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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Para o meu companheiro Francisco


Querido Francisco,

Obrigada por todo esse tempo que passamos juntos. Onze anos... Como o tempo passa rápido! Você sempre foi amigo fiel durante todos esses anos, me ajudando naquelas horas que ninguém podia me ajudar.

Lembro que desejei muito ter você do meu lado, sonhei e sonhei. E então o dia em que a gente se encontrou pela primeira vez chegou. Nem acreditei, agradeço à minha mãe por esse presente tão especial. E então viramos amigos inseparáveis, você sempre me acompanhando em praticamente todas as viagens que fiz. Principalmente no verão você estava lá pra fazer minha alegria e resolver os meus problemas como num passe de mágica.

Te recomendei para tantas amigas que eu deveria até ganhar comissão dos seus serviços. Mas você sempre foi o meu, só meu querido Francisco.

Com certeza ainda vamos passar muitos momentos juntos. Hoje em dia até criaram funções mais chiques pra você fazer do que na época em que a gente se conheceu, mas no fundo, no fundo você continua sendo o bom e velho Francisco.

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Para quem não sabe Francisco é o meu depilador elétrico da Philips, o Santinelle. Sim, faço propaganda mesmo, como sempre fiz. Foi o melhor presente que já ganhei. Tira os fios pela raiz sem fazer sujeira e sem precisar esperar crescer. Não tenho nada contra a cera, até uso de vez em quando, mas Francisco é especial e pra viajar perfeito! Desejei tê-lo por alguns anos, mas na época era caro. Então quando finalmente ganhei, dei muito valor. O nome Francisco veio daquele ‘serial killer’ de São Paulo o motoboy que levava as meninas para o mato dizendo que era fotografo. No inicio o chamava de ‘Francisco, o torturador de mulheres’, mas era brincadeira, pois rapidinho a gente se acostuma com as picadinhas, hoje em dia nem sinto nada. Depois de um tempo o meu depilador ganhou o nome carinhoso de Francisco. Algumas amigas até adotaram o mesmo nome para os seus depiladores também. E essa é a história do meu companheiro Francisco.

Liz é apaixonada pelo seu depilador Francisco, este foi um casamento que realmente deu certo. Recomenda para todas as mulheres que realmente odeiam aqueles pelinhos indesejáveis na perna, e nem sempre tem tempo ou dinheiro para ir ao salão.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Excelentíssimo Senhor Frei Frade

Era um sábado normal como outro qualquer quatro amigos se encontraram para comer um bobó de camarão, tomar uma cervejinha e jogar conversa fora. Dois físicos, um químico e um engenheiro, diga-se de passagem.

Durante a sobremesa saiu uma conversa sobre «Frei» sabe-se lá por que. Simplesmente nenhum dos quatro consegue lembrar porque começaram a falar sobre frei. Então veio a tal questão levantada pelo químico. Mas então, qual a diferença entre frei e frade? Disse ele com cara de interrogação.

Um dos físicos metido a enciclopédia começou logo a explicar que Frei era a forma qualificativa para a pessoa do frade.

-Tem a mesma função da palavra excelentíssimo, quando usamos, por exemplo, para o presidente «excelentíssimo senhor presidente» entendeu? Disse ele.

Os outros três nem hesitaram, já aceitaram logo a idéia do físico sabichão.
Começaram então a experimentar com as palavras.

-Ah então é assim ... Excelentíssimo senhor Frei Frade Francisco de Assis.
Disse o outro físico com cara de quem tinha aprendido alguma coisa importante do amigo doutor.

Três segundos depois a ficha começou a cair. Eles começaram a se olhar com cara de desconfiança. -Heim? Caralho que coisa estranha, disse um deles... Excelentíssimo senhor Frei Frade? Pode ser?

A primeira coisa que todos eles pensaram foi: «Peraê, é só pegar o computador, a gente põe no google, ou procura na wikipedia». Mas, o computador estava desligado, e acredite se puder, ninguém teve saco de ligar o computador só pra confirmar a diferença entre frei e frade. Até que um dos físicos bateu o olho no dicionário na estante. O bom e velho pai dos burros.

-Então vamos lá procurar «frei» no dicionário, disse ele empolgado com a idéia.
A, b, c... Fr....Um minuto depois.
Risos e mais risos. 

-Vocês não vão acreditar, diz o físico que estava procurando a palavra no dicionário. E ler em alto e bom som.
-Frei: Apocopado de freire.

Alguém sabe que diabos é um apocopado? Silêncio na mesa cri cri cri,. Depois de procurar no dicionário mais vez, a surpresa.

-Apocopado: que sofreu apócope. ?????????????????????????????. 

A saga do pai dos burros continua.

-Apócope: supressão de fonema. ?????? 

Momento pensativo.... muitos neurônios sendo queimados.

-Humm então isto implica que frei é um apelido de freire? Hã ta, diz um deles.

-Mas peraê isso não responde a nossa pergunta inicial, disse o químico. (Alguém aí que lembra qual era a pergunta inicial??)

Ah sim claro diferença entre frei e frade. -Então se frei é o apocopado de freire, frade é... não, ainda não temos a resposta, concluiu o engenheiro com cara de quem não estava entendendo nada.

-É melhor continuar olhando no dicionário, vamos olhar freire então.

-Freire: frade

Heim? Freire é frade? É um sinônimo?

Depois de tanto ir pra frente e pra trás, pensar, procurar no dicionário. Não dava pra esconder a cara de decepção dos quatro na mesa depois de uma conclusão tão simples.
Mas o físico metido a enciclopédia, não estava com intenção nenhuma de abandonar sua teoria.

- Mas peraê que dicionário é esse? Melhoramentos? Ah não, lá em casa eu tenho que olhar isso em dicionário que presta... disse ele balançando a cabeça para um lado e para outro mostrando o seu descontentamento.

Os outros três na verdade já tinham esquecido a historia do frei/frade e estavam lá fuçando o dicionário.

Fradeiro: afeiçoado ao frade
-Ah sim, isto implica então que todo cruzeirense é um fradeiro? Risos e mais risos.

Fradinho:
-Humm um frade anão? Disse o químico interrompendo antes mesmo de o engenheiro terminar de ler.
- Um frade pequeninho? Disse o outro físico.

-Ah não é só um feijão mesmo! Diz o engenheiro.

A noite continuou por aí e daria pra escrever um livro com todas as idéias mirabolantes dos quatro. E se você acha que eles tinham bebido muito? Não, estavam ainda na segunda cerveja.

Liz entende agora por que físico é físico, engenheiro é engenheiro, padeiro é padeiro, pedreiro é pedreiro e professor de português é professor de português. Querido Pasquale, perdoais a loucura alheia.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

«Estagnamento» no sofá

Sete e meia da noite, esta é a hora que eu começo o meu «estagnamento*» no sofá. Me jogo no sofá e o dia acaba. Há uns meses atras eu conseguia com um pouco de estimulo sair do sofá e fazer alguma coisa. Mas gradativamente fui inventando boas desculpas pra me esquivar de ter uma vida depois do trabalho, tenho que admitir que algumas das desculpas realmente são muito boas:

É inverno, então é normal de ficar com mais preguiça.
O neném acordou muito cedo hoje, estou com sono e com motivo.
Não estou gorda, não preciso de me mexer.
Tenho que me dar o «direito» de não querer fazer nada de vez em quando.
Tá chovendo.
Trabalho, filho e casa. Cansa demais preciso de tempo pra relaxar e nao fazer nada
Ler um livro? blaah, passei o dia todo lendo no trabalho
Ver um filme? Nossa, ver fime implica em pensar. Prefiro a TV que não preciso pensar em nada, só «relaxar»...
Etc, etc etc
 
O tempo foi passando e cada vez mais eu fui me dando «o direito» de não treinar, de não ler um livro, de não sair pra visitar uma amiga, de não sair pra ir numa loja. Nada. Quando minha filha vai pra cama às sete da noite, pronto acabou.  

Os ultimos meses foram assim, estagnada no sofá. E o pior é que sinto que não tenho tempo para nada. Escrever um texto pro blog? Nossa não, to na correria. Escrever um e-mail pra uma amiga? Não, tô cheia de coisas pra fazer, deixa pra um dia mais tranquilo. Treinar? Que é isso com essa correria toda? Bom, com toda essa correria para começar o estagnamento do sofá, só se for. 

