dia de festa!



terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Valeu, Roberto Bomtempo!! (*)

Alguém já deve ter se apercebido que ando, novamente, passando por uma fase turbulenta da vida profissional. Foram muitas mudanças em muito pouco tempo. Algumas eu esperava, mas a maioria não. Acreditei em promessas que não se cumpriram, me frustrei, me chateei, cheguei a perder a crença nas pessoas e na minha profissão. Mas já passou. Não vou me deixar contaminar por pessoas ruins. Não vou abandonar um ideal por que a maioria só tem como ideal o próprio umbigo.

Bem, mas então que nestes dias de madame (ando brincando que minha profissão agora é mulher de médico até eu decidir qual caminho exatamente trilharei), aproveitei pra por minhas coisas em ordem e pra pensar no que será, que será. E foi numa dessas que Mariana, uma Promotora de Justiça de Natal que faz pós comigo, me chamou pra almoçar com ela. Ela andava meio sozinha aqui porque a gente tava trabalhando e ela de férias prêmio forçadas, por conta do estudo. Mesmo meio (pra não dizer inteiro) sem grana, eu fui.
Papo vai, papo vem, nós ali no shopping das patricinhas de Savassi Hills, ela e a Luciana (outra Promotora de Justiça, o mundo é das mulheres) estavam me convencendo a fazer concurso pra promotora também, e eu ali pensando em largar a tribuna e subir no tablado, quando entra no restaurante ninguém menos que Roberto Bomtempo. Sei que muitas de vocês podem estar pensando: será que ela surtou de vez e tá até querendo largar o maridão que ela tem? Vamos internar a balzaca! Não, colegas, nada disso. Roberto Bomtempo é um dos maiores atores e diretores de cinema brasileiros. Já assisti a pelo menos dois filmes em que ele atuou brilhantemente – Tolerância e Dois Perdidos Numa Noite Suja – e outro que ele dirigiu, filmado aqui em Belo Horizonte, que é simplesmente emocionante. Depois Daquele Baile, com uma Irene Ravache desbundantemente linda (como sempre) e um Lima Duarte e um Marcos Caruso sensacionais.

Não resisti e mandei um bilhetinho dizendo exatamente isso: que ele atuava sensacionalmente e dirigia emocionantemente. Ganhei um sorriso simpático e um “muito obrigado” de volta; na hora de ir embora, ele ainda me deu um tchauzinho. Amei o cara. Não porque ele seja lindo de morrer, ou por ser sem dúvida uma dos maiores atores da atualidade. Mas por ele ter me lembrado de que alcançar nossos sonhos vale mais que qualquer decepção, apesar das dificuldades.
Fiquei pensando: ele não é um cara lindo, lindo é o Gianecchini. Também não é charmoso igual ao Tuca Andrada, não aparentemente. Mas é certo que há inúmeras pessoas pelas quais nos apaixonamos depois de meia hora de conversa e fiquei com a impressão que ele deve ser desses. Bem, mas é que fiquei matutando: ele não é lindo e ter chegado aonde chegou não deve ter sido fácil. Competir com carinhas globais que se contentam com a novela das oito e a conta bancária recheada (e que depois de Os Três Porquinhos – fui alfabetizada com eles – nunca leram mais nada) não deve ser fácil. Vivemos num mundo que em valemos pelo que aparentamos e não pelo que somos. Lastimável. Mas Roberto Bomtempo, apesar dos papéis pequenos na TV – interpretados magistralmente, sempre – brilha no cinema!! Executa seus projetos com emoção, dá pra sentir da telona!! Seria mais fácil ser o eterno mordomo/motorista/dono do buteco global com a conta mais recheada que a da maioria da população brasileira. Mais fácil do que brigar pra ser protagonista, galã de novela. Mais fácil do que querer fazer cinema, tão pouco valorizado neste país. Mas ele fez. Fez e brilhou.

