terça-feira, 19 de julho de 2011

Escrever a vida

Escrever é um ato restrito a poucas pessoas. Fora os estudantes que escrevem por obrigação e na maioria das vezes com má vontade, esse ato se restringe a poucos grupos de pessoas. Alguns escrevem por profissão, jornalistas, escritores, críticos, cronistas... ou são redatores esporádicos de relatórios e documentos pontuais. Alguns escrevem para se comunicar, via e-mail ou por outras formas, em geral virtuais, e devo dizer que pela abundância de erros crassos que vejo por aí, nem sempre alcançam seu objetivo. Uns malucos escrevem por hobby, como os blogueiros, e sentem nisso prazer.

Gosto muito de escrever, e gosto muito de ler. Ao ler, você percebe muito sobre a pessoa que redigiu. Ao ler o que escrevo, vocês devem perceber que sou objetiva, clara, sucinta, um pouco irônica. Outras escritoras deste blog são mais poéticas, ou românticas, ou entusiastas. Mas não só pela escolha do tema e das palavras pode-se ler um escritor. Me chama a atenção a pontuação. Sim, já que ela tenta aproximar a escrita da fala da pessoa, e consequentemente, do pensamento.

Eu uso basicamente o ponto final. São frases curtas e objetivas, que dizem o que eu penso. Sem rodeios, sem grandes floreios e efeitos. Afirmo o que penso e deu.

Algumas pessoas usam e abusam das reticências. Não sei se para não ser tão seco. Ou para que o leitor mesmo complete a frase... Em geral, não gosto disso. Pontos finais são para quando o pensamento não está finalizado. Eu gosto de gente que sabe o que pensa e que escreve o que sabe. Que se decide e se assume.

Alguns abusadores de reticências, porém, são sonhadores... Desses eu gosto, e por eles nutro uma admiração misturada com inveja. Eles começam o pensamento no papel e continuam seus devaneios só para sim, num desprendimento tal que chega a parecer egoísmo. Para não abandonar o leitor ao léu, o deixam cm as reticências...o começo do caminho de nossos próprios devaneios. A partir daqueles 3 passos, cada um faz o seu próprio rumo.

Há textos recheados de exclamações. Essas pessoas são entusiastas e querem compartilhar isso. Estão inflamadas de alegria ou de raiva, e não tentam disfarçar. Estas, sim, se assumem e gritam, mesmo que em silêncio, o que pensam!

E os textos cheios de interrogações? São escritores em crise, em dúvida, em xeque. Acabam por contaminar o leitor com seus questionamentos, provocando a curiosidade e a vontade de continuar aquela conversa, de procurar uma resposta.

Alguns textos vêm cheios de ponto e vírgula. Ainda não cheguei a uma conclusão sobre ele. Talvez a pessoa tenha receio de concluir prematuramente uma frase; ou queira explorar todos os argumentos antes do ponto final; ou emende uma coisa na outra e não saiba mais onde parar.

É curioso esse exercício de analisar além das palavras. A forma como a gente pontua um texto é próxima da forma como a gente pontua a vida. E a forma como se pontua a vida explica muito sobre nós, nossos pensamentos, ações e como vemos as conseqüências.

Renata escreve parte de sua vida aqui, todas às terças. Ponto final.

3 comentários:

andreia disse...

Adorei o texto!

Sou um misto de reticências, exclamações e interrogações...

Concordo com as definições: ora me encaixo mais numa que em outra, mas sou, sim, sonhadora, entusiasta (com algumas coisas) e ligeiramente em crise (com outras tantas coisinhas...).

Bjs

andreia

Escalado disse...

interessante.....

P.S.L. disse...

Puxa vida, fiquei um pouco preocupado agora,,, kakaka, ultimamente tenho me perdido, mas acho que já me encontrei novamente e nisso se reflete minha escrita.

http://umgurientregurias.blogspot.com/

Bejo na bunda!

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