quarta-feira, 26 de maio de 2010

Tempos de Colégio

Saudades do Colégio Municipal de Belo Horizonte... Estudei de quinta a oitava série nesse colégio, que ficava no bairro São Cristóvão, ao lado do Hospital Odilon Berhens, do Departamento de Investigação da Polícia Civil, do Conjunto IAPI, que é um conjunto habitacional tradicional, e da Pedreira Prado Lopes. A Pedreira é uma favela antiga de Belo Horizonte, que, como todo lugar, tem muitos problemas sociais, de tráfico de drogas, de violência, mas, como todo lugar também, tem muita gente boa. Muitos colegas meus moravam na Pedreira, e eu costumava ir a festas de aniversários nas casas deles, e também fazer trabalhos escolares lá. Era outra época...

Hoje o Colégio Municipal está fechado. Está em reformas, e deve se tornar centro de cultura, com espaço para a comunidade, quadras esportivas, consultórios odontológicos, etc. Não sei ao certo como vai ser, mas não voltará a ser o Colégio Municipal da minha adolescência. Ele era lindo, enorme, tinha um ginásio grande, com arquibancadas, com equipamento de ginástica olímpica, com quadras de vôlei, futebol de salão, basquete! Tinha vestiários feminino e masculino, com vários banheiros e chuveiros. Além disso, o colégio tinha quadras abertas de peteca no pátio central, tinha laboratório de Ciências, todo equipado, e um auditório maior do que as salas de cinema dos shoppings atuais. A biblioteca não era tão grande, mas, ainda assim, era bem maior do que as bibliotecas de escolas públicas de hoje. Havia a sala do Grêmio Estudantil, e havia consultório odontológico. Como toda escola, várias salas de aula, sala dos professores, sala da orientação pedagógica, cantina, banheiros, etc. Entretanto, era um mundo para mim. E não foi só naquela época, dos onze aos quinze anos, que eu pensava isso. Passados alguns anos, fui a um Festival de Dança do Colégio, pois eu cheguei a participar deles quando estudava lá. E, mesmo adulta, achei o colégio um lugar grande, espaçoso, rico mesmo.

Mas veio a nova LBD (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), em 1996, e a escola foi modificando. O ensino, que era rígido, precisou se adaptar, e ser mais flexível. Veio a Escola Plural e os ciclos, e as políticas públicas, disfarçadas de boas intenções, praticamente acabaram com a reprovação. Os alunos ganharam mais direitos do que deveres, os professores perderam a autoridade, e o conhecimento perdeu o valor. O tráfico entrou na escola, juntamente com a violência, e os professores ficaram com medo de lecionar lá. A segurança acabou. E escola também. Fechou as portas. E minhas saudades ficaram de fora.

Eu me pergunto como uma escola dessa dimensão, que já foi uma das melhores escolas de Minas Gerais, foi deixada de lado, ao descaso, abandonada à própria sorte. Mas sei que não preciso pensar muito. Não sinto saudosismo de um período que não volta mais. Sinto indignação porque sei que o que aconteceu com essa escola é o retrato exato da educação pública no Brasil!


Tania sente saudades do seu tempo de escola. Mas sabe que não são saudades sem fundamento. Os novos tempos trouxeram desrespeito pela educação, e isso pode ser visto em qualquer escola do país.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...