Se Roberto Bomtempo não se deixou desanimar pelas dificuldades de fazer cinema num país onde o povo ama só novela, onde só o cinema norte americano tem vez nas distribuidoras e nas salas de exibição, porque é que eu vou deixar a tribuna e ir pro tablado?!! Porque o tablado é mais difícil, diriam alguns. Mas não é por isso não. É porque o meu tablado é a tribuna e é lá que é o meu lugar!

(*) é com “M” antes do “t” mesmo. Dizem que nome próprio pode tudo.
Laeticia é uma advogada que já conseguiu se recuperar emocionalmente do último tombo, criou mais cicatrizes, mas vai brigar pra continuar na tribuna. Só que agora vai ser do lado de lá!

Às Compras

Aproveitando o dinheirinho extra do final do ano, resolvi colocar minha vida material em dia. Isso porque não costumo fazer compras, principalmente pra mim. Morro de preguiça. E é preguiça mesmo, não sou mão-de-vaca. Sou é chata. Custo para escolher o que realmente vou comprar. Sou exigente e cheia de pré-requisitos (cores, decotes, design, etc.), enfim sou aquela cliente que os (as) vendedores (as) odeiam. Mas precisava fazer isso, questão de sobrevivência, daí a pouco já seria questionada se não tenho outro jeans pra vestir. Tinha só um mesmo, até poucos dias atrás, rs.

Para correr do movimento de final de ano, cheguei ao shopping antes das lojas abrirem. Exagero? Talvez, pelo menos não tenho de disputar espaço com a multidão que chega após as 18h. Por “sorte” minha parece que o ar condicionado do shopping estava estragado e a cada calça que eu experimentava, suava muito, era um desespero. Mas a chatice era maior e nada de escolher um jeans... Até que achei um simpatiquinho, com um preço nada simpático (R$173,00). Ele tinha umas pedrinhas coladas, algumas já descoladas, então pensei “vou dar um pulinho naquela loja careira pra dar uma olhadinha”. Me dei bem. A loja careira é a Levis, na qual eu nunca tinha entrado de medo de ser “assaltada”. Diferente do que eu imaginava, encontrei o que eu queria: uma calça básica, confortável, de boa qualidade e mais barata do que a anterior. Lógico que vou precisar ajustar, afinal uma criatura anormal como eu (com cintura de menos para bunda demais) sempre tem de ajustar calças.

Naturalmente não comprei só o jeans, trouxe mais algumas pecinhas, pouca coisa, sou comedida. E para esse pouquinho de compras fiquei dentro do shopping durante 4 horas. Ainda bem que estava sozinha. Ninguém agüenta isso, só eu. E, como imaginei, não conseguirei colocar minha vida material em dia. O dinheiro está quase no fim e ainda tem amigo oculto, contas fixas, uma guloseima aqui, outra ali... Talvez daqui a um ano, quem sabe, rs.


Angélica viveu um dia atípico, de compras. E é nesses momentos que tem preguiça de si mesma, pois sua chatice e exigência a fazem perder muito tempo na etapa ESCOLHA. Mas, enfim, não abre mão de ser chata. Até a próxima terça, Natal!



segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Myrtes – a gata

Anastácia ainda morava com sua família, pai, mãe, avó, irmão e a gata Myrtes. A gata malhada havia sido encontrada na rua, abandonada por alguém desalmado e invejoso, que, provavelmente, não conseguia conviver com animais independentes, como era hábito em sua terra, mas que por sua vez devia adorar passarinho em gaiola. Bom, mas isso realmente não importa.

Myrtes já estava na família a alguns oito anos, já engordará, já tinha adoecido e quase ido pro beleléu e levado toda a família junto de desgosto e tristeza, mas não, agüentou a doença e os tratamentos e melhorou. O pai de Anastácia sempre tinha gostado desses bichanos e de outros animais também, na casa de Anastácia já haviam passado coelhos, galinhas, cachorros, cágados, hamsters, e outros pequeninos que iam e vinham quando queriam como micos e esquilos, mas os gatos, ah, esses eram permanentes.