E enquanto eu escrevo o texto, eu começo a entrar no meu modus de «ei peraê, será que minhas desculpas realmente não são verdadeiras? Todas as mulheres modernas que trabalham, têm filho e cuidam da casa (e que não têm empregada) não andam reclamando da mesma coisa? Será que estou sendo contaminada pela «sociedade das mulheres maravilhas», que querem fazer tudo ao mesmo tempo? Ou será que estou com estagnamento de sofá crônico? 
Estou neste dilema... sem saber como fazer pra sair do meu estagnamento do sofá, ou sei lá quem sabe num é melhor admitir que a vida é assim mesmo depois que a gente tem filho? Humm será que essa foi mais uma desculpa pra minha lista de desculpas? Ou apenas mais uma realidade que  está sendo dificil de aceitar? 
 

Liz vai continuar a noite estagnada no sofá. De qualquer maneira foi um grande progresso que sentou e escreveu o texto no meio do estagnamento. Vai continuar pensando no assunto. Mas acho que vai ser mpossivel de saber que bicho que vai dar essa historia. 

*Minha gente, a palavra não existe, eu que gosto de brincar com o português.

domingo, 1 de março de 2009

Pinte tudo de preto

Acordei de manhã

Eu vi uma porta vermelha e tudo que eu queria era pintá-la de preto

Nada de cores, eu quero tudo preto

Eu vejo uma linda garotinha

Tenho que virar a cabeça e respirar fundo até aquele momento negro passar

Eu vejo uma linha de carros e todos são pretos

Recebo flores dos meus queridos

E penso que esse dia nunca mais vai voltar

Alguns sentem o momento, viram os rostos constrangidos

Assim como um bebê que nasce, na verdade isto acontece todo dia

Eu fecho os meus olhos e vejo que meu coração está preto

Eu vejo a minha porta vermelha e ela foi pintada de preto

Talvez isto me faca esquecer os fatos

Não é fácil levantar a cabeça quando todo o seu mundo foi pintado de preto

Eu não podia imaginar que o meu dia seria assim

Eu olho lá fora e o sol está alto e bonito

Eu olho direto pro sol e imagino

O meu amor sorrindo pra mim antes da manhã chegar

Eu vejo uma porta vermelha e tudo que eu queria era pintá-la de preto

Nada de cores, eu quero tudo preto

Eu quero tudo pintado de preto, sim de preto

Preto como a noite, preto como o carvão

Eu quero que o sol seja borrado no céu

Eu quero vê-lo pintado de preto, de preto

Liz tinha grandes expectativas para do dia dos seus trinta anos. Diferente de outras mulheres, ela esperava ansiosa. Por um acaso do destino, egoísmo de uns e impaciência de outros o dia foi um grande fiasco. Se inspirou na sua musica favorita dos Stones ‘Paint it black’ pra descrever o dia. Felizmente não desistiu de comemorar esta importante passagem da vida, vai esperar a poeira baixar e com certeza vai colorir o seu mundo de novo.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Coelhinho apressado

Tenho pressa muita pressa, sai da frente vou passar, quando estou com muita pressa ninguém pode atrapalhar. Tenho pressa, muita pressa, muita pressa, esperar não posso mais!

Me lembro dessa musiquinha como se fosse hoje, a música do Coelhinho apressado da história de Alice no país das maravilhas. Eu tinha o disco, e devo ter escutado a mesma história umas trezentas vezes. Me identificava muito com o Coelhinho apressado. Vamos gente, vamos! Não podemos perder tempo!

Acho que sou a única pessoa do mundo que costuma atrasar o relógio para poder chegar na hora certa. Sou aquela que se marcamos uma coisa às 8 da noite, eu tenho que chegar pelo menos cinco ou dez para as oito, justamente para ter certeza absoluta que vou estar lá as oito em ponto. Não importa se estou indo encontrar com o prefeito da cidade ou se estou indo apenas fofocar com uma amiga, a importância de chegar lá as oito em ponto é a mesma. Bom, se sempre chego na hora certa, pra que então atrasar o relógio? O raciocínio é bem fácil de seguir. Oitenta pro cento das pessoas que conheço não chega as oito em ponto. Principalmente se for um encontro de amigos. Alguns acham que oito e quinze é normalíssimo, outros oito e meia e assim vai. Então a única maneira que encontrei de chegar na hora e ao mesmo tempo não esperar muito foi atrasando o meu próprio relógio, fazendo assim eu chego ao local as oito e não dez para as oito como normalmente faço. Já tentei a tática do pagar o foda-se e chegar atrasada, mas realmente não consigo é contra a minha natureza. Só a sensação de deixar alguém me esperando me angustia.

Logo quando comecei aqui no trabalho teríamos uma reunião marcada para as nove da manhã. O trajeto do meu escritório até a sala de reuniões é o seguinte: saio da minha sala dou 3 passos à direita, desço um andar de escada, dou mais 3 passos em linha reta e estou dentro da sala. Vinte minutos para as noves horas eu já comecei a olhar no relógio, checar, ter certeza que a minha tática pra chegar na sala de reuniões ia dar certo. Faltando 10 minutos para as nove, eu não agüentei mais, me levantei, comecei a arrumar as coisas pra levar e desci. E lá fiquei eu 10-12 minutos sentada sozinha esperando todo mundo chegar. As pessoas normais saíram dos seus escritórios exatamente as nove, afinal era só descer as escadas e em menos de 1 minuto estavam dentro da sala de reuniões. Hoje em dia eu já consigo esperar até 2-3 minutos para as nove para ir à reunião, continuo sendo a primeira a chegar, mas estou me estressando menos.

Na verdade a minha vida de coelhinha apressada geralmente me rende bons frutos, quem não aprecia uma pessoa pontual? O mais engraçado é que eu esperava agora na minha vida adulta, mulher de quase trinta, de que as pessoas fossem mais pontuais o que para minha surpresa é algo raro, principalmente na vida privada. A maioria dos meus amigos são enrolados e eu acho isso decepcionante. Alguns já me conhecem o suficiente para pelo menos tentar não se atrasar quando vão se encontrar comigo. É incrível como que o celular fez com que as pessoas se sintam no direito de atrasar e atrasar muito, simplesmente pelo fato de que agora eles podem avisar. Já me aconteceu várias vezes de eu está sentanda num lugar esperando uma pessoa (com os meus 10 minutos de antecedência), e receber aquele telefone de que vou atrasar meia hora, ou 1 hora. Como assim? Não vou dizer que imprevistos não aconteçam, mas acho que agora as pessoas relaxam mais, pois é só dar um telefonema e ta tudo bem. Mas ta realmente tudo bem? O pior é que o tipo de desculpa é daquelas bem esfarrapadas. Algumas vezes só um ‘atrasei’ mesmo. Para mim só um telefone não basta, a não ser que seja 1 hora antes do encontro, antes mesmo de eu sair de casa. Do mais pra chegar atrasado, pelo menos nos MEUS PADRÕES, a pessoa tem que ter tido o carro roubado em um assaltado ou ter sido atropelado por um caminhão.

Depois de passar um bom tempo achando que era uma estressada, Liz passou a relaxar e aceitar de que o melhor mesmo é continuar sendo apressada. Porque pontualidade mais do que educação é também respeito ao próximo.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Padrões

Andei notando que nos últimos anos, o meu padrão para algumas coisas começou a mudar, e mudar muito. Será que é normal? 

FESTA: na época em que eu era estudante o meu conceito de festa era muito diferente do meu conceito de hoje. Naquela época, três pessoas e uma garrafa de pinga barata eram sinônimos de festa. Hoje em dia não, de maneira nenhuma, a bebida parou já faz alguns anos de entrar no meu critério de festa. Festa pra mim é comida, comida boa, comida bem feita. Bons amigos. A bebida vem em ‘terceiro plano’. Pode ser vinho, um coquetel. Dependendo até uma cervejinha. Bom, mas se tiver que escolher entre beber ou ir de carro. Vou sempre escolher ir de carro. Antigamente eu sempre ia escolher beber, preferia ir a pé, pegar um ônibus do que ir de carro e não beber (beber e dirigir NUNCA foram uma opção), porque festa pra mim era beber.  Agora a minha escolha é quase sempre o conforto do meu carro. Ir pra casa quando eu bem entender. Sem ter que esperar nada nem ninguém. E como bônus não tenho ressaca no outro dia. Que maravilha! 

