domingo, 2 de setembro de 2007

O Tempo das Vacas Magras

Estranha essa época em que vivemos. Lembro-me, quando criança, que diziam sobre enfrentar tempos de vacas magras. Eu sabia que isso queria dizer falta de dinheiro, ter que economizar. Todo mundo conhecia essa expressão. Hoje, acho que se falarmos em vacas magras, vão pensar que são aquelas modelos riquíssimas e anoréxicas das passarelas.

Como chegamos a esse conceito de beleza que nos obriga a sermos mulheres-cabides? Como deixamos isso acontecer? Que eu me lembre, não houve nenhum surto mundial de tuberculose a partir dos anos 60 do século passado, que justificasse uma mudança de conceito da mulher bonita cheia de curvas, como Marilyn Monroe, para as nossas atuais super top models!

Afinal, geralmente o conceito do belo está relacionado com a cultura, a sociedade. Em fins do século XIX, a mulher magra virou musa de poetas, pois a tuberculose contribuiu para mudar a forma física das pessoas. Por volta dos anos 20 e 30 do século XX, as pessoas se alimentavam com comidas bem gordurosas, com muita banha para cozinhar, para combater as gripes e tuberculoses. Assim, as mulheres novamente modificaram o físico, ficando mais curvilíneas, e o conceito de beleza mudou junto.

Entretanto, não há explicação para que a exibição das costelas virasse frenesi em nossos tempos. Meu Deus! Há mulheres que a gente mal consegue ver quando estão de frente; imaginem se ficarem de lado para a gente?! Será que não pode haver um meio-termo nisso tudo? Será que não podemos ter um porte normal, um peso saudável e não sermos escravas dos padrões de beleza criados para exaltar as roupas nas passarelas, e não mais as mulheres nas roupas? Quantas modelos mais precisarão morrer em decorrência de problemas causados pela anorexia para que voltemos ao padrão Gilda?!?!

Tomara que eu ainda seja balzaquiana quando ocorrer tal mudança. As pessoas precisam de carne e sonho para se sustentar. Além disso, ser esqueleto todos nós seremos depois da vida, e todo esqueleto é igual. O bonito é ser diferente, é haver diferença para estabelecer comparações.


Tânia é pão-dura, louca e não toma remédio para não gastar dinheiro! Adora ler, ver filmes e escutar música. Adora animais, menos baratas, mesmo sendo “baratas”!

2 comentários:

Paula disse...

Olha, Tânia, já me pergunhtei várias vezes onde este mundo vai parar. Esta ditadura da beleza é tão absurda que já via parentes de bebês com poucos meses dizerem que a criança precisa emagrecer, que está rechonchudinha demais!
Ser magérrima virou epidemia e, a cada dia, atinge mais pessoas... Ainda se fossem as modelos, "favorecidas" com o biotipo mais longilíneo e que usam tal atributo como profissão, não seria tão ruim. Agora, imaginar que garotas normais, que teriam vidas e profissões normais, estão se matando e lutando contra a natureza, isto sim é triste demais!

Sisa disse...

Eu espero que as gordinhas comecem a fazer sucesso enquanto eu ainda estou nova, rs... Não tenho vocação pra cabide, e gosto demais de comer pra começar a fazer dietas assassinas. Mas o mais bacana deste texto é saber que quem escreveu é bem magrinha, ou seja, isso não é despeito de uma gorda derrotada, hahahha...
Beijos, Tânia!

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