Fato é, que a Myrtes com seu humor único e às vezes mediúnico, tinha encantado a todos. Como é sabido o dono de qualquer tipo de animal compreende os sinais, os murmúrios, e pequenas peculiaridades que, por vezes, só o dono mesmo é que vê.

Um dia desses, Anastácia e seu irmão, Vladimir, estavam na sala conversando, já tinham tomado algumas cervejas, não estavam tontos, mas estavam, por assim dizer, mais alegres do que o normal, e, desta maneira, riam mais do que o normal. Não me lembro bem qual foi a piada ou o motivo, mas aconteceu de ambos explodirem em gargalhadas intermináveis e sucessivas, quanto mais riam mais cômica e ridícula era a situação, pois nem eles mesmos se lembravam mais por que estavam rindo. De repente sentiram uma energia, para ser mais exata, um par de olhos arregalados em sua direção, analisando-os, avaliando-os, era Myrtes. Estava na sala já há algum tempo e não haviam notado a presença, mas ela estava lá, com aquela cara de quem pensa – como são bobos, riem de qualquer coisa. Se ela realmente pensou isso ou não, não podemos ter certeza, mas Anastácia e Vladimir tiveram a garantia de que efetivamente estavam ridículos e riram disso também.

Gatos - sem eles como conhecê-los?

Nomes no tempo


É impressionante como nossas influências podem ser percebidas ao longo do tempo através de cada mudança no comportamento, na cultura, na moda, na música, nas artes, e até nos nomes. Infelizmente, no caso dos nomes, a atualidade herdou a sofrível herança americana adaptada às nossas circunstâncias sociais.

Se até o século XIX, no caso específico do Brasil, os nomes eram quase sempre de influência portuguesa, como Maria, Manoel, Antônio, Ana, entre outros, após o início da Era do Rádio, no século XX, as pessoas passaram a ser registradas com nomes de influência da América Espanhola, influenciadas pelas novelas cubanas, venezuelanas, etc. Assim, até os anos 60 do século passado, muitas pessoas possuíam nomes duplos, bem característicos daquelas novelas. Eram homens de nome Rodrigo Otávio, Paulo Roberto, Francisco Arnaldo, José Maurício; e mulheres como Maria Dolores, Ana Francisca, Maria Antônia, Paula Cristina. Mesmo meu nome é duplo, ainda resquícios dessa influência. Confesso que preferia que fosse um só nome seguido dos sobrenomes. Para mim, isso sim é nome próprio. Mas deixa pra lá.

De todo jeito, o pior veio depois, com a televisão e os filmes e seriados norte-americanos que invadiram a vida dos brasileiros, principalmente a partir da década de 70. Como as pessoas mais humildes mal sabiam escrever nomes na língua Portuguesa, a coisa ficou terrível. Eram nomes como Uóchinton da Silva, Welerson dos Santos, Dienifer Almeida, Jaqueline Oliveira, Wanderson Lima, entre tantos outros que entraram para nosso folclore!

A popularização dos meios de comunicação de massa, como a televisão, e a intensificação da mídia de massa, deu aos nossos brasileiros Leide Daiane de Carvalho, Bil Clinton Araújo, Jon Lenon Ribeiro, e por aí vai. Hoje quase não temos nomes únicos, comuns, latinos e lindos, como Ana, Maria, Clara, João, Antônio, José.

Por sorte, pessoas mais esclarecidas, aparentemente já perceberam isso e começam a mudar os costumes novamente. Fora das classes populares, que ainda optam por nomes semi-americanos, a classe média batiza seus filhos com nomes simples, e bem mais bonitos. Tomara que estas últimas passem logo a influenciar as camadas mais desfavorecidas economicamente, para que essa época de nomes famosos internacionais com sobrenomes tipicamente brasileiro-portugueses passe a ser somente a lembrança de um tempo ruim (em que a cultura de massa dominava as mentes populares como hipnose) que passou...