DORMIR: Meu padrão de dormir também mudou muito. Dormir agora é na minha cama e somente na minha cama. Nada de sofá, colchonete, dividir cama com amiga. Faço tudo possível pra sempre voltar para casa. Nada melhor do que acordar na casa da gente, depois de uma noite de festança.

FÉRIAS: Passei a categorizar férias de duas maneiras, férias-visita e férias-férias. Férias-visita é quando a gente viaja pra visitar alguém, um parente, um amigo. Hoje em dia pra mim esse tipo de férias tem que durar somente alguns dias. Um fim de semana prolongado, por exemplo, daí você viaja somente para curtir aquela pessoa. Perfeito. Agora férias-férias é quando a gente viaja somente para relaxar,não preocupar com nada nem ninguém, de preferência num hotel ou casa alugada. Come fora quase todo dia. Afinal cozinhar nas férias de jeito nenhum. 

NOITE: Sair na noite, digo na ‘balada’ não é mais uma opção para essa aquariana de quase 30 anos. Depois de várias tentativas frustradas ao longo dos últimos anos, acabei abolindo as noitadas. Hoje prefiro um programa light, restaurante, cinema, café, um barzinho. Ao então na verdade só fazer um programa bem legal durante o dia, esquiar (no inverno), fazer uma caminhada na floresta (na natureza), andar de bicicleta, piquenique, piscina/lagoa (dependendo da época do ano). Então depois de ter gasto bem durante o dia aí só pedir uma pizza e assistir um filme. 

Liz está prestes a fazer 30 anos e anda ficando preocupada, a memória não é mais a mesma e o seu nível de caretice andou aumentando exponencialmente nos últimos anos. Será que está começando a caducar? 

domingo, 7 de dezembro de 2008

O dia que a máscara caiu

O filme Titanic foi campão de bilheteria em muitos lugares do mundo, só se falava no Titanic, no quanto espetacular o filme era, os efeitos especiais bla bla bla. Naquela época eu morava em Viçosa no sul de Minas. E lá como em muitas outras cidades do interior, o cinema tinha virado igreja da ‘Assembléia de Deus’.  Sem cinema e muito menos sem dinheiro, só fui ver o tal famoso filme quando foi lançado em DVD, na verdade vídeo cassete, muito tempo depois.  Esta é a parte numero um da historia de hoje. 

A parte número dois, tem a ver com a minha sensibilidade, ou melhor, insensibilidade. Na minha adolescência eu era longe de ser uma ‘manteiga derretida’, chorar pra mim só em caso de funeral e olhe lá. Tentava sempre regular minhas emoções o máximo possível. Quando o cachorro lá de casa morreu (ele tinha nove anos), minhas irmãs mais velhas choraram pra caramba. E eu lá, sendo forte me segurando, tentando ser bem lógica. Já que o cachorro estava doente, e a gente sabia que não ia ter jeito. Não tinha motivo para chorar. Chorar por namorado então era completamente proibido, eu podia ficar com raiva, quem sabe até triste, mas chorar de jeito nenhum. Então vocês podem imaginar qual era a minha opinião sobre chorar em filmes.  

Era um domingo chato em Viçosa, e eu e minha prima Bela não tínhamos nada pra fazer. Dinheiro na época não era uma coisa que andava sobrando muito. Resolvemos então ir ao cinema da universidade ver que filme estava passando. Cinema é um nome carinhoso dado a sala de exposição de filmes da universidade. Administrado por estudantes o ‘Cinema Carcará’ era a atração do domingo principalmente para os alunos que moravam na universidade. Uma sala grande com telão quase caseiro, o vídeo usado era um VHS alugado, almofadas espalhadas pelo chão, e pronto, era só encontrar um cantinho, deitar e se divertir. Dependendo do filme a sala ficava lotada, todo mundo sentadinho no chão um do lado do outro, era só espremer que sempre cabia mais um. Assisti muitos filmes graças ao Cinema Carcará.  

Mas desta vez era especial, era o filme Titanic, o tão falado filme Titanic. Eu e Bela chegamos cedo, pegamos as melhores almofadas e deitamos na frente, perfeito! O inicio foi tranqüilo, um historia de amor normal, sem ser muito melosa. Um pouco de ação e de quebra Leonardo de Caprio não tinha mesmo do que reclamar. Então chegou a parte trágica do filme. Navio afundando, gente morrendo, aquela coisa toda. Olhei pro lado e reparei que uma menina que estava do nosso lado estava chorando. Olhei com aquela cara, ai meu Deus. O filme continuou dramático, mais mortes, mais gritos e aquela cena clássica onde Leo morre, vai afundando lentamente no mar. Crise total no cinema, a mulherada toda chorando, lágrimas e mais lágrimas. Caos total. Eu olhei pra minha prima, demos uma risadinha e continuamos firmes e fortes. O filme acabou, THE END, Celine Dion cantando ‘my heart will go on ’, a mulherada se recompondo da choradeira, limpando o nariz se ajeitando pra sair do cinema. As letrinhas começaram a passar. Eu olhei pra minha prima, ela olhou pra mim... Não agüentamos mais, ohhhh JACK, ela me abraçou, eu a abracei, choramos muito, de soluçar. De fazer buáááá bem alto mesmo. ‘Oh Jack’, eu dizia, ela dizia. E o processo continuou. O povo saiu do cinema e nós lá chorando na primeira fila. As luzes foram acesas e nós lá chorando. A situação foi tão drástica que o menino responsável pelo cinema teve que pedir pra gente ir embora, pois ele tinha que fechar a sala, ele com aquela cara de quem não tava entendendo nada, e a gente chorando. No caminho pra casa mais chororô, oh Jack, oh Jack... 
 

Liz nunca tinha se emocionada tanto, sentiu um alivio de poder chorar tudo que tinha direito. Hoje em dia continua controlando um pouco o lado emocional, mas se dar permissão pra chorar em algumas ocasiões. Outro dia chorou assistindo animal planet. 

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Lei de Murphy II

Como escrevi no meu último texto, passei por dois dias de cão há duas semanas. Inferno astral total. Foi então que fiquei pensando na Lei de Murphy. Como todo mundo conhece é a Lei dos pessimistas. Apenas relembrando: ‘se uma coisa pode dar errada, com certeza dará’. Foi aí que li algumas historinhas sobre a lei na internet e achei super interessante. 

A lei de Murphy foi criada em 1949 na base da Forca Aérea Edwards. O nome Murphy, veio do Capitão Edward A. Murphy, um engenheiro que trabalhava no projeto MX981. O projeto pesquisava que tanto de desaceleração uma pessoa pode tolerar em um acidente. 

Um dia, depois de ver que um transducer* tinha sido instalado errado, ele se alterou e disse para o técnico responsável: ‘Se existe alguma maneira de fazer isso errado, ele vai fazer’. 

O chefe do projeto que matinha uma “lista de leis” adicionou mais essa, e nomeou de ‘Lei de Murphy’. 

Algum tempo depois do término do projeto, o Dr John Stapp deu uma entrevista coletiva e falou que o sucesso do projeto só foi possível porque eles seguiram à risca a Lei de Murphy. Antes de fazer qualquer coisa rastreavam todas as possibilidades de erro. 

Outros fabricantes de aeronaves gostaram da novidade e começaram a usar com freqüência a Lei de Murphy, rapidamente a moda pegou e a lei começou a ser citada em vários jornais e revistas. Nasceu então a famosa Lei de Murphy. 

Eu agora não vejo mais a Lei de Murphy como a lei do pessimista e sim como a lei do ‘seguro’. O seguro é aquele que leva o guarda-chuva mesmo quando parece que não vai chover e olha só, quando de repente cai aquela chuva de verão, o ‘seguro’ antigo pessimista, que pensou em todas as coisas que podiam dar errado antes de sair de casa está lá sequinho e feliz. Enquanto os outros... 

E assim vale pra muitas coisas, claro que não da pra ficar usando a lei o tempo todo, mas em casos especiais como, por exemplo, pesquisa e viagens pode mesmo ser muito útil. Se pensarmos em todas as merdas que podem acontecer antes de sairmos de casa, com certeza vamos economizar tempo e dinheiro. Checar sempre antes de viajar: passaporte/documento? Calcinha? Cartão do banco? Escova de dente?

*Transducer: não sei o nome em português (deve ser algo parecido, não tenho idéia), mas é um aparelho que converte um tipo de energia/sinal para outra forma de energia por ex: energia elétrica em mecânica. 

