sexta-feira, 15 de maio de 2009

Excelentíssimo Senhor Frei Frade

Era um sábado normal como outro qualquer quatro amigos se encontraram para comer um bobó de camarão, tomar uma cervejinha e jogar conversa fora. Dois físicos, um químico e um engenheiro, diga-se de passagem.

Durante a sobremesa saiu uma conversa sobre «Frei» sabe-se lá por que. Simplesmente nenhum dos quatro consegue lembrar porque começaram a falar sobre frei. Então veio a tal questão levantada pelo químico. Mas então, qual a diferença entre frei e frade? Disse ele com cara de interrogação.

Um dos físicos metido a enciclopédia começou logo a explicar que Frei era a forma qualificativa para a pessoa do frade.

-Tem a mesma função da palavra excelentíssimo, quando usamos, por exemplo, para o presidente «excelentíssimo senhor presidente» entendeu? Disse ele.

Os outros três nem hesitaram, já aceitaram logo a idéia do físico sabichão.
Começaram então a experimentar com as palavras.

-Ah então é assim ... Excelentíssimo senhor Frei Frade Francisco de Assis.
Disse o outro físico com cara de quem tinha aprendido alguma coisa importante do amigo doutor.

Três segundos depois a ficha começou a cair. Eles começaram a se olhar com cara de desconfiança. -Heim? Caralho que coisa estranha, disse um deles... Excelentíssimo senhor Frei Frade? Pode ser?

A primeira coisa que todos eles pensaram foi: «Peraê, é só pegar o computador, a gente põe no google, ou procura na wikipedia». Mas, o computador estava desligado, e acredite se puder, ninguém teve saco de ligar o computador só pra confirmar a diferença entre frei e frade. Até que um dos físicos bateu o olho no dicionário na estante. O bom e velho pai dos burros.

-Então vamos lá procurar «frei» no dicionário, disse ele empolgado com a idéia.
A, b, c... Fr....Um minuto depois.
Risos e mais risos. 

-Vocês não vão acreditar, diz o físico que estava procurando a palavra no dicionário. E ler em alto e bom som.
-Frei: Apocopado de freire.

Alguém sabe que diabos é um apocopado? Silêncio na mesa cri cri cri,. Depois de procurar no dicionário mais vez, a surpresa.

-Apocopado: que sofreu apócope. ?????????????????????????????. 

A saga do pai dos burros continua.

-Apócope: supressão de fonema. ?????? 

Momento pensativo.... muitos neurônios sendo queimados.

-Humm então isto implica que frei é um apelido de freire? Hã ta, diz um deles.

-Mas peraê isso não responde a nossa pergunta inicial, disse o químico. (Alguém aí que lembra qual era a pergunta inicial??)

Ah sim claro diferença entre frei e frade. -Então se frei é o apocopado de freire, frade é... não, ainda não temos a resposta, concluiu o engenheiro com cara de quem não estava entendendo nada.

-É melhor continuar olhando no dicionário, vamos olhar freire então.

-Freire: frade

Heim? Freire é frade? É um sinônimo?

Depois de tanto ir pra frente e pra trás, pensar, procurar no dicionário. Não dava pra esconder a cara de decepção dos quatro na mesa depois de uma conclusão tão simples.
Mas o físico metido a enciclopédia, não estava com intenção nenhuma de abandonar sua teoria.

- Mas peraê que dicionário é esse? Melhoramentos? Ah não, lá em casa eu tenho que olhar isso em dicionário que presta... disse ele balançando a cabeça para um lado e para outro mostrando o seu descontentamento.

Os outros três na verdade já tinham esquecido a historia do frei/frade e estavam lá fuçando o dicionário.

Fradeiro: afeiçoado ao frade
-Ah sim, isto implica então que todo cruzeirense é um fradeiro? Risos e mais risos.

Fradinho:
-Humm um frade anão? Disse o químico interrompendo antes mesmo de o engenheiro terminar de ler.
- Um frade pequeninho? Disse o outro físico.

-Ah não é só um feijão mesmo! Diz o engenheiro.

A noite continuou por aí e daria pra escrever um livro com todas as idéias mirabolantes dos quatro. E se você acha que eles tinham bebido muito? Não, estavam ainda na segunda cerveja.

Liz entende agora por que físico é físico, engenheiro é engenheiro, padeiro é padeiro, pedreiro é pedreiro e professor de português é professor de português. Querido Pasquale, perdoais a loucura alheia.

Um comentário:

Angel disse...

Adorei a discussão!
Adoro a língua portuguesa, mas sei que é uma loucura...

bjo!

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