Tania é crítica demais. Também é psicótica com o tempo, e por isso escreve tanto comparando o ontem com o hoje. Ela não gosta da moda, e é tão esquisita quanto os textos que produz.


domingo, 16 de dezembro de 2007

Trintolescência

Eu sempre tive aquela idéia de que chegar aos 30 significava ser um ADULTO de verdade. Ter uma vida estável, ser segura de todos os atos e assim vai. Mas agora faltando dois meses para o meu aniversário de 29 anos eu me sinto mais como uma adolescente do que como uma adulta de verdade. Quando a gente tem entre 12-16 anos passa por aquele período de que já somos grandinhas o suficiente pra ter responsabilidades como ajudar a arrumar a casa, tirar notas boas sem a mãe ter que colocar a gente pra estudar etc. Mas ainda somos criancas para sair à noite com a turma, ou viajar com o namorado. Essa é a parte mais frustrante da adolescência. Nunca imaginei que agora, nesta altura do campeonato eu fosse sentir as mesmas frustações da adolescência. Quando vejo meu currículo de trabalho, penso: 'ok, você realmente fez um bocado de coisa na vida, deve saber muito', quando coloco minha roupa formal e meu currículo debaixo do braço, até pareco gente grande. Mas aí vem aquela insegurança. Será que estou pronta mesmo para um cargo de gente grande? Às vezes me sinto tão besta, tão menina ainda, como isso é possível?

Há uns meses atrás (antes da gravidez) deu aquela vontade de sair à noite, dançar, beber uns drinks. Saímos com uma turma de amigos, tudo estava correndo bem, a música estava boa, a bebida também, o papo estava dez! Até 'os jovens' começarem a chegar no local. Aquela galera de 19-23 anos que passou umas 2 horas em uma 'concentração' antes de sair. A maioria tinha bebido um pouquinho a mais da conta. O lugar encheu, era perto da meia noite, a hora que os 'jovens' saem. Eu fiquei lá me sentindo um E.T. , empurra-empurra na pista de dança, piadinhas sem graça na fila do banheiro, gente tentando fazer filho em um canto, gente caindo no outro. Realmente não deu... fomos embora pouco tempo depois. E eu fiquei me prometendo: 'nunca mais vou em boate!'. É nessas horas que me sinto uma trintolescente chata. Sinto que estou em cima do muro, não estou nem um pouco afim de ir para um baile dançate com os 'véi', mas ao mesmo tempo não aguento mais essas festas de universitários, regadas a muita bebida e pegação. E agora como resolver esse impasse?

Me sinto numa corda bamba. Em cima do muro. Em uma encruzilhada sem saber qual dos caminhos seguir. Essa transição é complicada de vez em quando, tem que existir um meio termo mas as vezes é difícil de encontrá-lo...


Liz acha que a trintolescência é quase tão complicada quanto à adolescência. Anda a procura de um bar com entrada proibida para menores de 27 anos e maiores de 43, quem souber de um, favor avisá-la.



Por quê? – Parte II

Acabo de começar a vivenciar uma outra faceta dos porquês infantis.... Uma coisa são os porquês infindáveis de uma linda garotinha de dois anos. Outra são os porquês de um rapazinho de quase cinco que está tentando entender o mundo a sua volta.

A minha pergunta é: como não acabar com a inocência? Tem muita coisa, e estou falando dos atos humanos, que simplesmente não tem explicação, não se justificam... E agora ele já começa a ver.

Como mãe tenho obrigação de ensiná-lo e alertá-lo para tudo que o cerca, prepará-lo para o que o espera. Mas realmente dói o coração dizer algumas verdades. Sinto vergonha de também estar na condição de ser humano e saber de tantos males que vivemos e que simplesmente poderíamos muito bem evitar. Tanta coisa que se não existisse fariam a vida melhor.

E vejo meu pequeno, crescendo.... E tenho que fazê-lo forte para encarar o mundo.