Sim, Liz acredita no lado bom da Lei de Murphy. Salvou este texto várias vezes e em lugares diferentes enquanto escrevia. Afinal ‘prevenido vale por dois’ e ‘seguro morreu de velho’...

 

 

 


 

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Lei de Murphy

Sempre fui um pouco pessimista, o copo pra mim esta sim meio vazio e não meio cheio. Na verdade acho legal ser otimista, aquela pessoa que sempre acha que tudo vai dar certo, ando tentando me ajustar um pouco neste modus. Mas vamos ser sinceros, os pessimistas existem por uma só razão, e a razão é que as coisas dão errado, e as vezes dão muito errado. Foi por esse motivo que criaram até uma ‘lei’ pra explicar esses acontecimentos, a tal da ‘Lei de Murphy’, que diz que ‘se uma coisa pode dar errado com certeza dará’. Se a sua torrada resolve cair no chão, pode ter certeza que ela vai cair com manteiga virada pra baixo, e se isso não bastasse, ainda vai cair no chão justamente no dia que você não passou o aspirador de pó. Acha que acabou? Não? Na tentativa de salvar a torrada, você ainda vai derrubar o copo de suco em cima da mesa, que vai escorrer até cair na sua calca branca e... olha só quem diria, justamente hoje você resolveu tomar suco de uva!

Toda inspiração pra escrever esse texto veio depois de dois acontecimentos da ultima semana.

Era uma quarta feira, e eu tinha realmente muita coisa pra fazer no trabalho, mas uma gripe brava tinha me pegado, e eu estava um caco, precisava mesmo de deitar. Resolvi ir embora, avisei meu chefe, e fui pra casa. No caminho eu só imaginava a minha cama quentinha, meu cobertor, uma coisa pra comer e a TV. Finalmente cheguei em casa, estava no portão e percebi que chave de casa não estava no bolso da minha jaqueta como de costume. Vasculhei a bolsa toda, todos os meus bolsos e nada! Puta que pariu é possível uma coisa dessas? Eu esquecer a chave de casa logo hoje que estou doente? Pensei então que tudo poderia se resolver facilmente, minha sogra é também minha vizinha e ela tem uma cópia da nossa chave. Bati então no interfone e NADA, nem um pio. Pensei que ela não tinha escutado e resolvi ligar para ela. Para minha surpresa minha sogra que SEMPRE está em casa naquele horário, hoje tinha saído com uma amiga. Minha ultima opção era ligar para o marido e ir buscar a chave dele. Na situação em que eu estava, era a melhor e na verdade única opção. Fui então buscar a chave, olha só tudo tinha dado certo, ele atendeu o telefone rápido, me esperou na porta da faculdade, peguei a chave e OBA entrei em casa. Agora finalmente podia deitar na minha cama quentinha. Fui para a cozinha procurar uma coisa pra comer, mas a geladeira estava vazia, coloquei o pijama, deitei na cama, procurei a melhor posição e liguei a TV e... heim? Tava fora da tomada. Ah não, tive que levantar da cama, sair da minha coberta e conectar o cabo. Pronto, agora esta tudo certo e... shiiiiiii, (???). A TV estava fora do ar, coisa raríssima de acontecer, tive que levantar de novo da cama, pra verificar se o fio da antena estava conectado e sim ele estava, voltei pra cama desisti da TV, da comida, BASTA, fui descansar dormir.

Pouco tempo depois toca o interfone, eu deitada na minha cama quentinha com o meu pijama, estava tão bom... Mas tenho que abrir a porta, pois com certeza o pedreiro que estava fazendo uma obra no quintal se trancou do lado de fora. Puta que pariu, não tem ninguém no prédio, vou ter que levantar pra salvar o cara. Para minha surpresa era alguém falando inglês, não tinha entendido quase nada, pois a pessoa tinha um sotaque daqueles, só entendi meu nome. Então me lembrei das minhas queridas amigas ‘testemunhas de Jeová’, acreditem aqui na Noruega também tem disso. E nós latinos somos perseguidos, usam a lista telefônica pra descobrir onde moramos e enchem o saco com freqüência. Resolvi falar que ‘Liz’ não estava em casa. Perguntaram então pelo meu marido. Era só que o faltava. Falei que não. Mas a pessoa tava insistindo muito. Então resolvi ser grossa: - Menina, qual é o assunto?

Ai ai ai, minha gente, o assunto? Sim, a ‘menina’ que estava me enchendo o saco, não era uma das testemunhas de Jeová e sim a mãe da minha vizinha. Eu então desci as escadas correndo para encontrá-la, minha cara no chão. Afinal eu lá bem dizendo que ‘eu’ não era ‘eu’ e de repente ‘eu’ era ‘eu’ sim! Pedi mil desculpas, expliquei que sou perseguida pelas meninas da igreja, mas não sei não. Não foi bonito. Fiquei lá despistando, morrendo de vergonha. Quando de repente, não mais que de repente, ela tira um presente da bolsa e me dá, fala que era pra Isabella. Preciso falar mais alguma coisa? Não né? Pois é, e o pior de tudo é que quando subi e abri o presente era uma pulseira de ouro...Precisei de algumas horas pra me recompor do mico.

Só pra concluir, uns dias depois desse episódio, eu discuti com um ciclista no trânsito. Mandei tomar no c*, chamei de lesma, mandei sair do meio da rua. Ele me deu o dedo, aquela coisa clássica. Então mais tarde, quando chego à festa da creche da minha filha, quem estava lá? Sim, vocês acertaram em cheio, claro, óbvio que era o mesmo ciclista que eu tinha mandando tomar no c* algumas horas atrás. Fiquei fingindo de égua, ele também, no final deu tudo certo. Tudo pela paz da criançada!


Liz acredita que tem certos dias que realmente o copo ta meio vazio e pronto! Anda tentando ser positiva, mas depois desse baque vai tirar duas semanas de férias do positivismo. Volta logo logo com o um novo texto explicando o que aprendeu com a Lei de Murphy. Aguardem!

domingo, 21 de setembro de 2008

De quem é essa casa?

-Existe uma razão da qual os homens hoje em dia ficam tanto tempo no banheiro, disse ele.

A gente achava que eles ficavam tanto tempo no banheiro batendo um barro, porque tinha muitas coisas interessantes nos exemplares velhos das revista Veja, pato Donald e Placar.

-O fato é que o banheiro é o único lugar da casa em que os homens podem ficar em paz hoje em dia, filosofou ele.
-Em paz?
-Sim, senão é só encheção de saco, reclamação e obrigação. Além do mais, o homen foi quase feito um estranho.

Eu estava no sofá sentada com minha amiga e o marido dela. A gente tava vendo TV, bebendo vinho e comendo asinhas de frango. A gente não tinha entendido nada. ‘Um estranho?’ Logo hoje que a gente estava tendo uma noite de sexta-feira tão gostosa em casa.

-O homem foi feito um estranho na sua propria casa. Não é mais a casa do homem, é a casa da mulher. As coisas dela, o gosto dela, a decoração dela.

-Você bem que podia tomar mais iniciativa então. Compre alguma coisa legal pra casa você também, eu disse.

-Comprar? Você perdeu a cabeca?! A gente tem tudo. Mas tem gente aqui que fica tão tensa quanto Kennedy na época da crise de Cuba se ela não comprar a vela de número 100. É melhor calar a boca...

Ela, a esposa dele e minha amiga, pensou que ele devia parar de reclamar. Por causa dela o apartamento deles estava um encanto. Eles tinham almofadas de Paris, copos de água com design finlandês, e aquelas cortinas horrorosas que pareciam um lençol pendurado, foram trocadas por outras de qualidade.

-Além do mais eu deixei você ficar com o aquário, ela lembrou e apontou para aquela coisa gigante que estava no canto da sala.

-A sua generosidade realmente não tem limites, respondeu ele cinicamente.

-Você devia se cadastrar no grupo da Karita (politica norueguesa que so pensa na igualdade entre homens e mulheres). Eles vão discutir o que o homem deve fazer pra participar mais em casa, eu sugeri.

-Grupo da Karita ‘my ass’. Eu vou lá fora.

Quando ele ‘vai lá fora’, significa que ele vai na garagem. Ele não foi para lá só porque ele agiu como um bebezinho mas sim porque ele quer ter uma pausa da vida a dois. Lá na garagem, dentro de um quartinho apertado ele conserta bicicletas velhas (apenas por diversão) e bebe coca cola. Bem longe do grupo da Karita e das velas cheirosas.


