sábado, 2 de novembro de 2013

Um livro, muitas dores: “Holocausto Brasileiro”

Tenho indicado alguns livros por aqui, e até contraindicado outro. Dessa vez, o livro que indico é extremamente triste. E o problema é que não é ficção. 

O livro “Holocausto Brasileiro”, de Daniela Arbex, narra a história do maior hospício do Brasil, em Barbacena, MG, que, de 1930 a 1980 matou cerca de 60 mil pessoas. Não há como usar palavras mais brandas para o que ocorreu dentro do chamado Hospital Colônia de Barbacena. E o livro mostra ainda muitas fotos de internos, nus e seminus, esquálidos, famintos, desamparados. São cenas que não conseguimos assimilar, que não conseguimos aceitar que aconteceram tão próximas em tempo e espaço de nós. Naquele local, muitas pessoas foram internadas, por suas famílias, porque não se adequavam ao modelo de cidadão na sociedade. Assim, havia mulheres internadas porque perderam a virgindade antes do casamento, ou engravidaram fora do casamento, muitas vezes de homens já casados. Havia também mulheres internadas pelos maridos, que não desejavam mais manter o casamento, e se livravam das esposas, informando que estavam loucas, histéricas. Muitos homossexuais, comunistas, pessoas deprimidas, ou somente tímidas; todos tinham comportamentos considerados inadequados para viver em sociedade. Todos eram despejados no Hospital Colônia. 

Daniela Arbex narra como funcionava o hospício, as práticas desumanas, os eletrochoques, que eram tantos que chegavam a sobrecarregar a rede elétrica, e faltar luz na cidade de Barbacena. Narra que as pessoas não eram tratadas como pessoas, e viviam descalças, seminuas, dormindo no feno, entre ratos, no frio, e sem higiene. Tudo isso causava muitas mortes por desidratação, por diarreia, por febre e por frio. Não se morria por loucura! Conta ainda que existiram crianças internadas, que conviviam com adultos. E que havia estupros tanto entre internos, quando de abusos de funcionários aos internos.

Há ainda histórias de pessoas que saíram do Colônia, no final do século XX, com a luta antimanicomial, e a mudança de conduta dos médicos. Entretanto, essas pessoas enfrentaram inúmeras dificuldades para reintegração na sociedade. Além do preconceito por terem vivido num hospício, era difícil para pessoas viverem em casas, com comida, bebida, com roupas e calçados, e sem hora para apagar as luzes. São histórias bonitas, de quem conseguiu sair do inferno, mas muito tristes.

Apesar de toda essa dor, e dessa realidade absurda, acredito que o livro deve ser lido, para que conheçamos nossa história, e para não permitamos que fatos horríveis como este aconteçam mais.



Mini resumo: Tania ficou chocada, abalada com livro, embora conhecesse a história do hospício de Barbacena, e já tenha ido ao Museu da Loucura, que funciona no local do manicômio. Ela acredita que é preciso conhecer, mesmo as histórias mais tristes, para evitar que fatos parecidos possam ocorrer novamente.







Um comentário:

Nana disse...

Eu assisti um programa na Globo News sobre esse livro...impressionante!
Bj e fk c Deus,
Nana
http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br/

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