Só que a nossa existência não é tão simples assim. Acho até que poderia ser. Mas tantos gostam de complicar!

Então eu lembro de uma frase que vira e mexe meu pai solta quando percebe a eminência de uma confusão desnecessária: “Não complica... não complica!”.


Aline: Professora de educação física e mãe em tempo integral, veterinária não atuante... Fiz trinta anos em 2006. Casada, dois filhos lindos (claro!!!! rsrs). Adoro contemplar o mundo e perceber que existe esperança, beleza, alegrias.



sábado, 15 de dezembro de 2007

A minha primeira vez

Há como ela foi esperada! Um marco entre duas fases muito distintas da minha vida: antes e depois da minha primeira vez.

Como ele seria? Radiante e caliente ou calmo e meio mormacento? Frio e tempestuoso? Será que ele ia ser rápido ou ia levar uma vida para terminar? Passei muito tempo sentindo antecipado aquele friozinho na barriga, que vem subindo pela espinha e que eu sabia que ele iria intensificar absurdamente algo parecido com isso.

Eu sabia que era inevitável para qualquer mulher. Para umas acontecia mais cedo, para outras como eu, não. Independente do tempo de espera eu acho que a intensidade da ansiedade para todas nós é a mesma! Ficar imaginando as cenas, todas as possibilidades, mas sem ter certeza nenhuma de como seria a hora H de fato.

Ficar conversando com as amigas e trocando anseios, receios e dúvidas a respeito. Há foi muito bom. E depois, as que já tinham passado por ela, vinham em polvorosa contar como foi. As mais tímidas, é claro, queriam omitir os detalhes sórdidos, mas não há mulher que consiga esconder alguma coisa de um bando de outras mulheres curiosas...

Eu sei que eu teria novas responsabilidades depois dela (e antes também, á claro), mas eu estava preparada para elas, fui muito instruída a respeito e sou uma pessoa muito organizada para estas coisas.

Eu sabia que o que eu ia perder ia me tornar uma pessoa diferente, uma mulher mais interessante também, e ficava imaginando como eu me sentiria praticamente sendo uma nova pessoa. Será que as pessoas saberiam que já tinha acontecido? Será que só de me olhar daria pra perceber? E a minha mãe? UI!

Depois dela, eu sabia que ia ficar em ânsias pela próxima e pela outra e pela outra. Pelo menos todas esperam que seja assim, não é? Eu sei que poderia ser traumática. As coisas podem dar errado nesta hora e eu sei que eu levaria muito tempo para esquecer (acho que pelo menos um ano). Mas eu sou uma pessoa persistente e sei que tentaria de novo, é inevitável.

Enfim, ela chegou: minhas primeiras férias. Ele tem sido maravilhoso, o meu primeiro dia, quente, ensolarado, mas com um ventinho delicioso soprando. Ele está demorando pra passar, pois tenho muitas coisas pra fazer, mas estou curtindo muito ficar de cantinho, aproveitando o “fazer nada” de uma mulher madura, nas suas primeiras férias de verdade, e muito merecidas. Espero também ter muito que contar para as amigas na volta e não pretendo omitir nenhum detalhe. As novas responsabilidades já estão quase cumpridas, detalhes do vôo, organizar as coisas que ficam e a casa que vai ter que sobreviver um mês sem mim. Certamente já estou diferente, o peso do estresse, que estava me deixando até amargurada se dissipou nesse dia maravilhoso. As outras pessoas percebem com certeza. Três delas inclusive me disseram que eu estou muito bonita hoje e perguntaram o que aconteceu! A minha mãe adorou a idéia e está em ânsias para encontrar comigo de novo.

Espero que a cada ano, cada uma das que vier daqui pra frente seja assim, como está sendo a minha primeira vez.


Gisele Lins em êxtase com suas primeiras férias. Escreve aqui aos sábados e espera ter muito que contar pro aqui nas próximas semanas.



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