Qualquer semelhança com fatos reais NÃO é mera coincidência!! Liz se identificou tanto com o texto acima, afinal nunca entendeu porque seu marido precisava de 40 minutos para ir ao banheiro, que resolveu publicar um texto que não era de sua autoria e sim de Kari Hovde, a tradução, claro foi dela. O texto foi publicado no principal jornal de Trondheim o Adressa e o casal em questão são os cunhados da tradutora.

domingo, 24 de agosto de 2008

Recomeçar... mais uma vez

Como escrevi em um dos meus textos aqui do blog. Depois de uma decepção no finalzinho do meu mestrado, resolvi então fazer um outro mestrado, mudar um pouco de área, refrescar a cabeça, RECOMECAR! Foi uma decisão um pouco drástica, afinal bolsa de mestrado não é lá essas coisas mesmo aqui na Noruega. Mas eu precisava dessa mudança.

Eu já estava quase na metade desse meu novo mestrado, quando tive que tirar uma pausa pra cuidar de Isabella, minha filhinha que tinha acabado de nascer. Era um dia normal como outro qualquer, eu estava trocando fralda no banheiro, quando meu telefone tocou. Número desconhecido. Resolvi atender, afinal devia ser algum vendedor, e hoje eu iria com certeza mandar o cara para a pqp.

-Alô.
- É Liz C. que ta falando?
- Sim. (como que esse fdp descobriu meu nome?)
- Aqui é o A.B.* do instituto de SR*.
-Sim. (hummm eu conheço esse nome, sim, ele? heim? Por que esse cara ta me ligando?)
-Surgiu uma nova vaga no instituto, você está livre no momento?
-Eu? Hummm (Olhei pra Isabella deitada no trocador, será que estou livre? Acho que não... humm que bosta!) – vocês estão precisando de gente pra agora?
-Sim, pra agora.
-(C%####*O ) Infelizmente no momento não posso.
-Ok tudo bem tchau.

Heim? Heim heim? Passei 10 minutos sem entender nada. A ficha foi caindo aos poucos. Este era um emprego que eu tinha mandado meu currículo no ano passado, tinha participado de várias entrevistas, fiquei entre os três últimos candidatos, mas acabei não conseguindo a vaga. Lembro que eles falaram que iam guardar o meu currículo e que no futuro poderiam me ligar. Claro que eu achei que isso era ‘conversa pra boi dormir’ e que eles só estavam falando isso para serem educados. Mas não, era verdade, o cara tinha me ligado. No início eu fiquei chateada, caramba agora vocês me ligam? Depois fui passando para uma fase de orgulho. Pôxa, eles me ligaram, que legal! Eu sou interessante! Tive que ficar orgulhosa, pois este era um emprego muito bom, o pessoal era de alto nível. Mas fazer o quê se o ‘timing’ não foi bom? Depois de alguns dias, fiquei pensando... Não posso perder essa oportunidade. E mesmo achando que o caso já estava ‘perdido’, resolvi mandar um e-mail para o cara e fazer a minha oferta. Eu poderia começar daqui a 2 meses. Foi com grande surpresa que recebi um outro telefonema dele, me chamando pra ir lá conversar com eles. E a gente acabou chegando a um acordo, eu começaria dentro de 2 semanas, mas iria lá apenas 2 vezes na semana e poderia sair mais cedo pra amamentar. Perfeito!

Então mais uma vez eu teria que RECOMECAR. Juntei minhas garras, minhas forças e tentei não ter medo do novo, mais uma vez. Hoje estou aqui, no trabalho mais legal que eu poderia ter. Depois de 4 meses do qual os dois últimos estou trabalhando 100% e não só 2 vezes na semana como no começo, posso dizer que realmente estou feliz. É muito bom trabalhar com o que a gente gosta, melhor ainda num ambiente tão legal e saudável, com pessoas que te apóiam e te estimulam.

* Os nomes não foram publicados para não expor as pessoas envolvidas



Atenção! Liz adverte, trabalhar com o que você gosta em um ambiente de trabalho legal, FAZ BEM À SAUDE!

domingo, 17 de agosto de 2008

Matemática Celestial

A única coisa que a gente tem certeza na vida é de que a gente vai morrer um dia. Então por que a gente nunca está preparado para a morte? E por que a gente tem um certo medo deste momento? Não sou a pessoa que mais pensa neste assunto, mas não vou negar que de vez em quando essas perguntas surgem na minha cabeça. Do que temos medo? Do incerto? Afinal a gente só tem duas opções: ter uma coisa depois da morte, ou não ter uma coisa depois da morte. Bom, não ter uma coisa depois da morte parece ser a opção mais simples, mas ao mesmo tempo mais chata. Já pensou? Pling! E de repente a gente não existe mais. E eu nem vou poder reclamar que é chato não existir, pois eu já não vou estar existindo mais. E aí vem a outra opção, EXISTE uma coisa depois da morte. Que coisa vai ser essa?

A opção católica é: um céu cheio de anjos tocando harpa para as pessoas boazinhas, um inferno pegando fogo para as malvadas e ainda tem uma terceira opção para as pessoas mais ou menos boas que é o limbo, lá elas ficam esperando Jesus descer pra abrir o portão do céu. Imagina só, Jesus é com certeza um cara ocupado, o limbo hoje em dia deve estar igual maracanã em dia de fla-flu, a espera pra ir pro céu deve ser bem longa. O que mais me irrita na parte católica é que se um pecador (dos mais ‘brabros’, não importa) se arrepender dos seus pecados na hora da morte, aí ele vai direto para o céu. Pôxa, e eu que só falei mal da vizinha vou pro limbo? Sacanagem. É aí que o meu lado matemático entra em ação. Gostaria de saber como é que eles fazem os cálculos da sua ‘porcentagem pecadal* por vida’. E também qual o peso de cada pecado? De acordo com os 10 mandamentos não ir à igreja no domingo e matar tem os mesmo peso, eu então sou uma típica ‘serial killer’, pois já tem um bom tempo que não vou à igreja. E como contar os pecadinhos banais do dia a dia? Quantas vezes a gente tem que falar mal da vizinha para ser igual a uma ‘não ida à igreja?’. E então qual é a media pra ir para o céu? Com 60 passa? E se você tiver com 58? Dá para chorar 2 pontinhos? Será que passa com 60- π ? Dá pra reclamar da nota? Se não passar pode fazer prova final? E o limbo; com que nota vai pro limbo? Pôxa, esse pessoal que acredita no céu nunca parou pra pensar nesses detalhes? Ninguém nunca se questionou?
E ainda tem mais, e nossa ‘porcentagem bondadal* (de bondade) por vida’ conta pra alguma coisa? Da pra fazer um balanço, entre a porcentagem ‘pecadal’ e a ‘bondadal’? Tipo um cara que foi um santo a vida toda e de repente faz uma cagada vai ter que ir pro inferno?

E esse negócio de poder se arrepender no último momento é muito injusto porque, por exemplo, as pessoas que morrem de câncer (ou qualquer outra doença) estão sendo beneficiadas em relação às pessoas que morrem de acidente. As pessoas que ficam doentes no hospital têm tempo de pensar em todas as cagadas que fizeram na vida e se arrepender, enquanto as pessoas que morrem de acidente não têm esse tempo.

E os espíritas e os budistas que vão e vêm o tempo todo. No início parece até fazer sentido, a gente morre, nasce de novo, morre, nasce de novo até a gente aprender a ser ‘gente’. Digamos chegar a um status de ser ‘superior’, que já aprendeu tudo. O espiritismo também cai naquele problema de logística dos católicos, como fazer a estatística do seu aprendizado e bondade? O mais engraçado de tudo, é que toda vez que a gente volta, a gente não lembra de nada da vida passada. Oxente, como assim? Como vou usar o meu aprendizado da vida passada se não me lembro de nada? E o pior, a gente vai e vem, vai e vem, e no final não tem aposentadoria. Aprende, desaprende. Aprende de novo, ajuda os seres inferiores. E assim vai infinitamente. Ai, que preguiça!

