Estamos cada vez mais sozinhos. É, hoje o texto é triste. Mas é a realidade. Temos a cada dia mais canais de comunicação, com a intenção, e a impressão de estarmos cada vez mais próximos, cada vez mais conectados. Estamos. Estamos? Temos milhares de amigos em redes sociais, agendas telefônicas gigantescas, listas diferenciadas para cada assunto de mensagem e grupo de pessoas para quem queremos enviar. Estamos o dia inteiro ao celular, na rede, e mesmo nos bares, nas baladas, nos shows, na vida social agitadíssima que precisamos ter para podermos encontrar todos os nossos amigos, e viver intensamente, e mostrar que estamos vivendo intensamente.
Mas estamos cada vez mais sozinhos. Nossos inúmeros amigos não suportam ouvir nossos desabafos quando precisamos. Eles nos querem alegres e felizes sempre, para aproveitarmos tudo da vida. Isso é aproveitar?
Os consultórios dos psicólogos estão cada dia mais cheios, mais concorridos. E isso ocorre na época em que estamos mais próximos do mundo inteiro. Mas não temos tempo para passar o tempo, para conversar sobre a vida, para ver o pôr-do-sol, para fazer nada, mas nada mesmo.
Quando éramos desconectados, tínhamos pouquíssimos amigos. Mas eles sempre estavam por perto quando precisávamos. Sim, estes amigos ainda existem. Mas todos nós temos cada vez menos tempo para a vida real; para os amigos reais. Na rede, amigos reais e amigos ocasionais, ou simplesmente alguns que adicionamos porque são gente boa, todos têm o mesmo status de amigos. Mas isso não corresponde à verdade. É até injusto com os amigos leais, aqueles poucos que realmente nos suportam nos momentos difíceis. São amigos matemáticos, onde quanto mais, melhor. Quanto mais, maior sua popularidade nas redes.
E nossa solidão coletiva, conceito atualíssimo, afogamos nas baladas, e vivemos tudo de uma vez, sem sentir cada momento.
Mini resumo: Tania está introspectiva. Na atualidade, isso é um crime. No mínimo, confunde-se com depressão. Ninguém mais pode querer pensar sobre a vida. É inimaginável.