sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

A história sem fim, de Michael Ende.


Eu era bem pequena quando descobri a biblioteca da escola. Fascinada, passei a frequentar o lugar com assiduidade. Uma assiduidade de deixar orgulhosa a mãe mais exigente.
Um parênteses para a minha mãe:
Ela não é nada exigente.
É orgulhosa de mim por natureza.
Ela me acha o ser mais inteligente do planeta. Bem mais do que Bach e Eisntein.
Sempre me diz que eu estou magra e linda.
Ou seja, além de exigir pouco ela também mente bastante.

Mas onde estávamos?
Ah, a biblioteca.
Eu estava lá, devorando palavras, que formavam frases, que formavam histórias maravilhosas, que me encantavam a cada virada de página.
Me deliciando com a coleção Vaga-Lume de cabo a rabo. Lendo Agatha Christie desde "O misterioso caso de Styles" até "Cai o Pano".
Lendo "O menino do dedo verde", "Pollyanna", "A marca de uma lágrima", "Ladeira da Saudade" e "O pequeno príncipe".

E então, no meu 10º aniversário, o presente que ganhei da minha mãe foi um livro.
Assim, sem pedir - nunca tive o hábito de escolher presentes.
O livro era "A história sem Fim". De Michael Ende.
Um livro inteiro só meu. Com fontes rosa e verde. Com capa marrom. Com cheiro de livro novo. Com folhas branquinhas.
O impasse entre pegar aquele presente imaculado, colocar numa redoma de vidro e guardar para toda a eternidade ou me atirar de bruços na cama lendo desenfreadamente deve ter durado uns 2 segundos.
Li. Li. Li. Desesperadamente.
Reli e reli. Com mais calma, mas com a mesma emoção.
Chorei com Bastian chorando com Atreiú quando seu cavalo sucumbe no pântano da tristeza.
Inventei nomes para a imperatriz Criança.
Senti o nada me apertando o coração e me sugando toda a vida.
E mais do que qualquer coisa, confiei na força de Aurin, o amuleto.

O amuleto e eu temos uma relação muito estreita. Trago-o comigo até hoje.
Como símbolo de força. Como símbolo de dualidade.
Naquela época, pensei pela primeira vez na dualidade de tudo.
Que o bem não existe sem o mal. O Branco só existe quando comparado ao Preto.

Não posso dizer muito mais, pois acredito que a leitura de cada livro é um processo individual.
Milhares de pessoas lendo a mesma história e somando a ela suas experiências pessoais transformam a perspectiva de uma forma única.

"A história sem fim" me transformou.
E é por isso que até hoje, muito tempo depois, quando penso em escrever, contar histórias e buscar o conhecimento, a primeira coisa que me vem a mente é sempre plágio descarado daquilo que já foi eternizado brilhantemente por Ende.


Milena detesta a adaptação RIDÍCULA que fizeram para o cinema de seu livro preferido até hoje. Pede desculpas pelo rodapé amargo, mas já sabendo que alguns lerão e pensarão - baseados no filme - que o livro é uma bela porcaria, não poderia fazer diferente.


6 comentários:

Angel disse...

Vou ler o livro sem expectativas amargas, pois não vi o filme. Adoro quando alguém fala de livros e da emoção que eles provocam.

Bjos!

Kimera Kenaun disse...

Tah-Dah!!! Adivinha Mi, esse é meu livro favorito tb !!! hahaha
Q nome vc escolheu p/ Imperatriz?!
Amei esse texto em homenagem ao Ende! Eu assisti o filme antes de ler, mas eu era mto pequena, então lembrava pouca coisa qdo aos 12 anos li "o maior livro da minha vida até aquele dia", rs rs...
bjux

Advokete disse...

Raras vezes as adaptações de livros que amamos não são RIDÍCULAS. Mas anteontem assiste o Perfume e até achei bonzinho... Obviamente, um nada em relação ao livro, mas o diretor e o roteirista foram bem intencionados.

Sisa disse...

Ahhh quando vi Contato fiquei pensando onde tinha ido parar a história que eu conhecia... Normalmente é assim. Quem gosta de livro não se deixa enganar se o filme é ruim.

Paula disse...

Como as meninas já disseram, o cinema tem a incrível capacidade de destruir um livro, infelizmente...
O grande barato da leitura é cada um abstrair como quiser das palavras para a imaginação.
Eu amo ler!
Beijos.

Anônimo disse...

Oi Milenaaa, vim visitar seu blog!! Lí quase todos seus textos, mas esse me fez entrar no site da biblioteca do campus pra ver se tem o livro!!! Eu assisti o filme quando criança, e como criança, eu adorei! Tenho que assistir hje em dia para analisar novamente, mas antes vou ler o livro! Um beijão

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