E os budistas além de tudo, acreditam que a gente também pode reencarnar como bicho. E então Liz, o que você aprendeu na sua vida como grilo? Ah sim, aprendi a fingir de morta para cobra não me pegar. Nossa, também aprendi uma ótima tática pra me camuflar nas árvores. Na verdade gostei mais da minha vida de gato de madame.
‘Liz não está aqui para ofender nenhuma religião, ela acredita que qualquer religião se resume a ter FÉ. Sempre foi muito lógica pra poder ter fé. Desde pequena perguntava pra sua mãe : se Deus fez o mundo, quem fez Deus? E quem fez aquele que fez Deus? E quem fez....’
Ps: * Liz também adora inventar palavras.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O peixe morre é pela boca

Ontem passeando pela rua com meu marido, demos de cara com uma conhecida. Ela estava meio de longe, então meu marido só apontou e falou: olha só quem está ali. Eu que não reconheci a criatura instantaneamente, fiquei viajando. Quem? Quando? Por quê? Aí ele me disse era a menina ‘que tem capoeira no sangue’. Aaaaaaaaaaaah tá certo, agora sei quem é!

Foi depois desse episódio que fiquei pensando como que um momento infeliz pode marcar a gente pra sempre. Por exemplo, no caso dessa menina. Aqui na cidade tem um grupo de capoeira, e um amigo meu fazia parte. A maioria do pessoal é norueguês. Então um dia essa menina soltou a seguinte frase na roda: ’Eu tenho mais facilidade porque tenho capoeira no sangue!’. Vamos explicar o pensamento da criatura: ela é metade norueguesa e metade portuguesa. Foi nascida e criada aqui (na Noruega). Mas pelo fato de Portugal ter colonizado o Brasil ela acha que tem sangue baiano nas veias. Bom, se ela tivesse só entre os noruegueses talvez esse detalhe tivesse passado despercebido. O problema é que meu amigo estava lá, e numa altura dessa do campeonato já estava ‘se estrebuchando todinho’, já viu né? O rapaz era brasileiro legítimo, baiano de Salvador e capoeirista de muito tempo. Na verdade ele acabou engolindo o riso e deixou pra lá. Mas chegou lá em casa contando a história. Pra quê? Até hoje não sei o nome da menina, e olha que isso aconteceu há sete anos atrás. Mas não tem jeito, a gente sempre se refere a ela como ‘a portuguesa que tem capoeira no sangue’ ou somente a menina ‘que tem capoeira no sangue’.


Liz odeia rotular as pessoas, por esse motivo ela fica torcendo para que ‘ a menina que tem capoeira no sangue’ não leia esse texto.



sábado, 21 de junho de 2008

O perigo da moda

Me lembro como se fosse hoje o quanto achei engraçado quando vi as norueguesas usando botinha de plástico. Na época as botinhas era igualzinhas essas que o pessoal que trabalha na roça usa pra entrar no matagal. Depois de pouco tempo morando aqui, finalmente entedi o motivo daquela moda bizarra. Aqui chove muito, às vezes aquela chuvinha de ‘molhar bobo’ que dura semanas, outras vezes uma chuva mais forte. Pra quem tem que andar para o trabalho ou ir passear ; a tal da chuva vira um inferno. Molha o tenis/sapato todo, a boca da calça fica enchercada quase até o meio da canela, uma tragédia. No final do inverno a situação ainda fica pior, toda a neve acumulada derrete e as ruas viram lagoas por um periodo. É aí que a botinha de plástico vem a calhar. Ploft ploft ploft a gente pode pisar onde quiser, não precisa mais fica pulando de pedra em pedra, fugindo das lagoas temporárias. Mas o que achei mais interessante é que o pessoal costuma levar um sapato extra na bolsa (principalmente se estão indo ao trabalho), pois podem trocar a botinha por outra coisa mais confortável. Perfeito! Há uns 3 anos atrás as botinhas ficaram um pouco mais ‘fashion’, com modelos e cores diferentes. Estampas da moda, que legal. Você pode escolher entre botinha de plástico de bolinha, de coraçãozinho, um luxo! Eu particularmente não troquei a minha botinha com modelo roçaliano (toda verde escuro) por uma da moda, simplesmente porque ela ainda estava novinha, mas achei as novas botinhas de plástico um sucesso, pois agora unia o útil ao agradável.

Como toda moda lancada na Europa, uma hora acaba chegando ao Brasil. E sim, porque não? No Brasil também tem chuva, talvez não tanto quanto aqui (pelo menos em número de dias de chuva por ano), mas me lembro muito bem daquelas semanas do inverno que não parava de chover. A botinha de plástico chegou então para manter seco os pés das brasileiras. O único problema da chegada da botinha de plástico no Brasil é que elas chegaram primeiro como artigo de moda, diga-se de luxo. Elas não chegaram junto com o conceito : ‘mantenha seus pés secos neste inverno’ e sim com o conceito: ‘quem tem botinha de plastico está na moda’. E aí tudo muda de figura. Gatos e cachorros agora querem uma botinha de plástico, não pela praticidade dela, mas sim porque quem não tem está fora da moda.

Resolvi escrever o texto depois que vi uma reportagem sobre o Fashion Rio. Na reportagem eles analisavam a escolha de roupa de pessoas no Fashion Rio e discutiam quem estava na moda ou não, quem acertou no look ou não. O que mais me surpreendeu foi ver que a menina que estava mais na moda, vestia vestido tubinho preto e calçava botinha de plástico quadriculada. Calçar bonitinha de plástico em um dia de sol no Rio de Janeiro? O que ela tava querendo? Assar os pés ou o que? Gente, ainda não sei se a botinha de plástico ja estourou aí no Brasil ou não. Mas depois de ver essa reportagem, comecei a ver o quanto a moda pode ser perigosa e muitas vezes ridícula. O mais triste é ver as pessoas sendo escravas, usando os acessórios sem pensar e caindo nas tais armadilhas da moda.


Liz não é nenhuma expert em moda, apenas se beneficia dela pra variar o guarda roupa, mas fica com os cabelos em pé de ver as pessoas usando a moda simplesmente por ‘usar a moda’.



sábado, 17 de maio de 2008

Cordeirinho ou lobo mau?

Faz parte da minha personalidade reclamar das coisas, quem me conhece, sabe muito bem disso. Sou um pouco reclamona sim! Quando estava na faculdade, todos os dias tinha que subir um morro, não muito grande, mas com mochila pesada nas costas e neve aquele morrinho acabava virando um pé no saco. Não tinha jeito, todos os dias eu reclamava do morro. As vezes era só um suspiro, outras vezes reclamava mesmo : ‘Oh morrinho chato’. Meu marido que muitas vezes subia o morro comigo não entendia como que eu não acostumava. Até quando eu subia sozinha, costumava reclamar do morro pra mim mesma. E assim foi por 3 anos, até terminar o mestrado. Quando estava terminando de escrever a tese, o que mais pensava não era no fato de virar ‘mestre’ e sim no fato de me livrar daquele morro pra sempre. A minha capacidade de reclamar é mesmo incrível!

Em outras situações, eu também costumo reclamar, se o restaurante está demorando demais pra trazer a comida, se alguém me der uma fechada no trânsito, e assim vai. Algumas vezes sinto que realmente vale a pena ser uma reclamona, ter coragem de falar as coisas que muitas pessoas não têm. Mas algumas vezes fico pensando, será que vale a pena o estress? Lutar pelos seus direitos também é estressante.

Outro dia, tive uma pequena discussão com um cara do meu time de vôlei (jogo em um time mixto, aqui existe isso). Sabe como é, a maioria do pessoal do time pensava como eu, mas ninguém tinha coragem de falar. Afinal o cara é o gostão da bala chita, ex profissional, o Giba do nosso time. Quem vai ter coragem de falar pro cara que ele é ‘um fominha filho da puta’ e que o resto do time também está afim de jogar? Claro, claro, tinha que sobrar pra mim. Lá vai eu com meus quase 1,70 de altura e 58 quilos enfrentar o cara que dá 4 de mim. Falei o que tinha que falar e o cara ficou meio putinho, saiu fritando para o vestiário. Mas o que tinha que ser feito, ‘tinha que ser feito’ e eu fiz. Mais uma história para o meu curriculo de lobo mau.

Foi depois desse episódio que fiquei pensando, será que a vida de cordeirinho não é bem mais fácil? Tem que ter sangue de barata, mas é bem menos estressante. Os cordeirinhos ficam lá, tranquilos, aceitam qualquer coisa e esperam que algum estressadinho vá lá resolver os problemas deles. Uma tranquilidade, muito zen. A gente não vai participar das olimpíadas mesmo, então por que não deixar o cara fazer o jogo de fominhagem dele? Mas eu não aguento, parece que a língua coça.

