Eis que após semanas de trabalho pesado, sono perdido, dores de cabeça e estômago, dias sem curtir o sol e noites sem curtir a lua, ela apareceu.
Sim, eu sei que rugas não surgem de uma hora para a outra. Começam a se formar quando nossa pele começa a se formar. Mas essa é diferente. Não é como as “linhas de expressão” que já me acompanham há tanto tempo que nem me lembro se um dia elas não estamparam minha cara.
Não, ela é diferente. De repente, sem aviso nenhum, aproveitando um período de distração em que o único objetivo de eu me olhar no espelho era ver se não tinha comida no dente, apareceu marcando a minha testa de fora a fora. Tão funda que temo me perder dentro dela se me atrever a explorar. Sabe Deus o que ela guarda. Ela é tão grande que quando me olho no espelho ela é a primeira coisa que eu vejo, acho até que ela se projeta para frente um pouquinho, como se estivesse estufando o peito. Será que ela está expandindo? Um buraco negro bem no meio da minha testa! Com tantos lugares nessa galáxia...
Nunca fui (e não pretendo me tornar) obcecada pela juventude ou pela minha aparência. Mas fiquei abalada com esse acontecimento. Não sei ainda se foi porque ela apareceu sem eu nem perceber, o que indicaria que tenho dado pouca atenção a mim mesma.
Ou se realmente é o lance de estar ficando velha (ou madura) que me incomoda...
O fato é que estou pensando num nome para ela, para ver se isso facilita a nossa relação, que tende a ser bastante duradoura.
Renata aceita sugestões para nomear sua mais nova companheira de viagem. Também aceita indicações de cremes próprios para peles balzaquianas.