Liz está cansada dessa vida de lobo mau, vai tentar ser mais cordeirinho de agora pra frente.

sábado, 3 de maio de 2008

Opinião formada

É bem comum as pessoas que já se sentem adultas dizerem que têm opinião formada sobre tudo. E aí você tem opinião formada sobre tudo?

Bom, eu acho esse negócio de opinião formada uma coisa meio relativa, e também acho que existem vários tipos de opiniões formadas. Tem aquela por exemplo que NUNCA MUDA, que é uma característica intrínseca do indivíduo, por exemplo sou anti-flamenguista de nascença e virei atleticana aos 10 anos. Tenho certeza absoluta que isso nunca vai mudar, mesmo que passei por momentos de deslizes, afinal a opinião formada que nunca muda também passa por crises de identidade. Aos 17 anos me apaixonei por um cruzeirense (sim, eu sei muito triste!), e em um daqueles momentos de loucura ele me fez vestir aquele pano de chão azul. Foi uma coisa de segundos, vesti aquele negócio pra fazer média com o cara, e de repente minha cabeça pesou, comecei a ficar a tonta e pensei: ‘Meu Deus, se alguém me vir assim??. Pânico total. Neste exato momento, a opinião formada que nunca muda falou mais alto e tirei a camisa imediatamente, foi neste hora que percebi que aquela opinião formada nunca ia mudar meeeesmo. Aleluia, então agora eu ia poder dormir tranquila, por mais gatinho que o cara fosse, eu ia ser GALO até morrer!

Estou falando isso porque também tem aquela opinião formada que muda, de acordo com a estação do ano, do namorado, do trabalho, da cor da moda e assim vai. Lá vai mais um exemplo da minha experiência. Sempre tive a opinião formada de que não ia querer fazer pesquisa com animais. Depois de um tempo comecei a trabalhar na faculdade de medicina, em um grupo bem legal. Conversei com minha chefe e falei que eu gostaria de não trabalhar diretamente com animais. Lá estava eu, lutando pela minha opinião formada. Para encurtar a história, posso concluir que 2 dias depois lá estava eu analisando cérebro de ratinho. Então a minha opinião formada foi por água abaixo, afinal eu faço tudo pela ciência (ou melhor tudo para manter o trabalho).

Ah sim, também tem aquela opinião formada cultural, tipo assim você ganha da sua família, às vezes você nunca nem parou pra pensar sobre o assunto, mas sua mãe te disse isso desde pequeno, então a gente vai deixando para lá aceitando o destino. Tem gente que passa a vida inteira com essa opinião formada cultural, vai passando para os filhos para os netos e assim vai, e tem gente que vai mudando essa opinião ao longo dos anos. Eu por exemplo fui católica através da opinião formada cultural, fiz catequese, ia na igreja. Quando fiquei maior fui mudando essa opinião e hoje sou entitulada ‘católica não-praticante’ , ‘atéia’, ‘herege’.
E aí você ainda acha que tem opinião formada sobre tudo?

Liz acha que as pessoas de trinta se sentem na obrigação de dizer que tem opinião formada sobre tudo, mas ela “prefere ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo” (valeu, Raul!)

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Maternidade

O dia tão esperado finalmente chegou, com um pouquinho de antecedência, mas estava preparada pra qualquer coisa. Tinha lido tudo sobre ‘partos’, de todos os tipos, de todas as maneiras. Depois de quase dois dias na espera por um parto normal, acabei conhecendo minha filha através de uma cesariana. Então a médica disse: ‘agora ela está vindo...’ E eu fiquei lá esperando aquele momento tão mágico chegar. Mas quando ouvi o chorinho dela, infelizmente não escutei violinos ao mesmo tempo, e nem vi borboletas brancas sobrevoando a cama. Não chorei de alegria. Estava sim morrendo de curiosidade para ver a carinha dela. Quando finalmente a trouxeram foi como se tivesse conhecendo uma pessoa nova, foi interessante ver a carinha dela, mas tirando a curiosidade não tive nenhuma sensação de outro mundo. Não foi assim o ‘melhor dia da minha vida’, como muita gente costuma dizer sobre o nascimento dos filhos. Tive alguns instintos normais de ‘animais’, como proteção por exemplo, responsabilidade, mas não foi amor à primeira vista. O amor e o carinho foram vindo aos poucos, com os dias passando e eu conhendo melhor aquela criaturinha que agora era minha filha, minha responsabilidade para o resto da vida. É claro que por alguns momentos me achei esquisita, como assim? Como eu não escutei violinos na hora que minha filha nasceu? Acho que a sociedade impõe isso pra gente e muita gente se decepciona. Até hoje, 3 meses depois, ainda ando sofrendo com as mudanças que um filho traz. A vida da gente muda demais, e é praticamente impossível se preparar para este momento. É uma responsabilidade sem fim, 24 horas por dia. Nunca acaba. Andei tentando encaixar minha filha no meu ‘mundinho da casinha’, mas foi impossível. Então percebi, que não daria pra fazer isso, e que eu teria que criar um novo mundinho, uma nova rotina para nós três. Me sinto numa curva ‘seno’. É um vai e vem sem fim, um dia está tudo maravilhoso, outro dia tenho vontade de ligar para o hospital e pedir uma ‘devolução’.

Tem gente que acha que isso é depressão pós-parto, mas eu acho na realidade que a maioria das mães de primeira viagem sofrem disso, mas ninguém tem coragem de dizer, todo mundo tem que dizer que a maternidade é a melhor coisa do mundo. Claro que a maternidade tem os seus momentos, um sorriso, um carinho realmente é muito legal e bem especial, é até difícil de explicar. Mas infelizmente esse sorriso não cobre todas os outros planos da nossa vida. Infelizmente só ser mãe não traz felicidade. Eu também quero ser ‘esposa’, ‘amiga’, ‘jogadora de vôlei’, ‘escritora de blog’ etc.... e no momento sinto que só posso ser mãe. As outras coisas estão sempre para o último plano, e às vezes isso me deixa triste. Fico triste de não poder dar atenção às minhas amigas da mesma maneira que fiz antes. De não poder estar na quadra ajudando meu time a ser campeão, de participar de todos os debates do blog, de poder mandar um texto escrito em 10 minutos se o blog tiver em crise. Eram essas coisas que juntando tudo formavam o meu ‘Eu’ e agora me sinto tão perdida.

Eu sei que com o tempo a tendência é só melhorar. No fundo eu sabia disso, mas eu pensava que um ano ia passar rápido. Bom, agora eu acho que um ano é uma eternidade, meu Deus só se passaram 3 meses??? Nãããããão!

É muito engraçado, antes quando eu via mulheres grávidas na rua, eu sempre ficava pensando, ‘Ai que lindo!’, agora ainda acho bonito, mas sempre penso: ‘Oh tadinha!’, dou aquela risadinha mórbida para mim mesma e penso: ‘tá ferrada!’. Quando encontro mulheres com carrinhos de bebês eu já mostro aquele sentimento de solidariedade: ‘Coitada! Olha a cara de sono! Sim, eu entendo!’ É tão estranho, sentir todas essas coisas, passar por todas essas mudanças.

Eu passei muito tempo, esperando a hora perfeita pra escrever esse texto. Eu já tinha decidido que o primeiro texto depois do nascimento, meio que tinha que ser sobre minha filha. Ficava eu me imaginado escrevendo aquele texto clichê de que a maternidade foi a melhor coisa do mundo, o melhor dia da minha vida, minha filha é tudo pra mim bla bla bla. E quando o sentimento não veio assim instantaneamente, eu fiquei esperando. Agora me sinto muito melhor, mas passei por períodos de caos total, ainda ando procurando o meu novo EU, mas tenho certeza que no final tudo vai valer a pena.


Liz tem certeza que ama a sua filhinha linda, mas ainda acha que ser ‘mainha’ é um negócio muito complicado. Anda procurando o seu novo ‘EU’, quem achar por aí favor mandar entregar!

domingo, 16 de dezembro de 2007

Trintolescência

Eu sempre tive aquela idéia de que chegar aos 30 significava ser um ADULTO de verdade. Ter uma vida estável, ser segura de todos os atos e assim vai. Mas agora faltando dois meses para o meu aniversário de 29 anos eu me sinto mais como uma adolescente do que como uma adulta de verdade. Quando a gente tem entre 12-16 anos passa por aquele período de que já somos grandinhas o suficiente pra ter responsabilidades como ajudar a arrumar a casa, tirar notas boas sem a mãe ter que colocar a gente pra estudar etc. Mas ainda somos criancas para sair à noite com a turma, ou viajar com o namorado. Essa é a parte mais frustrante da adolescência. Nunca imaginei que agora, nesta altura do campeonato eu fosse sentir as mesmas frustações da adolescência. Quando vejo meu currículo de trabalho, penso: 'ok, você realmente fez um bocado de coisa na vida, deve saber muito', quando coloco minha roupa formal e meu currículo debaixo do braço, até pareco gente grande. Mas aí vem aquela insegurança. Será que estou pronta mesmo para um cargo de gente grande? Às vezes me sinto tão besta, tão menina ainda, como isso é possível?

Há uns meses atrás (antes da gravidez) deu aquela vontade de sair à noite, dançar, beber uns drinks. Saímos com uma turma de amigos, tudo estava correndo bem, a música estava boa, a bebida também, o papo estava dez! Até 'os jovens' começarem a chegar no local. Aquela galera de 19-23 anos que passou umas 2 horas em uma 'concentração' antes de sair. A maioria tinha bebido um pouquinho a mais da conta. O lugar encheu, era perto da meia noite, a hora que os 'jovens' saem. Eu fiquei lá me sentindo um E.T. , empurra-empurra na pista de dança, piadinhas sem graça na fila do banheiro, gente tentando fazer filho em um canto, gente caindo no outro. Realmente não deu... fomos embora pouco tempo depois. E eu fiquei me prometendo: 'nunca mais vou em boate!'. É nessas horas que me sinto uma trintolescente chata. Sinto que estou em cima do muro, não estou nem um pouco afim de ir para um baile dançate com os 'véi', mas ao mesmo tempo não aguento mais essas festas de universitários, regadas a muita bebida e pegação. E agora como resolver esse impasse?

Me sinto numa corda bamba. Em cima do muro. Em uma encruzilhada sem saber qual dos caminhos seguir. Essa transição é complicada de vez em quando, tem que existir um meio termo mas as vezes é difícil de encontrá-lo...


Liz acha que a trintolescência é quase tão complicada quanto à adolescência. Anda a procura de um bar com entrada proibida para menores de 27 anos e maiores de 43, quem souber de um, favor avisá-la.



quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O outro lado da moeda

Fui criada por um pai muito machista, e por causa disso desde muito cedo, acho que a partir dos 12 anos virei feminista de carteirinha. Nunca consegui me enxergar naquela modelo de que mulher faz isso e homen faz aquilo. Desde cedo gostava de experimentar coisas de menino, como jogar futebol, lavar o carro, brincar de 'Jaspion'. Mas nunca fui completamente 'tomba-homem', também gostava de brincar de boneca, fazer bolo e admirar os posters do Menudo ou Dominó que minhas irmãs tinham no quarto.

Quando me casei a preocupação dobrou, porque sempre tive pavor da função 'dona de casa', não que eu não possa ajudar nos trabalhos domésticos, mas tinha pavor de que essa função fosse ser só minha. Gracas a Deus, casei com um norueguês, aqui na Noruega o feminismo chegou talvez bem antes do que no Brasil, então o meu marido já foi criado por uma mãe que era atenta para essas coisas. Desde novinho meu marido já tinha uma função na cozinha, assim como minha cunhada e cunhado também tinham. No Brasil é muito comum, infelizmente até hoje, que os meninos sejam criados completamente diferente das meninas. As meninas aprendem a cozinhar, arrumam a casa, lavam os pratos, enquanto os meninos geralmente não fazem nada dessas coisas, é triste (sei que está começando a mudar, mas ainda é assim na maioria das familias)!

Mas para mim uma coisa do feminismo que é muito importante, é que a idéia principal é que homens e mulheres tenham direitos iguais. Mas essa igualdade tem que ser dos dois lados, e não só do lado que interessa a nós mulheres. É que tem muita mulher que acha que os homens devem aprender a cozinhar e a lavar os pratos, cuidar das crianças mas elas mesmas nem pensam em aprender a trocar o pneu do carro.

Nunca gostei muito da idéia de ser 'mulher florzinha', aquela mulher fresca que precisa de um homem literalmente pra tudo. Aqui em casa a gente divide todos os afazares domésticos, quer dizer todas as 'coisas de menina'. Mas aí vem o outro lado da moeda... eu também ajudo nas 'coisas de menino' que tem que ser feitas em casa. Aqui, por exemplo, por causa da neve, todos os pneus do carro tem que ser trocados 2 vezes por ano (pneu de inverno e pneu de verão), imagina é a maior trabalheira. Então quis estar junto quando ele estava trocando, ajudando no que fosse possível e aprendendo para uma próxima vez. Também troco e instalo lâmpadas. Uma vez, iamos mudar de apartamento, mas era no mesmo prédio, do primeiro para o terceiro andar. A gente já tinha empacotado tudo mas estava só esperando aquele amigo chegar pra ajudar a carregar as coisas pesadas. Bom, como esse amigo só ia poder chegar mais tarde, a gente começou a carregar as coisas menores, o processo acabou indo rápido e de repente a gente só tinha as coisas 'pesadas', daí pensei... bom a gente pode tentar. Acabei descobrindo que uma geladeira não é uma coisa tão pesada assim, conseguimos levar até o terceiro andar sem problemas. E assim foi indo, fomos levando todas as coisas e a única coisa que eu não consegui ajudar levar foi a máquina de lavar roupas (também pudera , eu sei que os homens tem mais massa muscular do que a gente, e eu não estou querendo competir neste quesito). Outro episódio que aconteceu há um tempo atrás, foi que estávamos reformando o quintal, o caminhão com pedras que a gente tinha encomendado, não conseguia passar no portão, então eles tiveram que jogar as pedras na calçada mesmo. A gente tinha que carregar as pedras para o quintal com uma certa urgência, pois já estava começando a atrapalhar o trânsito. Meu marido e meu cunhado começaram a carregar as pedras com um carrinho de mão. E eu lá me sentindo meio inútil, até que mais uma vez tomei aquela decisão, não custa nada tentar não é? Então pensei que eu podia encher o carrinho de mão e eles podiam carregar para o quintal. Pois não é que deu super certo? Colocar as pedras no carrinho não era difícil nem pesado, e o trabalho comecou a render, acabou indo tão rápido... e eu estava lá feliz da vida. Cada vez que jogava uma pá de pedra no carrinho pensava: 'isso é que é mulher de tôpa!' . No final estava satisfeita, pois acredito muito que é assim que tem que ser, a gente tem que dar para poder receber!


Liz acredita que as mulheres tem que deixar de ser 'florzinhas' e perder o medo de experimentar as coisas de meninos. Depois de ter carregado geladeira e pedra, está convencida de que as mulheres realmente podem dominar o mundo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Mundinho da casinha

Que delícia esse mundinho da casinha
Esse mundinho que é só nosso
Meu e seu
A gente levanta quando dar na telha, que seja 7, 9, 10 da manhã
Faz o café da manhã juntinhos
Sem se importar com o cabelo desgrenhado ou a cara amassada
Todo aquele nosso sistema matinal funciona muito bem
Um corta o pão o outro passa manteiga
Eu pego os copos você pega os pratos

Que delícia esse mundinho da casinha
A gente passa o dia de pijamas
Debaixo do cobertor vendo aquele filme que já vimos mais de 3 vezes
Mas a gente continua rindo da mesma piada, de novo e de novo

Que delícia esse mundinho da casinha
Onde a gente passa o dia jogando letroca
Batendo os recordes juntinhos
Aprendendo juntos que 'aia' e 'are' são palavras
que 'dia', sempre segue 'ida' e 'daí'
Um time perfeito!

Que delícia esse mundinho da casinha
Onde a gente passa muito tempo na cozinha
Descobrindo que pão caseiro é muito bom
Que fazer quibe não é nenhum bicho de sete cabe
ças
E a combina
ção de taco com moqueca de camarão é a melhor de todas

Que delícia esse mundinho da casinha
Esse mundinho que é só meu e seu...


Apesar de muitas pessoas reclamarem da rotina de um relacionamento, Liz acredita que o 'mundinho da casinha' é muito importante
, pois significa amizade, cumplicidade e também estar feliz com as pequenas coisas do dia a dia


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